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			Anápolis, 15 de setembro de 2010 
			  
			
			Ao senhor José Alves da Silva, 
			Pastor e Herege 
			
			São Paulo – SP 
			  
			
			Prezado, respeite e Virgem 
			Santíssima... ela é  Esposa do Espírito Santo: 
			“Maria Santíssima foi a única que mereceu 
			ser chamada Mãe e Esposa de Deus” (Santo 
			Agostinho, Sermão 208, 4, In app.). 
			  
			
			O senhor pergunta se a Igreja 
			Católica Apostólica Romana irá até o fim. NUNCA
			tive DÚVIDA sobre isso, porque o FUNDADOR dela é 
			Deus... e Deus NÃO MENTE: 
			“... mentira nenhuma foi achada em sua boca” (1 Pd 
			2, 22). 
			
			Jesus Cristo, o FUNDADOR 
			da Igreja católica diz em Mt 16, 18: 
			“... e as portas do Inferno NUNCA 
			PREVALECERÃO contra ela”. 
			
			Prezado pastor, o 
			senhor acredita na Palavra de Deus? E então? Nosso Senhor diz 
			“contra ELA”, e não 
			“contra ELAS” (no plural). Está claro que Ele 
			fundou SOMENTE UMA IGREJA 
			“... e as portas do Inferno NUNCA 
			PREVALECERÃO contra ela” (Mt 16, 18). 
			
			RELIGIÕES, SEITAS 
			e HOMENS MALIGNOS trabalham furiosamente para
			DESTRUIR a Igreja Católica, a ÚNICA 
			ESPOSA do Cordeiro divino. Toda essa FÚRIA 
			e ÓDIO serão em vão, porque a ESPOSA é
			protegida pelo ESPOSO CELESTE: 
			“E vós, maridos, amai as vossas mulheres, 
			como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 
			5, 25). 
			
			Já faz DOIS MIL ANOS 
			que a Santa Igreja é ATACADA por todos os lados... mas 
			a “BARCA” de Pedro 
			(Lc 5, 3)... a
			“ARCA” de Noé 
			(São Cipriano)... 
			continua NAVEGANDO FIRMEMENTE, “olhando” com 
			compaixão para os “tubarões” e “piranhas” 
			que tentam “ferir-lhe” com FURIOSAS MORDIDAS...
			mordem e quebram os dentes.  
			
			Prezado pastor, o 
			senhor sabe o que SIGNIFICA: 
			“... e as portas do Inferno NUNCA 
			PREVALECERÃO contra ela?” 
			  
			
			Leia com atenção. 
			  
			
			Depois das palavras de 
			Cristo mostrando que a SUA IGREJA se apóia sobre 
			Pedro, alguém poderia perguntar como pode uma tão vasta instituição 
			firmar-se num só homem. Mas quem está falando é Cristo que prevê e 
			dirige todos os acontecimentos e que é depositário de todo o poder:
			“Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi 
			entregue”
			(Mt 28, 18). 
			
			São João Crisóstomo 
			escreve: “Jesus 
			trata aqui a São Pedro como seu Pai havia tratado a Jeremias, quando 
			lhe disse que o tornaria ‘como uma cidade fortificada, e como uma 
			coluna de ferro, e como um muro de bronze’ 
			(Jr 1, 18). Há aí apenas uma diferença: Jeremias teria que lutar com um 
			só povo, e Pedro ‘seria forte contra o mundo inteiro”.
			Pedro 
			continuaria vivo na pessoa de seus sucessores. E as palavras do 
			Mestre são uma profecia do que vai acontecer com a Igreja, sempre em 
			luta com as portas do inferno, isto é, com os 
			poderes infernais e sempre vitoriosa contra elas. 
			
			Entre os orientais se 
			designava com o nome de PORTAS a cidade e 
			principalmente o poder que nela se exercia, não só porque nas portas 
			estava a segurança da cidade, a qual, tomadas as portas, ficava 
			abertamente à mercê do inimigo, como também porque era nas portas da 
			cidade que os magistrados exerciam o seu poder. E até os nossos dias 
			o poder imperial dos turcos tem sido designado com o nome de 
			SUBLIME PORTA. 
			
			Este emprego de 
			PORTAS = CIDADE, PORTAS = CIDADELA, 
			SITUAÇÃO FORTIFICADA, nós o vemos frequentemente na Bíblia:
			“A tua 
			descendência possuirá AS PORTAS de seus inimigos”
			(Gn 22, 17), e: “És 
			nossa irmã, cresce em milhares de milhares, e a tua posteridade 
			possua AS PORTAS de seus inimigos”
			(Gn 24, 60), 
			e também: “O Senhor escolheu novas guerras e Ele mesmo derrubou AS 
			PORTAS dos inimigos” (Jz 5, 8). 
			
			E assim, na palavra do 
			Mestre, se mostra o combate entre a cidade do diabo e o edifício 
			construído por Jesus sobre a pedra, que é Pedro. 
			  
			
			PORTAS DO HÁDES 
			= PODER DAS TREVAS 
			  
			
			A palavra INFERNO 
			aí no texto é expressa no grego pelo termo HÁDES, que é 
			equivalente à palavra XEOL, muito usada no Antigo Testamento 
			para exprimir a região dos mortos. Daí concluem alguns que a 
			expressão PORTAS do inferno, ou seja, PORTAS DO 
			HÁDES designa a MORTE. Jesus, neste caso, estaria dizendo 
			que a morte não prevaleceria contra a Igreja, isto é, a Igreja não 
			morreria, seria perene, seria imortal. 
			
			Que dizer desta 
			interpretação? 
			
			Temos que dizer 
			simplesmente que esta significação da palavra HÁDES 
			não cabe aí no texto. 
			
			Realmente a Igreja será perene, 
			será imortal e Jesus o diz
			aí no texto; mas o texto exprime muito mais do que isto: se ela 
			será perene, é porque sairá 
			sempre vitoriosa contra o poder das trevas, pois aí não 
			se trata de 
			hádes = morte, mas 
			sim, de hádes = 
			inferno, no sentido de 
			região onde imperam os demônios. 
			
			Não há dúvida que esta palavra HÁDES 
			aparece muito frequentemente na versão dos Setenta, que também (é 
			claro) a palavra XEOL a ela correspondente aparece frequentemente no 
			texto hebraico para exprimir vagamente no ANTIGO TESTAMENTO a região 
			dos mortos. Mas não é o Antigo Testamento que vai resolver a nossa 
			questão. 
			
			Senão, vejamos: 
			
			Portanto, antes de Cristo, no Antigo 
			Testamento, não podia haver este conceito que há hoje entre os 
			cristãos: há uns que morrem e vão ser recompensados no Céu, vendo a 
			Deus face a face; há outros que morrem e serão castigados  
			eternamente no inferno. Dois lugares, portanto, completamente 
			opostos. Havia o conceito, muitas vezes expresso na Bíblia, de que a 
			pessoa depois da vida terrena iria para a vasta região dos mortos. 
			
			Esta região é apresentada como sendo 
			LÁ EMBAIXO, ou seja, num lugar profundo, e é por isto que São 
			Jerônimo traduz o XEOL do hebraico (que é o mesmo HÁDES do grego) 
			pela palavra latina INFERNUS, inferno em português. Inferno, isto é, 
			um lugar que está embaixo, um lugar situado nas regiões inferiores. 
			É natural, portanto, que o leitor de hoje se espante ao ver, na 
			Bíblia, Jacó dizendo, ao receber a notícia da pretensa morte de 
			José, seu filho querido: “Chorando 
			descerei para meu filho ao INFERNO” (Gn 37,35). 
			Aos seus ouvidos, acostumados a tomar a palavra INFERNO no sentido 
			de lugar dos réprobos, parece que Jacó está dizendo que José está na 
			casa do diabo e ele quer ir para lá também encontrar-se com ele; 
			quando Jacó quer dizer simplesmente que irá encontrar-se 
			com seu filho na vasta região dos mortos. 
			* 
			  
			
			* Ferreira de Almeida teve medo de 
			traduzir assim e traduziu: “Com choro hei 
			de descer ao meu filho até à SEPULTURA” (Gn 37, 
			35). A tradução é incorreta, pois, 
			segundo a suposição de Jacó, uma fera havia devorado o filho dele. E 
			a tradução da Sociedade Bíblica do Brasil diz: 
			“Com choro hei de descer para meu filho ao 
			SHEOL” (Gn 37, 35). 
			Não existe esta palavra em português; o leitor a procura no 
			dicionário e não encontra. De modo que, de qualquer forma quem quer 
			compreender perfeitamente a Bíblia sem ter certo preparo sobre a 
			linguagem e a literatura dos hebreus, está sempre arriscado a sair 
			apanhando. 
			  
			
			Nos primeiros livros da Bíblia (desde 
			o Gênesis até os livros dos Reis) não se fala na região dos mortos 
			senão de um modo vago, de um modo geral, sem se distinguir aí um 
			lugar bom ou um lugar ruim; e a respeito de uma pessoa que morreu se 
			diz apenas que foi reunir-se a seus pais (Gn 15, 15; Dt 31,16) ou 
			que foi reunir-se ao seu povo (Gn 25, 17; 35, 29; Nm 20, 24; Dt 32, 
			50); não se especificam diversos lugares na região dos mortos. 
			
			Os livros poéticos de Jó e dos Salmos 
			continuam a falar vagamente neste HÁDES, nesta região dos mortos, a 
			qual é considerada uma “terra tenebrosa e 
			coberta da escuridade da morte” (Jó 10, 21), 
			a terra do esquecimento (Sl 87, I3), um lugar profundíssimo, pois se 
			diz a respeito de Deus: “Ele é mais 
			elevado do que o Céu e que farás tu? É mais profundo do que o 
			INFERNO e como O conhecerás?” (Jó 11, 8), 
			lugar do qual não se volta: “Aquele que 
			descer aos infernos não subirá, nem tornará mais à sua casa, nem o 
			lugar onde estava o conhecerá jamais” (Jó 7, 9-10) 
			e: “Onde há casa estabelecida para todo o 
			vivente” (Jó 30, 23), 
			e ainda: “Onde os ímpios cessaram de 
			tumultos e ali acharam descanso os cansados de forças”
			(Jó 3, 17). 
			
			É sempre uma maneira geral de encarar 
			a vida de além-túmulo, sem discriminar propriamente a idéia de 
			castigo ou de recompensa, sendo digna de nota esta última citação, 
			na qual se fala nos ímpios, mas não se revela a sua punição, apenas 
			se diz que ali deixaram de provocar barulho. 
			
			Entretanto o Salmista já descerra uma 
			pontinha do véu que encobre os mistérios do além, manifestando a 
			esperança de que Deus não o deixará para sempre no HÁDES: 
			“Deus na verdade resgatará a minha alma do 
			INFERNO, quando me tomar” (Sl 49,16). 
			
			À medida que se aproximam dos tempos 
			de Jesus Cristo, os judeus vão tendo uma notícia mais 
			circunstanciada, vão fazendo uma idéia mais exata a respeito da vida 
			futura. 
			
			Mais adiante os livros proféticos 
			começam a dar uma idéia mais clara dos castigos reservados aos 
			ímpios nesta região dos mortos: “Verão os 
			cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim, o seu BICHO NÃO 
			MORRERÁ e o seu FOGO NÃO SE EXTINGUIRÁ” (Is 66, 
			24), e: 
			“Toda multidão dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a 
			vida, e outros para UM OPRÓBRIO QUE ELES TERÃO SEMPRE DIANTE DOS 
			OLHOS” (Dn 12, 2). 
			
			Os livros escritos em época ainda 
			mais próxima de Jesus Cristo, além desta idéia do castigo dos 
			ímpios: “Humilha profundamente o teu 
			espírito, porque a vingança da carne do ímpio será o fogo e o bicho”
			(Eclo 7, 19), acrescentam a 
			idéia de felicidade além-túmulo, para os bons e justos, mesmo antes 
			da ressurreição da carne: “O justo, ainda 
			que for colhido de uma apressada morte, estará EM REFRIGÉRIO... 
			porque a sua alma era agradável a Deus, por isso Ele se apressou a 
			tirá-lo do meio das iniquidades (Sb 4, 7 .14), 
			e: “Aquele que teme ao Senhor será feliz 
			no fim e será abençoado no dia da sua morte” (Eclo 
			1, 13), e também: 
			“As almas dos justos estão na mão de Deus e 
			não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos 
			que morriam, e o seu trânsito foi reputado por aflição, e a jornada 
			que fazem, separando-se de nós, extermínio; mas eles estão em PAZ. E 
			se eles sofreram tormentos diante aos homens, A SUA ESPERANÇA ESTÁ 
			CHEIA DE IMORTALIDADE” (Sb 3, 1-4). 
			
			E o 2.° Livro dos Macabeus já fala de 
			sacrifícios oferecidos a Deus em sufrágio de alguns que haviam 
			bravamente morrido em combate, mas em cujo poder foram encontrados 
			certos objetos consagrados aos ídolos, os quais eles conservavam, 
			digamos entre parêntesis, ou por superstição ou por apego ao seu 
			valor material. E acrescenta: “É logo um 
			santo e saudável pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres 
			dos seus pecados” (2 Mac 12, 46). 
			
			Não precisa os protestantes 
			fazer careta porque foi citado o livro dos Macabeus ou o livro da 
			Sabedoria e o Eclesiástico. Apenas estou fazendo uma demonstração da 
			evolução que houve entre os judeus a respeito da idéia da vida 
			futura. Considerem ou não os protestantes estes últimos livros como 
			inspirados, pouco importa; o seu testemunho é sempre valiosíssimo 
			para demonstrar as idéias que vigoravam entre os judeus nas 
			derradeiras épocas anteriores a Cristo. Judas Macabeu, que 
			constituía com seus combatentes uma parte seleta e fiel do povo 
			judaico em luta contra os inimigos da Pátria, não teria pensado 
			naquele sufrágio pelos mortos, se não houvesse entre os judeus a 
			crença na existência de um lugar de purificação no outro mundo. 
			
			Como observa Vigouroux: 
			“Os judeus desta época distinguiam três 
			classes de mortos que habitavam todo o HÁDES: justos que como 
			Jeremias estavam num estado feliz e podiam socorrer os vivos por 
			suas preces (2 Mac 15, 12-14); outros justos, como os soldados de 
			Judas Macabeu, culpados de faltas leves que não o impediriam de 
			tomar parte na ressurreição gloriosa; enfim, criminosos que 
			mereceram a pena do fogo... Vê-se que as crenças expressas no Antigo 
			Testamento relativas à morada dos mortos se desenvolveram de uma 
			maneira sensível, à medida que se aproximavam os tempos messiânicos. 
			Os antigos hebreus não entreviam no inferno quase senão o seu lado 
			temível, porque a seus olhos a morte era sempre o castigo do pecado. 
			Os judeus dos últimos tempos, melhor instruídos sobre as normas da 
			justiça de Deus, aprenderam que, mesmo antes da ressurreição, havia 
			uma diferença profunda entre o estado dos maus e o dos Santos”
			(Dictionnaire de la Bible, col. 1795). 
			
			Passemos agora ao Novo Testamento. 
			
			Quando Nosso Senhor apareceu, já 
			tinham os judeus, como vimos, a idéia de três lugares diferentes no 
			HÁDES ou região dos mortos, chamada na Vulgata INFERNO: Um BOM para 
			os justos, um de ETERNA PERDIÇÃO para os maus, e outro em que as 
			almas estavam sujeitas à purificação. E uma prova de que admitiam 
			este último, nós vemos, por exemplo, no cuidado que teve Nosso 
			Senhor em dizer aos judeus que: “Todo o 
			que disser alguma palavra contra o Filho do Homem, perdoar-se-lhe-á; 
			porém, o que a disser contra o Espírito Santo, não se lhe perdoará, 
			nem neste mundo, nem no outro” (Mt 12, 32). 
			Outro indício nós temos na alusão que faz São Paulo àqueles que 
			se batizam PELOS MORTOS (1 Cor 15, 29). 
			
			Com esta idéia a respeito das sortes diferentes que 
			têm as almas no HÁDES, já os judeus podem compreender perfeitamente 
			a parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31). A parábola se 
			reporta a um fato que aconteceu ou que se imagina que aconteceu no 
			passado, portanto numa época em que os bem-aventurados não tinham 
			ido ainda para o Céu. O mau rico está no HÁDES, na região dos 
			mortos, porém está no lugar ruim, de eterna perdição, pois não só 
			está no meio dos tormentos, mas para ele não há alívio nem remédio 
			de forma alguma. 
			
			De longe ele avista a Abraão que está no bom lugar e 
			vê a Lázaro no seu seio (Lc 16, 23). Faz então a súplica que não é 
			atendida, porque entre o lugar em que está Abraão e o lugar em que 
			está o mau rico não há passagem, não se pode ir de um para outro, o 
			que não impede que houvesse no HÁDES outro lugar, cujos moradores, 
			culpados de faltas menos graves do que as do mau rico, pudessem após 
			a necessária purificação passar para o bom lugar, onde se achavam 
			Abraão e Lázaro. 
			
			Porque o fim que teve Nosso Senhor ao propor esta 
			parábola, não foi ensinar quantos lugares existem no outro mundo; 
			mas sim, mostrar a transformação extraordinária, a completa mudança 
			de sorte que vão ter nas regiões de além-túmulo o mau que passou a 
			sua vida engolfado nos prazeres e o justo que aqui na terra conheceu 
			acerbamente as agruras da existência. E temos que dizer aqui também 
			entre parêntesis: os protestantes se revoltam contra a Igreja, 
			quando esta ensina que as crianças mortas sem batismo vão para o 
			LIMBO, porque, dizem, esta palavra não se encontra na Bíblia. 
			Pois vejam aí na parábola onde é que fica o limbo: o lugar havia de 
			ter um nome e SEIO DE ABRAÃO não podemos chamá-lo, porque Abraão já 
			não se encontra nele, e sim no Céu, para onde foi após a 
			Ascensão do Senhor. É a este bom lugar do HÁDES que desce a 
			alma de Jesus após a morte, para esperar a ressurreição que se 
			verificaria na manhã do domingo e assim n’Ele se cumpre a profecia 
			de Davi que é relembrada em At 2, 27: 
			“Não deixarás a minha alma no INFERNO, nem permitirás que o teu 
			santo experimente corrupção”. Inferno aí como sempre = 
			HÁDES = região dos mortos. Mas aí num bom lugar desta região. 
			Muitos protestantes, interpretando a Bíblia pela própria cabeça, se 
			têm atrapalhado com este texto, garantindo que Jesus desceu mesmo ao 
			inferno dos réprobos, o que é inconcebível. 
			
			A esta noção que já possuíam os judeus sobre as 
			variadas regiões do HÁDES, o Novo Testamento vem acrescentar uma 
			nova idéia. Os ímpios estão no mau lugar do HÁDES, mas este é também 
			O MESMO LUGAR DO DIABO e dos seus Anjos: 
			“Apartai-vos de mim, 
			malditos, para o fogo eterno, preparado para o DIABO e SEUS Anjos”
			(Mt 25, 41). Não é de admirar que 
			estejam assim associados os réprobos e os demônios no mesmo lugar de 
			suplício, uma vez que pertencem à mesma família: 
			“Vós sois FILHOS DO DIABO e quereis cumprir 
			os desejos de vosso pai... Quando ele diz a mentira, fala do que lhe 
			é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 
			8, 44), e: “Aquele que 
			comete o pecado é filho do diabo, porque o diabo peca desde o 
			principio” (1 Jo 3, 8). 
			
			E assim se foi progredindo 
			consideravelmente no conhecimento do HÁDES, esta vasta região dos 
			mortos. 
			
			Mas acontece que depois da Ascensão do Senhor, o 
			significado de HÁDES teve que sofrer uma substancial alteração. 
			
			Depois que Jesus entrou no Céu, na bem-aventurança, 
			subiram do bom lugar do HÁDES para o Céu todos os justos devidamente 
			purificados que houve desde o princípio do mundo até aquela data. E 
			os que estivessem nas mesmas condições daí por diante iriam para o 
			Céu e não para o HÁDES. 
			
			De modo que HÁDES continua a designar o lugar de 
			todos os mortos que não estão na bem-aventurança. Mas a diferença é 
			muito grande: antes de Cristo, todos os mortos sem exceção estavam 
			neste caso. Hoje o HÁDES já não é o lugar de todos os mortos. Por 
			conseguinte, se Jesus tivesse dito: — As portas do HÁDES não 
			prevalecerão contra a Igreja — naqueles tempos de Isaac, de 
			Jacó, de Josué, de Jó etc, ainda se podia entender que HÁDES aí 
			significava a MORTE, pois se tinha apenas uma vaga idéia de que o 
			HÁDES era o lugar de todos os mortos, não se fazia uma idéia bem 
			clara da diferença entre bons e maus nesta vasta região. 
			
			Mas Jesus veio dizer isto NA ERA CRISTÃ. Mais ainda, 
			está falando sobre a luta que a Igreja terá com o HÁDES, ATRAVÉS DOS 
			SÉCULOS e até o fim do mundo. 
			
			Se perguntarmos a um protestante (que em geral não 
			admite nem o limbo nem o purgatório): quem está neste HÁDES para 
			combater a Igreja? Ele terá que responder: Neste HÁDES SÓ EXISTE O 
			INFERNO, no sentido rigoroso da palavra. São os réprobos e os 
			demônios. É daí que vem o combate à Igreja. Terá que reconhecer, 
			portanto, com um de seus corifeus, Zuínglio, que 
			“por inferno aí se deve entender toda 
			força contrária e satânica, todo ímpeto do inimigo”
			(In Mateus 16-18. Opera VI.l. Schuler et Schulthess. 1836 
			pág. 322). E é interessante notar que a versão 
			protestante do Ferreira de Almeida, a qual em outros lugares não 
			traz a palavra INFERNO como tradução de HÁDES, mas sim a palavra 
			HÁDES mesmo em português (At 2,27; Lc 16, 23), nesta passagem sem 
			nenhuma hesitação apresenta a palavra INFERNO: 
			“E as portas do inferno não 
			prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). 
			
			Um católico sabe que no HÁDES, ou seja, na região dos 
			mortos que fica lá embaixo, dos mortos que não estão na 
			bem-aventurança, está o inferno, onde são atormentados os demônios e 
			os réprobos, está também o purgatório, onde estacionam as almas 
			salvas que ainda precisam purificar-se para entrar no Céu, e está o 
			limbo, onde se encontram as crianças que morreram sem batismo. Mas 
			sabe por outro lado que o combate contra a Igreja não pode 
			absolutamente partir das almas do purgatório que, ao contrário, só 
			podem ajudar a Igreja no que estiver a seu alcance, pois são almas 
			justas e precisam de nossas preces para que Deus lhes dê um 
			refrigério nos seus padecimentos. Nem pode partir das criancinhas 
			inocentes que morreram sem batismo, as quais quase que podemos 
			garantir de antemão: nada sabem do que se passa neste mundo. A 
			luta, portanto, do HÁDES contra a Igreja só pode provir das 
			profundezas do Inferno, ou seja, de Satanás e seus anjos e dos 
			réprobos que estão sob o seu poder. 
			
			É inútil, por conseguinte, apresentar textos e mais 
			textos do Antigo Testamento para nos explicar que a idéia de HÁDES 
			se identifica com a idéia de MORTE. A idéia de HÁDES é hoje muito 
			diferente. 
			
			Além disto, esta interpretação supõe que Cristo 
			considera aí a MORTE como uma entidade que está ocupada em destruir 
			coletivamente reinos, instituições, impérios e nações e que procura 
			também levar de vencida a Igreja, como instituição. Mas onde é que 
			na Bíblia se encontra este conceito? A morte sempre se apresenta 
			como o desaparecimento do INDIVÍDUO daqui da face da terra. É 
			temida, é um castigo do pecado, a ela se submeteu por nosso amor o 
			próprio Cristo, que dela se serviu como de meio para realizar a sua 
			obra redentora: “Para destruir PELA SUA 
			MORTE ao que tinha o império da morte, isto é, ao DIABO e para 
			livrar aqueles que pelo temor da morte estavam em escravidão toda a 
			vida” (Hb 2,14-15). Por aqueles que 
			estão bem integrados no reino de Deus, praticando a virtude, ela 
			deixa de ser encarada como uma inimiga, antes muitas vezes é 
			desejada ardentemente, pois é considerada 
			uma libertação: “Pois me vejo em 
			aperto por duas partes: TENDO DESEJO DE SER DESATADO DA CARNE e 
			estar com Cristo, que é sem comparação muito melhor; mas o 
			permanecer em carne é necessário por amor de vós” 
			(Fl 1, 23-24), diz aos fiéis o Apóstolo São Paulo, 
			porque, segundo o mesmo Apóstolo, 
			“sabemos que se a nossa casa terrestre desta morada for desfeita
			(é claro que é ao nosso corpo que ele se refere) 
			temos de Deus um edifício, casa não feita 
			por mãos humanas, que durará para sempre nos Céus. E por isto também 
			gememos, DESEJANDO ser revestidos da nossa habitação que é do Céu”
			(2 Cor 5, 1-2), e: 
			“Ansiosos QUEREMOS MAIS ausentar-nos do corpo e estar presentes ao 
			Senhor” (2 Cor 5, 8), e também: 
			“É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos 
			seus santos” (Sl 115,15), e ainda:
			“Bem-aventurados os mortos que morrem no 
			Senhor” (Ap 14, 13). 
			
			Luta, sim, tremenda e sem tréguas, é a que a Bíblia 
			nos apresenta entre a Igreja, o reino de Deus e o demônio, o 
			inferno, as potestades diabólicas: “A 
			cizânia são os maus filhos e o inimigo que a semeou é o DIABO”
			(Mt 13, 38-39), e: 
			“Vem o DIABO e tira a palavra 
			do coração deles, para que não se salvem crendo” (Lc 
			8, 12), e também: “Se pelo 
			dedo de Deus lanço os DEMÔNIOS, é certo que chegou a vós o reino de 
			Deus” (Lc 11, 20), e ainda: 
			“Eis que pediu SATANÁS com instância para 
			vos joeirar como trigo” (Lc 22, 31), 
			e: “Revesti-vos da armadura de Deus, para 
			que possais estar firmes contra as ciladas do DIABO; porque nós não 
			temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra OS 
			PRINCIPADOS E POTESTADES,  contra os GOVERNADORES DESTAS TREVAS DO 
			MUNDO, contra os ESPÍRITOS DE MALÍCIA espalhados por esses ares... 
			sustentando, sobretudo, o escudo da fé, com que possais apagar todos 
			os dardos inflamados do mais que maligno” (Ef 6, 
			11-12.16), e também: “Sede 
			logo sujeitos a Deus e resisti ao DIABO, e ele fugirá de vós”
			(Tg 4, 7), e ainda: 
			“O DIABO, vosso ADVERSÁRIO, anda ao derredor 
			de vós, como um leão que ruge, buscando a quem possa tragar; 
			resisti-lhe fortes na fé, sabendo que OS VOSSOS IRMÃOS QUE ESTÃO 
			ESPALHADOS PELO MUNDO SOFREM A MESMA TRIBULAÇÃO” 
			(1 Pd 5, 8-9), e: “Para 
			destruir as obras do DIABO é que o Filho de Deus veio ao mundo”
			(1 Jo 3, 8). 
			
			A luta, portanto, a que Jesus Cristo se refere, é a 
			luta contra as potestades infernais. PORTAS DO HÁDES 
			equivale ao que Jesus chamou em outra ocasião O PODER DAS TREVAS: 
			“Eu estava convosco no Templo todos os dias 
			e não pusestes a mão sobre mim. Mas é a vossa hora, e o poder das 
			Trevas” (Lc 22, 53). É a luta da 
			Igreja contra os satânicos perseguidores que procuram 
			oprimi-la pela força e afogá-la no sangue dos seus seguidores; é a 
			luta contra a cizânia, os maus filhos que o demônio, 
			com suas tentações, procura introduzir no meio do trigo, no meio dos 
			filhos fiéis; é a luta contra todas as heresias de todos os 
			tempos que procuram disseminar o erro, instigadas pelo 
			demônio que é o “pai da mentira”
			(Jo 8, 44). 
			  
			
			Prezado pastor,
			NÃO ADIANTA PERSEGUIR a Igreja Católica... 
			NINGUÉM a DESTRUIRÁ. 
			
			Podem jogar bombas... degolar e decapitar os 
			católicos... queimá-los vivos... esquartejá-los... deixá-los 
			apodrecer na prisão... e muitas outras  CRUELDADES... NADA disso 
			DESTRUIRÁ a Igreja Católica. Ela foi FUNDADA por Deus e 
			não por um comedor de FEIJÃO: “Se 
			o mundo vos odeia, sabei que, primeiro, me odiou a mim”
			(Jo 15, 18). 
			
			O senhor disse que EXPULSA DEMÔNIOS. É isso 
			EXPULSAR 
			demônios? Parece 
			mais um CIRCO FALIDO. 
			
			Eu te abençôo e te guardo no Imaculado Coração de 
			Nossa Senhora: “Honra muito a Maria. É 
			tua mãe tão boa e carinhosa, que jamais deixará de velar por ti”
			(Santa Teresa dos Andes). 
			
			Atenciosamente, 
			  
			
			Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
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