Anápolis, 19 de setembro de 2010
Ao senhor José Alves da Silva,
Pastor e Herege
São Paulo – SP
Senhor pastor, que Maria Santíssima o
proteja: “Salve,
Maria, Mãe de Deus, por quem o Jordão e o Batista foram santificados
e o demônio foi destronado!” (São Cirilo de Alexandria).
Prezado pastor, ou o senhor está
brincando ou a sua curta inteligência é
assustadora.
No Livro de Juízes 15, 16 diz
que Sansão com uma queixada de jumento matou mil
homens; imagina o que Sansão faria com o senhor inteiro!
Como já lhe expliquei no último
e-mail, não fui eu quem disse, mas sim, Nosso Senhor Jesus Cristo:
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Martinho Lutero era um PADRE
beberrão, mulherengo, mentiroso, revoltado, caluniador... e
NÃO conseguiu DESTRUIR a IGREJA CATÓLICA...
NEM ele NEM ninguém conseguirá DESTRUIR a
Esposa de Cristo Jesus.
FAREI
um RESUMO sobre as PERSEGUIÇÕES contra a SANTA
IGREJA... e o senhor verá que NINGUÉM conseguiu
DESTRUÍ-LA.
Lembro-lhe de que se trata de
UM SIMPLES RESUMO,
ou melhor, RESUMO do
RESUMO.
PRIMEIRA ÉPOCA –
ANO 30 - 312 |
1-
Saulo
(São Paulo Apóstolo) |
Saulo perseguiu a Santa Igreja
Católica.
Cerca do Ano 34:
Martírio de Santo Estevão e Saulo estava presente:
“As testemunhas depuseram
seus mantos aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejaram a
Estevão...” (At 7,
58-59).
Em At 8, 3 diz:
“Quanto a Saulo, devastava
a Igreja: entrando pelas casas, arrancava homens e mulheres e
metia-os na prisão”.
Depois ele se converteu.
Então Jesus lhe perguntou:
“Saul, Saul, por que me
persegues?’ Ele perguntou: ‘Quem és, Senhor?’ E a resposta: ‘Eu sou
Jesus, a quem tu estás perseguindo”
(At 9, 4-5).
Mais tarde, já
convertido, o Apóstolo Paulo diz:
“Pois sou o menor dos
apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque PERSEGUI a
IGREJA de Deus”
(1 Cor 15, 9), e: “Ouvistes
certamente da minha conduta de outrora no judaísmo, de como
PERSEGUIA sobremaneira e devastava a IGREJA de Deus” (Gl 1, 13).
Certo apócrifo grego do
século II, denominado Atos de Paulo, deixou-nos, a seu
respeito, uma descrição que se não pode considerar
muito lisonjeira:
“Era de estatura mediana, baixo e gordo, com as pernas tortas, cabeça
calva, sobrancelhas espessas e muito juntas, e o nariz arqueado”.
Nem o Império Romano com os seus
LOUCOS e SANGUINÁRIOS imperadores conseguiu destruir a
Santa Igreja.
Os católicos eram jogados às feras,
queimados vivos, arrastados por cavalos bravos, chifrados por vacas
furiosas, afogados, decapitados, esquartejados, presos em subsolo
até apodrecerem... mas de nada adiantou tamanha CRUELDADE. Os
imperadores SANGUINÁRIOS e o Império Romano passaram...
passaram para nunca mais voltar... e a Santa Igreja Católica
Apostólica Romana continua VIVA, MUITO VIVA.
Onde estão: Calígula, Cláudio, Nero,
Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito, Domiciano, Nerva, Trajano,
Adriano, Antonino, Marco Aurélio, Cômodo, Séptimo Severo, Caracala,
Heliogábalo, Severo Alexandre, Filipe, Décio, Valeriano, Galiano,
Cláudio II, Aureliano e Diocleciano? Todos mortos... e a
Santa Igreja continuou... Caiu o Império Romano e
seus imperadores... e a Igreja
continuou...
O MONSTRO chamado
DIOCLECIANO (imperador), firmou o fatal decreto de
extermínio universal de todos os cristãos, com a data de 23 de
fevereiro de 303. Entre outras iniquidades ordenou o seguinte:
“Sejam arrasadas
as igrejas dos cristãos, queimados os seus livros; qualquer de seus
súditos reconhecido como cristão seja despojado imediatamente de
suas riquezas, de suas dignidades e seja condenado à morte. Eles
poderão ser citados e levados perante os tribunais, mas não poderão
citar nem chamar a juízo; nem terão direito de pedir que se lhes
restitua o roubado, nem de pedir satisfação por injúrias ou por
ultrajes. Os escravos que obtiverem liberdade, se forem cristãos,
voltarão a ser cativos”.
Esse doido morreu dando
grandes gritos... se atirando ao chão... e terminou a sua vida
morrendo de fome... não quis mais comer.
Morreu o MONSTRO DIOCLECIANO...
e a Igreja continuou...
Os TRÊS PRIMEIROS SÉCULOS
foram tempos de perseguições, de SANGUE e de MATANÇAS;
mas a fé em Jesus Cristo passou gloriosa e triunfante por entre
esses desastres... a Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
SEGUNDA ÉPOCA – ANO 312 – 622 |
Nosso divino Salvador nos deixou dito
no Evangelho que sua Igreja sempre seria perseguida e que o
INFERNO poria em campo todas as suas más artes para
DESTRUÍ-LA, mas NUNCA poderia prevalecer
contra ela.
Assim que pode a Santa Igreja
RESPIRAR, ao cessarem as perseguições, ACOMETERAM-NA
FEROZMENTE a HERESIA e o CISMA,
especialmente por meio de um sacerdote de Alexandria, chamado
Ario.
Esse sacerdote teve o atrevimento de
pregar contra a DIVINDADE de Jesus Cristo, afirmando
que o Filho de Deus não é igual ao Pai, mas sim, criatura sua.
Ario, depois de ter causado males
gravíssimos à
Igreja, desejando abrir-lhe chagas mais profundas ainda, fingiu
emendar-se. Para isso se apresentou ao imperador, e com juramento
lhe assegurou que acreditava em tudo o que ensinava a Igreja
Católica. Receando Constantino algum engano, disse-lhe:
“Se mentes, Deus vingará teu perjúrio;
entretanto podes voltar a ocupar teu cargo”. E deu ordens
para que pudesse voltar ao exercício de seu ministério. Os hereges,
seus sectários, estavam sobremaneira contentes de poder levar Ario a
tomar posse daquela Igreja, donde tinha sido expulso; e para que a
reintegração fosse mais solene, estabeleceram que se realizaria no
domingo seguinte.
Imensa multidão acompanhava o
obstinado herege que, sentado em um carro elegantemente adornado,
tratava de aumentar sua pompa espraiando-se em fastidiosos e
arrogantes discursos. Aí, porém, o esperava a divina vingança. Tendo
chegado ao meio de tanta glória, perto da Igreja onde devia dar-se a
reintegração, apodera-se dele um repentino terror, empalidece e
treme agitado por violentos remorsos. Acometido ao mesmo tempo de
horríveis dores de ventre e laceração de intestinos, retirou-se numa
privada, onde, perdendo grande quantidade de sangue, morreu em
desespero. Ano 337.
Ario morreu na privada...
e a Santa Igreja continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Enfurecido Satanás pela queda da
idolatria no Império Romano, tratou de voltar a ressuscitá-la por
meio do Imperador Juliano, chamado comumente apóstata, porque
abandonou a religião cristã em que se tinha educado, e pôs em campo
todos os meios a seu alcance para DESTRUÍ-LA.
Ele declarou ódio aos católicos, aos
quais teria querido aniquilar se possível fosse. E assim ajudava os
HEREGES e CISMÁTICOS, dando-lhes toda sorte de liberdades, ao passo
que despojava o clero de todos os seus bens e privilégios, dizendo
em tom de zombaria, que não fazia mais do que fazê-los praticar a
pobreza evangélica.
Este gênero de perseguição teria sido
muito mais funesto para a Igreja do que a crueldade de Nero e de
Diocleciano, se Deus não tivesse derrubado por terra os planos de
Juliano com sua morte prematura. Tinha ele ido combater contra o rei
da Pérsia, com o propósito de exterminar os cristãos assim que
alcançasse a vitória. Mas a mão poderosa do Senhor desbaratou os
atrevidos planos do apóstata, e quando ele contava já com a vitória,
uma flecha, de procedência ignorada, atravessou-lhe profundamente
as costas. Impaciente, fez grandes esforços para arrancá-la, mas
cortou os dedos e caiu desmaiado sobre seu cavalo. Tiraram-no do
meio do combate para curar a ferida; porém, tornando-se cada vez
mais agudas as dores, dava gritos de desespero. Caindo em um
paradoxismo de raiva, arrancava com a mão o sangue de sua ferida e
atirando-o com desdenho para o céu, dizia:
“Venceste, Galileu... venceste, Galileu”,
querendo assim indicar a Jesus Cristo, contra quem sempre tinha
combatido. Obstinado na impiedade, morreu no ano 365, aos 31 anos de
idade.
Juliano, o Apóstata, morreu... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Os Donatistas que tinham sido
condenados solenemente no Concílio de Latrão, no pontificado de São
Melquíades, sossegaram por algum tempo. Mas pouco depois, voltaram
mais furiosos que antes. Apoderaram-se à mão armada das igrejas,
saquearam e destruíram os altares e os demais objetos sagrados; e
sua impiedade chegou até batizarem de novo, e à força, os que já
tinham sido batizados, tratando cruelmente os que não queriam
consentir nisso. A Providência, porém, suscitou Santo Agostinho, um
bispo esclarecido por sua santidade e doutrina, que devia vencê-los
juntamente com outros hereges.
Trabalhou sem descanso para fazer
voltar os donatistas para o seio da Igreja, e conseguiu converter
grande número deles. Mas os que permaneceram no erro, mais
enfurecidos que nunca, armaram insídias contra ele, e teria sido
vítima de sua perfídia, se o não tivesse salvo uma especial proteção
do céu. Os bispos católicos, aflitos por esses males, propuseram aos
hereges uma conferência pública. Por isso, todos os bispos da
África, donatistas ou católicos, receberam a ordem de ir a Cartago.
Para abreviar as discussões e deixar livre o campo a todos para que
expusessem suas razões, escolheram sete bispos de ambas as partes
para que conferenciassem entre si em nome de todos. Santo Agostinho
foi um dos eleitos para defender a causa dos católicos.
Depois de estar inteirado da questão,
apoiado na autoridade dos livros santos, provou à evidência que o
bispo legítimo de Cartago era Ceciliano, que era válida sua
ordenação e feita conforme todas as leis de Igreja, que, por
conseguinte, não havia motivo algum para romper a unidade da Igreja,
e que não restava outro recurso aos donatistas, para entrar no
caminho da salvação, que o de voltar para o seio da Igreja Católica.
Os bispos cismáticos nada tiveram a opor, e o povo que tinha
confundido até então o erro com a verdade, voltou em grande parte,
depois desta reunião, ao seio da Igreja. Ano 411.
Donato de Casa Nigra, isso mesmo, Nigra, bispo da Numídia morreu... passou... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
4-
Heresia dos Pelagianos |
Já estavam quase extintos os
donatistas, quando apareceu a heresia de Pelágio. Nascido na
Grã-Bretanha de pais obscuros, abraçou hipocritamente a vida
monástica na qualidade de leigo. Indo a Roma, pode granjear a estima
de algumas pessoas honradas. Seu erro principal consistia em negar o
pecado original e a necessidade da graça para fazer obras dignas de
recompensa. Esta novidade foi vigorosamente refutada por Santo
Agostinho, a cujas instâncias se convocou um Concílio em Cartago, no
qual se condenou a Pelágio e seus sectários. Os bispos desse
concílio escreveram ao romano pontífice Inocêncio I, pedindo-lhe que
se dignasse confirmar, com a autoridade da Sé Apostólica, a sentença
que eles tinham dado. O papa lhes respondeu benignamente,
elogiando-os porque tinham seguido a prática observada sempre e em
todas as partes, isto é, não considerar por definida coisa alguma,
ainda que se tratasse das províncias mais longínquas, antes de ter
sido enviada à Santa Sé... Concluía confirmando com um decreto a
sentença que estes tinham dado, excomungando os bispos pelagianos.
Ano 417.
Os pelagianos, obstinando-se no erro,
foram condenados por outro concílio, cujas atas igualmente se
enviaram ao papa, para que as confirmasse, o qual assim fez.
Pelágio da Bretanha morreu... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
O terceiro Concílio geral é o de
Éfeso, chamado assim porque se reuniu na cidade desse nome. Chama-se
também o Concílio de Maria, porque nele se definiu que Maria é
verdadeira Mãe de Deus, e porque se reuniram os Padres em uma Igreja
que a ela estava dedicada. Convocou-se este Concílio para condenar
as impiedades e blasfêmias de Nestório, bispo de Constantinopla, que
de pastor se transformou em lobo rapace, pregando e afirmando que se
acham em Jesus Cristo duas pessoas, isto é, dois filhos, o filho de
Deus ou seja, o Verbo, e o filho do homem, ou Cristo.
Deste primeiro erro deduzia outro,
segundo o qual não se devia, nem absolutamente se podia chamar a
Maria mãe de Deus, senão mãe de Cristo que, na sua opinião, não
passava de um simples homem; não era pois Deípara senão Cristípara.
Estas blasfêmias causaram tal horror entre os cristãos, que
ouvindo-as pela primeira vez na Catedral de Constantinopla, fugiram
da Igreja. Sabedor disto São Cirilo, patriarca de Alexandria,
escreveu uma carta cheia de caridade a Nestório, procurando
persuadi-lo a que desistisse de erro tão ímpio; mas o soberbo
Nestório respondeu-lhe com insolência. Então São Cirilo, seguindo o
antigo costume das Igrejas, como ele mesmo diz, denunciou a São
Celestino I os erros de Nestório, pedindo-lhe que, valendo-se de sua
autoridade, providenciasse com algum remédio contra aqueles males. O
Papa examinou a questão, e achando falsa e contrária à fé da Igreja
a doutrina de Nestório, primeiramente o admoestou e depois ameaçou
com a excomunhão, se não se retratasse.
De nada serviram as súplicas nem as
ameaças. O manso Pontífice quis tentar a última prova para convencer
ao obstinado Nestório, e convocou um Concílio geral em Éfeso, ao
qual não podendo presidir em pessoa, delegou entre outros
representantes, a São Cirilo.
Abriu-se o concílio a 22 de junho do
ano 431, achando-se presentes cerca de 200 bispos. Condenaram os
erros de Nestório e com grande alegria dos fiéis, se definiu que em
Jesus Cristo há uma só pessoa, que é a divina; e que a Santíssima
Virgem é verdadeiramente a Mãe de Deus, o que causou grande alegria
a todos os fiéis. Para propagar e conservar a memória desta
definição, compuseram os Padres do Concílio a segunda parte da
Ave-Maria oferecendo deste modo um meio fácil e simples de honrar e
professar a divina Maternidade de Maria.
Nestório não querendo emendar-se nem
cessar de levantar discórdias, foi excomungado, e logo desterrado
para o Egito pelo imperador Teodósio. Ali se apoderou dele horrível
enfermidade que reduziu seu corpo a podridão, e a sua língua que
tinha blasfemado da Mãe de Deus apodreceu, e vivendo ainda ele, foi
roída pelos bichos. Objeto de maldição e espanto morreu no ano 440.
Nestório morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Apareceu neste tempo uma nova heresia
suscitada pelo monge Eutiques, superior de um convento perto de
Constantinopla. Erguera ele a voz para combater a heresia de
Nestório, porém, levado por um zelo mais entusiástico que iluminado,
caiu no erro contrário. Nestório tinha ensinado que em Jesus Cristo
há duas naturezas e duas pessoas, e ainda que Eutiques admitisse o
contrário, que em Jesus Cristo há uma só pessoa, pretendia também
que não houvesse nele mais do que uma só natureza. Fez-lhe notar
esse erro São Flaviano, bispo de Constantinopla; ele, porém, em vez
de reconhecer o erro e submeter-se, obstinou-se mais no mesmo e
começou a propagar sua heresia, e tanto fez que, em um conciliábulo,
reunido por sua iniciativa, conhecido comumente sob o nome de
latrocínio de Éfeso, tratou tão barbaramente a São Flaviano, que
este depois de três dias morreu. Quando chegaram estes fatos ao
conhecimento do Papa São Leão I, convocou, de acordo e com a
cooperação do imperador Marciano e da piedosa imperatriz Pulquéria,
um concílio na cidade de Calcedônia, nas margens do Bósforo.
Foi este o quarto concílio
geral;abriu-se em princípio de outubro do ano 451, e nele tomaram
parte 600 bispos. Foi presidido pelo Papa Leão por meio dos seus
legados. Para render a devida homenagem ao venerando congresso e ao
Pontífice que o tinha convocado, também assistiram a ele o imperador
e a imperatriz. Começou-se lendo uma carta de São Leão, na qual este
condenava a heresia de Eutiques; a carta foi aprovada por todos, e
os bispos exclamaram: “Assim o cremos
todos. Pedro falou pela boca do Leão: seja excomungado o que assim
não crê”.
Desta maneira foi condenado Eutiques
e deposto certo Dióscoro que professava os mesmos erros. Também foi
definido que há em Jesus Cristo duas naturezas, uma divina e outra
humana, distintas entre si, e unidas em uma mesma pessoa. Fizeram
mais outros 26 cânones ou decretos, relativos à disciplina
eclesiástica. Foi também admirável neste concílio a grande veneração
que todos os bispos manifestaram para com o Sumo Pontífice,
designando-o como “Arcebispo
universal, patriarca, intérprete da voz do bem-aventurado Pedro”.
Eutiques morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
7-
Átila, chamado, o flagelo de Deus |
Leão I, de quem acabamos de falar,
nascido na Toscana, foi eleito Papa em tempos muito tristes para a
Igreja e, por sua grande ciência, sabedoria e santidade, foi
cognominado o Grande. Depois de ter combatido os hereges com a
palavra e com os escritos, pediram-lhe que se pusesse à frente de
uma embaixada a Átila, rei dos Hunos. Este terrível conquistador,
chamado, o flagelo de Deus, por causa das destruições que fazia por
todas as partes onde passava, tinha descido das Gálias e invadido a
Itália com um formidável exército.
Tinha-se já apoderado das cidades de
Aquiléia, Pavia e Milão e marchava sobre Roma para saqueá-la, sem
que se pudesse impedir-lhe o passo, pois o imperador e seus generais
tremiam só ao pensar em tão poderoso inimigo. São Leão, pois,
confiado na proteção do céu, vestido de hábitos pontificais, foi ao
encontro de Átila, perto de Mântua, onde o rio Míncio deságua no Pó.
O altivo guerreiro, ainda que bárbaro e idólatra, recebeu-o
cortesmente; e depois de tê-lo ouvido, aceitando sem mais as
condições propostas, tornou a passar os Alpes, deixando a Itália em
paz. Admiraram-se os soldados de Átila, vendo em seu general aqueles
insólitos atos de obséquio: “Como é
possível que nosso chefe se humilhasse tanto diante de um
homem só, quando formidáveis exércitos
não lhe incutiram temor?” diziam. Ele, porém,
respondeu-lhes que, enquanto falava com o romano Pontífice, viu
sobre ele um personagem vestido com hábito sacerdotal, que empunhava
uma espada desembainhada, ameaçando feri-lo se não obedecesse a
Leão.
Este Pontífice, depois de ter escrito
e trabalhado muito em benefício da Igreja, cheio de méritos perante
Deus e os homens, foi receber a recompensa no ano 461, após 21 anos
de glorioso pontificado.
Átila e seu poderoso exército
morreram... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
TERCEIRA ÉPOCA –
ANO 622 – 1215 |
Nasceu este famoso impostor em Meca,
cidade da Arábia Saudita, de família pobre, de pai pagão e mãe
judia. Errando em busca de fortuna, encontrou-se com uma viúva
negociante em Damasco, que mais tarde casou-se com ele. Como era
epiléptico, soube aproveitar-se desta enfermidade para provar a
religião que tinha inventado e afirmava que suas quedas eram outros
tantos êxtases, durante os quais falava com o Arcanjo Gabriel. A
religião que pregava era uma mistura de paganismo, judaísmo e
cristianismo. Ainda que admita um só Deus, não reconhece Jesus
Cristo como filho de Deus, mas como seu profeta. Como dissesse com
orgulho que era superior ao divino Salvador, instavam com ele para
que fizesse milagres como Jesus fazia; porém ele respondia que não
tinha sido suscitado por Deus para fazer milagres, mas para
restabelecer a verdadeira religião mediante a força. Escreveu suas
crenças em árabe e com elas compilou um livro que chamou Alcorão,
isto é, livro por excelência, no qual se gaba de um milagre, aliás,
muito ridículo. Conta que tendo caído um pedaço da lua em sua manga,
ele soube fazê-la voltar a seu lugar; por isso os maometanos tomaram
por insígnia a meia lua. Sendo conhecido por homem perturbador, seus
concidadãos quiseram dar-lhe a morte. Sabendo disto, o astuto Maomé
fugiu e retirou-se para Medina com muitos aventureiros que o
ajudaram a apoderar-se da cidade. Esta fuga de Maomé se chamou
Hégira, isto é, perseguição; e desde então começou a era muçulmana,
correspondente ao ano 622 de nossa era. O seu Alcorão está cheio de
contradições, repetições e absurdos.
São João Bosco escreve:
“Como o Islamismo favorecesse a
libertinagem, teve prontamente muitos seguidores; e como pouco
depois se visse seu autor à frente de um formidável exército de
bandidos, pode com suas palavras e ainda mais com suas armas,
introduzi-lo em quase todo o Oriente. Maomé, depois de ter reinado
nove anos tiranicamente, morreu na cidade de Medina, no ano 632”.
Maomé morreu e já fazem mais de mil e
duzentos anos que os muçulmanos matam os católicos... e a
Santa Igreja Católica continua...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
2-
Abderã II, perseguição na Espanha |
Foi causa desta terrível perseguição
um desventurado cristão que se tinha feito judeu. Este fez acreditar
aos mulçumanos que acabavam de se estabelecer na Espanha, que seu
estado correria grave perigo se não obrigassem os cristãos a se
fazerem judeus ou muçulmanos. Renovaram-se então os espetáculos de
heroísmo dos primeiros séculos da Igreja. Homens, mulheres, meninos,
eclesiásticos e leigos ilustraram a fé fazendo os mais heróicos
sacrifícios. Entre os mártires desta perseguição é célebre São
Perfeito. Perguntando-lhe um dia o que pensava de Jesus Cristo e de
Maomé, respondeu: “Jesus Cristo é Deus
bendito sobre todas as coisas; Maomé é um daqueles sedutores que,
segundo predisse o Evangelho, serão precipitados com seus sequazes
nos abismos eternos”. Mal acabou de pronunciar estas
palavras, os infiéis arrojaram-se ferozmente sobre ele e o
decapitaram. Muitas mulheres tiveram tamanha coragem que se
ofereceram espontaneamente aos verdugos, não as intimidando nem o
fogo nem o ferro, que para elas havia sido preparado.
Mitigou-se um tanto esta perseguição
pelo terrível golpe da vingança divina sobre Abderã II, seu autor.
Achava-se este num terraço lançando seu feroz olhar sobre a multidão
de mártires que mandara trucidar, quando de súbito lhe sobreveio um
acidente que o deixou sem vida. Não obstante isto, Maomé seu filho,
continuou a perseguição que durou 60 anos, isto é, desde o ano 822
até 882. Somente na cidade de Caradigna foram trucidados em um só
dia mais de duzentos monges.
Abderã II morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Entre os males que afligiram a Igreja
no século nono, conta-se a heresia de Godescalco. Estimulado por sua
vanglória, fez-se monge beneditino na cidade de Fulda, esperando
nesciamente conseguir honras e riquezas na profissão religiosa.
Excitado, porém, pelo desejo de mais ampla liberdade, saiu do
convento e andou errando pela Itália, ensinando que Deus predestinou
inevitavelmente uns para a glória e outros para o inferno; que Deus
não quer que todos se salvem, e outros erros desta espécie.
Notingo, bispo de Verona, foi um dos
primeiros a denunciar seus seguidores, que foram logo condenados em
diferentes concílios por muitos insignes prelados. O herege foi
degredado, desterrado e mais tarde preso, mas não deixou de
sustentar suas impiedades até à morte. Seus erros foram depois de
muitos séculos reproduzidos por Lutero e Calvino.
Godescalco morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Mal se tinham apaziguado no Ocidente
as turbulências suscitadas por Godescalco e outros hereges, apareceu
o fatal cisma grego, que foi causa de que a maior parte dos cristãos
da igreja oriental começasse a se separar da unidade da Igreja
Católica, da qual desgraçadamente ainda permanecem separados.
Os esforços dos Romanos Pontífices,
principalmente de Pio IX, não conseguiram até agora uni-los à
Igreja. Fócio, autor do cisma, recebera da natureza, junto com raro
talento, uma índole vaidosa e ardente. Por isso e pelos laços de
parentesco que o uniam ao imperador do Oriente conseguiu abrir
caminho para os cargos de primeiro escudeiro e primeiro secretário
imperial. Sua nova dignidade, sua abundante riqueza e sua vasta
erudição fizeram-lhe crer que ninguém era mais digno do que ele para
ocupar o patriarcado de Constantinopla. Pela prepotência, conseguiu
afastar daquela sé a Santo Inácio, que de fato foi desterrado.
Despojou-se logo Fócio dos hábitos seculares, fez-se monge no mesmo
dia, no outro dia fizeram-no leitor, ao terceiro dia subdiácono, ao
quarto diácono, ao quinto sacerdote, ao sexto bispo e patriarca de
Constantinopla. Ano 858.
Mas sabendo muito bem que sua eleição
não seria válida, se não a confirmasse o Papa, escreveu ao Pontífice
Nicolau I uma carta, em que por meio de mentiras tratava de ganhar o
favor do Pontífice. Mas este, conhecedor de seus manejos, manteve em
sua sé Santo Inácio que fora tratado barbaramente, e declarou que
Fócio era um intruso, absolutamente indigno de ocupar o patriarcado
de Constantinopla em lugar de Inácio. Estava preparando uma formal
condenação daquele cismático, quando Deus o chamou a si para
recompensá-lo de suas fadigas.
Oitavo Concílio ecumênico. Adriano II
convocou um concílio em Constantinopla, que é o oitavo ecumênico.
Fócio foi citado a se apresentar; porém não lho permitiu sua
consciência culpável; por isso foi preciso levá-lo à força.
Perguntam-lhe porque se atribuía o caráter de chefe da Igreja
universal, (pois esta era sua principal pretensão) não respondeu ou
limitou-se a dar algumas respostas insolentes. Em vista disso, os
Padres do Concílio e os legados do Papa o excomungaram, e foi
desterrado por ordem do imperador, ao passo que se restituía a Santo
Inácio sua primeira dignidade. Ano 870.
Todavia, quando morreu Santo Inácio,
Fócio conseguiu, à força de enganos, introduzir-se de novo na sé
donde tinha sido expulso. Mas isto foi só por pouco tempo, porque
encerrado finalmente em um mosteiro, morreu nele impenitente no ano
891.
Fócio morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
5-
Heresia de Estêvão e Lisóio |
Nos princípios do século onze, tentou
Satanás dar nova vida à heresia dos maniqueus, os quais ensinavam
que há dois deuses, um bom e outro mau. Começou-se a manifestar o
funesto erro em Orleans, cidade da França, e eram seus mais célebres
propagadores Estêvão e Lisóio. Como tinham fama de homens doutos e
virtuosos, puderam em pouco tempo difundir tão monstruosa heresia.
Eles rejeitavam os Sacramentos e, para aliviar os enfermos,
queimavam uma criança de oito dias e davam-lhe as cinzas como
viático. Foram acusados ao rei da França que mandou que se
apresentassem perante um concílio convocado em Orleans; ali se
reuniram muitos bispos que unanimemente condenaram tais hereges e
seus erros. Estêvão e Lisóio, porém, obstinando-se no erro, foram
excomungados.
Estêvão e Lisóio morreram... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
6-
Pedro Valdo e os hereges Valdenses |
Os hereges chamados Valdenses
começaram a perturbar a Igreja Católica. Devem o nome e origem a
Pedro Valdo, comerciante de Lião. Achando-se este em um banquete
(ano 1160), um seu amigo caiu morto ao seu lado. Horrorizado com o
fato, começou a exortar seus companheiros à pobreza voluntária. Mas
deixando-se levar pela imaginação, caiu em excessos e deu-se a
pregar contra as riquezas que possui a Igreja, afirmando que o clero
está obrigado a viver pobre e que não pode possuir bens sem cometer
pecado. Deste erro extravagante passou a reprovar o culto das
sagradas imagens, a confissão auricular, a extrema unção, as
indulgências e o purgatório. Ameaçado em sua própria pátria, saiu
dela e foi à Sabóia em companhia de alguns vagabundos; passou dali
para Lucerna, perto de Pinerolo, onde ele e seus sectários tomaram o
nome de Barbudinhos. Tendo sido refutados várias vezes seus erros,
tornaram-se mais orgulhos e por isso foram condenados no undécimo
concílio ecumênico.
Estes, contudo, até o século
dezesseis ficaram mais ocultos; não tinham igrejas próprias, porém,
frequentavam as dos católicos e, quando podiam confundir-se com
eles, pediam e recebiam todos os sacramentou da Igreja Católica.
Quando surgiu em Genebra a heresia de Calvino, achou ele que
ganharia muito atraindo a si os Valdenses. Cedendo a seu convite,
abraçaram eles seus erros e desde então os Valdenses
identificaram-se com os Calvinistas, sendo eles, portanto, muito
diferentes dos primitivos Valdenses, sectários de Pedro Valdo.
Pedro Valdo morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
O imperador da Alemanha Frederico,
chamado de Barba-Roxa pela cor de sua barba, perturbou durante
muitos anos a paz da Igreja. Depois de ter incendiado e reduzido a
um monte de ruínas as cidades de Susa, Asti e Milão, convocou um
concílio e elevou à dignidade pontifícia um antipapa excomungado por
Alexandre II. Cheio de ira contra o legítimo pontífice, resolveu
marchar sobre Roma para vingar-se cruelmente, mas uma terrível
epidemia que fez perecer a maior parte de seus soldados, obrigou-o a
desistir da empresa. Então, determinou dirigir suas armas contra
Alexandria da Palha, cidade que o mesmo pontífice tinha mandado
edificar para libertar assim a Itália da ira do imperador. Sitiou a
cidade e quis tomá-la de assalto, mas foram vãos todos os seus
esforços. Derrotado pouco depois pelos confederados italianos, na
memorável batalha de Lenhano, julgou conveniente humilhar-se e ir
pedir perdão ao Papa. Este o recebeu com bondade e levantou-lhe a
excomunhão. Frederico, em penitência de seus pecados, foi com seu
exército para a Palestina, a fim de reconquistar Jerusalém. Mas
depois de muitas e gloriosas vitórias, morreu no ano 1190, em um rio
da Cilícia, onde fora tomar banho.
Frederido Barba-Roxa morreu afogado e
convertido... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
QUARTA ÉPOCA – ANO
1215-1517 |
Enquanto o Grande cisma do Ocidente
dividia a Igreja, esforçava-se a heresia por aniquilá-la. João
Wiclef, assim chamado pelo nome da cidade da Inglaterra onde nasceu,
foi o corifeu dos hereges daqueles tempos. Dotado de não medíocre
capacidade, mas inchado de orgulho, abraçou o estado eclesiástico
confiado em que o sagrariam bispo. Desiludido na sua ambiciosa
expectativa, rebelou-se contra a Igreja. O bispo de Cantuária e os
outros bispos ingleses combateram e condenaram logo a impiedade do
heresiarca e de seus sectários. Gregório XI aprovou a sentença
destes contra Wiclef, e pouco depois foi novamente condenado no
concílio de Constança. Wiclef, porém, seguindo o exemplo dos outros
hereges, em vez de humilhar-se, inflamou-se em cólera e deu-se a
vomitar blasfêmias contra o Papa, os bispos e particularmente contra
o arcebispo de Cantuária, que em consequência disso foi barbaramente
assassinado.
Deus, porém, não deixou impunes aos
que se atreveram a ultrajar seus ministros, pois dos que
assassinaram ao prelado, alguns ficaram loucos e outros foram
condenados à morte pelas autoridades civis. O mesmo Wiclef, enquanto
se achava pregando sarcasticamente contra Santo Tomás de Cantuária,
foi surpreendido por uma terrível paralisia que lhe ocasionando
mortais convulsões, o deformou e retorceu-lhe aquela boca que fora
instrumento de tantas blasfêmias. Enraivecido por não poder já
falar, morreu desesperado no ano 1385.
João Wiclef morreu mudo e
desesperado... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Os erros de Wiclef passaram da
Inglaterra para a Boêmia e originaram a heresia de João Huss.
Chamava-se assim pelo nome da cidade da Boêmia onde nascera. Tendo
concluído seus estudos em Praga, começou a espalhar os erros de
Wiclef, pelos quais se combatiam as leis da Igreja, a autoridade do
Papa e outros artigos da fé. Citado a comparecer ante o concílio de
Constança, concordou com isso e declarou por escrito que queria que
o castigassem sempre que pudesse ser convencido de que havia caído
em erro. O imperador Sigismundo, com o fim de facilitar os meios
para se desculpar, deu-lhe um salvo-conduto. Logo que chegou a
Constança, muito longe de acatar o juízo da Igreja, recusou
retratar-se. Não houve herege com quem se usassem maiores
complacências. Os padres do concílio, o imperador, e todos enfim,
pública e privadamente empregaram toda sorte de meios para
convencê-lo. Mas como se mostrasse cada vez mais obstinado no erro,
conduziram-no à praça pública, e ali o despojaram de suas vestes
sacerdotais e o degradaram. Ano 1414.
João Huss morreu ... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
3-
Imperador Venceslau IV |
Naquele mesmo século viu-se ocupar um
dos tronos da Alemanha a crueldade confraternizada com a prepotência
para tentar converter um santo sacerdote em traidor de seu
ministério. Mas alentado este pela graça, resistiu heroicamente
àquele cruel monarca, e foi o primeiro a receber a palma do martírio
por ter guardado o sigilo da confissão sacramental.
Reinava na Boêmia Venceslau IV, homem
feroz, a quem sempre acompanhava um verdugo, para que se chegasse a
ter sede de sangue, pudesse logo acalmá-la matando ao primeiro que
encontrasse. Dispusera de tal modo o pavimento de uma sala, que,
embora parecesse estar firme, ao dar um golpe com o pé, se afundava
em um rio. Serviu-se deste meio para matar a muitos insignes
personagens. Escreveram um dia na parede de seu aposento:
Venceslau, segundo Nero. Ele, porém, em vez de
envergonhar-se, escreveu a lápis mais abaixo: Se não fui, sê-lo-ei.
Certo dia, porque não lhe agradou uma comida que lhe apresentaram à
mesa, mandou que assassem logo ao cozinheiro naquele mesmo fogão
onde tinha feito cozinhar aquela comida. Em suas ímpias
extravagâncias, chegou até a pretender que São João Nepomuceno lhe
fizesse conhecer as culpas declaradas em confissão pela rainha. O
fiel ministro de Jesus Cristo respondeu-lhe que, ainda que o
ameaçasse de morte, de nenhum modo poderia violar na mínima coisa o
sigilo sacramental. O rei, por algum tempo, usou apenas as ameaças,
até que um dia como se mostrasse mais decidido que nunca em
obrigá-lo a revelar-lhe os segredos de sua esposa, e como achasse o
santo firme em sua negativa, o fez encerrar em uma das salas do
palácio real e aí o submeteu ocultamente aos mais horríveis
tormentos. Saindo o santo muito maltratado do palácio, preparou-se
para a morte que via ser inevitável e com este fim foi a um
santuário da Santíssima Virgem para implorar seu socorro. Ao voltar
a Praga, vendo-o o rei de sua janela, o fez vir à sua presença e o
intimou de novo que lhe revelasse o segredo; porém, permanecendo ele
firme em sua negativa, mandou-o atirar imediatamente ao rio Moldava.
Enquanto o corpo do mártir era levado
pelas ondas, foi visto com uma coroa de estrelas ao redor da cabeça.
Por isso, os cônegos da catedral deram-lhe honrosa e solene
sepultura. Assistiu a seu enterro grande multidão.
O Imperador Venceslau IV morreu... e
a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Este príncipe, em seus trinta anos de
reinado não cessou um momento de perseguir os cristãos. Depois de
ter saqueado Constantinopla, dirigiu-se até a Itália à frente de
formidável exército com o fim de matar a todos que não aceitassem a
religião dos Turcos. Apoderou-se da cidade de Otranto e fez passar
pelas armas todos os seus habitantes. O arcebispo, que revestido com
os hábitos pontificais animava ao povo que ficasse firme na fé, foi
preso e dividido em duas partes com uma serra de madeira. Diante
daquelas terríveis notícias, toda a Itália ficou consternada,
temendo uma invasão daqueles bárbaros. Deus, porém, que não permite
que as tribulações sejam superiores às nossas forças, socorreu de
uma maneira inesperada a sua Igreja aflita, tirando do mundo o autor
de tantos males. Maomé II foi atacado por um tumor
contagioso que fazendo-o sofrer dores agudíssimas, lhe causou a
morte. Ano 1387.
Maomé II morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
QUINTA ÉPOCA – ANO
1517-1799 |
Nesta época foi a Igreja tão
fortemente combatida, que parecia já ter chegado o tempo do
Anticristo; mas, apesar disto, ela conseguiu novos triunfes.
Inúmeros hereges arremetem contra ela, e muitos de seus ministros,
em vez de defendê-la, se rebelam e abrem-lhe profundas feridas.
Unem-se a estes os príncipes seculares que a oprimem com ferro,
morticínios e saques. O demônio se esconde debaixo do manto de
sociedades secretas e de uma filosofia mundana e sedutora, mas falsa
e corruptora. Excita rebeliões e suscita perseguições
sanguinolentas. Deus, porém, desvanece os esforços do inferno e os
faz servir para sua glória.
Novas ordens religiosas, missionários
incansáveis, pontífices grandes pela santidade, zelo e sabedoria,
unidos todos em um só coração e em um só pensamento e fortalecidos
pelo braço do Todo-Poderoso, defenderam heroicamente a verdade e
levaram a luz do Evangelho até os últimos confins da terra,
conseguindo a Igreja novas conquistas e ainda mais gloriosas
vitórias.
O primeiro a levantar a bandeira da
rebelião contra a fé católica e principal autor dos males que
amarguraram a Igreja neste tempo foi Lutero. Com seu sistema
perverso de submeter a palavra de Deus ao exame e juízo de cada um,
causou mais dano à religião católica do que todos os hereges da
idade passada; de maneira que, com justiça se pode chamar este
apóstata, o primeiro entre os precursores do Anticristo.
Nascido em Eisleben, na Saxônia, e
filho de um pobre mineiro, manifestou desde sua mais tenra idade uma
capacidade muito viva. A morte de um condiscípulo que caiu ao seu
lado fulminado por um raio, induziu-o a entrar na ordem dos
agostinianos. Por algum tempo pareceu mergulhado em profundas
meditações e agitado por escrúpulos e temores. Mas descobriu
finalmente o orgulho que se abrigava em seu coração; e, declarando
guerra à autoridade do pontífice romano, saiu do claustro e já não
houve meio de dominá-lo.
Oprimir aos outros com a calúnia e a
tirania, ridicularizar e desprezar as coisas mais augustas e santas;
soberba, desregramento, ambição, petulância, cinismo grosseiro e
brutal, crápula, intemperança, desonestidade, eis os dotes do
caráter deste corifeu do protestantismo (Nat. A. Gott, etc.).
No ano de 1869 levantaram-lhe na Alemanha uma estátua qual insigne
benfeitor da humanidade.
No ano 1517, começou a pregar contra
as indulgências; mais tarde, contra o Papa. Avançando na impiedade,
formulou uma doutrina que, em si mesma, e levada às suas
consequências lógicas e práticas, contamina tudo o que é sagrado,
destrói a liberdade do homem, faz a Deus autor do pecado e reduz o
homem ao estado dos brutos. É bastante lembrar que, conforme ele
afirmava, o homem mais virtuoso se não acredita firmemente achar-se
entre os eleitos, é condenado. Pelo contrário, o homem mais
criminoso, contanto que acredite que será salvo pelos merecimentos
de Jesus Cristo, somente por isto, irá sem mais para o céu. Tão
abominável doutrina foi logo condenada pelo Papa Leão X. Mas Lutero
mandou atirar ao fogo publicamente a bula.
As Universidades católicas e todos os
doutores clamaram contra aquela impiedade e heresia; mas Lutero
desprezou-os e persistiu em sua revolta. Ainda que ligado por votos
solenes, casou-se com Catarina de Bora, religiosa de um mosteiro de
Mísnia. Teve desgraçadamente muitos sectários, que, sob o nome de
protestantes, tomaram as armas e devastaram todas as regiões onde
lhes foi dado penetrar. Estava escrito em seus estandartes: Antes
turcos que papistas. Ao pensar algumas vezes nos grandes males
que causava a nova reforma, Lutero exclamava:
“Só tu serás douto? Todos os que te
precederam enganaram-se? Tantos séculos ignoraram o que tu sabes?
Que acontecerá se te enganas e arrastas contigo a tantos para a
condenação?”
Eram estas as vozes da consciência
que, a seu pesar, protestava contra suas impiedades; mas não
bastaram para fazê-lo voltar ao bom caminho.
Este miserável apóstata, depois de
ter desprezado toda razão e toda autoridade, e depois de ter
queimado a bula do Papa que o condenava, não cessou de pregar a
rebelião contra a Igreja e contra os príncipes. Refutado em
repetidas ocasiões, em disputas e por escrito, não sabendo já como
se defender, apelou para um concílio geral. Convidado para assistir
a ele, negou-se a princípio, porém logo respondeu enfurecido:
“Irei ao concílio, e que me cortem a cabeça
se não souber defender minhas opiniões contra todo o mundo”.
Mas o infeliz teve de ir defendê-las em presença do juiz divino.
Certo dia, depois de uma abundante ceia, acometeram-no fortes dores
de estômago; levaram-no logo para a cama, porém as dores se tornavam
cada vez mais atrozes. Furibundo de cólera e vomitando horríveis
blasfêmias, acabou miseravelmente a vida.
Diz-se que, momentos antes de
expirar, exclamou olhando para o céu através de uma janela:
“Tudo está acabado para mim; formoso céu,
jamais te tornarei a ver!” Ano 1546.
Martinho Lutero morreu e há mais de
quatrocentos anos os seus seguidores perseguem os católicos... e a
Santa Igreja Católica continua...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Um dos mais célebres sectários de
Lutero foi João Calvino, natural da Picardia; mas, antes do que se
associar a ele, preferiu fazer-se chefe de outro protestantismo.
Filho de pobre seleiro, foi socorrido pelo seu bispo, que
compadecido dele, o fez seguir a suas expensas a carreira dos
estudos. Esperava conseguir um benefício eclesiástico que lhe foi
recusado por seus maus costumes. Protestou que tomaria tal vingança
que daria que falar por quinhentos anos. Seguindo as pegadas de
Lutero, adotou completamente suas máximas perversas. Não queria Papa
nem bispos, nem sacerdotes, nem festas e nem outras funções de
igreja. Na cidade de Noyon foi condenado à morte por ter cometido um
delito nefando, e somente graças à intercessão do bispo, comutaram
essa pena na de ser marcado com ferro em brasa.
Acumulando depois delitos sobre
delitos, devia ser levado preso. Mas ele desceu por uma janela,
trocou sua roupa com a de um camponês e fugiu. Na sua fuga,
encontrou-se com um sacerdote que o exortou a que reparasse o mal
feito e voltasse ao seio da Igreja Católica, ele, porém,
respondeu-lhe: “Se tivesse de
recomeçar não deixaria a religião dos meus pais, mas agora já estou
empenhado e quero continuar até a morte”.
Estabeleceu residência especialmente
em Genebra, que foi o centro da sua seita, e ali procedeu como
verdadeiro tirano. Negando aos outros o direito que se arrogara de
alterar e corromper a doutrina católica, fez morrer nas chamas a
Miguel Servet, porque tinha ensinado erros contrários ao mistério da
Santíssima Trindade. Por suas tiranias foi expulso de Genebra, mas a
força de enredos, conseguiu voltar e tornar quase o soberano da
cidade. Governou a cidade despoticamente como se tivesse enfeitiçado
os cidadãos de qualquer categoria. Prorrompeu em impiedades contra a
religião, até que chegou também para ele o tempo de apresentar-se
ante o juiz supremo.
Surpreendido por uma enfermidade
ulcerosa, exalavam seus membros um mau cheiro insuportável.
Frenético e enraivecido contra sua doença, invocava os demônios para
virem livrá-lo. Mas, aumentando cada vez mais suas dores, detestava
sua doutrina e seus escritos. Em semelhante estado de desespero,
compareceu à presença de Jesus Cristo juiz, para dar-lhe contas dos
milhões de almas que por sua causa já se tinham perdido eternamente
e das que ainda se iam perder. Ano 1564.
João Calvino morreu podre e
desesperado... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
3-
Henrique VIII e o Cisma Anglicano |
O cisma anglicano foi motivado por
Henrique VIII, rei da Inglaterra. Esse infeliz príncipe, depois de
vinte anos de matrimônio com Catarina de Aragão, queria repudiá-la
para desposar Ana Bolena. Opôs-se a isto o Sumo Pontífice, afirmando
que não podia contrair um segundo matrimônio por ser válido o
primeiro contraído com Catarina, ainda viva. Henrique, cego pela
paixão, subtrai-se à autoridade do Papa e proclama-se chefe da
Igreja da Inglaterra. Desprezou as admoestações de Roma e perseguiu
o clero despojando-o de seus bens e casou-se com a astuciosa Ana
Bolena. Isto se deu no ano 1532.
Deste modo a Inglaterra, que na
história é conhecida com o nome de terra dos santos, e que tem
muitos dos seus príncipes nos altares, tornou-se inimiga do
catolicismo.
Henrique, casado com Ana Bolena, não
tardou em enfastiar-se dela e mandou cortar-lhe a cabeça. Casou-se
sucessivamente com outras quatro; uma delas morreu, outra foi
repudiada, a terceira condenou-a à morte e a quarta correu grande
perigo de ser decapitada, porém foi bastante sagaz para salvar-se
com a fuga.
Ainda que muitos nobres e prelados se
submetessem à sua tirania, houve, contudo, muitas pessoas de bem que
se opuseram, às quais ele condenando-as à morte, fez mártires de fé.
Sobe para 630 o número de
eclesiásticos que condenou ao suplício. Célebres entre os outros,
são o cardeal João Fisher, bispo de Rochester e mestre de Henrique e
o ilustre Tomás Moore, chanceler e ministro de Estado. Este último,
deposto do seu cargo, despojado de todos os seus bens e encerrado em
uma prisão, foi condenado ao atroz suplício dos traidores do Estado,
pena que foi comutada na decapitação. Sua esposa, para induzi-lo a
ceder à vontade do soberano, foi visitá-lo no cárcere, e pôs em
campo toda indústria possível para convencê-lo a que se salvasse a
si mesmo e a sua família. Ele, porém, falou-lhe intrepidamente desta
maneira: “Diz-me, mulher, se renuncio
à minha fé, e recupero juntamente com minhas riquezas, minha
primeira dignidade, quantos anos poderia eu gozar delas?” “Talvez
vinte anos”, respondeu sua tímida consorte.
“Pois bem!”, acrescentou o
magnânimo Tomás, “queres tu que por
vinte anos de vida eu perca uma eternidade de gozo no céu e me
condene a uma eternidade de tormentos no inferno?”
Ao subir ao cadafalso, protestou
publicamente que morria pela fé católica. Depois de ter rezado o
Miserere, deceparam-lhe a cabeça (Ano 1534). A justiça divina
não tardou muito em ferir o ímpio e luxurioso Henrique. Este morreu
no ano 1547, entre os mais atrozes remorsos de consciência e
separado da Igreja Católica.
Sucedeu-lhe no trono seu filho
Eduardo de dez anos de idade. Seu tutor, o duque de Sommerset, fez
declarar logo o protestantismo calvinista como religião do Estado, e
fez desaparecer aquele resto de catolicismo que ainda havia deixado
Henrique VIII. Mas falecendo Eduardo aos dezesseis anos, sucedeu-lhe
sua irmã Maria, filha de Catarina de Aragão, que reconduziu o reino
à fé católica. Esta ocupou somente cinco anos o trono, e à sua
morte, no ano 1558, lhe sucedeu Isabel, filha de Ana Bolena.
Achando-se infeccionada de heresia calvinista e querendo governar
com inteira independência de todo princípio de fé e de justiça,
revoltou-se e fez revoltar-se de novo todo o reino contra a
obediência ao vigário de Jesus Cristo.
Henrique VIII morreu entre os mais
atrozes remorsos de consciência e separado da Igreja Católica... e
a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
4-
Imperador Taicosama e a perseguição no Japão |
Enquanto era Deus glorificado em seus
santos em todas as partes do mundo, suscitava o inferno, no Japão,
uma perseguição longa e cruel. Via-se neste vasto império, trazido à
fé pelos suores e fadigas de São Francisco Xavier, crescer
diariamente o número de católicos e aumentar de modo extraordinário
a piedade e o fervor. Quando, porém, subiu ao trono imperial
Taicosama, querendo afastar do seu reino uma religião que
contradizia a suas brutais paixões, publicou um decreto pelo qual
era punido com o desterro e até com a morte quem não renunciasse ao
Evangelho. Começou a perseguição na mesma corte imperial.
Ucondomo, general-chefe do exército,
foi a primeira vítima. Os Jesuítas, os Franciscanos e os
Agostinianos caíram logo sob seus ferozes golpes. Mas nem por isso
deixou de triunfar a graça de Deus, e ainda então se viram os
exemplos de heroísmo dos primeiros séculos da Igreja. Velhos e
jovens, nobres e plebeus, encaravam com tal firmeza os mais atrozes
tormentos, que o imperador viu-se forçado a dizer:
“Há verdadeiramente alguma coisa de
extraordinário na constância dos Cristãos”. As
próprias mulheres preparavam seus vestidos de festa para honrar o
dia de seu triunfo: assim chamavam o dia marcado para o martírio.
Conduziram certo dia ao suplício a
três tenros jovens, entre os quais se achava um de doze anos,
chamado Luís, o qual comoveu de tal maneira ao verdugo, que este se
prontificou a pô-lo em liberdade e fez-lhe as mais lisonjeiras
promessas. Luís, porém, respondeu-lhe:
“Guardai para vós essa compaixão que
mostrais para comigo, e tratai antes de conseguir a graça do
batismo, sem o qual não podereis evitar uma eternidade de
sofrimentos”. Foram empregados os mesmos ardis com
outro, chamado Antônio, e prometeram-lhe honras e riquezas da parte
do imperador. Antônio respondeu: “Não,
não, o amor da fortuna não tem para mim mais eficácia do que os
suplícios eternos; a maior felicidade que posso ter é morrer na cruz
por um Deus que morreu nela por mim”. Ao chegar ao
lugar do suplício, aqueles magnânimos jovens entoaram cheios de
alegria o salmo “Louve meninos ao Senhor”; e foram
crucificados com outros vintes e seis católicos, mostrando uma
firmeza que fazia estremecer aos próprios verdugos. Ano 1597.
O Imperador Taicosama morreu... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
5-
Cornélio Jansênio e o Jansenismo |
Depois da solene condenação do
protestantismo no concílio de Trento, pode gozar a Igreja de alguma
paz, até que apareceu o Jansenismo, heresia que deve seu nome a
Cornélio Jansênio, seu autor. Natural de Accoy, na Holanda, e filho
de pobres artistas, foi por um caridoso barbeiro guiado na carreira
dos estudos. Mas, para sua primeira desgraça, contraiu amizade com
um tal Du-Verger, conhecido na história sob o nome de Abade de São
Cirano. Outra desventura foi o Dr. Janson, o qual procurou por todas
as formas infundir em seus discípulos a doutrina de Baio, doutor da
Universidade de Lovaina, condenado pela Igreja. Não obstante isto,
como Jansênio ocultava seus erros e parecia bastante douto nas
ciências sagradas e muito apto em fazer obras de caridade, foi
nomeado bispo de Iprés no ano 1636. Foi curto seu episcopado, porque
dois anos depois morreu de peste, aos 53 anos de idade.
Os erros de Jansênio, que em maior
parte são em relação à graça, à liberdade, ao pecado original, ao
mérito e demérito, estão espalhados em diferentes partes de suas
obras, mas especialmente em seu famoso livro chamado
Augustinus. Pretendeu expor nela as doutrinas genuínas
daquele santo doutor; alterando, porém, o sentido delas, o que na
realidade expôs foi a substância do Calvinismo sob as aparências de
uma doutrina estritamente católica. Ensinava, entre outras coisas,
que Deus impõe às vezes preceitos impossíveis, e que ao mesmo tempo
nega a graça necessária para cumpri-los. Contudo, não imprimiu
Jansênio seu livro enquanto viveu; mas ao morrer, dispôs que se
imprimisse declarando, entretanto, que o submetia ao juízo da Santa
Sé. Antes de expirar pronunciou o seguinte protesto:
“Sei que o Papa é o sucessor de São Pedro e
o depositário fiel da fé dos padres da Igreja; quero, pois, viver e
morrer na fé e em comunhão com a cadeira do sucessor do príncipe dos
apóstolos, do vigário de Jesus Cristo, do chefe dos pastores, do
pontífice da Igreja universal”. Parece, pois, que os
erros de Jansênio devem ser efeito, antes da ignorância que da
malícia. Seus sectários, porém, longe de seguir o exemplo de seu
mestre na submissão, tornaram-se orgulhosos e soberbos; ainda que
condenados em diferentes ocasiões, mostraram-se cada vez mais
obstinados. Por isso tal heresia durou longo tempo e causou
gravíssimos males à Igreja, porque com mil subterfúgios e enganos
achou modo de encobrir-se com o manto do catolicismo.
Jansênio morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
6-
Imperador Hogum-Sama e novas crueldades no Japão |
A perseguição suscitada contra os
cristãos por Taicosama pareceu apaziguar-se algum tanto com sua
morte e a de seus sucessores. No reinado, porém, de Hogum-Sama e de
seu filho, recrudesceu ainda mais e tornou-se muito atroz. Foram
postas em obras para fazer apostatar os cristãos todas as
barbaridades que se puderam inventar. A uns arrancavam as unhas, a
outros furavam os braços e as pernas com trados; a muitos metiam
agulhas por debaixo das unhas e repetia-se o tormento durante vários
dias consecutivos. Eram lançados em valas cheias de víboras; atavam
em seus narizes canos e tubos cheios de enxofre ou de outras
matérias de cheiro insuportável e logo ateavam fogo nelas, e
sopravam para fazer fumaça e afogá-los, causando assim sufocações,
convulsões e dores indizíveis.
Metiam dentro de seus corpos canas
pontiagudas, e suspendendo-os, os açoitavam até descarna-lhes
inteiramente os ossos. Para lacerar ao mesmo tempo o corpo e o
coração das mães, davam golpes nelas com as cabeças dos próprios
filhos, agarrados nos pés pelos verdugos, que, tanto mais aumentavam
sua crueldade quanto mais agudos eram os gritos daquelas inocentes
vítimas. Desde o ano 1597 até 1650, calcula-se que foram
martirizados mais de um milhão e duzentos mil fiéis, e com tal
gênero de tormentos que em sua comparação, a pena do fogo era
considerada como uma mercê.
A justiça de Deus, porém, não deixou
como nos primeiros séculos da Igreja de se manifestar contra os
autores de tão horrenda perseguição. Um daqueles sobre o qual mais
se fez sentir, foi Brogondono, príncipe de Himbra, que a todos tinha
excedido em crueldades. Ao sair de uma conferência em que se tinha
decidido exterminar o cristianismo, foi surpreendido por agudas
dores intestinais que o faziam dar horrorosos gritos e sofrer
espantosas contorções. Causava horror ver a agitação de seu corpo,
as espumas que lançava pela boca, os gritos e pedidos que fazia para
tirarem de sua presença a um cristão armado de uma foice que,
segundo dizia, se achava diante dele ameaçando-o continuamente.
Caíram-lhe todos os dentes e acendeu-lhe um fogo tão abrasador em
seu corpo, que parecia ferver o sangue de suas veias e a medula de
seus ossos. Conduziram-no a um banho de água quente onde fizera
perecer a muitos cristãos; porém, apenas o mergulharam nele, ficou
cozido e morreu miseravelmente. Outros muitos perseguidores
terminaram sua vida de modo a ver-se claramente neles o sinal da ira
de Deus.
Todavia, a perseguição não cessou
senão quando se acreditou, que já estavam mortos todos os ministros
do santuário e extinto o clero, também se tinham extinguido todos os
cristãos. Mas era engano. A fé cristã manteve-se naquele império
ainda sem eclesiásticos.
O Imperador Hogum-Sama morreu... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Costuma-se dar o nome de
franco-maçons a uma seita de homens, que para poder satisfazer com
toda a liberdade suas paixões, empregam toda a sorte de meios para
combater a Religião e as autoridades civis. Dividem-se em diversos
graus. Os primeiros são chamados adeptos ou principiantes, e a estes
não se manifesta a maçonaria senão como uma sociedade filantrópica e
do socorro mútuo.
Outros, chamados camaradas ou
sociedade dos operários, geralmente pertencem a esta seita, embora
muitos o ignorem completamente. À medida que vão subindo de grau, os
levam ao ateísmo, à negação de toda religião, da alma, da eternidade
e lhes ensinam a por toda a sua felicidade nos gozos da vida
presente. Daí a razão por que a mocidade se deixa seduzir mais
facilmente, e porque os franco-maçons desprezam os auxílios da
religião, tanto em vida como na morte.
Suas reuniões costumam ser chamadas
conventículo, e o lugar secreto onde se reúnem se chama Loja
Maçônica. Acredita-se que é muito antiga a origem da maçonaria;
alguns a fazem remontar até os magos do Egito dos tempos de Moisés;
porém, ainda que desde muitos remotos tempos tenham existido
sociedades secretas, cujo fim é a impiedade e a satisfação das
paixões, contudo, a maçonaria de nossos dias talvez tivesse sua
origem há apenas dois séculos. Sua doutrina parece-se em parte com a
do heresiarca Manete, cujos segredos e cerimônias adotaram. Em parte
é panteísmo, materialismo e ateísmo. Antes de admitir em seu seio a
uma pessoa fazem-lhe proferir estas palavras: Jura e perjura que
nunca violarás o segredo. Confirma-se este segredo por um
juramento tão severo, que ao pai está rigorosamente proibido
revelá-lo a seu filho, o filho a seu pai, o irmão à irmã. Loucura da
mente humana! Querem destruir a Deus e a Religião, e por esta mesma
Religião se obrigam com juramento ao mesmo Deus que pretendem
destruir.
Clemente XII e Bento XIV condenaram
estes fanáticos e excitaram os soberanos a expulsá-los de seus
estados. Desgraçadamente, os reis e os príncipes foram ou
negligentes ou colaboradores, e muitos deles já pagaram a pena de
sua culpa, porque os franco-maçons, com suas reuniões secretas,
causaram e ainda causam males imensos à Religião, aos governos civis
e às famílias, e pode-se dizer que são a peste do gênero humano. Os
que hoje se chamam livres pensadores pertencem à maçonaria.
Desgraçados os que se deixam prender nesta rede infernal.
Os francos-maçons trabalharam e
trabalham furiosamente contra a Igreja Católica... e a Santa
Igreja Católica continua...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Os franco-maçons, depois da
supressão dos Jesuítas, puderam com maior facilidade desfazer-se
dos demais religiosos, abolir na França toda autoridade civil, dar a
morte a seu próprio soberano e apoderar-se eles mesmos do poder.
Entre outras coisas, exigiam de seus súditos um juramento contrário
às regras da fé, o qual não podendo ser admitido pelos bons, motivou
uma cruel perseguição. Milhares de cidadãos foram afogados ou
guilhotinados sem processo algum, reservando-se aqueles bárbaros a
processá-los depois, para saber se os que morreram eram culpados ou
inocentes. Segundo o costume, a perseguição assanhou-se, de modo
especial, contra os eclesiásticos. Estes heróis magnânimos, êmulos
dos mártires da Igreja primitiva, mostraram-se prontos a sofrer todo
gênero de suplícios. Alguns foram desterrados, outros presos ou
condenados ao patíbulo. Um verdugo, ao ver entre a multidão um que
parecia sacerdote, dirige-se a ele e lhe pergunta:
— És sacerdote?
— É esta a minha glória.
— Juraste?
— Jurar! Horroriza-me só pensar nessa
palavra!
— O juramento ou morte; ou juras ou
morres.
— Juro aborrecer esse juramento
ímpio e sacrílego; mata-me... te perdôo. - E dizendo isso caiu
por terra crivado de balas.
Aqueles monstros sedentos de sangue
humano entravam nos claustros, nas congregações e nos seminários,
prendiam ou matavam a todos os que encontravam na sua passagem.
Aboliram os dias consagrados à religião, mudaram o nome das semanas,
dos meses, e dos anos; derrubaram toda autoridade e o rei Luís XVI
foi deposto, preso e decapitado.
As igrejas foram profanadas ou
destruídas; as cruzes, as relíquias, os vasos sagrados, a Santíssima
Eucaristia sacrilegamente pisada, e nos altares do Deus vivo, em
vez de celebrar o santo sacrifício da Missa, foi colocada uma mulher
infame e adorada como a deusa razão. Tudo era sangue e destruição.
Havia ameaça de morte para quem ainda desse a conhecer que
professava a religião católica. Os esforços dos ímpios, porém,
quebraram-se contra aquela pedra, sobre a qual Jesus Cristo fundara
sua Igreja. Entre aquelas carnificinas, a religião foi duramente
provada; mas não pereceu.
A perseguição francesa daquela época
passou... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Declarada a destronização do Papa,
os comissários franceses se apoderaram de sua pessoa e começaram a
saquear o palácio pontifício. As bibliotecas preciosas e raras foram
vilmente vendidas, foram quebrados os guarda-roupas e os armários.
Vendo-se burlados por não achar o ouro e as jóias que ali esperavam
encontrar, apresenta-se o calvinista Haller ao Papa e diz-lhe em tom
de ameaça: “A república romana vos
intima que me entregueis já vossos tesouros: quero-os, pois”. “Eu
não possuo tesouro algum”.
“Tendes, contudo, dois formosos anéis nos
dedos”. Entregou-lhe um deles o Papa, dizendo-lhe:
“Não posso entregar-vos o outro, porque
devo passar a meus sucessores”. Era o anel do
pescador que costumam usar os Papas para firmar ou selar os papéis
de maior importância. Mas foi necessário que também fizesse entrega
dele. Os cardeais, os bispos e outros prelados foram encarcerados
ou desterrados. Assim a Igreja Romana, assaltada em seu chefe e em
seus membros, achava-se exposta a uma perseguição tão injusta como
odiosa. Em vez de se ouvirem em Roma as glórias de Deus, viam-se em
suas ruas procissões cívicas e se cantavam hinos à liberdade.
A perseguição em Roma daquela época
passou... e a Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
SEXTA ÉPOCA – ANO
1799 – 1870 |
Cansada já a França de seus tiranos,
nomeou cônsul a Napoleão Bonaparte, que manifestava vontade e valor
suficiente para restabelecer a ordem naquela nação mergulhada em
tanta confusão. A guilhotina cessa de trabalhar, mitiga-se muito a
perseguição, extingui-se o cisma constitucional e a França volta à
unidade católica. Mas Bonaparte talvez estimasse a religião somente
enquanto servia às suas ambições. Firmou uma concordata com o romano
pontífice, que foi violada no ato mesmo de sua publicação, pois a
acompanhou de certos artigos, chamados orgânicos, que contrastam com
a própria concordata. Faz-se proclamar imperador e pede ao Papa que
vá a Paris para sagrá-lo. Pio VII hesita longo tempo e não se
resolveu a ir senão com a esperança de reparar graves desordens e
impedir muitos males que ameaçavam a Igreja. Parte de Roma no ano
1804, atravessa a França entre grandíssimas honras e aplausos,
entra em Paris e põe a coroa imperial sobro a cabeça de Napoleão.
Mas este correspondeu à condescendência do Papa com monstruosa
ingratidão. Para conseguir que o Papa o coroasse, protestou que
queria ser filho obedientíssimo da Santa Sé. Assim, porém, que foi
coroado, escreveu cartas injuriosas ao Papa, e poucos anos mais
tarde, fez marchar suas tropas sobre Roma.
Depois da paz dada à Igreja por
Constantino, o Grande, Constante II, protetor dos hereges
monotelitas, foi o primeiro dos imperadores que, usando da
violência, tirou de Roma ao sumo Pontífice; Napoleão foi o segundo.
Pretendia este que o Papa lhe outorgasse coisas contrárias aos
direitos da Igreja e ao bem da religião. Tendo-se recusado a isto o
Papa, o imperador assalta Roma, apodera-se dela, rouba as obras de
arte mais preciosas, força o palácio papal e encarrega o general
Radet da empresa sacrílega de se apoderar do Papa.
Durante a noite, um grupo de soldados
escala como ladrões noturnos o palácio pontifício, derrubam a
machadadas as portas, quebram as janelas e a mão armada penetrara
no aposento do papa. Radet rodeado dos seus, ordena ao pontífice que
saia imediatamente de Roma. Pio VII levanta os olhos para o céu e
cheio de confiança n’Aquele que assiste a Igreja, entrega-se, assim
como estava, nas mãos de seus inimigos, que o encerram a chave em um
coche entre guardas, como malfeitor (Ano 1809).
Pio VII, durante seus cinco anos de
cativeiro, mostrou-se sempre intrépido confessor da fé.
Durante a viagem aconteceram vários acidentes. Perto de Florença,
por inexperiência dos cocheiros, tombou com ímpeto o coche ao
passar sobre uma elevação de terra e o Santo Padre caiu debaixo das
rodas. Teria sido esmagado, se Deus não o protegesse. Fica três
anos prisioneiro em Savona, e depois (1812) ordena-lhe que parta
para Fonteinebleau, na França. Durante a viagem, é obrigado a viajar
dia e noite, sem nunca lhe permitirem sair do veículo. Isto lhe
sacrificou a saúde de tal modo que ficou a ponto de morrer. Ao
aproximar-se de Turim, parecia que tinha chegado ao fim da vida e
lhe administraram a extrema-unção. Não obstante isto, não pode
obter um momento de descanso. Chegado a Fontainebleau, separado dos
seus conselheiros, rodeado por pessoas que tinham sacrificado a fé e
o pudor ao despotismo de Napoleão, oprimido pelos incômodos que
diariamente lhe causava o ambicioso imperador, assina um papel
pelo qual se deixava a nomeação dos bispos, isto é, dos pastores
das almas, em mãos do poder civil. Mas, logo arrependido revogou
valorosamente o que firmara, e a fé triunfa.
Não podendo Napoleão induzir o Papa a
secundar seus malvados propósitos, e como começassem, por outra
parte, a tomar mau caminho suas empresas militares,
achou restituir a liberdade àquele que de maneira alguma tinha
podido vencer.
O intrépido Pontífice Pio VII, depois
de cinco anos de prisão, de sofrimentos, de ultrajes e insultos,
saiu finalmente de Fontainebleau para voltar à sua sede, a 23 de
janeiro de 1814. Ao passar uma ponte sobre o Ródano, entre Beaucoure
e Tarascon, o coronel Lagorse, ensurdecido pelos gritos de alegria
com que o povo saudava o Santo Padre em sua passagem, perguntou:
“Que faríeis se passasse por aqui o
imperador? —
“Dar-lhe-íamos de beber”, responderam a uma voz,
mostrando o rio que corria debaixo da ponte. Depois de quatro meses
de viagem entrou Pio VII solenemente na cidade eterna, com indizível
alegria de Roma e de todos os bons. A história nos demonstra
claramente que o favorecer a religião é o princípio da
grandeza dos soberanos, e que persegui-la é causa de ruína. Napoleão
não queria crer, porém os fatos lho provaram. Seu imenso poder fazia
tremer toda a Europa e era seu nome temido em todo o mundo. Quando
soube que Pio VII o queria excomungar por suas violências contra a
Igreja e seus ministros, dizia em tom de mofa:
“Pensa talvez o Papa que a excomunhão fará
cair as armas das mãos de meus soldados?” Porém, as
censuras da Igreja, tarde ou cedo, produzem inexoravelmente seu
efeito. A ambição levou de fato Napoleão até as extremidades da
Rússia, onde mais de quatrocentos mil homens do seu exército
morreram pelo ferro, pela fome ou pelo frio.
O general Ségur, um dos chefes
daquele formidável exército, deixou escrito:
“Os soldados mais valentes, gelados de frio,
já não podiam segurar as armas e estas lhes caiam das mãos”.
Sublevou-se, entretanto, a Europa contra Napoleão como contra um
inimigo comum. Os mesmos que, por meio da força, se tinham aliado a
ele, o abandonaram; arrojam-no da Alemanha, da Espanha e da Suíça;
perseguem-no seus inimigos e penetram, em sua perseguição, no
interior da França. É feito prisioneiro, conduzido a Fontainebleau,
naquele mesmo palácio onde tinha guardado preso o Santo Padre,
naqueles mesmos lugares onde tinha acabrunhado e humilhado ao
Vigário de Jesus Cristo, assina o ato de sua abdicação.
Ainda que Napoleão, durante o tempo
de sua prosperidade, tivesse perseguido a Religião na pessoa de seu
Chefe visível, contudo, quando se acalmou nele a ambição, o mesmo
pode refletir sobre a vaidade das grandezas humanas, parece que
caiu em si e reconheceu seus erros. Pio VII depois de lhe ter
perdoado sinceramente, intercedeu perante os ingleses para
mitigarem as penas de seu cativeiro; e para despertar
sentimentos religiosos no coração daquele filho transviado,
enviou-lhe um eclesiástico para o absolver das censuras e para
assisti-lo nas coisas da religião.
Reconheceu então Napoleão a mão do
Senhor que o tinha humilhado e vendo próximo o seu fim, exclamava:
“Eu nasci na religião católica, desejo
ardentemente cumprir os meus deveres e receber os socorros que ela
subministra”. Depois de ter recebido os últimos
sacramentos, pronunciou estas palavras:
“Estou satisfeito: eu precisava disto; eu
não pratiquei a religião no trono, porque o poder transtorna aos
homens, porém sempre conservei a fé; eu queria guardá-la em segredo,
mas isto era fraqueza; agora desejo glorificar a Deus”.
Morreu aos 5 de maio do ano 1821.
Atribuía Napoleão sua queda aos
ultrajes feitos ao Chefe da Igreja. Ele costumava dizer:
“O Papa não tem exércitos; mas é uma
potência formidável. Tratai-o como se tivesse atrás de si duzentos
mil homens”.
Napoleão Bonaparte morreu... e a
Santa Igreja Católica continuou...
“... e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
2-
Nicolau I e a perseguição na Rússia |
No ano de 1825 subiu ao trono da
Rússia Nicolau I, homem digno de elogio sob muitos respeitos. A
mania, porém, de constituir-se juiz supremo em matérias religiosas
tinha-o induzido a oprimir a seus súditos católicos, cujo número
passava de quinze milhões. Começou fazendo crer que de acordo com o
Papa, tirava o ensino aos católicos e os obrigava a frequentar as
escolas cismáticas; em seguida proibiu aos seus súditos cismáticos
fazerem-se católicos, e aos católicos pregar sua religião e
professá-la publicamente. Feito isto, pôs-se de acordo com três
bispos, que seduzidos por ele, apostataram. Em consequência dessa
submissão mandou o imperador que em suas dioceses todos deviam usar
os ritos, breviários, missais e práticas religiosas segundo a
liturgia do império.
Muitos sacerdotes, párocos e bispos
se declararam contra semelhante impiedade; porém foram logo
depostos, despojados de seus bens, encerrados em horrendos
calabouços ou desterrados para a Sibéria, o que equivalia a
condená-los à morte pelo frio ou pelos sofrimentos. Embora ficassem
privadas as dioceses de seus bispos, o povo permaneceu por algum
tempo firme na fé, mesmo no meio das perseguições, de tal sorte que
muitos morreram por confessá-la; porém, tendo ficado como ovelhas
sem pastor, muitos caíam no cisma; na Rutênia e na Lituânia,
prevaricaram miseravelmente uns três milhões.
No ano de 1839 festejava-se com
solenidade no império russo esta deplorável apostasia, ao passo que
os católicos do mundo inteiro choravam tamanha desgraça e rogavam a
Deus que se compadecesse da Rússia.
Nicolau I morreu... e a Santa
Igreja Católica continuou... “...
e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela”
(Mt 16, 18).
Prezado pastor, penso que esse
RESUMO do
RESUMO é suficiente para
COMPROVAR que a Santa Igreja
Católica Apostólica Romana VENCEU
os seus perseguidores.
Fizeram um
GRANDE MAL para as almas, mas
NÃO CONSEGUIRAM DESTRUIR a Esposa
do Deus Eterno.
A PERSEGUIÇÃO continua:
Os muçulmanos, hindus, comunismo, budismo... matam os católicos...
queimados, enforcados, degolados...
MAS SERÃO DERROTADOS.
Nenhum comedor de feijão vencerá a
IGREJA fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Eu te abençôo e te guardo no Coração
da Santíssima Virgem: “Confie tudo à
Santíssima Virgem” (Santa Teresa dos Andes).
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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