lInstituto Missionário dos Filhos e Filha da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

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Dize o primeiro artigo do Credo.

 

R= "Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e da terra" (São Pio X, Catecismo Maior, Primeira Parte, Capítulo I, 18, 1).

 

"O primeiro artigo do Credo ensina-nos que há um só Deus, o qual é todo-poderoso, e criou o céu e a terra e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo" (São Pio X, Catecismo Maior, Primeira parte, Capítulo I, 22).

"Creio em Deus Pai": "Nossa profissão de fé começa com Deus, pois Deus é 'o Primeiro e o Último' (Is 44, 6), o Começo e o Fim de tudo de tudo. O Credo começa com Deus Pai, pois o Pai é a Primeira Pessoa Divina da santíssima Trindade; nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o começo e o fundamento de todas as obras de Deus" (Catecismo da Igreja Católica, 198).

"Todo-poderoso": "De todos os atributos divinos, só a onipotência de deus é mencionada no Símbolo: confessá-la é de grande importância para nossa vida. Nós cremos que ela é universal, pois deus, que criou tudo, governa tudo e pode tudo, é também de amor, pois Deus é nosso Pai; e é misteriosa, pois somente a fé pode discerni-la, quando (a onipotência divina) 'se manifesta na fraqueza' (2 Cor 12, 9)" (Catecismo da Igreja Católica, 268), e: "Deus é o Pai todo-poderoso. Sua paternidade e seu poder iluminam-se mutuamente. Com efeito, ele mostra sua onipotência paternal pela maneira como cuida de nossas necessidades, pela adoção filial que nos outorga ('Serei para vós um pai, e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor todo-poderoso': 2 Cor 6, 18) e finalmente por sua misericórdia infinita, pois mostra seu poder no mais alto grau, perdoando livremente os pecados" (Idem, 270).

"Criador": "No princípio, Deus criou o céu e a terra' (Gn 1, 1). Com essas solenes palavras inicia-se a sagrada escritura. O Símbolo da fé retoma estas palavras confessando Deus Pai todo-poderoso como 'o Criador do céu e da terra', ' de todas as coisas visíveis e invisíveis" (Catecismo da Igreja Católica, 279).

"O céu e a terra": "O Símbolo dos Apóstolos professa que Deus é 'o Criador do céu e da terra', e o Símbolo niceno-constantinopolitano explicita: '...do universo visível e invisível.

Na Sagrada Escritura, a expressão 'céu e terra' significa tudo aquilo que existe, a criação inteira. Indica também o nexo no interior da criação, que ao mesmo tempo une e distingue céu e terra: 'a terra' é o mundo dos homens; 'o céu' ou 'os céus' pode designar o firmamento, mas também o 'lugar' próprio de Deus: 'nosso Pai nos céus' (Mt 5, 16)" (Catecismo da Igreja Católica, 326).

 

 

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Quem é Deus?

 

R= "Deus é um puro espírito, eterno, infinitamente perfeito, criador do céu e da terra e soberano Senhor de todas as coisas" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

"É um puro espírito, isto é, um Ser invisível, ainda que real; é uma inteligência vivente sem corpo nem figura que não se pode ver nem tocar. - Sua natureza consiste ainda em não ter começo, nem fim, pois é eterno; consiste também em reunir em si mesmo todas as perfeições em um grau infinito.

Com relação ao mundo e a nós, Ele é o Criador, isto é, Ele, com nada, fez o céu  a terra e tudo o que encerram; é também o mestre absoluto do universo inteiro, isto é, governa tudo e poderia aniquilar tudo" (Idem).

           

 

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Quais são as principais perfeições de Deus?

 

R= 1° A eternidade. — Deus, sendo o ser necessário, a causa primordial, sempre existiu e existirá sempre; pois que existe por si mesmo, não pode ter nem começo, nem sucessão, nem fim.

 

2° A unidade. — Esta qualidade pertence igualmente á essência divina; de outro modo Deus não seria mais o Ser supremo. A razão nos diz que basta um Deus para explicar tudo e que o infinito não podendo ter coisa igual, vários deuses se excluiriam uns aos outros.

 

3° A simplicidade. — Esta palavra exprime a exclusão de todas as imperfeições do composto e da matéria; é isto que significa a expressão: puro espírito.

 

4° A imutabilidade. — Isto é, Deus não muda, não pode adquirir nem perder coisa alguma; não modifica suas previsões nem suas vontades, e as variações que lhe atribuímos não existem, senão com relação a nós.

 

5º A imensidade. — Sem limites no tempo, Deus nem tão pouco os tem na extensão. Está em toda a parte, no céu, sobre a terra, em todos os lugares, não como os corpos que necessitam de uma porção limitada do espaço, mas como os espíritos e, mais ou menos, como nossa alma está toda inteira e em cada parte do corpo que ela anima (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

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Há em Deus outras perfeições?

R= Sim. "Há em Deus outras perfeições que se designam pelo nome de atributos operativos e que são os princípios dos seus atos; Ele os possui no supremo grau, mas permite que o homem os possua também em certo grau" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

"1° A inteligência, que se chama em Deus onisciência ou sabedoria infinita; por ela Deus vê tudo junto: o passado, o presente e até os nossos mais secretos pensamentos, e isto sem diminuir em nada a nossa liberdade.

 

2° A vontade: é, em Deus, uma faculdade livremente ativa de fazer o que lhe apraz; a vontade humana é a imagem da vontade divina, com esta diferença porém, que em Deus a infinita perfeição exige que sua vontade não se dirija senão para o bem.

 

3° A onipotência: isto é, Deus fez e pode fazer tudo o que Ele quer, sem esforço e por sua só vontade, exceto tudo o que envolve pecado ou contradição" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

 

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Há ainda outras perfeições em Deus?

R= Sim. "Deus possui ainda outras perfeições que se chamam atributos morais. São como que as virtudes de Deus, que as criaturas racionais devem procurar imitar" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

"1° A sabedoria: é esta perfeição moral em virtude da qual Deus se determina sempre para fins dignos de sua infinita perfeição.

 

A bondade: é esta propensão que leva Deus a procurar o bem de suas criaturas. — A bondade de Deus é tão manifesta, que costumamos designa-lO por este atributo, e dizemos: o bom Deus! Quando a bondade de Deus se exerce em favor do pecador e tende a converte-lO e conceder-lhe o perdão, chama-se misericórdia.

 

A santidade: designamos por esta palavra o ódio infinito ao mal. Na realidade, Deus é santo: pois não pôde amar o pecado e é, pelo contrario, o autor de todas as virtudes. — A santidade tem por conseqüência a justiça, que consiste em castigar o mal e recom­pensar a virtude.

 

A Providencia: é uma perfeição que abrange a sabedoria, a bondade e a solicitude de Deus no governo do mundo. Em virtude de sua providencia Deus toma cuidado de todas as criaturas. Governa o mundo físico, o sol, os astros, a terra, as estações, o oceano. Vela em particular sobre o homem, “não permitindo que um cabelo caia da nossa cabeça sem sua ordem” Governa igualmente os povos, e a historia da humanidade não é senão o resultado da ação de Deus sobre os impérios, como o mostra Bossuet no seu admirável livro a Historia universal.

Algumas desordens aparentes no mundo físico ou no mundo moral não anulam o dogma da Providência; neste mundo não podemos apreciar as razões de Deus; só na eternidade é que havemos de avaliá-las perfeitamente" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Primeira Parte, 1º Artigo, II).

 

 

 

 

Da Santíssima Trindade

 

 

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Quantos deuses há?

R= "Há um só Deus e não pode haver mais do que um" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"A confissão da Unicidade de Deus, que tem a sua raiz na Revelação Divina na Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus, e igualmente fundamental. Deus é Único: só existe um Deus: 'A fé cristã confessa que há Um só Deus, por natureza, por substância e por essência" (Catecismo Romano 1, 2, 2)" (n. 200).

"Deus é o único Deus, o Deus fiel..." (Dt 7, 9).

 

 

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Quantas pessoas há em Deus?

R= "Em Deus há três pessoas iguais e realmente distintas, que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

“A manifestação clara de um Deus em três Pessoas distintas temos na Anunciação de Maria, em que se fala claramente de Deus, do Filho de Deus e do Espírito Santo. “O anjo Gabriel, diz-nos o evangelho, foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria”. E' Deus Pai que enviou o anjo. Depois que o anjo a saudou, disse-lhe: eis que conceberás e darás à luz um filho, e dar-lhe-ás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e Deus dar-lhe-á o trono de seu pai Davi e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Por fim o anjo explica a Maria: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo cobrir-te-á com a sua sombra. E por isso o santo que nascerá de ti será chamado Filho de Deus” (Lc l, 26-35).

No batismo de Jesus, igualmente, se manifesta a trindade das Pessoas divinas. Jesus Cristo, o Filho de Deus, tinha-se apresentado a João Batista, no Jordão, e fizera-se batizar por ele; apenas Jesus saiu da água, os céus abriram-se, e o Espírito Santo, em figura de pomba, desceu sobre ele, e ouviu-se uma voz que dizia: “Este é meu Filho querido, a quem sempre tanto amei” (Mt 3, 17). E' a voz do Pai celeste.

Quando Jesus fez a promessa do Espírito Santo, assim se expressou: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador... o Espírito de Verdade” (Jo 14, 16-17). Vemos nestas palavras de Jesus Cristo que o Filho roga, pede; o Pai é rogado e envia; o Espírito Santo é enviado à terra. Portanto, aparecem três Pessoas iguais e têm a mesma natureza, quer dizer, são um só Deus.

Várias vezes falou Jesus sobre as três Pessoas divinas. Revelou, porém, claramente este mistério de Deus em três Pessoas quando, após a sua ressurreição, promulgou a lei do batismo, dizendo aos apóstolos: “Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a observar tudo o que vos tenho mandado” (Mt 28, 19-20). Notemos que Jesus não diz “em nomes”, mas “em nome”, no singular, querendo dizer uma só coisa, uma só natureza divina, que é Deus. Mas diz também três Pessoas — Pai, Filho, Espírito Santo.

Os ensinamentos de Cristo a respeito de um Deus em três Pessoas distintas são claros. Eis o mistério: existe um só Deus, e Deus existe em três Pessoas iguais e distintas, que são as três Pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.

Para que um ser seja uma pessoa é preciso ter inteligência. Cada um de nós é uma pessoa. Pedro, Joaquim, são pessoas. Não são pessoas um boi ou uma pedra. Entre as criaturas, onde há várias pessoas, há desigualdade. Uma é grande, outra é pequena; uma é fraca, outra é forte; uma é mais velha, outra mais moça. Isto que se dá entre os homens não se verifica nas três Pessoas divinas. São realmente distintas as três Pessoas divinas, isto é, uma não é a outra. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo; o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo; o Espírito Santo não é o Pai, nem o Filho. Até aqui tudo claro. Não compreendemos, porém, que essas três Pessoas divinas sejam perfeitamente iguais: todas as três têm a mesma natureza divina, isto é, a mesma inteligência, o mesmo poder, a mesma vontade, por outras palavras, todas as três têm o mesmo pensamento, o mesmo querer, a mesma atividade no mundo. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, mas só há um Deus. É um mistério que nós não podemos nunca compreender. Podemos, contudo, ilustrá-lo por algumas comparações.

São Patrício, o primeiro apóstolo dos irlandeses, aos quais levou as primeiras noções do evangelho, pregando àqueles povos pagãos o mistério da Santíssima Trindade, julgavam eles que as três Pessoas fossem três deuses. Então o santo, para tornar a idéia um pouco acessível, tomou uma folha de trevo, e mostrou-lhes três folhinhas distintas, mas constituindo uma só folha. Do mesmo modo, disse ele, que estas três folhas constituem uma só folha, assim também as três Pessoas divinas constituem um só Deus. E aqueles pagãos acreditaram que em Deus há três Pessoas e que as três Pessoas não fazem senão um Deus só. Este fato é comemorado por todos os irlandeses no dia 17 de março, festa de São Patrício, em que todos os fiéis levam no paletó ou no chapéu um raminho de trevo, em recordação da evangelização cristã de São Patrício. O que sucedeu com São Patrício ocorreu com todos os Missionários. Todos eles pregaram a doutrina e a devoção à Santíssima Trindade. Isto também aconteceu no Brasil; o Pe. Anchieta e todos os missionários ensinaram aos nossos índios a devoção à Santíssima Trindade.

Vejamos outra comparação, que poderá igualmente ilustrar este mistério de um Deus em três Pessoas iguais e realmente distintas: imaginemos uma lanterna de três lados, cujos vidros sejam de cor diferente, digamos: verde, encarnado, amarelo. Pondo na lanterna uma vela acesa, ela, embora seja uma só, de um lado aparecerá verde, do outro encarnado, do outro amarela, como se fossem três velas distintas.

Assim também em Deus, as três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus verdadeiro, possuem uma e a mesma natureza divina.

As três Pessoas Divinas são um só Deus, que está em toda a parte, é onipotente, sabe tudo, e é a bondade infinita. Entre os homens o pai vem antes do filho; mas isto não se dá com as Pessoas divinas; as três Pessoas divinas são todas eternas. Não o compreendemos, mas devemos lembrar-nos de que estamos diante de um mistério, que foi revelado pelo próprio Deus, sabedoria infinita, que não pode enganar.

Agradeçamos a Deus por nos ter revelado este mistério sublime de um só Deus em três pessoas. Adoremo-lO e vivamos para este Deus que nos fez para si.

Rezemos com devoção muitas vezes na vida o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Façamos também muitas vezes com devoção o sinal da cruz que é o sinal do cristão e no qual nós afirmamos que existe um só Deus em três Pessoas iguais e realmente distintas” (Leituras da Doutrina Cristã, I Dogma).

 

 

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Como se chama esse mistério de um Deus em três pessoas iguais e realmente distintas: Pai, Filho e Espírito Santo?

R= "Chama-se o mistério da Santíssima Trindade" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

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Que é o mistério da Santíssima Trindade?

R= "É o mistério de um só Deus em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Estas três pessoas distintas entre si, não são contudo senão um só Deus, porque elas têm, uma mesma natureza divina. A primeira pessoa é chamada Pai, porque é o principio, e gera de toda eternidade ao Filho, consubstancial a ela; a segunda é chamada Filho, porque, de toda eternidade, é gerada pelo Pai, tendo a mesma natureza ou substância que ele. A terceira pessoa é o Espírito Santo que procede a um tempo do Pai e do Filho, desde toda a eternidade igualmente; de maneira que as três pessoas divinas são iguais em tudo, não tendo senão uma única e mesma substância, sem ser uma mais antiga, nem mais poderosa, nem mais perfeita que as outras" (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa, Primeira Parte, Iº Artigo).

 

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Como conhecemos o mistério da Santíssima Trindade?

R= "Nós o conhecemos porque o próprio Deus no-lo revelou. Este mistério era pouco conhecido dos Judeus, mas no seu Evangelho, Nosso Senhor falou a miúdo de seu Pai e do Espírito Santo, e ensinou-nos que eram com ele um só e mesmo Deus. Mandou seus apóstolos batizar as nações em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. São João nos diz: “São três no Céu que dão testemunho: o Pai, o Verbo (ou o Filho), e o Espírito Santo, e estes três são um só” (I Ep, v, 7). A Trindade se manifestou no Batismo de Nosso Senhor e na sua Transfiguração: o Pai, que falava do alto do Céu, o Filho que estava glorificado, e o Espírito Santo que baixava nele sob a forma de pomba ou de nuvem luminosa. Por isso, a crença na Santíssima Trindade, sempre fez parte do dogma católico: os Símbolos da nossa fé, e mais especialmente o de Santo Atanásio no-la mostram expressa" (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa, Primeira Parte, Iº Artigo).

 

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Podemos conceber o mistério da Santíssima Trindade?

 

R= "Ainda que não seja possível entendermos o mistério da Santíssima Trindade, podemos, todavia, concebe-lo, isto é, fazer uma idéia dele. Eis aqui como se exprimem os doutores : “Deus Pai, sendo o Ser infinitamente inteligente e ativo, não foi jamais um instante sequer sem ter conhecimento de si próprio. Ora este conhecimento infinito, perfeito, igual a Deus, embora distinto dele, é sua Sabedoria ou seu Verbo, o qual, possuindo necessariamente uma realidade diferente, chama-se Filho. — Mas Deus Pai, conhecendo-se tal qual é, e conhecendo o Filho com suas infinitas perfeições, não pôde deixar de amá-lo. E este Filho, do mesmo modo conhecendo seu Pai, não pôde deixar de o amar com um amor eterno e infinito. Ora este amor recíproco do Pai e do Filho, realidade necessariamente subsistente, chama-se terceira pessoa, ou Espírito Santo. Procede a um tempo do Pai e do Filho, e é Deus também sendo infinito e eterno como eles”.

     Por outra parte, para facilitar a concepção deste dogma, Deus multiplicou em todo lugar, na natureza, imagens, símbolos da sua Trindade. Hajam vista a raiz, o caule e os ramos, formando uma só planta; no sol, o foco, a luz e o calor fazendo somente um astro; na família, o pai, a mãe, a criança que são uma como trindade da terra. A vida do homem encerra três vidas: animal, intelectual, sobrenatural. Sua alma, principalmente, é como que o transunto da Trindade celeste: ser único, tem ela três faculdades, sensibilidade, inteligência, vontade; ela é o principio do seu pensamento e do seu amor. Se cada uma destas três coisas: princípio, pensamento, amor fosse em nós uma personalidade, teríamos a trindade na unidade" (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa, Primeira Parte, Iº Artigo).

 

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Quais são as obras ou operações das três pessoas da Santíssima Trindade?

R= "As três pessoas divinas, por terem a mesma substância divina, não se manifestam exteriormente uma sem a outra e tudo, no mundo é sua obra comum. — Não obstante, por apropriação, e por modo de falar, atribuímos geralmente ao Pai a criação, como obra de poder; ao Filho a redenção como obra de Sabedoria, e ao Espírito Santo a santificação, como obra de santidade. Mas na realidade, as três pessoas divinas cooperam em todas estas obras. Devemos notar entretanto, que a redenção foi a obra do Filho por ser pessoalmente levada a efeito por ele; pois é unicamente a segunda pessoa que se fez homem, e nos remiu" (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa, Primeira Parte, Iº Artigo).

 

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Qual é a primeira pessoa da Santíssima Trindade?

R= "A primeira pessoa da Santíssima Trindade é o Pai" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Os discípulos de Jesus queriam aprender a rezar e perguntaram a Seu Mestre: Senhor, como é que temos que dizer quando rezamos?... E Jesus respondeu... Não disse que chamasse a Deus de "Senhor", nem de "Todo-o]poderoso" ou de "Criador", mesmo que seja verdade que Deus tem direito a todos esses títulos. Ele disse: Quando falardes com Deus haveis de dizer: Pai Nosso. Acima de outros títulos, Deus estima o título de Pai. Melhor que como Criador, Senhor e Todo-poderoso, Ele quer que nós os homens O reconheçamos como Pai" (Leituras da Doutrina Cristã, I Dogma).

"Nossa profissão de fé começa com Deus, pois Deus é 'o Primeiro e o Último' (Is 44, 6), o Começo e o Fim de tudo. O Credo começa com Deus Pai, pois o Pai é a Primeira Pessoa Divina da Santíssima Trindade; nosso Símbolo começa pela criação do céu e da terra, porque a criação é o começo e o fundamento de todas as obras de Deus" (Catecismo da Igreja Católica, 198).

 

 

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Qual é a segunda pessoa da Santíssima Trindade?

R= "A segunda pessoa da Santíssima Trindade é o Filho" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial" (Gl 4, 4-5). Este é "o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Deus visitou seu povo, cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua descendência; fê-lo para além de toda expectativa: enviou seu "Filho bem-amado". Cremos e confessamos que Jesus de Nazaré, nascido judeu de uma filha de Israel, em Belém, no tempo do rei Herodes Magno e do Imperador César Augusto, carpinteiro de profissão, morto e crucificado em Jerusalém, sob o procurador Pôncio Pilatos, durante o reinado do imperador Tibério, é o Filho eterno de Deus feito homem; que ele "veio de Deus" (Jo 13, 3), "desceu do céu" (Jo 3, 13; 6, 33), "veio na carne", pois "o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos sua glória,, glória que ele tem junto ao Pai, como Filho único, cheio de graça  e de verdade... Pois de sua plenitude nós recebemos graça por graça" (Jo 1, 14-16) (Catecismo da Igreja Católica, 422-423).

         

 

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Qual é a terceira pessoa da Santíssima Trindade?

R= "A terceira pessoa da Santíssima Trindade é o Espírito santo" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Sabemos que é uma das três Pessoas divinas que, com o Pai e o Filho, constituem a santíssima Trindade. sabemos também que é designado por outros nomes: Ele é o Paráclito (palavra grega que significa "Consolador"), o Advogado (que defende a causa dos homens diante de Deus), o Espírito de Verdade, o Espírito de Deus e o Espírito de Amor" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IX).

 

 

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O Pai é Deus?

R= "Sim; o Pai é Deus" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

a. "Paulo, apóstolo - não da parte dos homens nem por intermédio de um homem, mas por Jesus Cristo e Deus Pai que o ressuscitou dentre os mortos" (Gl 1, 1).

b. "Graça e paz a vós da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo" (Ef 1, 2).

c. "A vós graça da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus cristo" (Fl 1, 2).

d.  "... a vós graça e paz da parte de Deus, nosso Pai" (Cl 1, 2).

 

 

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O Filho é Deus?

R= "Sim; o Filho é Deus" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

a. "Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?" (Lc 1, 43).

b. "No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus" (Jo 1, 1).

c. "Aos quais pertencem os patriarcas, e dos quais descende o Cristo, segundo a carne, que é acima de tudo, Deus bendito pelos séculos! Amém" (Rm 9, 5).

d. "Aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador, Cristo Jesus" (Tt 2, 13).

 

 

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O Espírito santo é Deus?

R= "Sim; o Espírito Santo é Deus" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Ananias, por que encheu Satanás o teu coração para mentires ao Espírito Santo, retendo parte do preço do terreno? Porventura, mantendo-o não permaneceria teu e, vendido, não continuaria em teu poder? Por que, pois, concebeste em teu coração esse projeto? Não foi a homens que mentiste, mas a Deus" (At 5, 3-4).

 

 

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Então são três deuses?

R= "Não; são três pessoas distintas, mas um só Deus" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Deus Pai e Deus Filho contemplam a amabilidade infinita um do outro. E flui entre essas duas Pessoas um Amor divino. É um amor tão perfeito, de tão infinito ardor, que é um amor vivo, a que chamamos Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Como dois vulcões que trocam entre si uma mesma corrente de fogo, o Pai e o Filho correspondem-se eternamente por meio dessa Chama Viva de Amor. Por isso dizemos no Credo niceno que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IX), e: "A confissão da Unicidade de Deus, que tem sua raiz na Revelação Divina da Antiga Aliança, é inseparável da confissão da existência de Deus,  igualmente fundamental. Deus é Único, só existe um Deus. 'A fé cristã confessa que há Um só Deus, por natureza, por substância e por essência" (Catecismo da Igreja Católica, 200).

 

 

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Por que são as três pessoas da Santíssima Trindade um só Deus, e qual das três é maior, mais poderosa e mais sábia?

R= "As três pessoas da Santíssima Trindade são um só Deus, porque todas três têm uma só e a mesma natureza divina. As três pessoas são todas iguais, porque todas têm a mesma natureza divina, o mesmo poder e a mesma sabedoria" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Esta é a vida interior da Santíssima Trindade: Deus que conhece, Deus conhecido e Deus que ama e é amado. Três Pessoas divinas, cada uma distinta das outras duas na sua relação com elas e, ao mesmo tempo, possuidora da mesma e única natureza divina em absoluta e perfeita unidade. Possuindo por igual a natureza divina, não há subordinação de uma Pessoa a outra. Deus Pai não é mais sábio que Deus Filho, Deus Filho não é mais poderoso que Deus Espírito Santo"  (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IX).

 

 

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Não existiu o Pai antes do Filho e antes do Espírito Santo?

R= "Não; o Pai não existiu antes do Filho, nem antes do Espírito Santo, porque todas esses três pessoas divinas são igualmente eterna" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Devemos precaver-nos também para não imaginar a Santíssima Trindade em termos temporais. Deus Pai não 'veio' em primeiro lugar, e depois, um pouco mais tarde, Deus Filho, e por último Deus Espírito Santo. Este processo de conhecimento e amor que constitui a vida íntima da Trindade existe desde toda a eternidade; não teve princípio" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IX).

 

 

 

 

De Deus Criador

- Dos anjos -

 

 

 

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Que são os anjos?

R= "Os anjos são puros espíritos, que não são, como a nossa alma, unidos a corpos, e que Deus criou para adorá-lO e servi-lO" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

"Deus é criador do céu e da terra e de todo o mundo, e formador dos Anjos e dos homens. Só Ele é Pai, Deus criador, formador e moldador. Ele criou e formou ambas as coisas, tudo: o visível e o invisível, neste mundo e no céu... Por conseguinte, criou também os seres espirituais. O universo não foi criado nem formado pelos Anjos; Deus não necessita deles para esse fim... Os Anjos são espirituais, não possuem carne" (Santo Irineu de Lião), e: "É necessário admitir-se que os Anjos bem como todos os seres com exceção de Deus, foram criados por Deus. De fato, só Deus é a Sua própria existência, enquanto que, em todos os demais seres, a essência difere da existência, e esta, sendo contingente, requer a criação por parte do Ser Supremo que é Deus" (Archibald Joseph Macintyre, Os Anjos, Uma Realidade Admirável, Capítulo 6).

 

 

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Em que estado Deus criou os anjos?

R= "Deus criou os anjos em estado de inocência e santidade" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

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Deus criou os anjos dotando cada um de uma vontade que o faz supremamente livre?

R= Sim: "Sabemos que para se alcançar o céu é necessário amar a Deus. É pelos seus ato de amor a Deus que um espírito, seja anjo ou alma humana, fica habilitado a ir para o céu. E este amor tem que ser provado pelo único modo como o amor pode ser provado: pela livre e voluntária submissão da vontade criada por Deus, por aquilo que chamamos comumente um 'ato de obediência' ou um 'ato de lealdade" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IV).

 

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Deus dotou os anjos de livre-arbítrio?

R= Sim: "Para que fossem capazes de fazer  o seu ato de amor por Ele, de escolhê-lo. Só depois é que o veriam face a face; só então poderiam entrar nessa união eterna com Ele a que chamamos 'céu" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IV).

 

"Nos Anjos há livre arbítrio, isto é, capacidade de livre escolha, pois como vimos, onde quer que haja entendimento deve haver possibilidade de escolha. Ora, se há livre arbítrio nos homens, com mais razão deverá havê-lo nos anjos, seres muito mais inteligentes, e capazes de melhor discernir para escolher" (Archibald Joseph Macintyre, Os Anjos, Uma Realidade Admirável, Capítulo 8).

 

 

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Perseveram todos os anjos no estado de inocência e santidade?

R= "Não; alguns anjos perseveraram no bem e outros se revoltaram contra Deus" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Deus não nos deu a conhecer a espécie de prova a que submeteu os anjos. Muitos teólogos pensam que deu aos anjos uma visão prévia de Jesus Cristo, o Redentor da raça humana, e lhes mandou que o adorassem...: Jesus Cristo em todas as suas humilhações, uma criança no estábulo, um criminoso na cruz. Segundo esta teoria, alguns anjos se teriam rebelado ante a perspectiva de terem que adorar ao Deus encarnado. Conscientes da sua própria magnificência espiritual, da sua beleza e dignidade, não quiseram fazer o ato de submissão que a adoração a Jesus Cristo lhes pedia. Sob a chefia de um dos anjos mais dotados, Lúcifer, 'Portador da luz', o pecado de orgulho afastou de Deus muitos anjos, e o terrível grito, 'não servirei', percorreu os céus" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IV).

 

 

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Como se chamam os anjos que perseveraram no bem?

R= "Os anjos que perseveraram no bem chamam-se anjos bons ou simplesmente anjos" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Imediatamente os bons anjos, guiados por São Miguel Arcanjo, fiéis totalmente a Deus, precipitaram Lúcifer e os anjos maus no inferno, que Deus precisou criar para receber eternamente esses demônios e seus seguidores. Os anjos bons foram confirmados no bem, não podem mais pecar e gozam da felicidade eterna" (Leituras da Doutrina Cristã, I Dogma).

 

 

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Como se chamam os anjos que se revoltaram contra Deus?

R= "Os anjos que se revoltaram contra Deus chamam-se anjos maus ou demônios" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Não sabemos quantos anjos pecaram; Deus não quis informar-nos acerca disso. Pelas referências da sagrada escritura, inferimos que os anjos caídos (os 'demônios', como comumente os chamamos) são numerosos. Mas o mais provável é que a maioria das hostes celestiais tenha permanecido fiel a Deus, tenha feito o seu ato de submissão a Deus e esteja com Ele no céu" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IV).

 

 

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Como foram punidos os anjos rebeldes?

R= "Os anjos rebeldes foram punidos com a expulsão do céu e a condenação ao inferno" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"E assim começou o inferno. Porque o inferno é, essencialmente, a rebelião de um espírito que se separa de Deus. Quando a raça humana pecou na pessoa de Adão, Deus ofereceu ao gênero humano uma segunda oportunidade. Mas não houve segunda oportunidade para os anjos rebeldes. dadas a perfeita clareza da sua mente angélica e a desimpedida liberdade da sua vontade angélica, nem a infinita misericórdia de Deus podia encontrar desculpa para o pecado dos anjos: eles compreendiam (num grau a que Adão jamais poderia chegar) quais seriam as conseqüências do seu pecado, e não houve neles 'tentação' no sentido em que ordinariamente entendemos a palavra. O seu pecado foi o que poderíamos chamar um pecado 'a sangue frio'. Por terem rejeitado a Deus deliberada e plenamente, as suas vontades permaneceram fixas contra Deus, fixas para sempre. Neles não é possível o arrependimento, pois não querem arrepender-se. Fizeram a sua escolha por toda a eternidade. Neles arde um ódio perpétuo contra Deus e contra todas as suas obras" (Pe. Leo J. Trese, A Fé Explicada, Capítulo IV).

 

 

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Os anjos rebeldes ou demônios podem fazer-nos algum mal?

R= "Sim; os demônios podem fazer-nos mal, atormentando-nos e tentando-nos" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

“Não penses que, nesta minha descrição, esteja exagerando o estado das coisas. Da mesma forma não julgues que as dificuldades descritas sejam tão extraordinárias somente porque nós, encerrados neste corpo como numa prisão, não possamos perceber nada das coisas invisíveis! Verias luta mais pesada e terrível do que a descrita, se tivesses ocasião de lançar um olhar sobre a terrível linha de combate do demônio e seus ataques furiosos. Ele não tem aço nem ferro, nem cavalos, nem carros de combate, nem fogo, nem flechas, nem dardos nem quaisquer  outros instrumentos materiais; as armas desses adversários são outras, muito mais perigosas. Eles não necessitam de armadura, nem de escudo, nem de espada, nem de lança. Basta o seu simples aspecto para derrubar a alma, a não ser que esta esteja preparada e exercitada na virtude e, além disso, goze de graça divina mais forte do que a própria virtude. E, se fosse possível desfazer-se deste corpo ou, mesmo com o corpo, mas sem impedimentos e sem medo, e ver com teus olhos abertos essa linha de combate do demônio e sua luta contra nós, perceberias, não rios de sangue, nem cadáveres, mas tantas almas feridas e caídas, que, comparada a isso, acharias a imagem bélica que te pintei uma simples brincadeira. Tamanho é o número dos que diariamente são derrotados (pelo demônio). As feridas recebidas nessa luta não levam à mesma morte; tanta a diferença entre corpo e alma, quanta a diferença entre as duas mortes. A alma, ao receber o golpe mortal, não se torna insensível como o corpo, mas sentirá a punição. Já nesta terra a má consciência lhe causará vexames e, uma vez passada desta para a outra vida, será submetida ao juízo que a condenará ao castigo eterno. No caso, contudo, em que alguém se mostrar insensível aos golpes do demônio, esta insensibilidade é sinal de perigo maior, pois quem não sentir o primeiro golpe,  receberá um segundo e um terceiro. O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes.

Caso ainda queiras conhecer de perto a maneira de atacar do demônio, verificarás que é, além de intensa, muito variada. Como aquele infame, ninguém conhece as múltiplas intrigas, tramóias, astúcias e artimanhas. É isto que lhe dá tanta força. Também não há ninguém que seja capaz de manter um ódio tão implacável como aquele malicioso contra todo o gênero humano. Em seguida, considerando ainda o zelo e o afinco com que ele luta, qualquer comparação com os homens e suas atitudes tornar-se-ia ridícula. Até os animais mais ferozes e mais sanguinolentos, comparados com ele, tornar-se-iam mansos e dóceis. Com tanta raiva ele esbraveja contra as nossas almas.

Ainda outras diferenças entre as lutas desta terra e as das almas poderão ser mencionadas: o tempo do combate aqui é breve e, ainda assim, interrompido por armistícios. A noite, a fadiga, a fome e muitas outras circunstâncias são motivos para os soldados descansarem. Aí podem depor as armaduras, refazer as forças, refrigerar-se com comidas e bebidas e, por estes e outros meios, recuperar as forças perdidas. Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso quiseres ficar ileso. Necessariamente acontecerá uma das duas: perecer depois de ter perdido as armas ou continuar firme, armado e vigilante. Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação! Finalmente, a circunstância de ele ser invisível para nós é prova de que esta luta é muito mais perigosa do que aquela que descrevi: pois assim pode encontrar-nos despercebidos a não ser que nossa vigilância seja constante” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro VI, 13).

 

 

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Como podemos vencer as tentações do demônio?

R= "Podemos vencer as tentações do demônio com a oração, o uso dos sacramentos,  sacramentais e um desprezo soberano do demônio" (Santa Teresa D'Ávila).

 

“Remédios contra a tentação diabólica. Estes remédios são indicados pêlos Santos, e em particular por Santa Teresa

O primeiro é oração humilde e confiada, para pôr do nosso lado a Deus e aos seus Anjos. Se Deus está conosco, quem será contra nós? E na verdade, quem pode ser comparado com Deus.

Esta oração deve ser humilde; porque não há nada que ponha mais rapidamente em fuga o anjo rebelde que, tendo-se revoltado por orgulho, jamais soube praticar esta virtude: humilhar-se diante de Deus, reconhecer a incapacidade de triunfar sem o auxílio do céu, desconcerta os ardis do anjo soberbo. Deve ser confiada, porque, estando a glória de Deus interessada em nosso triunfo, podemos ter plena confiança na eficácia da sua graça.

É bom invocar também a S. Miguel que, tendo infligido ao demônio uma insigne derrota, terá sumo prazer em completar a vitória em nós e por nós. O nosso Anjo da Guarda de bom grado o auxiliará, se confiarmos nele. Mas sobretudo não nos esqueçamos de implorar o socorro da Virgem Imaculada, que com seu pé virginal não cessa de esmagar a cabeça da serpente, e é mais terrível ao demônio que um exército em ordem de batalha.

O segundo meio é usar com muita confiança dos sacramentos e sacramentais. A confissão, por ser um ato de humildade, põe o demônio em fuga; a absolvição, que a segue, aplica-nos os merecimentos de Jesus Cristo e torna-nos invulneráveis às flechas do inimigo, a sagrada comunhão, introduzindo em nosso peito Aquele que suplantou Satanás, inspira-lhe um verdadeiro terror.

Os mesmos sacramentais, o sinal da Cruz, ou as orações litúrgicas feitas com espírito de fé, em união com a Igreja, são também um precioso auxílio. Santa Teresa recomenda particularmente a água-benta, talvez porque é humilhante para o demônio ver-se assim frustrado em seus ardis por um meio tão simples como aquele.

E assim, o último meio é um desprezo soberano do demônio. É ainda Santa Teresa que no-lo diz: “Muito frequentemente me atormentam estes malditos; mas inspiram-me muito pouco temor; porque, vejo-o muito bem, eles não podem mexer-se sem a permissão de Deus... Saibam-no bem, todas as vezes que nós os desprezamos, diminuem as suas forças e a alma adquire sobre eles tanto mais império... Eles não têm força mais que sobre as almas covardes, que lhe entregam as armas: mas contra esses, fazem parada do seu poder”.

Ver-se desprezar por seres mais fracos é, efetivamente, intolerável humilhação para esses espíritos soberbos. Ora, como já dissemos, apoiados humildemente em Deus, temos o direito e o dever de os desprezar: “Se Deus é pos nós, quem será contra nós?” Podem ladrar, não podem morder-nos, a não ser que, por imprudência ou por orgulho, nos lancemos em seu poder.

Assim, pois, a luta que temos que sustentar contra o demônio, bem como contra o mundo e contra a concupiscência, consolida-nos na vida sobrenatural e até nos permite fazer nela progressos” (Ad. Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 223-225).

 

 

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Como foram recompensados os anjos bons?

R= "Os anjos bons foram recompensados com a posse do céu para sempre" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

 

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Qual é a ocupação dos anjos bons?

R= "A ocupação dos anjos bons é adorar a Deus e executar suas ordens" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

1. "A missão dos Anjos é servir a Deus com vistas à nossa salvação. Seu mister é fazer tudo quanto se relacione com a salvação dos homens, que é fundamentalmente a obra de Cristo. Cristo nos concede, como Senhor que é, a saúde da alma, e os Anjos coadjuvam, como servidores de Cristo" (São João Crisóstomo).

 

2. "Os Anjos não se acham em peregrinação como nós, mas assistem sem interrupção, ao banquete da verdade, da luz e da sabedoria imortais. Já são pois, bem-aventurados. Possuídos de tanta felicidade, nos assistem em nossa peregrinação à caminho da celestial cidade de Jerusalém.

Eles se compadecem de nós, nos auxiliam por ordem divina, afim de que um dia alcancemos aquela pátria comum, onde, com eles, possamos nós também nos saciar finalmente na fonte suprema de verdade na eternidade" (Santo Agostinho).

 

3. "Os Anjos estão sempre dispostos e decididos a cumprir a vontade divina e instantaneamente se encontram onde quer que a ordem divina os envie" (São João Damasceno).

 

4. “Alguns Anjos são enviados por Deus em missão ministerial. Essa missão se realiza, sempre que é necessário para a criatura humana, que o Anjo faça algo por ela. Ele então, aplica sua virtude operativa àquela pessoa e ao acontecer isso, dizemos que o Anjo se acha presente realizando uma missão. Essa missão ou ministério se realiza por determinação, autoridade e ordem de Deus” (Santo Tomás de Aquino).

 

 

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Confiou Deus a seus anjos a missão de velar sobre nós?

R= "Sim; Deus confiou a muitos dos seus anjos a missão de velar sobre os homens e deu a cada um de nós um anjo tutelar, que se chama anjo da guarda" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

  

“O anjo da guarda, é um bom anjo a quem, por mando de Deus, guarda e protege a cada um de nós. Há, pois, entre os bons anjos, alguns a quem Deus confiou a missão de nos defender.

A crença no anjo da guarda é baseada na sagrada Escritura. “Deus, diz o salmista, ordenou aos seus anjos que nos guardassem” (Sl 90) — “O anjo do Senhor está sempre ao lado daqueles que temem, a Deus, e ampara-os contra os perigos” (Sl 33).

E Nosso Senhor a confirma no seu Evangelho, quando, ao pedir a seus discípulos que não dêem escândalo às crianças: “Eu vo-lo declaro, seus anjos contemplam sem cessar a face de meu Pai” (Mt 18, 10).

Uma doutrina comumente aceita, e baseada por igual na Sagrada Escritura, é que a Igreja, os reinos, as dioceses, as paróquias, têm também seus anjos tutelares.

Os serviços que nos presta o anjo da guarda podem se resumir em quatro.

1° Ele apresenta a Deus nossas orações e nossas boas obras;

2° Ele zela por nós, inspira-nos bons pensamentos, e auxilia-nos na pratica do bem;

3° Ele nos protege nos desastres, e nos vale em nossos apuros materiais; porém, ampara especialmente nossas almas nas tentações, contra os embustes do demônio;

4° Ele não nos abandona quando temos cometido o pecado, mas se esforça por mover-nos à penitência” (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa).

 

 

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Quais são as nossas obrigações para com o anjo da guarda?

R= Nossas obrigações para com o anjo da guarda são: venerá-lo, confiar no seu poder e amá-lo.

 

“Pelo nosso Anjo da guarda estamos, pois, em comunicação permanente com o céu, e, para tirarmos disso maior proveito, não podemos proceder melhor do que pensar amiúde nesse protetor celeste, para lhe expressarmos a nossa veneração, confiança e amor.

A nossa veneração, saudando-o como um daqueles que vêem incessantemente a face de Deus, que são junto de nós representantes do nosso Pai celeste; não faremos pois nada, que lhe possa desagradar ou o possa contristar, mas ao contrário esforçar-nos-emos por lhe testemunhar o nosso respeito, imitando a sua fidelidade no serviço de Deus; o que é uma maneira delicada de lhe provarmos a nossa estima.

A nossa confiança, recordando o poder que ele possui para nos proteger, e a bondade que tem para conosco, que estamos confiados a seu cargo pelo próprio Deus. É sobretudo nas tentações do demônio que o devemos invocar, pois que ele está acostumado a frustrar os ardis desse pérfido inimigo; bem como nas ocasiões perigosas, em que a sua previdência e destreza tão oportunamente nos podem auxiliar; na questão da vocação, em que ele pode conhecer melhor que ninguém os desígnios de Deus a nosso respeito. Ademais, quando temos algum negócio importante que tratar com o próximo, importa dirigirmo-nos aos anjos da guarda dos nossos irmãos, para que eles os preparem para a missão que desejamos desempenhar junto deles.

O nosso amor, dizendo-nos que ele tem sempre sido e é ainda para nós um excelente amigo, que nos tem prestado e está sempre disposto a prestar excelentes serviços. Só no céu nos será dado conhecer a extensão desses favores; mas podemos entrevê-lo pela fé, e isto nos basta para lhe exprimirmos o nosso reconhecimento e afeição. E particularmente, quando a solidão nos pesa, é que podemos lembrar-nos de que nunca estamos sós, pois temos junto de nós um amigo dedicado e generoso, com que nos podemos entreter familiarmente.

Não esqueçamos enfim que honrar este Anjo é honrar o próprio Deus, de .quem ele é representante na terra, e unamo-nos muitas vezes a ele, para melhor glorificarmos a Deus” (Ad. Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 187).

 

 

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Existe uma hierarquia celeste?

R= "A Igreja Católica, baseada em algumas passagens da Sagrada Escritura, admite com São Dionísio Areopagita, que os anjos dividem-se em três hierarquias, abrangendo cada uma três coros, vindo a ser ao todo, nove coros de anjos" (Mnr Cauly, Curso de Introdução Religiosa).

 

"1ª hierarquia ou 1ª ordem

1º coro……Anjos

2º coro……Arcanjos

3º coro……Principados

 

2ª hierarquia ou 2ª ordem

4º coro……Potestades

5º coro……Virtudes

6º coro……Dominações

 

3ª hierarquia ou 3ª ordem

7º coro……Tronos

8º coro……Querubins

9º coro……Serafins

 

 

3ª Hierarquia

 

Pertencem à Terceira Hierarquia, os seres espirituais celestes mais privilegiados, pois vivem por assim dizer, nos umbrais da Divindade.

Pela luz de Deus, que recebem diretamente, experimentam simultaneamente dos três graus de perfeição espiritual, isto é, da purificação, da iluminação e da união com Deus.

Sua função, segundo São Boaventura é a visão de Deus e sua glorificação extrínseca, e o aperfeiçoamento dos coros inferiores pela iluminação que lhes comunica.

 

9º Coro: Os Serafins

 

São os mais "próximos" de Deus, de cujo conhecimento e amor participam em grau superior aos demais, por "contemplarem" por assim dizer, a Deus, o Amor Supremo, a fonte de todo o Amor.

Sua vontade é como que uma fulguração que não vive senão do amor divino. Amando somente a Deus, cada vez mais se abrasam neste fogo celestial. Conhecem a infinita bondade de Deus mais que qualquer ser criado, e esse conhecimento aviva-lhes sem cessar o amor.

Deus é Caridade, é Ele mesmo o Amor; como a natureza dos Serafins os impele a amarem, amam a Deus sem limites, sem medidas e sem fim.

Seu ofício é amar a Deus e cantar seus louvores comunicando aos demais coros, o fogo do amor a Deus. Por isso se fala nos ardentes Serafins, cujo objeto é o bem. Eles portanto, adoram, amam e louvam sem cessar, a Santíssima Trindade.

Devemos pedir aos Serafins que nos abrasem no amor a Deus e nos inflame o coração no carinho para com Maria, nossa Mãe Celeste.

Narra a Escritura que o profeta Isaías viu um Serafim que lhe purificava os lábios com um carvão acesso que havia tomado do altar do Senhor e antes havia ouvido como os Serafins cantavam em coro o triságio: "Santo Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos; cheia está a terra de sua glória".

Quando, em sentido figurado se cognomina alguém de Serafim, está se querendo indicar alguém cujo amor a Deus supera, a tudo; que só a Deus se entrega, homenageia e serve.

 

8º Coro: Os Querubins

 

Recebem diretamente os raios da divina Sabedoria e estão cheios da sublimidade da ciência do Senhor. Seu entendimento é um tesouro de luz e de verdade. Ao contemplarem a essência divina ficam submersos naquele pélago imenso da sabedoria de Deus que os envolve totalmente. Segundo Dionísio, os luminosos Querubins têm a prerrogativa de. contemplar o poder divino. Como que extasia­dos, prorrompem em cânticos de amor e louvor a Deus. São por assim dizer, a personificação do zelo na realização da maior glória de Deus e da defesa da mesma.

A palavra querubim, parece originar-se de um vocábulo que em acádio, designava um semi-deus.

O profeta Ezequiel teve uma visão desses espíritos celestes. Pareceu-lhe ver, de modo figurado, evidentemente, que levavam em

carro de glória, a majestade de Deus. (Ez. 1,10). Um Querubim teria guardado a "porta do Paraíso" após a queda de Adão.

Por meio dos Querubins, Deus enviava seus oráculos a Moisés e aos sacerdotes do templo, conforme expressão textual da Bíblia.

No início, os Serafins e Querubins não eram considerados An­jos segundo o sentido literal da palavra Anjo que significa mensa­geiro. No judaísmo tardio, porém, aparecem incluídos no grupo dos seres espirituais que denominamos Anjos. (Enoque Etíope 61, 10; 71, 7).

Acredita-se que o "trono" do Papa seja guardado por quatro Que­rubins, e que muitos santuários que os homenageiam são assistidos por um deles. A piedade cristã os invoca nas tentações contra a Fé, a virtu­de da pureza e os escrúpulos.

 

7º Coro: Os Tronos

 

Contemplam eternamente a Deus em sua puríssima essência. Sorvem a torrentes a luz daquela fonte inesgotável de amor e sabe­doria. Recebem de Deus as ordens para comunicá-las às Domina­ções e aos outros espíritos das hierarquias inferiores.

Como estão permanentemente junto de Deus, são como que um 'trono" sobre o qual simbolicamente descansa a majestade di­vina. Cantam, por assim dizer a glória de Deus: "Santo, Santo, San­to é o Senhor Deus dos exércitos; toda a terra está cheia de sua glória." (Isaias 6,3).

São Paulo na carta aos colossenses assim se refere aos Tro­nos, espíritos celestes da 3? hierarquia, no Capítulo l, vs. 16: "...porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, quer sejam os Tronos, quer as Dominações, quer os Principados; quer as Potestades..."

Os Tronos assistem aos bispos em suas dioceses e aos governantes e às comunidades claustrais e oferecem à Santíssima Trindade as ora­ções, sacrifícios que se realizam em suas comunidades. Devemos invo­cá-los para que esclareçam e iluminem os governantes, bispos e respon­sáveis por comunidades religiosas e civis.

 

2ª Hierarquia

 

Sua missão primordial é a iluminação dos coros inferiores e o cumprimento dos desígnios de Deus no universo, isto é, o governo do mundo.

 

6º coro: As Dominações

 

Fazem cumprir a vontade do Senhor em todos os espíritos dos coros inferiores e no mundo.

São por assim dizer, espíritos administradores dos quais Deus se serve para o governo, do mundo. Foram considerados os gene­ralíssimos dos exércitos angélicos servindo a Deus, que possui a Dominação suprema sobre tudo quanto existe.

Suas atribuições se estendem não apenas a atuar sobre os co­ros inferiores mas a todo o universo.

São Paulo se refere às Dominações na Carta aos Efésios (1,21):

"...acima de todo o Principado, Potestade, Virtude, Dominação e de todo o nome deste mundo, como do futuro".

Menciona-os também na 1? Cartaios Colossenses, (1,16).

Assistem aos que se empenham em difundir o reino de Deus: os missionários, os superiores de mosteiros e conventos, os que possuem um ministério de devoção espiritual e os professores. Devemos pedir às Dominações pêlos herejes, agnósticos, ateus incrédulos, de outras religiões e pêlos católicos pouco fervorosos.

 

5º Coro: As Virtudes (segundo Dionísio) ou Principados (segundo S. Gregório)

 

Segundo Dionísio, é por meio deste coro da hierarquia angélica que Deus preside o universo.

Sabemos que Deus está em todos os lugares, pois é infinito, mas quer que as Virtudes, sustentadas pela força e poder que d'Ele recebem, mantenham as leis que regem a criação, suspendendo o curso dessas mesmas leis quando sua suprema vontade assim resolve.

As Virtudes têm o poder de acalmar a fúria dos mares e a força dos ventos, o curso dos astros. Em uma palavra: a elas estão sujeitos os fenômenos da natureza.

Santo Tomás mostra as razões pelas quais se admite que as Virtudes, por missão divina, realizam os milagres nas coisas cor­póreas. (Suma Teológica Q. CVIII, art. VI).

Deus envia as Virtudes aos que se esforçam por tornarem-se me­lhores. Os pecadores arrependidos são auxiliados por Virtudes Celes­tes, para que perseverem no bem. Para melhorarmos nossa vida espiri­tual devemos invocá-los, porque, não bastam bons pensamentos e re­soluções: é necessário coragem e força para cumprirmos as boas reso­luções.

As Virtudes são citadas em: São Paulo aos Romanos 848 1ª Ep. dos Coríntios (15,24) e na carta aos Efésios (1,21).

 

4º Coro: As Potestades

 

Os espíritos celestes denominados Potestades removem todos os obstáculos que podem impedir a execução dos desígnios de Deus e segundo São Gregório, vencem o poder dos demônios.

O inimigo do gênero humano, o demônio, se compraz em estor­var o quanto pode a realização dos desígnios de Deus sobre a humanidade. Os demônios, inconformados com a misericórdia com que Deus trata os homens, têm um só afã, um só objetivo: o de induzi-los a ofender a Deus, para que venham a participar de sua desdita.

Para proteger os homens contra essas insídias diabólicas, Deus designou as Potestades, conferindo a elas os poderes que assegu­rem sempre a vitória, quando invocados a intervir nas tentações e maquinações solertes dos demônios. Auxiliam de modo especial aos sacerdotes, inspirando-os para que se santifiquem e exerçam bem seu ministério.

As Potestades são mencionadas nas Epístolas de São Paulo aos Efésios (1,21), e aos Colossenses (1,16).

Rezemos às Potestades pêlos sacerdotes, para que encontrem forças para cumprir os sublimes ditames de sua vocação no meio de tantas dificuldades e perigos.

 

1ª Hierarquia

 

3º Coro: Os Principados

 

Segundo Dionísio, os Principados personificam a força e têm por ofício o governo dos reinos e dos povos. São como custódios das co­munidades. A eles estão sujeitos todos os espíritos de inferior catego­ria e todos lhe obedecem no tocante a seu ministério.

São como que os generais do "exército" do Rei do Universo, que defendem e protegem as nações. Cada reino, cada nação, cada igreja, cada localidade e cada povo tem um vigilante guarda, um Princi­pado que lhe serve de proteção, amparo e defesa. Ao aparecer aos pas-torinhos em Fátima, em 1916, o Anjo se apresentou como "o Anjo de Portugal". Seria um Principado, e que não se identificou como tal, pois, para as crianças a quem apareceu, essa designação cer­tamente seria incompreensível.

Os Principados "lutam" contra as legiões infernais que, com seus príncipes, pervertem as sociedades e fazem-nas desviar do caminho da salvação.

São Paulo os cita nas Epistolas aos Romanos (8,38), aos Coríntios (l, 15,24); aos Efésios (4,21), e aos Colossenses (1,16).

Segundo São Gregório, aos Principados (que ele chamava de Virtudes) cabe agir como os instrumentos de Deus na realização dos milagres.

Os Principados adoram a Deus presente na Sagrada Eucaristia e por isso um comentarista recomendava que "nenhum sacerdote deveria se esquecer de saudar o Anjo do santuário ao nele entrar". O mes­mo se aplica a nós, que, ao entrarmos numa igreja, depois da adoração ao Santíssimo Sacramento e a Santíssima Trindade e de uma oração a Maria Santíssima, devemos invocar o Principado daquela igreja.

 

2º Coro: Os Arcanjos

 

Como o nome o indica, os Arcanjos, embora fazendo parte da hierarquia dos Anjos, são de certa forma, de uma classe de grau superior aos Anjos do 1º Coro. À eles Deus confia missões extraordinárias, como a comunicação de mistérios da fé e revelações de realidades acima da compreensão da razão humana.

Para anunciar a chegada do Messias, aparece o Arcanjo São Gabriel ao profeta Daniel e assinala com precisão o tempo que faltava para tão extraordinário evento (Daniel 10, 13; 12, 1).

O Arcanjo São Rafael acompanhou Tobias e curou seu pai, conforme narra o admirável episódio relatado no capítulo 3.

Para dar à Santíssima Virgem Maria a grata nova de que ela seria a Mãe do Filho de Deus, foi escolhido o Arcanjo São Gabriel.

No cumprimento da ordem divina de precipitar Lúcifer e seus demônios no inferno, foi designado o Arcanjo São Miguel como co­mandante das legiões de Anjos engajadas neste mister.

Os nomes dos Arcanjos aparecem nos livros do Antigo Testa­mento e em diversos livros que a Igreja considera como apócrifos. Assim, São Miguel é citado em Daniel (10,13; 12,1). Enoque Etíope (9,1; 10,11; 20,5). Apocalipse Grego de Baruc (11,8).

São Gabriel é mencionado em Daniel (8,16; 9,21), Enoque Etíope (9,1; 10,9; 20,7).

São Rafael é o personagem principal da história de Tobias (3.17; 5.4; 9.1 a 9.5; 12.15), Enoque Etíope (9.1; 10.4; 20.3).

No Apocalipse, São João (12,7 a 9) escreveu: "Houve uma batalha no céu. Miguel e seus Anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate e não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a antiga Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra e com ele foram precipitados os seus anjos."

A idéia de que os Arcanjos são em número de sete, encontra-se em Clemente de Alexandria, Irineu e Dionísio Areopagita.

O número de sete Arcanjos foi aceito, baseado na influência do Livro de Tobias a do Apocalipse. Os sete Arcanjos foram venerados no Oriente e no Ocidente à partir da Idade Média e hoje em dia ainda o são. Em Roma, uma parte das Termas do imperador Diocleciano foi transformada, por obra de Miguel Angelo, em uma igre­ja dedicada à "Virgem Santa e aos sete príncipes dos Anjos" e é conhecida como a Igreja de Santa Maria dos Anjos.

Tertuliano (De Carne Christi 14,3) e Orígenes (Cont. Cels. VIII.13) em seus escritos fazem referência aos Arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel.

À partir de São Gregório Magno (Hom. Ev. XXXIV.9), os três Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel passaram a ser hon­rados pela Teologia e mais tarde pela Liturgia (Sínodo Lateranense de 745).

Houve quem quisesse ver na crença cristã nos sete Arcanjos, uma adaptação da doutrina de Zoroastro que apresenta sete santos como sendo supremos espíritos celestes. Não há nenhuma identi­dade entre os conteúdos doutrinários à respeito à não ser, a coinci­dência do número 7. Os seres da doutrina de Zoroastro, são potên­cias e energias sobrenaturais, enquanto que os Anjos mencionados na Bíblia, são sempre personalidades próprias, individuais, distintas, subalternas, à serviço de Deus e por Ele encarregados de missões entre os homens.

Segundo a Liturgia pós-concílio do Vaticano II, os Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael são celebrados no dia 29 de se­tembro.

Rezemos aos Arcanjos, para que nos dêem coragem nas tentações e dificuldades,e conforto nas vicissitudes e sofrimentos.

São Miguel é representado como um guerreiro subjugando Sata­nás. A lança em sua mão simboliza a Força de Deus com a qual derrota o Demônio; o escudo, a humildade contra a qual vêm lançarem-se as insídias informais: a espada de dois gumes, é um símbolo da Palavra de Deus, a qual desfaz a mentira e dissipa a ilusão de que Satanás em sua soberba se serve, para impedir a ação da graça e enganar e perder as almas.

Segundo teólogos, São Miguel Arcanjo é o Anjo da guarda de Cristo, da Sagrada Eucaristia e do Santo Sacrifício da Missa.

São Miguel enviaria seus Arcanjos para auxiliarem o Anjo da guar­da de uma pessoa perseguida ou na iminência do martírio.

São Gabriel é o mensageiro do Espírito Santo.

Gabriel significa "Deus é forte".

Apareceu a Daniel, Zacarias e a Maria. É venerado como o Anjo da guarda de Maria Mãe de Deus e devemos invocá-lo para que aumen­te em nós o amor a Maria.

No artigo "Pour mieux vive en esprit avec lês Anges", o autor afirma: "Todos aqueles que se doam pelas mãos de Maria a Jesus, a Sabedoria Encarnada, recebem um auxílio suplementar, além de seu Anjo da guarda, um Anjo do Coro de São Gabriel para seu aperfeiçoa­mento espiritual. A cada dia, ele apresenta à sua Soberana Rainha, o "bouquet" dos "Sim" dessas pessoas, que aceitam, trabalham e ofere­cem por amor, todas as suas misérias e defeitos, para a glória de Deus e a salvação das almas.

São Rafael, cujo nome significa "Deus cura" ou "Medicina de Deus", é representado por um jovem em traje de viagem, segurando um cajado. A vestimenta de viandante nos recorda que São Rafael está sempre disposto a "viajar" em nosso auxílio; o cajado lembra um cetro, que simboliza o poder, o apoio e a segurança com que o Arcanjo assiste a todos quantos recorrem ao seu auxílio em suas necessidades.

No item 3.2.19 vimos na narrativa do Livro de Tobias, a maneira admirável pela qual o Arcanjo Rafael socorreu a Tobilt, Sara e Tobias. Aquilo que o Arcanjo realizou de uma maneira visível e sensível, cada um dos Anjos da guarda o faz, de modo invisível, em favor de quem a ele pede auxílio.

São Rafael deve, portanto, ser invocado contra as potências do mal, na cura das doenças e nos deslocamentos e viagens. é também o protetor dos confessores e penitentes. Muitos que a ele recorreram, fo­ram bons orientadores de consciências. Ele nos consola nas dificulda­des presentes e nos fortalece contra o desânimo e a depressão. Quando Deus no-lo envia, sentimos a paz, a tranqüilidade e a aceitação do que nos parecia impossível suportar.

 

1º Coro: Os Anjos

 

São do último Coro, esses espíritos bem-aventurados que como os outros foram criados para a glória e o serviço de Deus. Deles, Deus se serve como de emissários ou mensageiros e de guardiões de cada criatura humana. Como veremos no Capítulo 21, todos nós recebemos por bondade e misericórdia de Deus, um Anjo Custódio, nosso Anjo da Guarda, que nos protege das insídias do demônio e até mesmo dos perigos para nosso corpo.

Têm eles uma atuação e participação nas atividades dos ho­mens, inspirando-lhes e suscitando-lhes boas idéias e propósitos, protegendo-os e auxiliando-os na jornada pela terra rumo ao céu.

Os Anjos são os que dirigem cada pessoa, individualmente en­quanto que os Arcanjos normalmente anunciam realidades que in­teressam à salvação de todos.

Santo Tomás admite que as almas eleitas dos homens, possam, pelo grau de sua visão beatífica, ocupar graduações elevadas na hierarquia celeste:

— "Pelo dom da graça, os homens podem merecer glória tão grande, que se igualem aos Anjos, conforme os graus de cada ordem; é isso que se entende por serem os homens transferidos para as ordens dos Anjos" (Suma, Questão CVIII — Art. VIII).

São Boaventura (lib. II Sentent, Dist. IX, art. unic. q. VII) pensa que os bem-aventurados que não chegam em merecimento ao nível dos Anjos menos elevados em glória, formam uma décima ordem ou 10? Coro.

Neste caso, estariam as crianças que morreram sem atingirem o uso da razão, os mortos prematuros e os bebês, uma vez que não puderam ajuntar nenhum merecimento pessoal à graça de seu batismo. Por outro lado, não tendo ainda consciência, nada pode­rão ter feito de mal. Sua alma se encontra num estado parecido com o dos Anjos. O conhecimento que terão na Glória se fará por iluminação divina, tal como acontece com os Anjos.

As almas gloriosas dessas criancinhas são por essa razão cha­madas na linguagem popular de "Anjinhos". Como diz o Pe. F. Blot S.J. ("No Céu nos reconheceremos"), essas almas são como "Anjos benditos a quem suas mães invocam para se consolarem da pena de os não verem mais neste mundo, e são os protetores de suas famílias".

A dor dos pais ao perderem uma criancinha, é confortada pela absoluta certeza, de que ela se acha participando dos Coros Angéli­cos na Glória de Deus" (Os Anjos, Uma realidade admirável, Archibald Joseph Macintyre, Cap. 16).

 

 

 

 

De Deus Criador

- Do homem -

 

 

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Que é o homem?

R= "O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"O homem é uma criatura racional, composta de corpo e alma. Por seu corpo, de estrutura mais perfeita que a dos animais, já o homem assume o primeiro lugar entre os seres deste mundo. Os filósofos e os poetas do paganismo tinham reconhecido no homem uma constituição superior: a beleza do rosto, onde se retratam seus pensamentos; a majestade da cabeça que se alça para o céu enquanto os animais andam debruçados para a terra; sua aptidão em viver sob todos os climas e em todas as regiões…

O que constitui, porém, a verdadeira superioridade do homem, é a alma criada á imagem, e semelhança de Deus" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Que é a alma do homem?

R= "A alma é a parte mais nobre do homem, porque é substância espiritual, dotada de inteligência e de vontade, capaz de conhecer a Deus e de O possuir eternamente" (São Pio X, Catecismo Maior, Capítulo II).

 

“A alma é um espírito imortal, que Deus criou para ser unido ao corpo do homem. É substância espiritual, como a de Deus e dos anjos, ainda que menos perfeita e destinada a ser unida a um corpo.

Dizemos que esta alma é feita á imagem e semelhança de Deus. Com efeito, ela é um espírito como Deus é um espírito; como ele, embora em menor grau, ela pode conhecer, amar e determinar-se livremente; como ele, há de viver eternamente.

O homem foi criado, com efeito, para conhecer a Deus, ama-lo, e por este meio alcançar a vida eterna.

A palavra alma se nos depara em cada pagina dos livros sagrados, e em todo lugar, designa coisa real, distinta do corpo: “Na morte, o pó volta à terra donde tem sido tirado, e o espírito ou a alma, vai para Deus que a tinha dado” (Ecle 12, 7) Portanto a existência da alma humana é dogma fundamental, e a fé nele é necessária para a salvação.

Eleva-se a razão humana até ao conhecimento e à certeza da existência da alma pelas mesmas considerações que a levam a aceitar a existência de Deus. Conhecemos Deus por suas obras e nossa alma pelos atos dela. Averiguamos facilmente em nós mesmos fatos que os filósofos atribuem à sensibilidade, à inteligência, à vontade. Mas a matéria, nosso corpo portanto, não é capaz de sentir, de pensar, de querer. É preciso pois que haja outro princípio, e é a este princípio que chamamos alma.

 

A alma humana é livre e imortal.

É livre, isto é, pode escolher e praticar o bem ou o mal. Esta liberdade é abonada pela Sagrada Escritura, e pela Igreja nos seus Concílios; aliás a promessa das recompensas, e a ameaça dos castigos se baseiam nesta liberdade; não havia mérito nem culpa se não fossemos livres. Ora, em todos os lugares e sempre, houve leis tratados, recompensas e castigos; logo acredita-se universalmente na liberdade humana.

Por outra parte, sentimos que somos livres, e o fatalismo, negação do livre arbítrio, acha-se rebatido pela própria consciência individual que apregoa nossa liberdade, e pela discordância que se nota entre os princípios dos tais fatalistas e seus atos: sempre, na prática, portam-se como entes dotados de consciência e usando da sua liberdade.

Nossa alma é imortal, isto é, não morre com nosso corpo, o qual não passa de invólucro. “Deus, diz a Escritura, criou o homem sem termo e sem fim” (Sab 2, 23). Era dogma da religião mosaica; é o ensino positivo de Nosso Senhor que não somente proclama a vida imortal da alma, mas ainda nos tem revelado o mistério da ressurreição do corpo afim de compartilhar o destino eterno, feliz ou infeliz da alma.

A sabedoria antiga, na pessoa dos filósofos Sócrates, Platão, Cícero, Sêneca, tem professado a crença na imortalidade da alma. Cremos nela, nós cristãos, pelo ensino da Revelação e da Igreja, e porque a razão nos diz: 1° que sendo a alma espiritual e simples, não pode morrer: pois a morte é a decomposição das partes que constituem um ser; ora a alma, uma e indivisível, não pode decompor-se nem morrer; 2° que não há tão pouco aniquilamento para a alma; se a mesma ciência ensina-nos que nada pode perecer na criação, Deus não faz uma exceção para as almas, criaturas de ordem superior; 3° a alma é imortal, porque tem, o desejo inato de viver, e Deus não deve iludir a sua esperança; tem fome e sede de ventura, e Deus que não corresponde á sua expectativa neste mundo deve satisfaze-la em outra vida; é livre, e por conseguinte, precisa encontrar além deste mundo a recompensa ou o castigo que não acha, cá na terra.

Ela precisa, numa palavra, de uma vida futura, porque a justiça de Deus que não se exerce sempre na vida presente, requer outra vida onde o bem receba recompensa definitiva, e o mal, definitivo castigo” (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Por que se diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus?

R= "Diz-se que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus porque a alma humana é espiritual e racional, livre na sua ação, capaz de conhecer e de amar a Deus, e de gozá-lo eternamente, perfeições que refletem em nós um raio da infinita grandeza de Deus" (São Pio X, Catecismo Maior, Capítulo II).

 

"De todas as criaturas visíveis, só o homem é "capaz de conhecer e amar seu Criador"; ele é "a única criatura na terra que Deus quis por si mesma"; só ele é chamado a compartilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Foi para este fim que o homem foi criado, e aí reside a razão fundamental de sua dignidade:

Que motivo vos fez constituir o homem em dignidade tão grande? O amor inestimável pelo qual enxergastes em vós mesmos vossa criatura, e vos apaixonastes por ela; pois foi por amor que a criastes, foi por amor que lhe destes um ser capaz de degustar vosso Bem eterno.

 Por ser à imagem de Deus, o indivíduo humano tem a dignidade de pessoa: ele não é apenas alguma coisa, mas alguém. É capaz de conhecer-se, de possuir-se e de doar-se livremente e entrar em comunhão com outras pessoas, e é chamado, por graça, a uma aliança com seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor que ninguém mais pode dar em seu lugar.

Deus criou tudo para o homem435, mas o homem foi criado para servir e amar a Deus e oferecer-lhe toda a criação:

Quem é, pois, o ser que vai vir à existência cercado de tal consideração? É o homem, grande e admirável figura viva, mais precioso aos olhos de Deus do que a criação inteira: é o homem, é para ele que existem o céu e a terra e o mar e a totalidade da criação, e é à salvação dele que Deus atribuiu tanta importância que nem sequer poupou seu Filho único em seu favor. Pois Deus não cessou de tudo empreender para fazer o homem subir até ele e fazê-lo sentar-se à sua direita.

 "Na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado”

São Paulo ensina-nos que dois homens estão na origem do gênero humano: Adão e Cristo "O primeiro Adão", diz ele, "foi criado como um ser humano que recebeu a vida; o segundo é um ser espiritual que dá a vida." O primeiro foi criado pelo segundo, de quem recebeu a alma que o faz viver… O segundo Adão estabeleceu sua imagem no primeiro Adão quando o modelou. E assim se revestiu da natureza deste último e dele recebeu o nome, a fim de não deixar perder aquilo que havia feito à sua imagem. Primeiro Adão, segundo Adão: o primeiro começou, o segundo não acabará. Pois o segundo é verdadeiramente o primeiro, como ele mesmo disse: "Eu sou o Primeiro e o Último".

Graças à origem comum, o gênero humano forma uma unidade. Pois Deus "de um só fez toda a raça humana" (Atos 17,26)

Maravilhosa visão que nos faz contemplar o gênero humano na unidade de sua origem em Deus…; na unidade de sua natureza, composta igualmente em todos de um corpo material e de uma alma espiritual; na unidade de seu fim imediato e de sua missão no mundo; na unidade de seu hábitat: a terra, de cujos bens, todos os homens, por direito natural, podem usar para sustentar e desenvolver a vida; na unidade de seu fim sobrenatural: Deus mesmo, ao qual todos devem tender; na unidade dos meios para atingir este fim; …na unidade do seu resgate, realizado em favor de todos por Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, 356 – 360).

 

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Como criou Deus o primeiro homem?

R= "Deus criou o primeiro homem, formando seu corpo do limo da terra e unindo a esse corpo uma alma imortal" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

Quando teve criado o mundo material, pareceu Deus recolher-se como para um grande desígnio, e disse: “Façamos o homem á nossa imagem e semelhança”. Depois, continua Moisés, ele formou o corpo do homem com o barro da terra, e bafejou-lhe no rosto um sopro de vida, e o homem ergueu-se, ente racional dotado de alma.

Para o homem lembrar-se da sua origem, Deus deu-lhe o nome Adão, que significa “tirado da terra”. Em ato seguido, entra Adão a desempenhar seu papel de chefe da criação: dá aos animais os nomes adequados. Mas, de novo, fala Deus e diz: “Não é bom, ficar o homem sozinho; façamos-lhe uma companheira que lhe seja semelhante”. Então mandou à Adão um sono profundo, e enquanto ele dormia, “tirou-lhe uma das costelas, e com ela formou o corpo da primeira mulher”. Ao despertar, Adão exclamou: “Eis aqui o osso dos meus ossos e a carne da minha carne”. E Deus chamou a esta primeira mulher Eva, nome que significa a “mãe dos vivos” (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Como se chamou o primeiro homem?

R= "O primeiro homem chamou-se Adão" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

“ADÃO (hebr. "Adam, "homem", etimologia incerta; "rubicundo"?). O primeiro homem. A tradução comum do termo como nome próprio, "Adão", é uma tradução incorreta. Até Gn 4,25 — onde o termo é usado como nome próprio pela primeira vez —, a palavra significa "homem". O homem foi feito do pó da terra — esse jogo de palavras talvez possa se basear em uma relação etimológica” (John L. Mackenzie, Dicionário Bíblico).

 

 

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Como se chamou a primeira mulher?

R= "A primeira mulher chamou-se Eva" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"EVA (hebr. fyawwah). Nome da primeira mulher (Gn 3,20; 4,1), mãe de Caim, Abel e Set. A explicação do nome dada em Gn 3,20 — em conexão com hayah, "viver" — é certamente popular. Nenhuma das etimologias sugeridas por diversos estudiosos modernos teve aceitação universal" (John L. Mackenzie, Dicionário Bíblico).

 

 

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Como se formou Eva?

R= "Enviou Deus um profundo sono a Adão e nesse tempo tomou dele uma costela, de que formou o corpo de Eva e lhe deu uma alma semelhante à de Adão" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Eva foi criada da costela do primeiro homem, sendo-lhe entregue para que fosse sua mulher. O simbolismo da costela pretende indicar a igualdade e a comunhão entre a mulher e o homem, explicitamente afirmadas em Gn 2,23: a mulher deve ser uma companheira adequada para o ho­mem, não um ser inferior. Sobre a sua sedução por parte da serpente e sobre a sua queda subseqüente, cf. QUEDA. Em outras partes do Antigo Testamento, o nome só se encontra em Tb 8,6, alusão explícita a Gn 2,18-24. O engano de Eva por parte da serpente é mencionado em 2Cor 11,3. Em l Tm 2,13, a criação do homem anterior à da mulher é apresentada como um argumento em favor da autoridade do homem sobre a mulher; cf. l Cor 11,12" (John L. Mackenzie, Dicionário Bíblico).

 

 

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Descendem todos os homens de Adão e Eva?

R= "Sim, todos os homens descendem de Adão e Eva; e é por isso que somos todos irmãos" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

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Para que fim foi criado o homem?

R= "O homem foi criado para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e depois gozá-lo para sempre no outro mundo" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Como é belo, como é grande conhecer, amar e servir a Deus! É a única coisa que temos para fazer neste mundo. Tudo que fazemos afora isto, é tempo perdido" (São João Maria Vianney).

 

 

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Em que estado colocou Deus Adão e Eva?

R= "Deus colocou Adão e Eva no estado de graça e felicidade" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Deus criou Adão e Eva num estado de santidade e de ventura, reservando-lhes o céu como recompensa da sua fidelidade. É isto que chamamos estado de inocência ou de justiça original, cujo quadro vem traçado na historia sagrada, e cuja lembrança ficou impressa na memória de todos os povos com o nome de idade áurea. Neste feliz estado, possuíam nossos pais dotes portentosos no corpo e na alma.

1° Quanto ao corpo, o homem entregava-se ao trabalho sem custo, nem sofrimento nenhum; nada sabia de incômodos ou doenças; e não tinha de morrer. Depois de ter usufruído na terra todos os gozos da ordem natural, devia ser levado para o Céu, no remanso de uma felicidade pura e perene.

2° Quanto á alma, estava ornada de todos os dons naturais, aos quais a bondade divina, tinha ajuntado dons sobrenaturais. Na ordem natural, era uma inteligência perfeita, isenta das trevas e das duvidas da ignorância; uma vontade norteada para o bem, livre de toda tendência ao mal; um coração que ia espontaneamente a Deus e ao que é bom, alheio por completo a este triste peso da concupiscência. Na ordem sobrenatural, Deus comunicava à alma dos nossos primeiros pais luzes mais perfeitas que as da razão: palestrava com eles, consentia-lhes que o amassem, e a todas as alegrias deste mundo, acrescentava a promessa de faze-los participar da própria ventura, e isto durante a eternidade. A palavra que dá a síntese, o resumo destes privilégios sobrenaturais, é a graça, principio de santidade, de caridade e de gloria" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Como desobedeceram a Deus Adão e Eva?

R= "Adão e Eva desobedeceram a Deus comendo de um fruto, que o Senhor lhes tinha proibido" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

Pouco tempo havia que o homem estava de posse da sua felicidade no Paraíso terrestre, quando o demônio, invejoso de uma sorte tão ditosa, resolveu perder a raça humana. Disfarçou-se sob a forma de uma serpente, chegou-se a Eva, por ser ela mais fraca, apresentou-lhe a tentação debaixo do engodo da sensualidade do orgulho, e levou-a a desobedecer a Deus. A mulher comeu da fruta proibida, e a foi oferecer a Adão que imitou a companheira na culpa. Logo abriram-se-lhes os olhos, e eles entenderam quão grave era o seu pecado. Pouco depois, o Senhor mostrou-se aos culpados, ouviu sua confissão e pronunciou a sentença. A pena especial de Eva foi a dor e a sujeição ao seu marido; a de Adão, o trabalho difícil, e para ambos, o sofrimento e a morte. Deus os expulsou do Paraíso terrestre, para marcar-lhes que a ventura havia acabado" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

 

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O pecado de Adão e Eva é somente de Adão e Eva, e como se chama esse pecado?

R= "Não; o pecado de Adão e Eva não é somente de Adão e Eva, mas é de todos os seus descendentes, e esse pecado chama-se pecado original" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Muito graves foram as conseqüências da queda dos nossos primeiros pais, para eles próprios, e seus descendentes:

1° Perderam a justiça original ou graça santificante que os fazia amigos de Deus, e com, esta graça, os privilégios todos que a ela estavam ligados, conservando somente as faculdades essenciais da natureza humana.

2° Adão e Eva, despojados dos dotes sobrenaturais próprios do estado de inocência, foram ainda feridos naturalmente, isto é, os dons naturais, se bem que lhes não fossem tirados, sofreram uma diminuição. Assim, quanto ao corpo, sentiram os espinhos do trabalho, da dor, da doença e por último da morte; quanto á alma, viram em sua inteligência alastrarem as trevas ou ignorância; na sua vontade a malícia ou inclinação ao mal; na sensibilidade, ou no coração, esta fraqueza ou concupiscência que nos leva a procurar o prazer sensível.

3° Deserdados, e feitos um objeto de horror aos olhos de Deus, foram nossos primeiros pais despojados de todo o direito à visão o à posse sobrenatural do Deus, isto é, ao céu que tinha sido prometido à sua fidelidade. Esta privação constitui o que se chama a danação ou morte da alma.

4° Adão e Eva, já não tendo mais a graça e seus privilégios, não os podiam transmitir aos seus descendentes; comunicaram-lhes, porém, seu estado de decadência: é o que se denomina pecado original"  (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Todos os homens contraem o pecado original?

R= "Sim; exceto a Virgem Maria, todos os homens contraem o pecado original" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"O pecado de Adão passou a todos os seus descendentes; por isso é que todos nós, nascemos com a nódoa do pecado do nosso primeiro pai, e sujeitos ás mesmas misérias como ele. É esta uma verdade claramente ensinada pela Sagrada Escritura, e especialmente por São Paulo (Epistola aos Romanos, 5). O Concilio de Trento a proclamou dogma católico, e a tradição da Igreja neste particular é constante e universal. Mas é um mistério acima da razão. Tudo quanto podemos dizer a respeito, é que o pecado original, sendo para nossos primeiros pais pecado atual não é para seus descendentes senão pecado habitual; nem por isso deixa de ser em cada um de nós um estado de morte da graça, e portanto, mácula e castigo ao mesmo tempo.

Todas as tradições admitiram este estado de decadência, e a razão não pode achar injustiça nisto. Muitas vezes, herdam os filhos os defeitos e vícios do pai: a transmissão do pecado original é tão aceitável como estas outras transmissões certíssimas. É aliás autorizada a crença que quem morrer com o só pecado original, não é, por isso, condenado ao inferno, senão, unicamente, à privação de ver a Deus. É o parecer de santo Agostinho, que coloca estes desventurados no limbo.

Ninguém é isento do pecado original, a não ser a Santíssima Virgem. Somente ela apareceu no mundo sem mácula: essa gloriosa exceção constitui o privilégio da Imaculada Conceição" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

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Depois do pecado original todos os homens podem salvar-se?

R= "Sim; depois do pecado original, os homens podem salvar-se, porque Deus lhes enviou o Salvador" (2º Catecismo da Doutrina Cristã).

 

"Prometeu-lhe um Redentor ou Salvador, chamado o Messias. A primeira promessa deu-se no próprio berço do mundo. Na sentença lavrada contra a serpente infernal, lemos estas palavras: “Hei de pôr inimizade entre ti e a mulher, entre sua raça e a tua: esmagar-te-á ela a cabeça, e tu pelejarás para mordê-la no calcanhar” (Gn 3,15.)

Todas as tradições entenderam por estas palavras que da raça humana havia de nascer o vencedor do demônio, e que a mulher bendita que daria a luz a este libertador, é a Virgem Maria.

Deus deixou esperar quatro mil anos pela vinda do Messias, para os homens sentirem melhor, diz Bossuet, quanto eles precisavam desta vinda. Entretanto, a partir deste momento, puderam os homens salvar-se conquanto, á pratica exata dos seus deveres e da sua religião, unissem a fé no Messias prometido, pois eram os merecimentos deste Messias prometido que lhes dariam a salvação" (Mnr Cauly, Curso de Instrução Religiosa).

 

 

 

Credo - Parte 1 Credo - Parte 2