A Ladainha de Nossa Senhora ou 
                  Ladainha Loretana
                  
                    
                  
                  Ladainha, do grego 
                  litaneuein e do
                  latim 
                  litania, 
                  significa 'pedir insistentemente'. Trata-se de um tipo de 
                  rogação responsorial, usada tanto em funções litúrgicas quanto 
                  em devoções particulares. Originada na procissão de rogações e 
                  de penitência praticada em Roma desde o século VI, já incluía 
                  as invocações iniciais 
                  Kyrie eleison,
                  Christe eleison, 
                  Christe audi nos, 
                  Christe exaudi nos, 
                  usadas até hoje. Novas invocações foram acrescentadas entre os 
                  séculos VII e IX, como as dos Santos, sempre respondidas pelo 
                  povo com ora pro 
                  nobis (rogai por nós). 
                  
                  Após a enorme difusão das 
                  Ladainhas e a multiplicação de invocações, nem sempre corretas 
                  ou interessantes do ponto de vista dogmático, Bento XIV 
                  (1740-1758) proibiu a 
                  maioria delas, com exceção da Ladainha de Todos os Santos 
                  (cantada no Sábado Santo) e da Ladainha de Nossa Senhora, 
                  também denominada Ladainha Loretana ou Lauretana. 
                   
                  
                  A popularidade da Ladainha 
                  Loretana remonta ao século XVI e ao Santuário da Anunciação em 
                  Loreto (próximo a Ancona, Itália), para onde, segundo uma 
                  tradição piedosa, os anjos teriam milagrosamente transportado 
                  a casa em que residiu Maria Santíssima. Em 1587, essa Ladainha 
                  foi oficializada por Bula de Sixto V, resistindo à proposição 
                  de que fosse substituída por um conjunto de invocações 
                  estritamente bíblicas (Litaniæ 
                  deiparæ Virginis Mariæ). 
                  
                  Em relação ao texto, 
                  aprovado por Clemente VIII (1592-1605) 
                  em 1601, a Ladainha de Nossa Senhora é uma compilação de 
                  Ladainhas preexistentes e possui quatro seções distintas 
                  quanto ao caráter das invocações: a primeira é iniciada pelo
                  
                  Kyrie 
                  litânico, na forma simples (ou seja, sem repetições), 
                  terminado por 
                  Christe audi nos, 
                  Christe exaudi nos
                  (Cristo, ouvi-nos, 
                  Cristo, atendei-nos); a segunda 
                  seção é integrada por quatro invocações ao Pai, ao Filho, ao 
                  Espírito Santo e à Santíssima Trindade, sempre respondidas com
                  miserere nobis 
                  (tende piedade de nós); a 
                  terceira e a maior de todas, constituída de invocações à 
                  Virgem Maria, respondidas com ora pro nobis; a quarta e última 
                  é um triplo Agnus 
                  Dei, semelhante ao que se canta 
                  no final da Missa, mas cujos versos são encerrados, 
                  respectivamente, por 
                  parce nobis Domine, exaudi nos 
                  Domine e miserere nobis (perdoai-nos, Senhor; ouvi-nos, 
                  Senhor; tende piedade de nós). 
                  
                  A seção que mais sofreu 
                  alterações foi, sem dúvida, a terceira, que possuía quarenta e 
                  quatro invocações no século XVIII, chegando hoje a cinqüenta e 
                  uma. Tais invocações são divididas em cinco grupos. O 
                  primeiro, segundo, terceiro e quinto iniciam-se, 
                  respectivamente, pelas palavras 
                  Sancta, Mater, Virgo e Regina, enquanto o 
                  quarto e o mais prolixo deles é constituído de invocações 
                  irregulares, baseadas em títulos honoríficos extraídos da 
                  simbologia bíblica, como 
                  Torre de Davi, Torre de marfim, Casa de ouro, Arca da aliança, 
                  etc. 
                  
                  Algumas ordens religiosas, 
                  como a dos Carmelitas, têm o privilégio de saudar Nossa 
                  Senhora com invocações específicas à sua ordem, como 
                  Mãe e formosura do 
                  Carmelo, Virgem Flor do Carmelo, Padroeira dos Carmelitas
                  e 
                  Esperança de todos os 
                  Carmelitas. Sob vários 
                  pontificados, entretanto, foram sendo acrescidas novas 
                  invocações, motivadas por dogmas definidos pela Igreja, por 
                  situações particulares pelas quais passava o mundo e mesmo por 
                  devoção especial dos papas. Assim, Leão XIII 
                  (1878-1903) acrescentou
                  
                  Rainha concebida sem pecado 
                  original, em virtude do dogma 
                  da Imaculada Conceição (promulgado em 1854 por seu antecessor, 
                  Pio IX), e Rainha 
                  do sacratíssimo Rosário, por 
                  ter sido Leão XIII um dos papas que mais propagou a devoção e 
                  recitação do Rosário de Nossa Senhora. Pio X 
                  (1903-1914) acrescentou a 
                  invocação 
                  Mãe do bom conselho 
                  e Bento XV (1914-1922) 
                  a invocação 
                  Rainha da Paz, 
                  em virtude da I Guerra Mundial. Pio XII 
                  (1939-1958), em 1950, após a proclamação 
                  solene do dogma da Assunção de Nossa Senhora, acrescentou o 
                  título 
                  Rainha assunta ao céu. 
                  Após o Concílio Vaticano II, Paulo VI 
                  (1965-1978) acrescentou a invocação
                  
                  Mãe da Igreja, 
                  enquanto João Paulo II (1978) 
                  a invocação 
                  Rainha da família. 
                  
                  Com a grande popularidade da 
                  Ladainha Loretana, a Igreja elaborou e difundiu várias outras 
                  Ladainhas santorais. Uma variação da Ladainha de Nossa Senhora 
                  é a Ladainha de Nossa Senhora das Dores, na qual se evidenciam 
                  títulos e invocações sobre as Sete Dores de Maria Santíssima e 
                  sua participação na Paixão e Morte de Jesus Cristo. Além 
                  disso, a partir da segunda metade do século XIX, outras 
                  Ladainhas foram introduzidas nas celebrações religiosas, como 
                  a Ladainha do Nome de Jesus, aprovada por Pio IX em 1862, a 
                  Ladainha do Coração de Jesus, aprovada por Leão XIII em 1899 e 
                  a Ladainha de São José, aprovada por Pio X em 1909. Não resta 
                  dúvida, entretanto, de que a mais popular de todas, 
                  especialmente entre aquelas que receberam música polifônica, 
                  continuou a ser a Ladainha Loretana. 
                  
                  No Brasil, a devoção mariana 
                  foi amplamente difundida sob os mais diversos títulos de Nossa 
                  Senhora, sendo suas festas precedidas de Tríduo, Setenário ou 
                  Novena, nos quais se incluía sempre a recitação ou o canto da 
                  Ladainha de Nossa Senhora. Além disso, cantavam-se as 
                  Ladainhas juntamente com uma Antífona aos sábados de 
                  madrugada, ou associadas às rasouras, nas manhãs de domingo. 
                  Assim, muitos compositores foram motivados a musicar a 
                  Ladainha de Nossa Senhora, razão pela qual há um 
                  impressionante número de obras compostas para esse texto no 
                  Brasil, desde a segunda metade do século XVIII até a 
                  atualidade. 
                  
                  As Ladainhas podiam ser 
                  alternadas com o cantochão, como era comum no Rio de Janeiro, 
                  ou diretas (também denominadas corridas ou seguidas), como foi 
                  usual em Minas Gerais (em outras regiões brasileiras 
                  utilizavam-se as duas formas). Normalmente, os compositores 
                  dividiam suas Ladainhas em várias seções, não necessariamente 
                  correspondentes às seções do texto, diferenciando-as pela 
                  utilização de andamentos e texturas musicais contrastantes, 
                  tanto nas Ladainhas alternadas quanto nas diretas. 
                  
                  Nas composições brasileiras, 
                  as invocações da primeira e segunda seções do texto geralmente 
                  apresentam andamento moderado. Chegando-se à terceira seção, a 
                  primeira invocação mariana 
                  (Sancta Maria) comumente 
                  utiliza um andamento lento, às vezes com um solo, mas a partir 
                  da segunda invocação 
                  (Sancta Dei Genitrix), 
                  os andamentos tornam-se mais vivos. O 
                  Agnus Dei 
                  (quarta seção) geralmente retoma um 
                  andamento moderado, muitas vezes com cada um dos versos 
                  destinado a solos vocais. Outra interessante convenção ligada 
                  às Ladainhas de Nossa Senhora foi uma espécie de compactação 
                  do texto da terceira seção, para evitar a excessiva repetição 
                  das frases ora pro 
                  nobis. Com essa finalidade, 
                  foram utilizadas duas soluções, muito comuns em Minas Gerais: 
                  1) o emprego da resposta 
                  ora pro nobis 
                  somente após um grupo de invocações (em geral três ou seis); 
                  2) o canto simultâneo da invocação mariana e da resposta ora 
                  pro nobis. 
                  
                  Para este volume, foram 
                  selecionadas cinco Ladainhas de Nossa Senhora compostas nos 
                  séculos XVIII e XIX, todas diretas, editadas a partir de 
                  manuscritos pertencentes ao Museu da Música de Mariana, quatro 
                  delas por autores mineiros e uma última por autor ainda não 
                  identificado. 
                   
                  
                  LADAINHA DE 
                  NOSSA SENHORA
                    
                  
                  1. 
                  Santa Maria: 
                  “Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus ‘a toda 
                  santa’ (‘Pan-hagia’; pronuncie-se ‘pan-hanguía’), celebram-na 
                  como ‘imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo 
                  Espírito Santo, e formada como uma nova criatura’. Pela graça 
                  de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo 
                  de toda a sua vida” (Catecismo da Igreja 
                  Católica, 493). 
                  
                    
                  
                  2. 
                  Santa Mãe de Deus: 
                  “Denominada nos Evangelhos ‘a Mãe de Jesus’ (Jo 
                  2, 1; 19, 25), Maria é aclamada, sob o 
                  impulso do Espírito, desde antes do nascimento de seu Filho, 
                  como ‘a Mãe de meu Senhor’ (Lc 1, 43). 
                  Com efeito, Aquele que ala concebeu do Espírito santo como 
                  homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a 
                  carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa 
                  da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é 
                  verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)” 
                  (Catecismo da Igreja Católica, 495). 
                  
                    
                  
                  3. 
                  Santa Virgem das Virgens: 
                  “Por essa invocação compreendemos melhor a que profundidade e 
                  de que maneira a Mãe de Deus é santa. Ela é santa estando toda 
                  reservada, toda consagrada a seu Filho para a obra da 
                  Encarnação redentora. A reserva de Maria para o Cristo e a 
                  maternidade divina é de tal natureza que não somente em sua 
                  alma, mas também em seu corpo, ela só poderia pertencer a 
                  Deus. Na verdade, qualquer homem bem nascido e que não tenha 
                  sentimentos baixos ou indignos, a respeito de Deus Santíssimo, 
                  não poderia imaginar senão que a Mãe de Deus lhe fosse 
                  exclusivamente reservada e consagrada. Virgem antes do parto, 
                  Virgem durante o parto, Virgem depois do parto: estas três 
                  afirmações do dogma cristão são de soberana conveniência. Para 
                  imaginar que não fosse assim era preciso ter de Deus e dos 
                  atributos divinos um sentimento bastante vulgar; no fundo 
                  seria preciso não ter o senso de Deus, não saber que os 
                  procedimentos divinos são todos de honra, de dignidade, de 
                  respeito por sua criatura. A dignidade da mãe de Deus exige 
                  que ela seja sempre virgem, e não só sempre virgem mas nunca 
                  tocada pela sombra do mal a começar pelo mal hereditário do 
                  pecado original” 
                  (Pe. R. Th. Calmel. O. P.). 
                  
                    
                  
                  4. 
                  Mãe de Jesus Cristo: 
                  “O anjo anunciou aos pastores o nascimento de Jesus como o do 
                  Messias prometido a Israel: ‘Hoje, na cidade de Davi, 
                  nasceu-vos um Salvador que é o Cristo Senhor’ 
                  (Lc 2, 11). Desde o 
                  início Ele é ‘aquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo’
                  (Jo 10, 36), 
                  concebido como ‘Santo’ no seio virginal de Maria. José foi 
                  chamado por Deus ‘ a receber Maria, sua mulher’, grávida 
                  ‘daquele que foi gerado nela pelo Espírito santo’ 
                  (Mt 1, 21), para que 
                  Jesus, ‘que se chama Cristo’, nascesse da esposa de José na 
                  descendência messiânica de Davi (Mt 1, 
                  16)” (Catecismo da 
                  Igreja Católica, 437). 
                  
                  
                    
                  
                  5.
                  Mãe da Divina Graça: 
                  “Como uma mulher – Eva – havia cooperado para a perda da 
                  graça, assim, por harmoniosa disposição da Divina Providência, 
                  outra mulher – Maria – devia cooperar para a restituição da 
                  graça. Certamente a vida da graça nos vem de Jesus que é sua 
                  ‘única fonte’ e é o ‘Único Salvador’; mas enquanto Maria é 
                  aquela que o deu ao mundo e está intimamente associada a toda 
                  a vida e obra de Jesus, pode-se bem dizer que a graça vem 
                  também por Maria” (Pe. Gabriel de Santa 
                  Maria Madalena, Intimidade Divina, 123, 1). 
                  
                  
                    
                  
                  6. 
                  Mãe Puríssima, 7. Mãe Castíssima, 8. Mãe Imaculada, 9. Mãe 
                  Intacta: 
                  “Eis Maria que aparece no horizonte, Mãe do Salvador, 
                  Imaculada, toda pura, que nem por um instante será escrava do 
                  demônio, mas sempre a criatura privilegiada, toda de Deus, a 
                  Filha predileta que o Altíssimo pôde olhar sempre com suma 
                  complacência” (Pe. Gabriel de Santa 
                  Maria Madalena, Intimidade Divina, 120, 1). 
                    
                  
                  10. 
                  Mãe Amável: 
                  “Minha doce Rainha, quanto me agrada o belo título de Mãe 
                  amável, com que vos invocam os vossos piedosos servos! Sim, 
                  como sois amável, ó Senhora minha! ‘A vossa beleza arrebatou o 
                  próprio senhor’ (Sl 44, 12). 
                  São Boaventura diz que o vosso nome é por si só tão amável aos 
                  que vos amam, que, pronunciando-o ou ouvindo pronunciá-lo, 
                  logo se sentem inflamar e crescer no desejo de vos amar. É 
                  justo, portanto, minha Mãe querida, que eu vos ame; mas não me 
                  contento só com o amar-vos; desejo, agora na terra e depois no 
                  céu, ser o que vos ame mais depois de Deus. 
                  
                  
                  Se este meu desejo é muito ousado, a causa única disto é a 
                  vossa amabilidade e o  amor especial que me tendes 
                  testemunhado. Se fôsseis menos amável, menor seria o meu 
                  desejo de amar-vos. Aceitai, pois, Senhora, este meu desejo; e 
                  como prova de que o haveis aceitado, obtende-me de Deus este 
                  amor que vos peço, e que tão agradável é ao Senhor” 
                  (Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus 
                  sacramentado e a Nossa Senhora, 17). 
                  
                  
                    
                  
                  11. 
                  Mãe Admirável: 
                  “O título de que mais se gloria e de que mais se deve gloriar 
                  a Virgem Maria, Senhora nossa, é o que lhe dá a Igreja, de Mãe 
                  admirável: Mater admirabilis. Assim o revelou já a mesma 
                  Senhora. E, se examinarmos profundamente os fundamentos deste 
                  gloriosíssimo título, que maior admiração, uma vez, que ser 
                  uma mulher Mãe e Virgem? Que maior admiração, outra vez, que 
                  ser Filho desta mulher o mesmo Filho de Deus? E que maior 
                  admiração, outra e mil vezes, que o mesmo Filho, que 
                  eternamente é concebido e gerado na mente do Pai, seja também 
                  concebido temporalmente e gerado no ventre da Mãe? Isto é o 
                  que quer dizer beatus venter qui te portavit 
                  (Lc. 11,27)” 
                  (Pe. Antônio Vieira, Sermão XXI). 
                  
                  
                    
                  
                  12. 
                  Mãe do bom Conselho: 
                  “Pedimos à Virgem Santíssima que nos obtenha uma autêntica 
                  «sabedoria do coração», a fim de projetar bem a nossa vida e 
                  retomar com entusiasmo as nossas atividades. Ela, que é 
                  chamada nas Ladainhas lauretanas «Mãe do Bom Conselho», 
                  nos sugira bons pensamentos e nos ajude a orientar a nossa 
                  vida de acordo com o desígnio de Deus” 
                  (João Paulo II, 6 de setembro de 1998). 
                  
                  
                    
                  
                  13.
                  Mãe do Criador: 
                  “Mãe de Deus, Mãe do criador… dois títulos que parecem 
                  contraditórios em seus termos e que, no entanto, exprime 
                  grande realidade porque Maria, embora sendo criatura, é 
                  verdadeiramente a Mãe do seu Criador, Mãe do Filho de Deus, a 
                  quem deu corpo humano, fruto das suas entranhas e do seu 
                  sangue” (Pe. Gabriel de Santa Maria 
                  Madalena, Intimidade Divina, 122, 1). 
                  
                  
                    
                  
                  14.
                  Mãe do Salvador: 
                  “Ó Filha, escutai e vede, tão preciosa fostes que merecestes 
                  tornar-vos filha do Filho e ser a serva daquele que gerastes, 
                  a Mãe do senhor, a Mãe do Salvador, Filho do Altíssimo. O Rei 
                  arrebatado pelo esplendor de vossa beleza, escolheu 
                  complacente vossa carne imaculada para lugar de seu 
                  recolhimento” (Pe. Gabriel de Santa 
                  Maria Madalena, Intimidade Divina, 120, 2). 
                  
                  
                    
                  
                  15.
                  Mãe da Igreja: 
                  “O papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união 
                  com Cristo, decorrendo diretamente dela (dessa união). ‘Esta 
                  união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se 
                  desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte. 
                  Ela é particularmente manifestada na hora da paixão de Jesus… 
                  Após a ascensão de seu Filho, Maria ‘assistiu com suas orações 
                  a Igreja nascente’. Reunida com os apóstolos e algumas 
                  mulheres, ‘vemos Maria pedindo, também ela, com sua orações, o 
                  dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto com 
                  sua sombra… ‘Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune 
                  de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida 
                  terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E 
                  para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, 
                  Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi 
                  exaltada pelo Senhor como Rainha do universo. A Assunção da 
                  Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de 
                  seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros 
                  cristãos” (Catecismo da Igreja Católica, 
                  964-966). 
                  
                    
                  
                  16. 
                  Virgem Prudentíssima: 
                  “Ó Maria, és santa de corpo e de espírito. De modo todo 
                  especial, podeis dizer: ‘A minha conversação está nos céus”… 
                  Sois o jardim fechado, a fonte selada, o templo do Senhor, o 
                  santuário do Espírito Santo! Sois a Virgem prudentíssima: além 
                  da lâmpada cheia, tendes repleto de óleo o vaso” 
                  (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, 
                  Intimidade Divina, 121, 2). 
                  
                    
                  
                  17. 
                  Virgem Venerável, 18. Virgem Louvável: 
                  “Certamente, era de todo conveniente que esta Mãe tão 
                  venerável brilhasse sempre adornada dos fulgores da santidade 
                  mais perfeita, e, imune inteiramente da mancha do pecado 
                  original, alcançasse o mais belo triunfo sobre a antiga 
                  serpente; porquanto a ela Deus Pai dispusera dar seu Filho 
                  Unigênito — gerado do seu seio, igual a si mesmo e amado como 
                  a si mesmo — de modo tal que Ele fosse, por natureza, Filho 
                  único e comum de Deus Pai e da Virgem; porquanto o próprio 
                  Filho estabelecera torná-la sua Mãe de modo substancial; 
                  porquanto o Espírito Santo quisera e fizera de modo que dela 
                  fosse concebido e nascesse Aquele de quem Ele mesmo procede”
                  (Pio IX, Bula “Ineffabilis Deus”, 3). 
                  
                    
                  
                  19. 
                  Virgem Poderosa: 
                  “Tão grande é o prestígio de uma mãe, que nunca pode tornar-se 
                  súdita de seu filho, ainda que ele seja monarca e tenha 
                  domínio sobre todas as pessoas do seu reino. É verdade, 
                  sentado agora à direita de Deus Pai, no céu, reina Jesus e tem 
                  supremo domínio sobre todas as criaturas e também sobre Maria. 
                  E o tem mesmo como homem, diz Santo Tomás, por causa da união 
                  hipostática com a pessoa do Verbo. Todavia, é também certo que 
                  nosso Redentor, quando vivia na terra, quis humilhar-se a 
                  ponto de ser submisso a Maria” (Santo 
                  Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, Parte 1,  capítulo 
                  VI). 
                  
                    
                  
                  20. 
                  Virgem Benigna: 
                  “Enquanto Maria viveu na terra, seu constante pensamento, 
                  depois da glória de Deus, era ajudar os necessitados. Sabemos 
                  que desde então já gozava o privilégio de ser ouvida em tudo o 
                  que pedia. Haja em vista, por exemplo, o que se passou nas 
                  bodas de Caná, na Galiléia. Veio a faltar o vinho, com vexame 
                  e contratempo então para os esposos. Cheia de compaixão, a 
                  Santíssima Virgem pediu ao Filho que os consolasse com um 
                  milagre. Expôs-lhe a necessidade em que se viam, dizendo: Eles 
                  não têm vinho (Jo 2, 3)”
                  (Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias 
                  de Maria, Parte 1, capítulo VI, 2). 
                  
                    
                  
                  21. 
                  Virgem Fiel: 
                  “Eis que venho, para fazer, ó Deus, a vossa vontade” 
                  (Hb 10, 7). Assim Maria, 
                  que devia ser a imagem mais fiel do cristo, oferece-se à 
                  vontade do Pai celeste, dizendo: ‘Eis a serva do Senhor, 
                  faça-se em mim segundo a vossa palavra’ 
                  (Lc 1, 38). 
                  
                  
                  Fiel à sua oferta, aceitará incondicionalmente não só qualquer 
                  desejo manifestado por Deus, mas também qualquer circunstância 
                  por Ele permitida; aceitará a longa viagem penosa que a 
                  conduzirá para longe de casa, precisamente nos dias em que 
                  deverá dar à luz o Filho de Deus; aceitará a humilde e pobre 
                  estrebaria, a fuga noturna para o Egito, as dificuldades e os 
                  incômodos do exílio, o trabalho e o cansaço de uma vida pobre, 
                  a separação do Filho que se afasta dela para se dar ao 
                  apostolado, as perseguições e as injúrias ao seu Jesus e tão 
                  pungente ao seu coração materno; aceitará enfim os opróbrios 
                  da Paixão e do Calvário, a morte do Filho amado” 
                  (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, 
                  Intimidade Divina, 120, 2). 
                  
                    
                  
                  22. 
                  Espelho de Justiça: 
                  “O termo justiça é usado no sentido bíblico de santidade; se 
                  diz da Virgem que ela é espelho de justiça por ser ela quem 
                  melhor reflete a santidade de Deus” (Pe. 
                  R. Th. Calmel, O.P.). 
                  
                    
                  
                  23. 
                  Sede da Sabedoria: 
                  “Maria, a Mãe de Deus toda santa, sempre Virgem, é a 
                  obra-prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do 
                  tempo. Pela primeira vez no plano da salvação e porque o seu 
                  Espírito a preparou, o Pai encontra a Morada em que seu Filho 
                  e seu Espírito podem habitar entre os homens. É neste sentido 
                  que a Tradição da Igreja muitas vezes leu, com relação a 
                  Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria. Maria é 
                  decantada e  representada na Liturgia como o ‘trono da 
                  Sabedoria” (Catecismo da Igreja 
                  Católica, 721). 
                  
                    
                  
                  24. 
                  Causa de nossa alegria: 
                  “Antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para 
                  nós. Foi o sacrifício do Calvário que nos reconciliou com o 
                  Criador e nos proporcionou a verdadeira e eterna felicidade. 
                  Como foi por meio de Nossa Senhora que o Redentor da 
                  humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, pois, a causa de 
                  nossa maior alegria” (André Damino, Na 
                  escola de Maria, Ed. Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962). 
                  
                    
                  
                  25. 
                  Vaso Espiritual: 
                  “Maria é vaso espiritual porque é a criatura, a única e 
                  singular criatura humana, que foi sempre residência do 
                  Espírito Santo” (Pe. R. Th. Calmel, O. 
                  P.). 
                  
                    
                  
                  26. 
                  Vaso Honorífico: 
                  “É vaso honorífico no sentido de que é digna de toda honra 
                  mais do que qualquer criatura no céu e na terra” (Pe. R. Th. 
                  Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                   27. 
                  Vaso insigne de Devoção: 
                  “Como Nossa Senhora nunca deixou de ser devotada aos desígnios 
                  de Deus — ao seu mais alto desígnio que é a encarnação 
                  redentora — reconhecemos ser ela animada por insigne devoção: 
                  eis a serva do senhor” (Pe. R. Th. 
                  Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  28. 
                  Rosa Mística: 
                  “Ninguém ignora que a rosa é símbolo de amor. Já que Maria é 
                  cheia de graça e de amor, nós a proclamamos rosa mística”
                  (Pe. R. Th. Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  29. 
                  Torre de Davi: 
                  “Lemos na Sagrada Escritura que o rei Davi tomou a fortaleza 
                  de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em torno dela. 
                  ‘E Davi habitou a fortaleza, e por isso se chamou cidade de 
                  Davi’ (Paralipômenos, 11,7). 
                  Naturalmente, o rei Davi fortificou a cidade, para torná-la 
                  inexpugnável, e a dotou de forte guarnição. A Igreja Católica 
                  é a nova Jerusalém, e nela temos uma torre ou fortaleza que 
                  nenhum inimigo pode invadir ou destruir, que é Nossa Senhora. 
                  Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. 
                  Por isso, nesta invocação honramos a Nossa Senhora 
                  reconhecendo que nunca houve, nem haverá, quem melhor proteja 
                  os fiéis e defenda a honra de Deus do que Ela” 
                  (André Damino, Na escola de Maria, Ed. 
                  Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962). 
                  
                    
                  
                  30. 
                  Torre de Marfim: 
                  “Maria nos protege com força e inteligência de mãe contra a 
                  Serpente infernal e seus sequazes, por isso pode ser comparada 
                  à uma torre. Ela nos protege tanto mais firmemente contra os 
                  liames do pecado porque ela própria nunca a eles deu a menor 
                  deixa, é pura, imaculada, é o que sugere, embora palidamente, 
                  a cor do marfim. Pureza e proteção estão sempre conexas nas 
                  intervenções de Nossa Senhora, por isso é torre de marfim”
                  (Pe. R. Th. Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  31. 
                  Casa de Ouro: 
                  “Em seu seio virginal Maria deu ao Filho de Deus a natureza 
                  humana, é comparada, então, a uma moradia de beleza 
                  inestimável: casa de ouro” (Pe. R. Th. 
                  Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  32. 
                  Arca da Aliança: 
                  “No Antigo Testamento, na Arca da Aliança ficavam guardadas as 
                  tábuas da lei dadas por Deus a Moisés e um punhado do maná 
                  recebido milagrosamente no deserto. Por isso ela lembrava as 
                  promessas e a proteção de Deus. Nossa Senhora é, no Novo 
                  Testamento, a Arca da Aliança que protege o povo eleito da 
                  Igreja Católica e lembra as infinitas misericórdias de Deus”
                  (André Damino, Na escola de Maria, Ed. 
                  Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962). 
                  “A arca da aliança abrigava somente as Tábuas da Lei, mas 
                  Maria abrigou aquele que o céu e a terra não podem conter”
                  (Pe. R. Th. Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  33. 
                  Porta do Céu: 
                  “Nossa Senhora é invocada desse modo, pois foi por meio d’Ela 
                  que Jesus Cristo veio à Terra, e é por Ela que nos vêm todas 
                  as graças, as quais têm como finalidade nos levar ao Céu, 
                  nossa morada eterna. Assim, Ela favorece nossa entrada no Céu, 
                  como a porta favorece a entrada num local” 
                  (André Damino, Na escola de Maria, Ed. 
                  Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962). 
                  
                    
                  
                  34. 
                  Estrela da Manhã: 
                  “Pouco antes de nascer o sol, quando a escuridão é maior e vai 
                  começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior 
                  luminosidade. Depois, quando as outras estrelas desaparecem na 
                  claridade nascente, ela ainda permanece. Assim foi Nossa 
                  Senhora, pois seu nascimento significava que logo nasceria o 
                  Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. E quando a Fé se 
                  perdia até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e 
                  esperar. Ela é o modelo da perseverança na provação e o 
                  anúncio da Luz que virá” (André Damino, 
                  Na escola de Maria, Ed. Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962). 
                  
                    
                  
                  35. 
                  Saúde dos Enfermos: 
                  “A condição de sofrimento em que viveis e o desejo de 
                  recuperar a saúde tornam-vos particularmente sensíveis ao 
                  valor da esperança. Confio à intercessão de Maria a vossa 
                  aspiração ao bem-estar do corpo e do espírito... Esta 
                  ajudar-vos-á a dar um significado novo ao sofrimento, 
                  transformando-o em caminho de salvação, em ocasião de 
                  evangelização e de redenção. Com efeito, "o sofrer pode ter 
                  também um significado positivo para o homem e para a própria 
                  sociedade, chamado como é a tornar-se uma forma de 
                  participação no sofrimento salvífico de Cristo e na Sua 
                  alegria de Ressuscitado e, portanto, uma força de santificação 
                  e de edificação da Igreja" (Christifideles 
                  laici, 54; cf. Carta Encíclica Salvifici doloris, 23). 
                  Modelada na experiência de Cristo e habitada pelo Espírito 
                  Santo, a vossa experiência da dor proclamará a força vitoriosa 
                  da Ressurreição” (João Paulo II, 11 de 
                  fevereiro de 1998). 
                  
                    
                  
                  36. 
                  Refúgio dos Pecadores: 
                  “Como os pobres enfermos, que, por causa de suas misérias, 
                  vivem abandonados de todos e só encontram abrigo nos hospitais 
                  públicos: assim os pecadores mais miseráveis, embora repelidos 
                  por todos, encontram acolhimento na misericórdia de Maria. 
                  Deus colocou-a neste mundo para ser o refúgio e o hospital 
                  público dos pecadores, conforme se exprime São Basílio. Esta 
                  é, também, a razão por que Santo Efrém a chama ‘abrigo dos 
                  pecadores’. Assim, minha Rainha, se a vós recorro, não podeis 
                  repelir-me por causa dos meus pecados; e quanto mais miserável 
                  sou, tanto mais razão tenho de ser acolhido sob a vossa 
                  proteção, porque Deus vos criou para serdes o refúgio dos mais 
                  miseráveis. A vós, portanto, recorro, ó Maria, colocando-me 
                  debaixo do manto da vossa proteção. Sois o refúgio e a 
                  esperança da minha salvação. Se me rejeitásseis, para quem me 
                  voltaria?” (Santo Afonso Maria de 
                  Ligório, Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora, 18). 
                  
                    
                  
                  37. 
                  Consoladora dos Aflitos: 
                  “Que alívio eu sinto nas minhas penas, que consolação nas 
                  minhas tribulações, que força nas tentações, quando penso em 
                  vós, e vos chamo em meu auxílio, Maria, Mãe terna e santa! 
                  Grandes santos, quanta razão tendes de exaltar esta augusta 
                  Senhora minha, chamando-lhe como Santo Efrém: ‘o porto dos 
                  aflitos’; como São Boaventura: ‘a reparação de nossas 
                  desgraças e a consolação dos miseráveis’; como São Germano: ‘o 
                  fim das nossas lágrimas’. Maria, consolai-me; vejo que estou 
                  cheio de iniqüidades, cercado de inimigos, pobre de virtudes, 
                  frio no amor para com Deus. Consolai-me, consolai-me, mas a 
                  consolação que desejo é começar uma vida nova, uma vida 
                  verdadeiramente agradável a vosso Filho e a vós” 
                  (Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus 
                  Sacramentado e a Nossa Senhora, 28). 
                  
                    
                  
                  38. Auxílio dos Cristãos: 
                  No século XVI, a força naval dos turcos ameaça dominar o 
                  Mediterrâneo. Unindo a Espanha com Veneza, o papa São Pio V 
                  consegue formar uma força naval sob o comando de João da 
                  Áustria. E, em 1571, no estreito de Lepanto a esquadra turca 
                  foi totalmente destruída. Enquanto se realizava a batalha o 
                  papa e toda a sua corte rezava o rosário de Nossa Senhora. 
                  Após a vitória, o papa São Pio V mandou incluir na Ladainha de 
                  Nossa Senhora a invocação: Auxílio dos Cristãos. 
                  
                    
                  
                  39. 
                  Rainha dos anjos: 
                  “A Santa Mãe de Deus foi exaltada acima de todos os coros dos 
                  anjos. Sim, diz o  Abade Guerrico, exaltada acima dos anjos, 
                  de modo que só tem acima de si seu Filho, o Unigênito de Deus. 
                  
                  
                  Dividem-se todos as ordens de anjos e santos em três 
                  hierarquias, como ensinam Santo Tomás e o Pseudo-Dionísio 
                  Areopagita. Mas, segundo Gerson, constitui Maria no céu uma 
                  hierarquia à parte, de todas a mais sublime, a segunda depois 
                  de Deus. A senhora está incomparavelmente acima dos servos, 
                  observa Santo Antonino; e assim também a glória de Maria é sem 
                  comparação maior do que a dos anjos” 
                  (Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, Parte 2, 
                  capítulo II, VIII, Segundo Ponto, 1). 
                  
                    
                  
                  40. Rainha dos Patriarcas, 41. Rainha dos Profetas: 
                  “Os patriarcas e os profetas que esperavam e anunciavam o 
                  Messias, o Redentor da humanidade culpada, deviam 
                  inevitavelmente levantar os olhos para a Mãe do Messias, 
                  aquela que finalmente iria esmagar a cabeça da Serpente. Esta 
                  espera que se prolongou por séculos, começara no coração de 
                  Adão e Eva, os primeiros pais do gênero humano, logo após o 
                  primeiro pecado e o primeiro perdão do Pai Celeste. A espera e 
                  a esperança, o anúncio profético ficaram mais precisos ao 
                  longo do Antigo Testamento. E assim os Patriarcas e Profetas 
                  anunciaram ao mesmo tempo o Redentor e Rei dos reis e a Virgem 
                  Santíssima que o traria ao mundo e reinaria à sua direita
                  (Salmo 44: astitit Regina a dextris tuis). 
                  Com toda a propriedade Maria é invocada como Rainha dos 
                  Patriarcas e dos Profetas” (Pe. R. Th. 
                  Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  42. Rainha dos Apóstolos: 
                  “Reunindo à sua volta os Apóstolos e os discípulos tentados 
                  pela dispersão, a Virgem Maria entrega-os ao “fogo” do 
                  Espírito, que os há de lançar na aventura da missão. O “sensus 
                  fidei” do povo cristão reconhecerá a presença ativa de Maria, 
                  não apenas na comunidades dos primórdios, mas também nas 
                  vicissitudes da Igreja. Por isso, não hesitará em tributar-lhe 
                  o título de “Rainha dos Apóstolos” (João 
                  Paulo II, Celebração da Palavra em Zadar, Croácia). 
                  
                    
                  
                  43. 
                  Rainha dos Mártires: 
                  “Maria é Rainha dos mártires. Pois entre todos os martírios 
                  foi o seu o mais longo e também o mais doloroso. Quem lhe 
                  poderá medir jamais a extensão? Ao considerar o sofrimento 
                  dessa Mãe dolorosa, não sabia Jeremias a quem compará-lo. Pois 
                  não exclama: A quem te compararei? Porque é grande como o mar 
                  o teu desfalecimento. Quem te remediou? (Jr 2, 13). ‘Ó Virgem 
                  bendita, como a amargura do mar excede todas as amarguras, 
                  assim tua dor excede todas as outras dores’,- desta forma 
                  explica Hugo de São Vitor o citado texto. Na opinião de 
                  Eádmero, a dor de Maria era suficiente para causar-lhe a morte 
                  a cada instante, se Deus não lhe tivesse conservado a vida por 
                  um singular milagre. E São Bernardino de Sena chega a dizer 
                  que a intensidade de seu sofrimento tão aniquiladora foi, que, 
                  dividida por todos os homens, bastaria para faze-los morrer 
                  todos, repentinamente” (Santo Afonso 
                  Maria de Ligório, Glórias de Maria, Parte 2, capítulo II, 
                  Tratado II, Ponto Segundo). 
                  
                    
                  
                  44. Rainha dos Confessores: 
                  “Sem ter nunca celebrado os santos mistérios nem ter 
                  confessado a fé à maneira comum dos confessores, testemunhou 
                  desta fé na presença de Deus, dos anjos e dos bons homens com 
                  a força e a constância de santa Mãe de Deus; logo é com toda a 
                  justeza que podemos aclamá-la, Rainha dos Confessores” 
                  (Pe. R. Th. Calmel, O. P.). 
                  
                    
                  
                  45. Rainha das Virgens, 46. Rainha de todos os Santos: 
                  “Enfim, sua virgindade foi de tal modo humilde, transparente e 
                  penetrada de caridade para com Deus, que mereceu tornar-se mãe 
                  de Deus permanecendo virgem; de algum modo o Verbo de Deus se 
                  obriga a consagrar a virgindade daquela que lhe dava a 
                  natureza humana: verdadeiramente Rainha das Virgens, Rainha de 
                  todos os santos” (Pe. R. Th. Calmel, O. 
                  P.). 
                  
                    
                  
                  47. 
                  Rainha Concebida sem Pecado Original: 
                  “A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua 
                  Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, 
                  em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero 
                  humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado 
                  original” (DS 2803). 
                  
                    
                  
                  48. 
                  Rainha assunta ao céu: 
                  “Consideremos como, descendo o Salvador do céu para encontrar 
                  a Mãe, lhe disse, consolando-a: Levanta-te, apressa-te, amiga 
                  minha; pomba minha, formosa minha, e vem. Porque já passou o 
                  inverno, já se foram e cessaram de todo as chuvas 
                  (Ct 2, 10). Vamos, minha 
                  cara Mãe, minha bela e pura pomba, deixa este vale de 
                  lágrimas, onde tens sofrido tanto por meu amor… Vem com alma e 
                  corpo, gozar o prêmio de tua santa vida. Se tens padecido 
                  muito no mundo, maior é a glória que te darei de rainha do 
                  universo. 
                  
                  
                  Eis que Maria já deixa a terra. Vêm-lhe à memória as muitas 
                  graças que aí recebera de seu Senhor. Olha-a por isso com 
                  afeto e juntamente com compaixão, recordando-se dos pobres que 
                  deixa expostos a tantas misérias e a perigos tantos. Jesus lhe 
                  estende a mão, e a santa Mãe já se eleva no ar, já passa as 
                  nuvens e as esferas. E chega enfim às portas do céu” 
                  (Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de 
                  Maria, Parte 2, capítulo II, VIII, Primeiro Ponto, 1). 
                  
                    
                  
                  49. 
                  Rainha do Santo Rosário: 
                  “Dos Nossos Predecessores, Sixto V, de feliz memória, aprovou 
                  o antigo costume de recitar o Rosário; Gregório XIII instituiu 
                  a festa do Rosário; Clemente VIII introduziu-a no Martirológio; 
                  Clemente XI estendeu-a a toda a Igreja; e Benedito XIII 
                  inseriu-a depois no Breviário Romano. Assim Nós, em perene 
                  testemunho do Nosso apreço por esta forma de piedade, além de 
                  havermos decretado que dita festa e o seu Oficio sejam 
                  celebrados em toda a Igreja, com rito duplo de segunda classe, 
                  também quisemos que o mês de Outubro inteiro fosse consagrado 
                  a esta devoção. Enfim, prescrevemos que nas Ladainhas 
                  Lauretanas se acrescentasse a invocação: "Rainha do 
                  sacratíssimo Rosário", como augúrio de vitória na presente 
                  luta” (Leão XIII, Carta Encíclica 
                  “Diuturni Temporis”, 4). 
                  
                    
                  
                  50. 
                  Rainha da paz: 
                  “O nosso olhar volta-se para Ti com emoção mais forte, 
                  recorremos a Ti com confiança cada vez maior nestes tempos 
                  assinalados por não poucas incertezas e temores pela sorte do 
                  presente e do futuro do nosso Planeta. 
                  
                  A Ti, primícia 
                  da humanidade redimida por Cristo finalmente libertada da 
                  escravidão do mal e do pecado elevamos juntos uma súplica 
                  premente e confiante: escuta o grito de dor das vítimas das 
                  guerras e de tantas formas de violência que ensanguentam a 
                  Terra.  
                  
                  Dissipa as 
                  trevas da tristeza e da solidão do ódio e da vingança. Abre a 
                  mente e o coração de todos à confiança e ao perdão! 
                  
                  Mãe de 
                  misericórdia e de esperança, obtém para os homens e as 
                  mulheres do terceiro milênio, o dom precioso da paz: paz nos 
                  corações e nas famílias, nas comunidades e entre os povos; paz 
                  sobretudo para as nações onde em cada dia se continua a 
                  combater e a morrer. 
                  
                  Faz com que 
                  cada ser humano, de todas as raças e culturas, encontre e 
                  acolha Jesus, vindo sobre a Terra no mistério do Natal, para 
                  nos dar a "sua" paz. Maria, Rainha da Paz, dá-nos Cristo, 
                  verdadeira paz do mundo!” (João Paulo 
                  II, Solenidade da Imaculada Conceição, 08 de dezembro de 2003). 
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