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I Congresso Eucarístico Arquidiocesano
Eucaristia: Vida da Comunidade e Fonte da Missão
Grupo Temático 17
Eucaristia e Ecologia - Solidariedade com a criação
Orientador: Pe. Marcelo Santiago
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1.
Introdução
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A
Eucaristia tem uma dimensão ecológica e cosmológica
·
Não só
contempla o homem e suas obras, mas a terra e os seres vivos.
·
No pão e no
vinho não estão somente os frutos do trabalho humano, mas os
dons da terra (a teia ecológica é infinita).
-
Há
uma constante relação entre o humano e a natureza.
·
Entretanto,
o ser humano exerce um papel de destaque, pois sua capacidade
cognitiva (de pensar, planejar, intervir) e sua
capacidade de fazer escolhas, coloca-o numa posição
privilegiada frente aos demais elementos interativos.
·
Ele pode
entrar na cadeia ecológica quer numa atitude participante/
humanizante, quer, numa atitude intervencionista/ depredadora.
-
Estamos perdendo o senso da experiência semita que entendia o
ser humano como uma totalidade unitária, para soçobrar numa
“visão fissurada” na qual a natureza é concebida como algo que
cabe no nosso conhecimento, pode ser experimentado
objetivamente, manipulado e utilizado tecnicamente (processo
de desnaturação e de desumanização).
2.
Questões emergentes
a)
Diversidade
das culturas
·
Nossa
cultura ocidental, diversa do oriente, nem sempre assim
percebeu esta totalidade unitária
·
Liturgia
ocidental – mais antropocêntrica (homem e mulher no centro
da natureza) e pragmática sem dar tanto destaque à beleza
do universo (cosmos).
·
Liturgia
oriental – coloca o universo no centro e é mais atenta em
valorizar os elementos da natureza.
b)
A falta de
cuidado
-
Como
tornar presente a riqueza cosmológica na Eucaristia se este
“cosmos” está esquecido, alienado, maltratado? Se temos
tratado a natureza como se fosse mero objeto, da qual se deve
extrair proveito e lucros? (ambição desmedida).
A pobreza
social é conseqüência de uma pobreza muito mais profunda: a
pobreza espiritual.
-
Nossa realidade
·
O projeto
de crescimento material ilimitado, mundialmente integrado,
sacrifica 2/3 da humanidade, extenua recursos da terra e
compromete o futuro das gerações vindouras;
·
A
degradação crescente de nossa casa comum, a terra, denuncia
nossa crise de adolescência. É preciso entramos na idade
madura, sem isso não garantimos um futuro promissor;
·
Mais que o
fim do mundo, estamos assistindo ao fim de um tipo de mundo (crise
civilizacional generalizada/ novo paradigma de convivências).
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Sintomas
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Descuido e
descaso pela vida inocente de crianças (trabalho escravo,
extermínios, fome, aborto... );
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Descuido e
descaso manifesto pelo destino dos pobres e marginalizados da
humanidade (exclusão social e miséria)
·
Descuido e
descaso imenso pela sorte dos desempregados e aposentados (excluídos
do processo de produção/ seguridade social);
·
Descuido e
abandono dos sonhos de generosidade, agravados pela hegemonia
do neoliberalismo com o individualismo e a exaltação da
propriedade privada e menosprezo da solidariedade;
·
Descuido e
abandono crescente da sociabilidade nas cidades (desenraizamento
cultural/ medo/ violências);
·
Descuido e
descaso pela coisa pública (políticas públicas
insuficientes/ corrupção, interesses corporativistas ...);
·
Há um
descuido e descaso na salvaguarda de nossa casa comum, a terra
(devastação ecológica, agressão a vida).
3.
Projeto de Deus
a)
Criação (Capítulos 1 e 2 de Gênesis)
-
Visão a partir do ordenamento do Criador: não é algo que está
errado e que se deve corrigir. “Deus criou o universo... viu
que tudo era bom e deu ao ser humano o poder de dominar os
animais da terra”.
·
O que nos
move à compreensão não é a imagem de caos, mas de um
desenvolvimento harmônico e integral, a partir de uma
“potencialidade aberta”
-
Descanso sabático é um “descanso” ativo, ligado à criação.
Este olhar de contemplação de Deus, não é olhar de curioso,
mas de cuidadoso.
·
Ele nos
leva não a um panteísmo (tudo é Deus) mas a um
panenteísmo = Deus está em tudo e tudo está em Deus
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Missão: homem não é aquele que vem dominar, mas reger (jardineiro).
Participação no senhorio de Deus (administrador)
b)
O que nos
ensina Jesus?
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Ensinou o
Pai-Nosso, o pão nosso. Não posso chamar a Deus de “Pai” e de
“nosso”, se quero que o pão seja só meu.
·
Combateu o
acúmulo de riquezas (Mc 10,17-27)
·
Identificou-se com os pobres e excluídos (Mt 25, 31-46)
·
Partilhou e
distribuiu os pães e os peixes (Lc 24, 28-35; Jo 21,4-14; Mc
6, 30-44)
4.
Indicações para o caminho certo
a) Nova
visão sobre os seres e as coisas
Como dizia
Santo Agostinho: Deus nos ofertou dois livros: a Bíblia e a
natureza. O primeiro permite compreender o caráter sagrado do
segundo.
·
Se
olhássemos a natureza como nossa casa (oikos, em grego, de
onde deriva a palavra ecologia) ou extensão do corpo de
Deus, com certeza teríamos uma atitude mais reverencial a
esses bens criados para a nossa felicidade e não para a
ganância de alguns.
·
Uma atitude
de ternura para com a vida; de encantamento pela natureza e de
compaixão pelos que sofrem, capaz de dar um salto de qualidade
na direção de formas mais cooperativas de convivência.
b)
Redescoberta da riqueza simbólica da Eucaristia, a partir dos
elementos cosmológicos
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Terra:
·
É sagrada:
Moisés tira as sandálias ao experimentar a presença de Deus (Ex
3,5). Papa João Paulo II beijava a terra em cada lugar que
chegava.
·
Altar da
missa – recorda o “altar” do Calvário, fincado na terra e
sobre ele colocamos os frutos da terra e flores, plantas, pão,
vinho, etc.
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Ar:
·
Deus soprou
nas narinas de Adão, um sopro de vida e ele se tornou um ser
vivente.
·
O sopro do
Espírito envolve todo o ambiente durante nossas celebrações (ação
misteriosa - ação de Deus)
-
Água:
·
Jesus, a
fonte “pede de beber” à samaritana: “dá-me de beber”.
Descobrindo esta mesma fonte, ela também pede, “Senhor, dá-me
desta água, para que eu não tenha mais sede” (Jo 4-7,15)
·
Sem ela,
morremos rapidamente, fomos gerados nela.
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Fogo:
·
O fogo
produz energia, vital para todos nós (aquece, purifica,
ilumina)
·
A energia
divina nos alimenta e nos dá a vida. A chama brilhante do
círio pascal lembra o Cristo ressuscitado.
·
Na Bíblia,
é sinal da presença e força de Deus (Espírito Santo)
c)
Perceber a
Eucaristia como uma experiência de comunhão
-
Na
Eucaristia, comungamos com Jesus, com os nossos semelhantes,
com a natureza e com a criação divina.
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Comungar com Jesus:
·
Todas as
vezes que uma comunidade cristã reparte entre si o pão e o
vinho consagrados, é o corpo e o sangue de Jesus que ele está
compartilhando.
·
De fato,
Ele se faz “alimento”. Comungamos sua presença viva – presença
real, espiritual, sacramental: “isto é meu corpo... isto é meu
sangue”
·
Comungar
com Jesus é: atualizar seus gestos; reviver em nossas vidas o
que Ele viveu; assumir os valores evangélicos; dispor-se a
derramar o próprio sangue e a própria carne para que outros
tenham vida.
Quem
acumula riquezas, arrancando o pão da boca dos pobres; quem
não se dispõe a dar a vida por aqueles que estão privados de
acesso a ela, não deveria se sentir no direito de
aproximar-se da mesa eucarística.
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Comungar com os nossos semelhantes a partir de Jesus
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Jesus quis
perpetuar-se entre nós no que há de mais essencial à
manutenção da vida humana: a comida e a bebida, o pão e o
vinho.
·
Não se pode
comungar com Jesus, sem comungar com os que foram criados à
imagem e semelhança de Deus (Mt 25,31-44)
No Brasil, há 40 milhões de excluídos dos bens essenciais à
vida. 350 mil crianças morrem de fome a cada ano no Brasil
(quase uma criança por dia). A fome mata mais que a Aids.
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Comungar com a natureza
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Somos
filhos da terra. Há um entrelaçamento de toda a criação
·
É
impossível viver sem comida e bebida
·
A
eucaristia simboliza o acesso de todos à comida e à bebida,
aos bens da vida, irmanados em torno da mesma mesa e unidos
sob as bênçãos de Deus, nosso Pai.
Todas as vezes que uma sociedade exclui desse acesso uma
parcela de sua população, nega o dom do amor de Deus em
Cristo, caminha na contramão da direção eucarística.
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Comungar com a criação divina
·
No corpo de
Jesus Cristo, todo universo encontra-se resumido
·
O corpo de
Jesus Cristo é o ponto mais alto da criação
·
Não é só o
nosso ser que será salvo. Toda a matéria que constitui o
universo será resgatada pela salvação trazida por Jesus
Cristo.
·
Comungar
com a criação divina é contemplá-la com os olhos de quem vê,
em todos as coisas, os sinais do criador.
A criação é, toda ela, sacramento divino, coroada pelo ser
humano, imagem e semelhança de Deus.
5.
Conclusão:
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A
Eucaristia exige:
·
Participação digna de todos à comida e bebida e aos bens da
vida
·
Fraternidade em torno da mesma mesa
·
Unidade sob
as bênçãos de Deus, nosso Pai
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Toda
luta por justiça, direitos humanos, maior igualdade social,
defesa da natureza, possui em caráter eucarístico. Ao agirmos
com descaso pela preservação do meio ambiente, damos as costas
às gerações futuras que serão vítimas dos desequilíbrios
causados hoje e agredimos o corpo místico de Cristo.
Uma oração para compreender a Eucaristia
Manda-me alguém
Senhor,
quando tenho fome,
Manda-me
alguém para alimentar.
Quando
tenho sede,
Manda-me
alguém para saciar.
Quando
tenho frio,
Manda-me
alguém para aquecer.
Quando
tenho um desgosto,
Manda-me
alguém para consolar.
Quando
minha cruz se torna pesada,
Faze-me
participar da cruz de um outro.
Quando sou
pobre,
Conduze-me
para algum necessitado.
Quando não
tenho tempo,
Dá-me
alguém para que eu possa ajudar.
Quando sou
humilhado,
Faze-me que
eu tenha alguém para louvar.
Quando
estou desanimado,
Manda-me
alguém para animar.
Quando
preciso de compreensão dos outros,
Manda-me
alguém que precise da minha.
Quando
preciso que se ocupem de mim,
Manda-me
alguém para ocupar-me dele.
Quando
penso só para mim,
Atrai a minha atenção
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