INTRODUÇÃO
Na sua homilia de Posse,
Dom Frei João Wilk declarou ter por linha a fidelidade ao atual
Magistério da Igreja. Ele apela a depor as armas e promove o
diálogo ecumênico e inter-religioso.
Pois bem, nós, uma boa
parte do presbitério de Anápolis, queremos um dialogo
inter-hierárquico com o nosso Bispo. Sentimos falta de
esclarecimentos. O nosso compromisso inquestionável, pois, é para
com o Magistério da Igreja. E não podemos não reparar divergências
significativas entre o que Dom Frei João Wilk faz e manda fazer, e
entre o que o Magistério ensina, ordena ou proíbe, nos seus
documentos.
Pedimos, por
conseguinte, que o Bispo Dom Frei João Wilk por seu múnus de
ensinar, esclareça aos sacerdotes, diáconos e leigos da sua
Diocese as bases da sua própria ação pastoral através de
documentos válidos do Magistério, referente aos seguintes
questionamentos:
1) RITUAL INVENTADO
No seu Folheto Litúrgico
da Crisma redigido e imposto o seu uso obrigatório por ele mesmo,
Dom Frei João Wilk apresenta um rito de Entrada dos Símbolos
Litúrgicos do Círio Pascal, da Bíblia e do Óleo de Oliveira.
No atual Ritual da
Confirmação do Pontifical Romano (2.ª edição, 2003) não consta
nada de tal procissão de símbolos litúrgicos. Ademais o cânon 846,
manda seguir fielmente os livros litúrgicos e não permite
acréscimo por própria iniciativa (veja também Instrução 'Redemptionis
Sacramentum' N.º 31).
Pedimos a Dom Frei João
Wilk que nos indique as fontes do Magistério, que autorizam o
Bispo diocesano para tal acréscimo de ritual.
2) COMUNHÃO EM PÉ
O mesmo folheto manda
receber a Santa Comunhão em fila e em pé. Enquanto que, tanto a já
referida introdução N.º 90, quanto o Diretório da Liturgia da CNBB
para 2005, garantem ao fiel a liberdade de receber a comunhão em
pé ou de joelhos.
Pedimos a Dom Frei João
Wilk o favor de nos apresentar uma prova objetiva que lhe permite
tal restrição da liberdade do comungante.
3)COMUNHÃO SÓ ALIMENTO
No exercício do seu
pastoreio, Dom Frei João Wilk ensinou A comunhão não deve ser
recebida de joelhos. O momento da comunhão não é hora de adorar,
mas de comer; o que significa que Jesus naquela altura, não está
sendo apresentado como Deus, mas como alimento.
Uma documentação da
Congregação para o Culto Divino (do ano 2002), citando o então
Cardeal Ratzinger, agora Papa Bento XVI, diz A prática de receber
a Santa Comunhão de joelhos tem a seu favor uma tradição
multissecular e é um gesto particularmente expressivo de adoração,
completamente apropriado na luz da verdadeira, real e substancial
presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, sob as espécies
consagradas.
Pedimos a Dom Frei João
Wilk, que nos apresente uma documentação teológica e litúrgica do
Magistério, que apóie a sua própria posição de que a comunhão não
pode ser recebida de joelhos, no gesto de adoração, e que o então
Cardeal Ratzinger, por conseguinte, estava errado!
4) MESA DE COMUNHÃO
Dom Frei João Wilk não
permite o uso de genuflexório para facilitar aos fiéis que o
desejarem, receber a comunhão de joelhos. Nas igrejas de Vila Góis
e de Jaraguá mandou até arrancar as mesas de Comunhão fixas.
Receber a Comunhão de
joelhos, nunca foi proibido pela Igreja; tampouco depois do
Concílio Vaticano II. Portanto permanece também o costume do uso
da mesa de Comunhão enquanto não tiver tido uma interdição
expressa por parte da autoridade eclesiástica competente.
Pedimos a Dom Frei João
Wilk que nos mostre que ele esteja autorizado pelo Magistério de
proibir o uso da mesa de Comunhão.
5) CELEBRAÇÃO 'VERSUS DEUM'
Dom Frei João Wilk
combate agressiva e obstinadamente a celebração 'versus Deum'.
O Magistério nunca
proibiu esta direção de celebração. Pelo contrário, as normas
litúrgicas do Missal Romano indicam a co-existência de ambas as
possibilidades. Ademais como mostrou uma foto num livro publicado
recentemente sobre o Papa João Paulo II, na capela particular
dele, o Papa celebrava a missa sempre 'versus Deum', e é claro,
também na presença de várias outras pessoas que assistiam à sua
missa.
Queremos ter
apresentadas por Dom Frei João Wilk provas do Magistério, de por
quê os sacerdotes que o desejam, não possam celebrar a missa
'versus Deum'.
6) TABERNÁCULO NO CENTRO
No último retiro do
clero, Dom Frei João Wilk fez questão de que o Sacrário com o
Santíssimo Sacramento fosse posto ao lado, de tal maneira que nas
suas Missas celebradas aí, ele mesmo ao aproximar-se do altar, não
fazia nenhuma referência a Ele, e somente uma inclinação ao
Crucifixo no centro.
A Instrução 'Redemptionis
Sacramentum', N.º 2l, explica, que conforme as normas litúrgicas,
as celebrações devem ser adaptadas quanto às circunstancias
pastorais correspondente à sensibilidade das pessoas.- Era,
portanto evidentemente um desinteresse nos costumes litúrgicos e à
sensibilidade do maior número dos padres da Diocese de Anápolis
que celebram as missas com o Santíssimo no centro das suas
igrejas.
Além disso, os 'Lineamenta'
para a XI Assembléia Ordinária do Sínodo dos Bispos no Vaticano
(de 2004) consideram a possibilidade de o altar incluir no centro
o Tabernáculo, dizendo o N.º 57 explicitamente Entre o Tabernáculo
e o Altar da celebração Eucarística não existem sinais de
conflito.
Perguntamos a Dom João
Wilk, qual é a sua posição pessoal frente às raízes do clero
diocesano de Anápolis, formados pelo seu antecessor Dom Manuel
Pestana Filho, ao qual na sua homilia de posse atribuiu coerência
e autenticidade pois nos sentimos agredidos e oprimidos por
imposições rigorosamente não dialogadas por V.ª Excelência.
7) RESPEITO À INSTRUÇÃO REDEMPTIONIS SACRAMENTUM
No mesmo retiro do
clero, o Bispo Dom Frei João Wilk deu a comunhão na mão de
seminaristas e deixou que esses, por sua vez, ao lado dele
molhassem a hóstia no vinho consagrado do Cálice.
A Instrução no seu
número 62 proíbe exatamente isso.
Perguntamos a Dom Frei
João Wilk se ele mandou que os seminaristas em geral, tivessem que
receber a comunhão na mão. E queremos saber se ele sente-se
obrigado a observar as normas desta instrução, ou se a considera
casuísta ou legalista, e, portanto, de uma linha pastoral já
superada
8) MISSA TRIDENTINA
Sabemos que Dom Frei
João Wilk está travando uma guerra sem tréguas contra a Missa
Tridentina, que alguns poucos padres deste presbitério celebram.
Foi esta a razão de proibir ao Pe. João Batista a celebração nas
Capelas da Paróquia de N.ª S.ª d'Abadia, em Anápolis, e de tirar o
Pe. José Henrique da Paróquia de São Pedro e São Paulo, em
Abadiânia Nova, e de deixar o Pe. Frederico, do Orfanato, sob
aviso.
O Magistério nunca
proibiu essa Missa; pelo contrário, continua permitindo a sua
celebração, embora com algumas restrições. E o Cardeal Ratzinger
criticava o fato de muitos bispos no mundo não darem autorização
para rezá-la em suas dioceses.
Perguntamos a Dom Frei
João Wilk, como ele entende continuidade na Diocese de Anápolis, e
se padres tridentinos são piores que pastores protestantes, com os
quais se encontra para cultos ecumênicos
CONCLUSÃO
Disse Dom Frei João Wilk
A busca da unidade é o selo de uma religião verdadeira. Precisamos
depor as armas da agressão [...]
Pedimos ao nosso Bispo
um diálogo aberto e objetivo, pois a busca de unidade, sem
marginalização da verdade é também o selo de um Bispo Católico
verdadeiro!
OBSERVAÇÃO
Essa proposta de
diálogo, caso eu obtenha a permissão do Senhor Bispo, será lida na
reunião do Clero (19052005). Caso contrário, não sendo aceita,
será somente distribuída em copias.
PE. FRANZ HÖRL
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