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            Anápolis, 14 de agosto de 2007 
              
            
            Ao jovem Antônio Carlos de O. Júnior 
              
            
            Caríssimo Antônio Carlos, entregue-se 
            totalmente a Deus, somente Ele merece o seu amor: “Como sois 
            feliz por terdes compreendido que Deus é tudo, e a criatura nada, 
            que só Deus merece a homenagem suprema do coração, da vida, de todos 
            os bens” (São Pedro Julião 
            Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3). 
              
            
            Deus lhe pague pelo e-mail. 
            
            Prezado Antônio, lembre-se 
            continuamente de que o tempo passa, o ontem não volta mais, e ficar 
            adiando a consagração a Deus é grande prejuízo. 
            
            Estou pronto para ajudar-lhe, 
            contanto que você saiba o que quer. Não basta marcar metas, é 
            preciso lutar até o fim. Tudo passa. 
            
            Não se esqueça de buscar sempre a 
            Cristo Crucificado e de viver no Calvário com Ele, esse é o lugar 
            dos verdadeiros discípulos de Cristo: “O monte Calvário é o monte 
            dos amantes. Todo o amor que não tiver por origem a Paixão do 
            Salvador é frívolo e perigoso” 
            (São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Livro XII, Cap. XIII). 
            
            Você já observou que milhões de 
            jovens gastam dinheiro, saúde, tempo e arriscam a própria vida para 
            servir a Satanás e o mundo? Será que foi o demônio que morreu na 
            cruz para salvá-los? Como são estúpidos, ignorantes e ingratos! O 
            que dirão a Deus na hora do terrível julgamento? 
            
            Milhões são aqueles que se entregam 
            de corpo e alma ao Diabo, fazem todo tipo de extravagância para 
            agradar ao Príncipe das trevas, que em recompensa os acaricia com 
            suas garras infernais levando-os pelo caminho do Inferno 
            Eterno.Quanta cegueira! 
            
            Pouquíssimos são os que aceitam o 
            convite de Deus e se consagram a Ele; e desses, a maioria busca uma 
            vida fácil nos conventos e seminários, parecem bonecas de açúcar: 
            “É uma vergonha fazer-se de membro 
            regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos” 
            (Dos Sermões de São Bernardo de 
            Claraval).  
            
            Prezado Antônio, se você realmente se 
            cansou do vazio do mundo, acorde enquanto é tempo e se entregue de 
            corpo e alma a Deus. 
            
            Leia e medite esse trecho sobre a 
            BREVIDADE DA VIDA: 
            “Que é nossa vida?... Assemelha-se a um 
            tênue vapor que o ar dispersa e desaparece completamente. Todos 
            sabemos que temos de morrer. Muitos, porém, se iludem, imaginando a 
            morte tão afastada que jamais houvesse de chegar. Jó, entretanto, 
            nos adverte que a vida humana é brevíssima: “O homem, vivendo breve 
            tempo, brota como flor e murcha”. Foi esta mesma verdade que Isaías 
            anunciou por ordem do Senhor. “Clama — disse-lhe — que toda a carne 
            é erva... verdadeira erva é o povo; seca a erva, e cai a flor” (Is 
            40,6-8). A vida humana é, pois, semelhante à dessa planta. Chega a 
            morte, seca a erva; acaba a vida e murcha cai a flor das grandezas e 
            dos bens terrenos. 
            
            A morte corre 
            velocíssima sobre nós, e nós, a cada instante, corremos para ela (Jo 
            9,25). Este momento em que escrevo — disse São Jerônimo — faz-me 
            caminhar para a morte. Todos temos de morrer, e nós deslizamos como 
            a água sobre a terra, a qual não volta para trás” (Jó 27, 15). Vê 
            como corre o regato para o mar; suas águas não retrocedem; assim, 
            meu irmão, passam teus dias e cada vez mais te acercas da morte. 
            Prazeres, divertimentos, faustos, lisonjas e honras, tudo passa. E o 
            que fica? “Só me resta o sepulcro” (Jó, 17,1). Seremos lançados numa 
            cova e, ali, entregues à podridão, privados de tudo. No transe da 
            morte, a lembrança de todos os gozos que em vida desfrutamos e bem 
            assim das honras adquiridas só servirá para aumentar nossa mágoa e 
            nossa desconfiança de obter a salvação eterna. Dentro em breve, o 
            pobre mundano terá que dizer: minha casa, meus jardins, esses móveis 
            preciosos, esses quadros raríssimos,  aqueles vestuários já não 
            serão para mim! Só me resta o sepulcro. 
            
            Ah! com que dor 
            profunda há de olhar para os bens terrestres aquele que os amou 
            apaixonadamente! Mas essa mágoa já não valerá senão para aumentar o 
            perigo em que se acha a salvação. A experiência nos tem provado que 
            tais pessoas, apegadas ao mundo, mesmo no leito da morte, só querem 
            que se lhes fale de sua enfermidade, dos médicos que se possam 
            consultar, dos remédios que os aliviem. Mas, logo que se trata da 
            alma, enfadam-se e pedem para descansar, porque lhes dói a cabeça e 
            não podem ouvir conversação. Se, por acaso, respondem, é 
            confusamente e sem saberem o que dizem. Muitas vezes, o confessor 
            lhes dá a absolvição, não porque os acha bem preparados, mas porque 
            já não há tempo a perder. Assim morrem aqueles que pensam pouco na 
            morte. 
            
            Exclamava o rei 
            Ezequias: “Minha vida foi cortada como por tecelão. Quando ainda 
            estava urdindo, ele me cortou” (Is 38,12). Quantas pessoas andam 
            preocupadas a tecer a teia de sua vida, ordenando e combinando com 
            arte seus mundanos desígnios, quando os surpreende a morte e rompe 
            tudo! Ao pálido resplendor da última luz todas as coisas deste mundo 
            se obscurecem: aplausos, prazeres, pompas e grandezas. 
            
            Grande segredo o da 
            morte! Sabe mostrar-nos o que não vêem os amantes do mundo 
            enganador. As mais cobiçadas fortunas, os postos mais elevados em 
            dignidade, os triunfos mais estupendos, perdem todo o seu esplendor 
            considerados à vista do leito mortuário. Convertem-se então em 
            indignação contra nossa própria loucura as idéias que tínhamos 
            formado de certa felicidade ilusória. A sombra negra da morte cobre 
            e obscurece até as dignidades régias. 
            
            Durante a vida, nossas 
            paixões nos apresentam os bens do mundo de modo mui diferente do que 
            são. A morte, porém, lhes tira o véu e os mostra na sua realidade: 
            fumo, lodo, vaidade e miséria. Meu Deus, para que servem depois da 
            morte riquezas, domínio e reinos, quando, ao morrer, temos apenas 
            necessidade de um ataúde de madeira e de uma mortalha para cobrir o 
            corpo? Para que servem honras, se apenas nos darão um cortejo 
            fúnebre ou pomposas exéquias, que de nada nos aproveitarão se a alma 
            está perdida? Para que serve formosura do corpo, se não contém mais 
            que vermes, podridão espantosa e, pouco depois, pó infecto? Ele me 
            reduziu a ser como a fábula do povo, e sou um ludíbrio diante deles. 
            Morre um ricaço, um governador, um capitão, e por toda parte sua 
            morte será apregoada. Mas, se viveu mal, virá a ser censurado pelo 
            povo, exemplo da vaidade do mundo e da justiça divina, e escarmento 
            para muitos. Na cova será confundido com os cadáveres dos pobres. 
            “Grandes e pequenos ali estão” (Jó 3,19). De que lhe serviu a 
            galhardia do seu corpo, se agora não passa de um montão de vermes? 
            De que lhe valeu a autoridade que possuía, se agora seus restos 
            mortais estão condenados a apodrecer numa vala e a sua alma arrojada 
            nas chamas do inferno? Oh! que desdita ser para os demais objeto de 
            semelhantes reflexões, e não as haver feito em benefício próprio! 
            Persuadamo-nos, portanto, que, para remediar as desordens da 
            consciência, não é apropriado o tempo da morte, mas sim o da vida. 
            
            Apressemo-nos a pôr 
            mãos à obra naquilo que então não poderemos fazer. Tudo passa e 
            fenece depressa (1Cor 7, 29). Procuremos agir de modo que tudo nos 
            sirva para conquistar a vida eterna. 
            
            Que grande loucura 
            expor-se ao perigo de uma morte infeliz e começar com ela uma 
            eternidade desditosa, por causa dos breves e miseráveis deleites 
            desta vida tão curta! Oh, quanta importância tem esse último 
            instante, esse último suspiro, esta última cena! É uma eternidade de 
            gozos ou de tormentos. Vale uma vida sempre feliz ou sempre 
            desgraçada. Consideremos que Jesus Cristo quis morrer vítima de 
            tanta amargura e ignomínia para nos obter morte venturosa. Com este 
            objetivo nos admoesta e ameaça, tudo para que procuremos concluir a 
            hora derradeira na graça e na amizade de Deus. 
            
            Até um pagão, 
            Antístenes, a quem perguntaram qual era a maior dita deste mundo, 
            respondeu que era uma boa morte. Que dirá, pois, um cristão, a quem 
            a luz da fé ensina que nesse momento se enceta um dos dois caminhos, 
            o do eterno sofrimento ou o da eterna alegria? Se numa bolsa 
            metessem dois bilhetes: um com a palavra inferno, outro com a 
            palavra glória, e tivesses que tirar à sorte um deles para seguir 
            imediatamente ao lugar indicado, que precaução não tomarias para 
            tirar o que desse entrada para o céu? Os desgraçados, condenados a 
            jogar a vida, como haveriam de tremer ao estender a mão para lançar 
            os dados de cuja sorte dependesse a sua vida ou a sua morte? Com que 
            espanto te verás próximo desse momento solene em que poderás dizer a 
            ti mesmo: Deste momento depende minha vida ou minha morte eterna! 
            Decide-se agora se hei de ser eternamente feliz ou desgraçado para 
            sempre!... Refere São Bernardino de Sena que certo príncipe, ao 
            expirar, dizia atemorizado: Eu, que tantas terras e palácios possuo 
            neste mundo, não sei, se morrer esta noite, que mansão irei habitar!
             
            
            Se crês, meu irmão, 
            que hás de morrer, que existe eternidade, que se morre só uma vez, e 
            que, dado este passo em falso, o erro é irreparável para sempre e 
            sem esperança de remédio: por que não te decides, desde o momento em 
            que isto lês, a praticar quanto puderes para te assegurar uma boa 
            morte?... Era a tremer que Santo André Avelino dizia: Quem sabe a 
            sorte que me estará reservada na outra vida: salvar-me-ei?... Tremia 
            um São Luís Beltrão de tal maneira que, em muitas noites, não 
            lograva conciliar o sono, acabrunhado pelo pensamento que lhe dizia: 
            Quem sabe se te condenarás? E tu, meu irmão, que de tantos pecados 
            és culpado, não tremes? Apressa-te em tomar o remédio oportuno; 
            decide entregar-te inteiramente a Deus, e começa, desde já, uma vida 
            que não te aflija, mas proporcione consolo na hora da morte. 
            Dedica-te à oração; freqüenta os sacramentos, evita as ocasiões 
            perigosas e, se tanto for preciso, abandona o mundo para assegurar 
            tua salvação, persuadido de que, quando desta se trata, não há 
            confiança que baste”
            (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte, 
            Consideração III, Pontos I, II e III). 
            
            Caríssimo Antônio, por que será que 
            para servir a Deus os jovens colocam tanto obstáculo e pensam por 
            anos inteiros; e para o serviço de Satanás eles se entregam 
            prontamente? 
            
            Eu te abençôo e te guardo no Sagrado 
            Coração de Jesus. 
            
            Atenciosamente, 
              
            
            Pe. 
            Divino Antônio Lopes FP. 
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