CAPÍTULO X
Do nono artigo do Credo
§ 1º Da Igreja em geral
142. Que nos ensina o nono artigo do Credo: creio
na Santa Igreja Católica; na Comunhão dos Santos?
O nono artigo do Credo
ensina-nos que Jesus Cristo fundou sobre a terra uma sociedade
visível, a qual se chama Igreja Católica, e que todas as pessoas que
fazem parte desta Igreja estão em comunhão entre si.
143. Por que, depois do artigo que trata do
Espírito Santo, se fala imediatamente da Igreja Católica?
Depois do artigo que
trata do Espírito Santo se fala imediatamente da Igreja Católica
para indicar que toda a santidade da mesma Igreja procede do
Espírito Santo, que é o autor de toda a santidade.
144. Que quer dizer a palavra Igreja?
A palavra Igreja quer
dizer convocação ou reunião de muitas pessoas.
145. Quem nos convocou ou chamou para a Igreja de
Jesus Cristo?
Nós fomos chamados para a
Igreja de Jesus Cristo por uma graça particular de Deus, a fim de
que, com a luz da fé e pela observância da lei divina, Lhe prestemos
o culto devido e cheguemos à vida eterna.
146. Onde se encontram os membros da Igreja?
Os membros da Igreja
encontram-se parte no Céu, formando a Igreja triunfante; parte no
Purgatório, formando a Igreja padecente e parte na terra, formando a
Igreja militante.
147. Estas diversas partes da Igreja constituem
uma só Igreja?
Sim, estas diversas
partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo, porque têm
a mesma cabeça que é Jesus Cristo; o mesmo espírito que as anima e
as une e o mesmo fim, que é a felicidade eterna, que uns já estão
gozando e que outros esperam.
148. A qual das partes da Igreja se refere
principalmente este nono artigo?
Este nono artigo do Credo
se refere principalmente à Igreja militante, que é a Igreja em que
estamos atualmente.
§ 2° Da Igreja em particular
149. Que é a Igreja Católica?
A Igreja Católica é a
sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na
terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos
mesmos Sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores,
principalmente ao Romano Pontífice.
150. Dizei precisamente o que é necessário para
alguém ser membro da Igreja.
Para alguém ser membro da
Igreja, é necessário estar batizado, crer e professar a doutrina de
Jesus Cristo, participar dos mesmos Sacramentos, reconhecer o Papa e
os outros legítimos Pastores da Igreja.
151. Quem são os legítimos Pastores da Igreja?
Os legítimos Pastores da
Igreja são o Pontífice Romano, isto é, o Papa, que é o Pastor
universal, e os Bispos. Além disso, sob a dependência dos Bispos e
do Papa, têm parte no oficio de Pastores os outros Sacerdotes e
especialmente os párocos.
152. Por que dizeis que o Pontífice Romano é o
Pastor Universal da Igreja?
Porque Jesus Cristo disse
a São Pedro, primeiro Papa: “Tu é Pedro, e sobre esta Pedra
edificarei a minha Igreja, e dar-te-ei as chaves do reino dos Céus,
e tudo o que ligares na terra será ligado no Céu; e tudo o que
desligares na terra será desligado também no Céu”. E disse-lhe mais:
“Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”.
153. Então não pertencem à Igreja de Jesus Cristo
as sociedades de pessoas batizados que não reconhecem o Romano
Pontífice por seu chefe?
Todos os que não
reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe não pertencem à Igreja
de Jesus Cristo.
154. Como se pode distinguir a Igreja de Jesus
Cristo de tantas sociedades ou seitas fundadas pelos homens e que se
dizem cristãs?
Pode-se distinguir a
verdadeira Igreja de Jesus Cristo de tantas sociedades ou seitas
fundadas pelos homens e que se dizem cristãs por quatro notas
características. Ela é Una, Santa, Católica e Apostólica.
155. Por que dizeis que a Igreja é Una?
Digo que a verdadeira
Igreja é Una porque os seus filhos, de qualquer tempo ou lugar,
estão unidos entre si na mesma fé, no mesmo culto, na mesma lei e na
participação dos mesmos Sacramentos, sob o mesmo chefe visível, o
Romano Pontífice.
156. Não pode haver mais de uma Igreja?
Não pode haver mais de
uma Igreja, porque, assim como há um só Deus, uma só Fé e um só
Batismo, assim também não há nem pode haver senão uma só Igreja
verdadeira.
157. Mas não se chamam também igrejas o conjunto
dos fiéis de uma nação ou de uma diocese?
Chamam-se igrejas também
o conjunto dos fiéis de uma nação ou de uma diocese, mas são sempre
porções da Igreja universal, e formam com ela uma só Igreja.
158. Por que dizeis que a verdadeira Igreja é
Santa?
Chamo a verdadeira Igreja
de Santa porque Jesus Cristo, a sua cabeça invisível, é Santo,
santos são muitos dos seus membros, santas são a sua Fé e a sua Lei,
santos os seus Sacramentos, porque fora d'Ela não há nem pode haver
verdadeira santidade.
159. Por que dizeis que a Igreja é Católica?
Chamo a verdadeira Igreja
de Católica, que quer dizer universal, porque abrange os fiéis de
todos os tempos, de todos os lugares, de todas as idades e
condições, e porque todos os homens do mundo são chamados a fazer
parte d'Ela.
160. Por que a Igreja se chama também Apostólica?
A verdadeira Igreja
chama-se também Apostólica porque remonta sem interrupção até aos
Apóstolos; porque crê e ensina tudo o que creram e ensinaram os
Apóstolos; e porque é guiada e governada pelos legítimos sucessores
dos Apóstolos.
161. Por que a verdadeira Igreja se chama também
Romana?
A verdadeira Igreja
chama-se também Romana porque os quatro caracteres da unidade,
santidade, catolicidade e apostolicidade se encontram só na Igreja
que tem por chefe o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.
162. Como é constituída a Igreja de Jesus Cristo?
A Igreja de Jesus Cristo
é constituída como uma sociedade verdadeira e perfeita. E n’Ela,
como numa pessoa moral, podemos distinguir um corpo e uma alma.
163. Em que consiste a alma da Igreja?
A alma da Igreja consiste
no que Ela tem de interior e de espiritual, isto é, a Fé, a
Esperança, a Caridade, os dons da graça e do Espírito Santo, e todos
os tesouros celestes que lhe provieram dos merecimentos de Cristo
Redentor e dos Santos.
164. E o corpo da Igreja em que consiste?
O corpo da Igreja
consiste no que Ela tem de visível e de externo, quer na associação
dos seus membros, quer no seu culto e no seu ministério de ensino,
quer no seu governo e ordem externa.
165. Para nos salvarmos, basta sermos de qualquer
maneira membros da Igreja Católica?
Não basta para nos
salvarmos o sermos de qualquer maneira membros da Igreja Católica,
mas é preciso que sejamos seus membros vivos.
166. Quais são os membros vivos da Igreja?
Os membros vivos da
Igreja são todos os justos e só eles, isto é, aqueles que estão
atualmente na graça de Deus.
167. E quais são n’Ela os membros mortos?
Membros mortos da Igreja
são os fiéis que estão em pecado mortal.
168. Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica
Apostólica Romana?
Não. Fora da Igreja
Católica Apostólica Romana ninguém pode salvar-se, como ninguém pode
salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta
Igreja.
169. Como então se salvaram os antigos Patriarcas,
os Profetas e todos os outros justos do Antigo Testamento?
Todos os justos do Antigo
Testamento se salvaram em virtude da fé que tinham no Cristo que
havia de vir, e por meio da qual eles já pertenciam espiritualmente
a esta Igreja.
170. Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora
da Igreja poderia salvar-se?
Quem, encontrando-se sem
culpa sua - quer dizer, em boa-fé - fora da Igreja, tivesse recebido
o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber, e
além disso procurasse sinceramente a verdade e cumprisse a vontade
de Deus o melhor que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja,
estaria unido à alma d’Ela, e portanto no caminho da salvação.
171. E quem, sendo embora membro da Igreja
Católica, não pusesse em prática os seus ensinamentos, este se
salvaria?
Quem, sendo muito embora
membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os seus
ensinamentos, este seria membro morto, e, portanto, não se salvaria,
porque para a salvação de um adulto requerem-se não só o Batismo e a
fé, mas também as obras conformes à fé.
172. Somos obrigados a acreditar em todas as
verdades que a Igreja ensina?
Sim, somos obrigados a
acreditar em todas as verdades que a Igreja nos ensina, e Jesus
Cristo declarou que quem não crê já está condenado.
173. Somos também obrigados a fazer tudo o que a
Igreja manda?
Sim, somos obrigados a
fazer tudo o que a Igreja manda, porque Jesus Cristo disse aos
Pastores da Igreja: “Quem vos ouve, a Mim me ouve, e quem vos
despreza a Mim me despreza”.
174. Pode enganar-se a Igreja nas coisas que nos
propõe para crermos?
Não. Nas coisas que nos
propõe para crermos, a Igreja não pode enganar-se, porque, segundo a
promessa de Jesus Cristo, é sempre assistida pelo Espírito Santo.
176. A Igreja Católica pode ser destruída ou
perecer?
Não. A Igreja Católica
pode ser perseguida, mas não pode ser destruída nem perecer. Ela há
de durar até ao fim do mundo, porque até ao fim do mundo Jesus
Cristo estará com Ela, como prometeu.
177. Por que é a Igreja Católica tão perseguida?
A Igreja Católica é tão
perseguida porque assim foi também perseguido o seu Divino Fundador,
e porque reprova os vícios, combate as paixões e condena todas as
injustiças e todos os erros.
178. Há outros deveres dos católicos para com a
Igreja?
Todo e qualquer cristão
deve ter para com a Igreja um amor ilimitado, considerar-se feliz e
infinitamente honrado por pertencer a Ela e empenhar-se pela glória
e aumento d’Ela por todos os meios ao seu alcance.
§ 3° Da Igreja docente e da Igreja discente
179. Há alguma distinção entre os membros que
compõem a Igreja?
Entre os membros que
compõem a Igreja há distinção muito importante, porque há uns que
mandam, outros que obedecem, uns que ensinam, outros que são
ensinados.
180. Como se chama a parte da Igreja que ensina?
A parte da Igreja que
ensina chama-se docente ou ensinante.
181. E a parte da Igreja que é ensinada como se
chama?
A parte da Igreja que é
ensinada chama-se discente.
182. Quem estabeleceu esta distinção na Igreja?
Esta distinção na Igreja
estabeleceu-a o próprio Jesus Cristo.
183. A Igreja docente e a Igreja discente são,
pois, duas Igrejas distintas?
A Igreja docente e a
Igreja discente são duas partes distintas de uma só e mesma Igreja,
como no corpo humano a cabeça é distinta dos outros membros, e, não
obstante, forma com eles um corpo só.
184. De que pessoas se compõe a Igreja docente?
A Igreja docente
compõe-se de todos os Bispos (quer-se encontrem dispersos, quer se
encontrem reunidos em Concílio), unidos à sua cabeça, o Romano
Pontífice.
185. E a Igreja discente de que pessoas é
composta?
Igreja discente é
composta de todos os fiéis.
186. Quais são as pessoas que têm na Igreja
autoridade de ensinar?
Os que têm na Igreja o
poder de ensinar são o Papa e os Bispos e, sob a dependência destes,
os outros ministros sagrados.
187. Somos obrigados a ouvir a Igreja docente?
Sim, sem dúvida, somos
todos obrigados a ouvir a Igreja docente, sob pena de condenação
eterna, porque Jesus Cristo disse aos Pastores da Igreja, na pessoa
dos Apóstolos: "Quem vos ouve, a Mim me ouve, e quem vos despreza, a
Mim me despreza".
188. Além da autoridade de ensinar, tem a Igreja
mais algum poder?
Sim, além da autoridade
de ensinar, a Igreja tem especialmente o poder de administrar as
coisas santas, de fazer leis e de exigir a sua observância.
189. Vem do povo o poder que têm os membros da
hierarquia eclesiástica?
O poder que têm os
membros da hierarquia eclesiástica não vem do povo, e seria heresia
dizê-lo; vem unicamente de Deus.
190. A quem compete o exercício destes poderes?
O exercício destes
poderes compete unicamente ao corpo hierárquico, isto é, ao Papa e
aos Bispos a ele subordinados.
§ 4º Do Papa e dos Bispos
191. Quem é o Papa?
O Papa, a quem chamamos
também Sumo Pontífice ou Romano Pontífice, é o sucessor de São Pedro
na Santa Sé, o Vigário de Jesus Cristo na terra, e o Chefe visível
da Igreja.
192. Por que o Romano Pontífice é o sucessor de
São Pedro?
O Romano Pontífice é o
sucessor de São Pedro porque São Pedro reuniu na sua pessoa a
dignidade de Bispo de Roma e de chefe da Igreja, e porque, por
disposição divina, estabeleceu em Roma a sua sede, e aí morreu. Por
isso, quem é eleito Bispo de Roma é também herdeiro de toda a sua
autoridade.
193. Por que o Romano Pontífice é o Vigário de
Jesus Cristo?
O Romano Pontífice é o
Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na terra, e faz as
suas vezes no governo da Igreja.
194. Por que o Romano Pontífice é o Chefe visível
da Igreja?
O Romano Pontífice é o
Chefe visível da Igreja porque a dirige visivelmente com a mesma
autoridade de Jesus Cristo, que é a cabeça invisível da Igreja.
195. Qual é, pois, a dignidade do Papa?
A dignidade do Papa é a
maior entre todas as dignidades da terra, e dá-lhe um poder supremo
e imediato sobre todos e cada um dos Pastores e dos fiéis.
196. Pode errar o Papa ao ensinar à Igreja?
O Papa não pode errar,
quer dizer, é infalível nas definições que dizem respeito à fé e aos
costumes.
197. Qual é o motivo por que o Papa é infalível?
O Papa é infalível em
razão da promessa de Jesus Cristo e da contínua assistência do
Espírito Santo.
198. Quando o Papa é infalível?
O Papa é infalível só
quando, na sua qualidade de Pastor e Mestre de todos os cristãos, em
virtude da sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina
relativa à fé e aos costumes, que deve ser seguida por toda a Igreja.
199. Quem não acredita nas definições solenes do
Papa que pecado comete?
Quem não acredita nas
definições solenes do Papa, ou ainda só duvida delas, peca contra a
fé; e, se se obstina nesta incredulidade, já não é católico, mas
herege.
200. Para que fim Deus concedeu ao Papa o dom da
infalibilidade?
Deus concedeu ao Papa o
dom da infalibilidade a fim de que todos estejam certos e seguros da
verdade que a Igreja ensina.
201. Quando foi definido que o Papa é infalível?
A infalibilidade do Papa
foi definida pela Igreja no Concilio do Vaticano; e, se alguém
ousasse contradizer esta definição, seria herege e excomungado.
202. A Igreja, ao definir que o Papa é infalível,
estabeleceu porventura uma nova verdade de fé?
Não. A Igreja, ao definir
que o Papa é infalível, não estabeleceu uma nova verdade de fé, mas
só definiu, para se opor a erros novos, que a infalibilidade do
Papa, contida já na Sagrada Escritura e na Tradição, é uma verdade
revelada por Deus, e que, por conseguinte, se deve crer como dogma
ou artigo de fé.
203. Como o católico deve proceder para com o
Papa?
O católico deve
reconhecer o Papa como Pai, Pastor e Mestre universal, e estar unido
a ele de espírito e coração.
204. Depois do Papa, quais são, por instituição
divina, as personagens mais venerandas na Igreja?
Depois do Papa, por
instituição divina, as personagens mais venerandas da Igreja são os
Bispos.
205. Quem são os Bispos?
Os Bispos são os Pastores
dos fiéis, estabelecidos pelo Espírito Santo para governar a Igreja
de Deus, nas sedes que lhes são confiadas sob a dependência do
Romano Pontífice.
206. Que é o Bispo na própria diocese?
O Bispo na própria
diocese é o Pastor legítimo, o Pai, o Mestre, o superior de todos os
fiéis, eclesiásticos e leigos, que pertencem à mesma diocese.
207. Por que o Bispo se chama Pastor legítimo?
Chama-se o Bispo Pastor
legítimo porque a jurisdição, isto é, o poder que tem de governar os
fiéis da própria diocese, lhe foi conferido segundo as normas e leis
da Igreja.
208. De quem são sucessores o Papa e os Bispos?
O Papa é sucessor de São
Pedro, Príncipe dos Apóstolos, e os Bispos são sucessores dos
Apóstolos, no que diz respeito ao governo ordinário da Igreja.
209. Deve o fiel estar unido ao próprio Bispo?
Sim, todo e qualquer
fiel, eclesiástico ou leigo, deve estar unido de espírito e de
coração ao próprio Bispo que está em graça e comunhão com a Sé
Apostólica.
210. Como deve proceder o fiel para com o próprio
Bispo?
Todo e qualquer fiel,
eclesiástico ou leigo, deve respeitar, amar e honrar o próprio
Bispo, e prestar-lhe obediência em tudo o que se refere ao bem das
almas e ao governo espiritual da diocese.
211. Quais são os auxiliares do Bispo na cura das
almas?
Os auxiliares do Bispo na
cura das almas são os sacerdotes e principalmente os párocos.
212. Quem é o pároco?
O pároco é um sacerdote
delegado para presidir e dirigir, sob a dependência do Bispo, uma
porção da diocese, que se chama paróquia.
213. Que deveres têm os fiéis para com o seu
pároco?
Os fiéis devem
conservar-se unidos ao seu pároco, ouvi-lo com docilidade,
professar-lhe respeito e submissão em tudo o que interessa ao bem da
paróquia.
§ 5° Da comunhão dos Santos
214. Que nos ensina o nono artigo do Credo com
aquelas palavras: na comunhão dos Santos?
Com as palavras: na
comunhão dos Santos, o nono artigo do Credo ensina-nos que na
Igreja, pela íntima união que existe entre todos os seus membros,
são comuns os bens espirituais, assim internos como externos, que
lhe pertencem.
215. Quais são na Igreja os bens comuns internos?
Os bens comuns internos
na Igreja são: a graça que se recebe nos Sacramentos, a Fé, a
Esperança, a Caridade, os merecimentos infinitos de Jesus Cristo, os
merecimentos superabundantes da Santíssima Virgem e dos Santos, e o
fruto de todas as boas obras que na mesma Igreja se fazem.
216. Quais são os bens externos comuns na Igreja?
Os bens externos comuns
na Igreja são: os Sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa, as
orações públicas, as funções religiosas e todas as outras práticas
exteriores que unem entre si os fiéis.
217. Nesta comunhão de bens entram todos os filhos
da Igreja?
Na comunhão dos bens
internos entram somente os cristãos que estão na graça de Deus; os
que estão em pecado mortal não participam de todos estes bens.
218. Por que não participam de todos estes bens
aqueles que estão em pecado mortal?
Porque é a graça de Deus,
vida sobrenatural da alma, que une os fiéis a Deus e a Jesus Cristo
como seus membros vivos e os torna capazes de fazer obras meritórias
para a vida eterna; e porque aqueles que se encontram em estado de
pecado mortal, não tendo a graça de Deus, estão excluídos da
comunhão perfeita dos bens espirituais e não podem fazer obras
meritórias para a vida eterna.
219. Então os cristãos que estão em pecado mortal
não tiram proveito nenhum dos bens internos e espirituais da Igreja?
Os cristãos que estão em
pecado mortal tiram, ainda assim, algum proveito dos bens internos e
espirituais da Igreja, porquanto conservam o caráter de cristãos,
que é indelével, e a virtude da Fé, que é a raiz de toda a
justificação. Por isso são auxiliados pelas orações e boas obras dos
fiéis, para obterem a graça da conversão.
220. Os que estão em pecado mortal podem
participar dos bens externos da Igreja?
Os que estão em pecado
mortal podem participar dos bens externos da Igreja, contanto que
não estejam separados da mesma Igreja pela excomunhão.
221. Por que os membros desta comunhão,
considerados em seu conjunto, se chamam Santos?
Os membros desta comunhão
chamam-se Santos porque todos são chamados à santidade, e foram
santificados por meio do Batismo e muitos deles atingiram já a
santidade perfeita.
222. A comunhão dos Santos estende-se também ao
Céu e ao Purgatório?
Sim, a comunhão dos
Santos estende-se também ao Céu e ao Purgatório, porque a caridade
une as três igrejas – triunfante, padecente e militante; e os Santos
rogam a Deus por nós e pelas almas do Purgatório, e nós damos honra
e glória aos Santos, e podemos aliviar as almas do Purgatório,
aplicando, em sufrágio delas, Missas, esmolas, indulgências e outras
boas obras.
§ 6° Daqueles que estão fora da Igreja
223. Quem são os que não participam da comunhão
dos Santos?
Aqueles que não
participam da comunhão dos Santos são, na outra vida, os condenados,
e, nesta vida, aqueles que não pertencem nem à alma nem ao corpo da
Igreja, quer dizer, aqueles que estão em estado de pecado mortal ou
se encontram fora da verdadeira Igreja.
224. Quem são os que se encontram fora da
verdadeira Igreja?
Encontram-se fora da
verdadeira Igreja os infiéis, os judeus, os hereges, os apóstatas,
os cismáticos e os excomungados.
225. Quem são os infiéis?
Os infiéis são aqueles
que não foram batizados e não crêem em Jesus Cristo, seja porque
crêem e adoram falsas divindades, como os idólatras; seja porque,
embora admitam o único Deus verdadeiro, não crêem em Cristo Messias,
nem como vindo na pessoa de Jesus Cristo, nem como havendo de vir
ainda: tais são os maometanos e outros semelhantes.
226. Quem são os judeus?
Os judeus são aqueles que
professam a lei de Moisés, não receberam o batismo, nem crêem em
Jesus Cristo.
227. Quem são os hereges?
Os hereges são as pessoas
batizadas que recusam com pertinácia crer em alguma verdade revelada
por Deus e ensinada como de fé pela Igreja Católica: por exemplo, os
arianos, os nestorianos e as várias seitas dos protestantes.
228. Quem são os apóstatas?
Os apóstatas são aqueles
que abjuram, isto é, renegam, com ato externo, a fé católica que
antes professavam.
229. Quem são os cismáticos?
Os císmáticos são os
cristãos que, não negando explicitamente dogma algum, se separam
voluntariamente da Igreja de Jesus Cristo ou dos legítimos Pastores.
230. Quem são os excomungados?
Os excomungados são
aqueles que por faltas graves são fulminados com excomunhão pelo
Papa ou pelo Bispo, e, portanto, são separados, como indignos, do
corpo da Igreja, a qual espera e deseja a sua conversão.
231. Deve-se temer a excomunhão?
Deve-se temer grandemente
a excomunhão, porque é o castigo mais grave e mais terrível que a
Igreja pode infligir aos seus filhos rebeldes e obstinados.
232. De que bens ficam privados os excomungados?
Os excomungados ficam
privados das orações públicas, dos Sacramentos, das indulgências e
excluídos da sepultura eclesiástica.
233. Podemos nós auxiliar de alguma maneira os
excomungados?
Nós podemos auxiliar de
alguma maneira os excomungados e todos os outros que estão fora da
verdadeira Igreja com advertências salutares, com orações e boas
obras, suplicando a Deus que pela sua misericórdia lhes conceda a
graça de se converter à Fé e de entrar na comunhão dos Santos.
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