Bispos assustados com queda do
número de católicos
Percentual caiu de 83,34% para 67,84% nos últimos 20 anos, segundo
dados do IBGE 20/04/2012 - 15h20 - Atualizado em 20/04/2012 - 15h20
Ainda na expectativa dos dados
coletados pelo Censo de 2010, os 335 bispos que participam da 50ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
estão assustados com a queda do número de católicos, cuja
percentagem caiu de 83,34% para 67,84% nos últimos 20 anos.
Esses números serão ainda mais assustadores de acordo com as
informações coletadas pelo Instituto Nacional de Geografia e
Estatística (IBGE), na previsão do padre jesuíta Thierry Lienard de
Guertechin, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (Ibrades),
organismo vinculado à CNBB.
Padre Thierry apresentou ao episcopado um quadro das religiões
baseado em levantamento da Fundação Getúlio Vargas e das Pesquisas
de Orçamentos Familiares do IBGE, resultado de entrevistas com 200
mil famílias realizadas antes do censo. “Com certeza, há algumas
distorções que espero serem corrigidas pelas estatísticas do IBGE,
que ouviu cerca de 20 milhões de brasileiros”, disse o diretor
Ibrades.
Os dados até agora disponíveis subestimam a queda da porcentagem de
católicos e o crescimento de igrejas evangélicas pentecostais.
“Perdemos o povo, porque, se o número absoluto de católicos cresce,
caíram os números relativos, que dizem a verdade”, alertou o cardeal
d. Cláudio Hummes, ex-prefeito da Congregação do Clero no Vaticano e
ex-arcebispo de São Paulo.
Lembrando que o papa Bento XVI está preocupado com a perda da fé ou
descristianização em todo o mundo, a começar pela Europa, d. Cláudio
afirmou que “é preciso começar pelo começo” no esforço para garantir
a perseverança dos católicos e reconquista daqueles que abandonaram
a Igreja.
De acordo com os dados apresentados pelo padre Thierry, os
evangélicos representam 21,93% da população, enquanto 6,72% declaram
não terem religião e 4,62% dizem praticar religiões alternativas. Em
sua avaliação, essas porcentagens teriam de ser analisadas com mais
rigor, porque refletem um quadro confuso na denominação das crenças.
O termo católico aparece em sete igrejas, incluindo a Igreja
Católica Romana, enquanto os evangélicos são identificados com mais
de 40 denominações. O grupo mais numeroso depois dos católicos é o
da Assembleia de Deus, com 5,77%. “O número de seguidores de Edir
Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, que aparece com 1% nas
pesquisas é na realidade maior”, estima padre Thierry.
Ele alerta também para outro fator de distorção, que é a
multiplicidade da prática religiosa, as pessoas ouvidas nas
pesquisas declaram terem uma religião, mas frequentam mais de uma
igreja. Isso ocorre com evangélicos e também com espíritas que se
dizem católicos.
A prática religiosa pelos batizados é outra coisa que preocupa dos
bispos. Os católicos praticantes - aqueles que vão à missa, recebem
os sacramentos e participam da comunidade - são apenas 5%, ou cerca
de 7 milhões num universo estimado em pouco mais de 130 milhões de
fiéis. Entre os evangélicos, a porcentagem é ainda maior.
Padre Thierry dá valor relativo ao alto índice de católicos nas
últimas décadas do século 19, quando a sua participação na população
ultrapassava 99%. É bom lembrar a perseguição sofrida na época pelas
religiões afro-brasileiras e os preconceitos sofridos pelos
protestantes, diz o diretor do Ibrades. Ao recuar ainda mais na
formação religiosa do povo brasileiro, padre Thierry lembra os
cristãos-novos ou judeus convertidos à força ao catolicismo, que
também eram perseguidos. (AE)
Matéria extraída em
23/04/2012 do site:
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1199638-bispos-assustados-com-queda-do-numeros-de-catolicos.html
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