Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Nome: José Alves da Silva (pastor)

Assunto: Resposta a um Herege II

Cidade: São Paulo

Estado: São Paulo

Comentário: O senhor afirma continuamente que a Igreja Católica é a verdadeira; será que ela vai até o fim? Sinto que a minha Igreja está crescendo e me sinto feliz nela e vejo-a como verdadeira. O Senhor não deve desprezar as outras igrejas, porque estamos a serviço de Jesus Cristo. Aqui expulsamos os demônios e fazemos curas.

 

 

Anápolis, 15 de setembro de 2010

 

Ao senhor José Alves da Silva, Pastor e Herege

São Paulo – SP

 

Prezado, respeite e Virgem Santíssima... ela é  Esposa do Espírito Santo: “Maria Santíssima foi a única que mereceu ser chamada Mãe e Esposa de Deus” (Santo Agostinho, Sermão 208, 4, In app.).

 

O senhor pergunta se a Igreja Católica Apostólica Romana irá até o fim. NUNCA tive DÚVIDA sobre isso, porque o FUNDADOR dela é Deus... e Deus NÃO MENTE: “... mentira nenhuma foi achada em sua boca” (1 Pd 2, 22).

Jesus Cristo, o FUNDADOR da Igreja católica diz em Mt 16, 18: “... e as portas do Inferno NUNCA PREVALECERÃO contra ela”.

Prezado pastor, o senhor acredita na Palavra de Deus? E então? Nosso Senhor diz “contra ELA”, e não “contra ELAS” (no plural). Está claro que Ele fundou SOMENTE UMA IGREJA “... e as portas do Inferno NUNCA PREVALECERÃO contra ela” (Mt 16, 18).

RELIGIÕES, SEITAS e HOMENS MALIGNOS trabalham furiosamente para DESTRUIR a Igreja Católica, a ÚNICA ESPOSA do Cordeiro divino. Toda essa FÚRIA e ÓDIO serão em vão, porque a ESPOSA é protegida pelo ESPOSO CELESTE: “E vós, maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25).

Já faz DOIS MIL ANOS que a Santa Igreja é ATACADA por todos os lados... mas a “BARCA” de Pedro (Lc 5, 3)... a “ARCA” de Noé (São Cipriano)... continua NAVEGANDO FIRMEMENTE, “olhando” com compaixão para os “tubarões” e “piranhas” que tentam “ferir-lhe” com FURIOSAS MORDIDAS... mordem e quebram os dentes.

Prezado pastor, o senhor sabe o que SIGNIFICA: “... e as portas do Inferno NUNCA PREVALECERÃO contra ela?”

 

Leia com atenção.

 

Depois das palavras de Cristo mostrando que a SUA IGREJA se apóia sobre Pedro, alguém poderia perguntar como pode uma tão vasta instituição firmar-se num só homem. Mas quem está falando é Cristo que prevê e dirige todos os acontecimentos e que é depositário de todo o poder: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue” (Mt 28, 18).

São João Crisóstomo escreve: “Jesus trata aqui a São Pedro como seu Pai havia tratado a Jeremias, quando lhe disse que o tornaria ‘como uma cidade fortificada, e como uma coluna de ferro, e como um muro de bronze’ (Jr 1, 18). Há aí apenas uma diferença: Jeremias teria que lutar com um só povo, e Pedro ‘seria forte contra o mundo inteiro”. Pedro continuaria vivo na pessoa de seus sucessores. E as palavras do Mestre são uma profecia do que vai acontecer com a Igreja, sempre em luta com as portas do inferno, isto é, com os poderes infernais e sempre vitoriosa contra elas.

Entre os orientais se designava com o nome de PORTAS a cidade e principalmente o poder que nela se exercia, não só porque nas portas estava a segurança da cidade, a qual, tomadas as portas, ficava abertamente à mercê do inimigo, como também porque era nas portas da cidade que os magistrados exerciam o seu poder. E até os nossos dias o poder imperial dos turcos tem sido designado com o nome de SUBLIME PORTA.

Este emprego de PORTAS = CIDADE, PORTAS = CIDADELA, SITUAÇÃO FORTIFICADA, nós o vemos frequentemente na Bíblia: “A tua descendência possuirá AS PORTAS de seus inimigos” (Gn 22, 17), e: “És nossa irmã, cresce em milhares de milhares, e a tua posteridade possua AS PORTAS de seus inimigos” (Gn 24, 60), e também: “O Senhor escolheu novas guerras e Ele mesmo derrubou AS PORTAS dos inimigos” (Jz 5, 8).

E assim, na palavra do Mestre, se mostra o combate entre a cidade do diabo e o edifício construído por Jesus sobre a pedra, que é Pedro.

 

PORTAS DO HÁDES = PODER DAS TREVAS

 

A palavra INFERNO aí no texto é expressa no grego pelo termo HÁDES, que é equivalente à palavra XEOL, muito usada no Antigo Testamento para exprimir a região dos mortos. Daí concluem alguns que a expressão PORTAS do inferno, ou seja, PORTAS DO HÁDES designa a MORTE. Jesus, neste caso, estaria dizendo que a morte não prevaleceria contra a Igreja, isto é, a Igreja não morreria, seria perene, seria imortal.

Que dizer desta interpretação?

Temos que dizer simplesmente que esta significação da palavra HÁDES não cabe aí no texto.

Realmente a Igreja será perene, será imortal e Jesus o diz no texto; mas o texto exprime muito mais do que isto: se ela será perene, é porque sairá sempre vitoriosa contra o poder das trevas, pois aí não se trata de hádes = morte, mas sim, de hádes = inferno, no sentido de região onde imperam os demônios.

Não há dúvida que esta palavra HÁDES aparece muito frequentemente na versão dos Setenta, que também (é claro) a palavra XEOL a ela correspondente aparece frequentemente no texto hebraico para exprimir vagamente no ANTIGO TESTAMENTO a região dos mortos. Mas não é o Antigo Testamento que vai resolver a nossa questão.

Senão, vejamos:

Portanto, antes de Cristo, no Antigo Testamento, não podia haver este conceito que há hoje entre os cristãos: há uns que morrem e vão ser recompensados no Céu, vendo a Deus face a face; há outros que morrem e serão castigados  eternamente no inferno. Dois lugares, portanto, completamente opostos. Havia o conceito, muitas vezes expresso na Bíblia, de que a pessoa depois da vida terrena iria para a vasta região dos mortos.

Esta região é apresentada como sendo LÁ EMBAIXO, ou seja, num lugar profundo, e é por isto que São Jerônimo traduz o XEOL do hebraico (que é o mesmo HÁDES do grego) pela palavra latina INFERNUS, inferno em português. Inferno, isto é, um lugar que está embaixo, um lugar situado nas regiões inferiores. É natural, portanto, que o leitor de hoje se espante ao ver, na Bíblia, Jacó dizendo, ao receber a notícia da pretensa morte de José, seu filho querido: “Chorando descerei para meu filho ao INFERNO” (Gn 37,35). Aos seus ouvidos, acostumados a tomar a palavra INFERNO no sentido de lugar dos réprobos, parece que Jacó está dizendo que José está na casa do diabo e ele quer ir para lá também encontrar-se com ele; quando Jacó quer dizer simplesmente que irá encontrar-se com seu filho na vasta região dos mortos. *

 

* Ferreira de Almeida teve medo de traduzir assim e traduziu: “Com choro hei de descer ao meu filho até à SEPULTURA” (Gn 37, 35). A tradução é incorreta, pois, segundo a suposição de Jacó, uma fera havia devorado o filho dele. E a tradução da Sociedade Bíblica do Brasil diz: “Com choro hei de descer para meu filho ao SHEOL” (Gn 37, 35). Não existe esta palavra em português; o leitor a procura no dicionário e não encontra. De modo que, de qualquer forma quem quer compreender perfeitamente a Bíblia sem ter certo preparo sobre a linguagem e a literatura dos hebreus, está sempre arriscado a sair apanhando.

 

Nos primeiros livros da Bíblia (desde o Gênesis até os livros dos Reis) não se fala na região dos mortos senão de um modo vago, de um modo geral, sem se distinguir aí um lugar bom ou um lugar ruim; e a respeito de uma pessoa que morreu se diz apenas que foi reunir-se a seus pais (Gn 15, 15; Dt 31,16) ou que foi reunir-se ao seu povo (Gn 25, 17; 35, 29; Nm 20, 24; Dt 32, 50); não se especificam diversos lugares na região dos mortos.

Os livros poéticos de Jó e dos Salmos continuam a falar vagamente neste HÁDES, nesta região dos mortos, a qual é considerada uma “terra tenebrosa e coberta da escuridade da morte” (Jó 10, 21), a terra do esquecimento (Sl 87, I3), um lugar profundíssimo, pois se diz a respeito de Deus: “Ele é mais elevado do que o Céu e que farás tu? É mais profundo do que o INFERNO e como O conhecerás?” (Jó 11, 8), lugar do qual não se volta: “Aquele que descer aos infernos não subirá, nem tornará mais à sua casa, nem o lugar onde estava o conhecerá jamais” (Jó 7, 9-10) e: “Onde há casa estabelecida para todo o vivente” (Jó 30, 23), e ainda: “Onde os ímpios cessaram de tumultos e ali acharam descanso os cansados de forças” (Jó 3, 17).

É sempre uma maneira geral de encarar a vida de além-túmulo, sem discriminar propriamente a idéia de castigo ou de recompensa, sendo digna de nota esta última citação, na qual se fala nos ímpios, mas não se revela a sua punição, apenas se diz que ali deixaram de provocar barulho.

Entretanto o Salmista já descerra uma pontinha do véu que encobre os mistérios do além, manifestando a esperança de que Deus não o deixa­rá para sempre no HÁDES: “Deus na verdade resgatará a minha alma do INFERNO, quando me tomar” (Sl 49,16).

À medida que se aproximam dos tempos de Jesus Cristo, os judeus vão tendo uma notícia mais circunstanciada, vão fazendo uma idéia mais exata a respeito da vida futura.

Mais adiante os livros proféticos começam a dar uma idéia mais clara dos castigos reservados aos ímpios nesta região dos mortos: “Verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim, o seu BICHO NÃO MORRERÁ e o seu FOGO NÃO SE EXTINGUIRÁ” (Is 66, 24), e: “Toda multidão dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a vida, e outros para UM OPRÓBRIO QUE ELES TERÃO SEMPRE DIANTE DOS OLHOS” (Dn 12, 2).

Os livros escritos em época ainda mais próxima de Jesus Cristo, além desta idéia do castigo dos ímpios: “Humilha profundamente o teu espírito, porque a vingança da carne do ímpio será o fogo e o bicho” (Eclo 7, 19), acrescentam a idéia de felicidade além-túmulo, para os bons e justos, mesmo antes da ressurreição da carne: “O justo, ainda que for colhido de uma apressada morte, estará EM REFRIGÉRIO... porque a sua alma era agradável a Deus, por isso Ele se apressou a tirá-lo do meio das iniquidades (Sb 4, 7 .14), e: “Aquele que teme ao Senhor será feliz no fim e será abençoado no dia da sua morte” (Eclo 1, 13), e também: “As almas dos justos estão na mão de Deus e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam, e o seu trânsito foi reputado por aflição, e a jornada que fazem, separando-se de nós, extermínio; mas eles estão em PAZ. E se eles sofreram tormentos diante aos homens, A SUA ESPERANÇA ESTÁ CHEIA DE IMORTALIDADE” (Sb 3, 1-4).

E o 2.° Livro dos Macabeus já fala de sacrifícios oferecidos a Deus em sufrágio de alguns que haviam bravamente morrido em combate, mas em cujo poder foram encontrados certos objetos consagrados aos ídolos, os quais eles conservavam, digamos entre parêntesis, ou por superstição ou por apego ao seu valor material. E acrescenta: “É logo um santo e saudável pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados” (2 Mac 12, 46).

Não precisa os protestantes fazer careta porque foi citado o livro dos Macabeus ou o livro da Sabedoria e o Eclesiástico. Apenas estou fazendo uma demonstração da evolução que houve entre os judeus a respeito da idéia da vida futura. Considerem ou não os protestantes estes últimos livros como inspirados, pouco importa; o seu testemunho é sempre valiosíssimo para demonstrar as idéias que vigoravam entre os judeus nas derradeiras épocas anteriores a Cristo. Judas Macabeu, que constituía com seus combatentes uma parte seleta e fiel do povo judaico em luta contra os inimigos da Pátria, não teria pensado naquele sufrágio pelos mortos, se não houvesse entre os judeus a crença na existência de um lugar de purificação no outro mundo.

Como observa Vigouroux: “Os judeus desta época distinguiam três classes de mortos que habitavam todo o HÁDES: justos que como Jeremias estavam num estado feliz e podiam socorrer os vivos por suas preces (2 Mac 15, 12-14); outros justos, como os soldados de Judas Macabeu, culpados de faltas leves que não o impediriam de tomar parte na ressurreição gloriosa; enfim, criminosos que mereceram a pena do fogo... Vê-se que as crenças expressas no Antigo Testamento relativas à morada dos mortos se desenvolveram de uma maneira sensível, à medida que se aproximavam os tempos messiânicos. Os antigos hebreus não entreviam no inferno quase senão o seu lado temível, porque a seus olhos a morte era sempre o castigo do pecado. Os judeus dos últimos tempos, melhor instruídos sobre as normas da justiça de Deus, aprenderam que, mesmo antes da ressurreição, havia uma diferença profunda entre o estado dos maus e o dos Santos” (Dictionnaire de la Bible, col. 1795).

Passemos agora ao Novo Testamento.

Quando Nosso Senhor apareceu, já tinham os judeus, como vimos, a idéia de três lugares diferentes no HÁDES ou região dos mortos, chamada na Vulgata INFERNO: Um BOM para os justos, um de ETERNA PERDIÇÃO para os maus, e outro em que as almas estavam sujeitas à purificação. E uma prova de que admitiam este último, nós vemos, por exemplo, no cuidado que teve Nosso Senhor em dizer aos judeus que: “Todo o que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, perdoar-se-lhe-á; porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, nem neste mundo, nem no outro” (Mt 12, 32). Outro indício nós temos na alusão que faz São Paulo àqueles que se batizam PELOS MORTOS (1 Cor 15, 29).

Com esta idéia a respeito das sortes diferentes que têm as almas no HÁDES, já os judeus podem compreender perfeitamente a parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31). A parábola se reporta a um fato que aconteceu ou que se imagina que aconteceu no passado, portanto numa época em que os bem-aventurados não tinham ido ainda para o Céu. O mau rico está no HÁDES, na região dos mortos, porém está no lugar ruim, de eterna perdição, pois não só está no meio dos tormentos, mas para ele não há alívio nem remédio de forma alguma.

De longe ele avista a Abraão que está no bom lugar e vê a Lázaro no seu seio (Lc 16, 23). Faz então a súplica que não é atendida, porque entre o lugar em que está Abraão e o lugar em que está o mau rico não há passagem, não se pode ir de um para outro, o que não impede que houvesse no HÁDES outro lugar, cujos moradores, culpados de faltas menos graves do que as do mau rico, pudessem após a necessária purificação passar para o bom lugar, onde se achavam Abraão e Lázaro.

Porque o fim que teve Nosso Senhor ao propor esta parábola, não foi ensinar quantos lugares existem no outro mundo; mas sim, mostrar a transformação extraordinária, a completa mudança de sorte que vão ter nas regiões de além-túmulo o mau que passou a sua vida engolfado nos prazeres e o justo que aqui na terra conheceu acerbamente as agruras da existência. E temos que dizer aqui também entre parêntesis: os protestantes se revoltam contra a Igreja, quando esta ensina que as crianças mortas sem batismo vão para o LIMBO, porque, dizem, esta palavra não se encontra na Bíblia. Pois vejam aí na parábola onde é que fica o limbo: o lugar havia de ter um nome e SEIO DE ABRAÃO não podemos chamá-lo, porque Abraão já não se encontra nele, e sim no Céu, para onde foi após a Ascensão do Senhor. É a este bom lugar do HÁDES que desce a alma de Jesus após a morte, para esperar a ressurreição que se verificaria na manhã do domingo e assim n’Ele se cumpre a profecia de Davi que é relembrada em At 2, 27: “Não deixarás a minha alma no INFERNO, nem permitirás que o teu santo experimente corrupção”. Inferno aí como sempre = HÁDES = região dos mortos. Mas aí num bom lugar desta região. Muitos protestantes, interpretando a Bíblia pela própria cabeça, se têm atrapalhado com este texto, garantindo que Jesus desceu mesmo ao inferno dos réprobos, o que é inconcebível.

A esta noção que já possuíam os judeus sobre as variadas regiões do HÁDES, o Novo Testamento vem acrescentar uma nova idéia. Os ímpios estão no mau lugar do HÁDES, mas este é também O MESMO LUGAR DO DIABO e dos seus Anjos: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o DIABO e SEUS Anjos” (Mt 25, 41). Não é de admirar que estejam assim associados os réprobos e os demônios no mesmo lugar de suplício, uma vez que pertencem à mesma família: “Vós sois FILHOS DO DIABO e quereis cumprir os desejos de vosso pai... Quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44), e: “Aquele que comete o pecado é filho do diabo, porque o diabo peca desde o principio” (1 Jo 3, 8).

E assim se foi progredindo consideravelmente no conhecimento do HÁDES, esta vasta região dos mortos.

Mas acontece que depois da Ascensão do Senhor, o significado de HÁDES teve que sofrer uma substancial alteração.

Depois que Jesus entrou no Céu, na bem-aventurança, subiram do bom lugar do HÁDES para o Céu todos os justos devidamente purificados que houve desde o princípio do mundo até aquela data. E os que estivessem nas mesmas condições daí por diante iriam para o Céu e não para o HÁDES.

De modo que HÁDES continua a designar o lugar de todos os mortos que não estão na bem-aventurança. Mas a diferença é muito grande: antes de Cristo, todos os mortos sem exceção estavam neste caso. Hoje o HÁDES já não é o lugar de todos os mortos. Por conseguinte, se Jesus tivesse dito: — As portas do HÁDES não prevalecerão contra a Igreja — naqueles tempos de Isaac, de Jacó, de Josué, de Jó etc, ainda se podia entender que HÁDES aí significava a MORTE, pois se tinha apenas uma vaga idéia de que o HÁDES era o lugar de todos os mortos, não se fazia uma idéia bem clara da diferença entre bons e maus nesta vasta região.

Mas Jesus veio dizer isto NA ERA CRISTÃ. Mais ainda, está falando sobre a luta que a Igreja terá com o HÁDES, ATRAVÉS DOS SÉCULOS e até o fim do mundo.

Se perguntarmos a um protestante (que em geral não admite nem o limbo nem o purgatório): quem está neste HÁDES para combater a Igreja? Ele terá que responder: Neste HÁDES SÓ EXISTE O INFERNO, no sentido rigoroso da palavra. São os réprobos e os demônios. É daí que vem o combate à Igreja. Terá que reconhecer, portanto, com um de seus corifeus, Zuínglio, que “por inferno aí se deve entender toda força contrária e satânica, todo ímpeto do inimigo” (In Mateus 16-18. Opera VI.l. Schuler et Schulthess. 1836 pág. 322). E é interessante notar que a versão protestante do Ferreira de Almeida, a qual em outros lugares não traz a palavra INFERNO como tradução de HÁDES, mas sim a palavra HÁDES mesmo em português (At 2,27; Lc 16, 23), nesta passagem sem nenhuma hesitação apresenta a palavra INFERNO: “E as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Um católico sabe que no HÁDES, ou seja, na região dos mortos que fica lá embaixo, dos mortos que não estão na bem-aventurança, está o inferno, onde são atormentados os demônios e os réprobos, está também o purgatório, onde estacionam as almas salvas que ainda precisam purificar-se para entrar no Céu, e está o limbo, onde se encontram as crianças que morreram sem batismo. Mas sabe por outro lado que o combate contra a Igreja não pode absolutamente partir das almas do purgatório que, ao contrário, só podem ajudar a Igreja no que estiver a seu alcance, pois são almas justas e precisam de nossas preces para que Deus lhes dê um refrigério nos seus padecimentos. Nem pode partir das criancinhas inocentes que morreram sem batismo, as quais quase que podemos garantir de antemão: nada sabem do que se passa neste mundo. A luta, portanto, do HÁDES contra a Igreja só pode provir das profundezas do Inferno, ou seja, de Satanás e seus anjos e dos réprobos que estão sob o seu poder.

É inútil, por conseguinte, apresentar textos e mais textos do Antigo Testamento para nos explicar que a idéia de HÁDES se identifica com a idéia de MORTE. A idéia de HÁDES é hoje muito diferente.

Além disto, esta interpretação supõe que Cristo considera aí a MORTE como uma entidade que está ocupada em destruir coletivamente reinos, instituições, impérios e nações e que procura também levar de vencida a Igreja, como instituição. Mas onde é que na Bíblia se encontra este conceito? A morte sempre se apresenta como o desaparecimento do INDIVÍDUO daqui da face da terra. É temida, é um castigo do pecado, a ela se submeteu por nosso amor o próprio Cristo, que dela se serviu como de meio para realizar a sua obra redentora: “Para destruir PELA SUA MORTE ao que tinha o império da morte, isto é, ao DIABO e para livrar aqueles que pelo temor da morte estavam em escravidão toda a vida” (Hb 2,14-15). Por aqueles que estão bem integrados no reino de Deus, praticando a virtude, ela deixa de ser encarada como uma inimiga, antes muitas vezes é desejada ardentemente, pois é considerada uma libertação: “Pois me vejo em aperto por duas partes: TENDO DESEJO DE SER DESATADO DA CARNE e estar com Cristo, que é sem comparação muito melhor; mas o permanecer em carne é necessário por amor de vós” (Fl 1, 23-24), diz aos fiéis o Apóstolo São Paulo, porque, segundo o mesmo Apóstolo, “sabemos que se a nossa casa terrestre desta morada for desfeita (é claro que é ao nosso corpo que ele se refere) temos de Deus um edifício, casa não feita por mãos humanas, que durará para sempre nos Céus. E por isto também gememos, DESEJANDO ser revestidos da nossa habitação que é do Céu” (2 Cor 5, 1-2), e: “Ansiosos QUEREMOS MAIS ausentar-nos do corpo e estar presentes ao Senhor” (2 Cor 5, 8), e também: “É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 115,15), e ainda: “Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor” (Ap 14, 13).

Luta, sim, tremenda e sem tréguas, é a que a Bíblia nos apresenta entre a Igreja, o reino de Deus e o demônio, o inferno, as potestades diabólicas: “A cizânia são os maus filhos e o inimigo que a semeou é o DIABO” (Mt 13, 38-39), e: “Vem o DIABO e tira a palavra do coração deles, para que não se salvem crendo” (Lc 8, 12), e também: “Se pelo dedo de Deus lanço os DEMÔNIOS, é certo que chegou a vós o reino de Deus” (Lc 11, 20), e ainda: “Eis que pediu SATANÁS com instância para vos joeirar como trigo” (Lc 22, 31), e: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as ciladas do DIABO; porque nós não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra OS PRINCIPADOS E POTESTADES,  contra os GOVERNADORES DESTAS TREVAS DO MUNDO, contra os ESPÍRITOS DE MALÍCIA espalhados por esses ares... sustentando, sobretudo, o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do mais que maligno” (Ef 6, 11-12.16), e também: “Sede logo sujeitos a Deus e resisti ao DIABO, e ele fugirá de vós” (Tg 4, 7), e ainda: “O DIABO, vosso ADVERSÁRIO, anda ao derredor de vós, como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar; resisti-lhe fortes na fé, sabendo que OS VOSSOS IRMÃOS QUE ESTÃO ESPALHADOS PELO MUNDO SOFREM A MESMA TRIBULAÇÃO” (1 Pd 5, 8-9), e: “Para destruir as obras do DIABO é que o Filho de Deus veio ao mundo” (1 Jo 3, 8).

A luta, portanto, a que Jesus Cristo se refere, é a luta contra as potestades infernais. PORTAS DO HÁDES equivale ao que Jesus chamou em outra ocasião O PODER DAS TREVAS: “Eu estava convosco no Templo todos os dias e não pusestes a mão sobre mim. Mas é a vossa hora, e o poder das Trevas” (Lc 22, 53). É a luta da Igreja contra os satânicos perseguidores que procuram oprimi-la pela força e afogá-la no sangue dos seus seguidores; é a luta contra a cizânia, os maus filhos que o demônio, com suas tentações, procura introduzir no meio do trigo, no meio dos filhos fiéis; é a luta contra todas as heresias de todos os tempos que procuram disseminar o erro, instigadas pelo demônio que é o “pai da mentira” (Jo 8, 44).

 

Prezado pastor, NÃO ADIANTA PERSEGUIR a Igreja Católica... NINGUÉM a DESTRUIRÁ.

Podem jogar bombas... degolar e decapitar os católicos... queimá-los vivos... esquartejá-los... deixá-los apodrecer na prisão... e muitas outras  CRUELDADES... NADA disso DESTRUIRÁ a Igreja Católica. Ela foi FUNDADA por Deus e não por um comedor de FEIJÃO: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro, me odiou a mim” (Jo 15, 18).

O senhor disse que EXPULSA DEMÔNIOS. É isso EXPULSAR demônios? Parece mais um CIRCO FALIDO.

Eu te abençôo e te guardo no Imaculado Coração de Nossa Senhora: “Honra muito a Maria. É tua mãe tão boa e carinhosa, que jamais deixará de velar por ti” (Santa Teresa dos Andes).

Atenciosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

 

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