Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

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Anápolis, 09 de fevereiro de 2011

 

Ao professor Reinaldo Hermedo Pocrsch

Benfeitor do Instituto – Brasília –DF

 

Caríssimo, que o Deus Eterno o conforte nesse momento difícil: “Esperei ansiosamente por Deus: ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito” (Sl 40, 2).

 

Fiquei sabendo, ontem, do falecimento de sua esposa. Dai-lhe Senhor o descanso eterno e que a luz perpétua a ilumine. Descanse em paz.

Reze pela alma de sua esposa e conforme com a vontade de Deus… abaixe a cabeça diante da vontade do Criador: “Toda a santidade consiste em amar a Deus e todo o amor a Deus consiste em fazer a sua vontade. Devemos, pois, acolher sem reserva todas as disposições da Providência a nosso respeito e, consequentemente, abraçar em paz tudo o que nos acontece de favorável ou desfavorável, nosso estado de vida. Nossa saúde, tudo o que Deus quer” (Santo Afonso Maria de Ligório).

A sua esposa partiu para a eternidade; chegará também a nossa hora de deixarmos esse vale de lágrimas.

Sabemos que a vida é breve e passageira… ninguém ficará para semente. Sabendo dessa grande verdade, não nos apeguemos às coisas caducas desse mundo, mas trabalhemos com os olhos fixos em Cristo (Hb 12, 2) e com o coração palpitando pelo Céu eterno: “Todos temos de morrer. Tudo passa e nós também. Cada dia nos aproximamos da eternidade. Para que apegarmo-nos a coisas que morrem?” (Santa Teresa dos Andes), e: “Que é nossa vida? Assemelha-se a um tênue vapor que o ar dispersa e desaparece completamente” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Milhões de pessoas dizem que desejam ardentemente entrar no céu, mas quando pensam na morte ficam assustadas e dizem ter pavor da mesma. É possível um católico entrar na Pátria Eterna sem antes passar pela morte? Se quisermos “mergulhar” em Deus por toda a eternidade é preciso antes “mergulharmos” no túmulo, isto é, morrer. Não tenhamos medo da morte… para quem serviu a Deus e O amou de todo o coração, ela é a entrada para o Paraíso: “Que diferença imensa existe no modo de considerar a morte de um cristão e daquele que não o é! Este só encontra o vazio, o nada, o frio do túmulo. O cristão encontra o fim de seu desterro, de seus padecimentos, o princípio de seus gozos eternos… Ali está o seu Pai com os braços estendidos para recebê-lo e dar-lhe a coroa. Que paz não dá isso num transe tão terrível como é o da destruição de nosso ser” (Santa Teresa dos Andes).

Prezado senhor, os corpos dos mortos são colocados num túmulo após a morte, mas um dia sairão… sairão “NEGROS” ou “CLAROS” para se unirem às suas almas: “Não vos admireis com isto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão; os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento” (Jo 5, 28-29).

Esse dia não se chama dia de misericórdia e perdão, mas: “Um dia de ira, de angústia e de tribulação, de devastação e de destruição, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de negrume” (Sf 1, 15).

Sobre esse dia escreve São Jerônimo: “Quando considero o dia do juízo, estremeço: Parece-me ouvir a terrível trombeta que chama: Levantai-vos, mortos, e vinde ao juízo”.

Ao clamor pavoroso dessa voz “descerão do céu as almas gloriosas dos bem-aventurados para se unirem aos seus corpos com quem serviram a Deus neste mundo. As almas infelizes dos condenados sairão do inferno e se unirão a seus corpos malditos que foram instrumentos para ofender a Deus” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Que diferença haverá então entre os corpos dos justos e dos condenados!

Os CORPOS dos JUSTOS ressuscitarão assim:

1. A impassibilidade que os isentará do sofrimento, da morte e de qualquer alteração (Consiste em que o corpo não estará sujeito ao sofrimento nem à morte).

Em que consiste a impassibilidade?

Santo Tomás de Aquino escreve: No domínio e senhorio absolutos da alma sobre o corpo, em virtude dos quais este, sob a tutela daquela, estará isento e livre de toda debilidade e padecimento.

2. A subtilidade que consiste em que poderá penetrar outros corpos, como Cristo penetrou no Cenáculo depois da Ressurreição.

3. A agilidade pela qual poderão locomover-se com a rapidez do relâmpago (Consiste em que poderá deslocar-se num momento a lugares muito distantes).

Em que consiste a agilidade?

Santo Tomás de Aquino escreve: Um dote que consiste em sujeitá-los tão plena e absolutamente aos impulsos motores da alma, que os obedecerão com uma prontidão e rapidez maravilhosas.

4. A claridade que os fará como outros tantos sóis, cujo brilho não deslumbrará a vista (Consiste em que estará revestido de incomparável glória e formosura).

Em que consiste a claridade?

Santo Tomás de Aquino escreve: Que o resplendor das almas glorificadas comunicará e infiltrará nos corpos uma claridade que os tornará luminosos e radiantes como o sol, e transparentes como o mais puro cristal; apesar disso, a luminosidade não apagará as cores naturais; pelo contrário, se amoldará às suas distintas tonalidades para realçá-los, embelezá-los e comunicar-lhes uma formosura mais divina de que humana.

Todos os corpos possuirão o mesmo grau de claridade?

Não; porque a claridade dos corpos é o reflexo da alma, e, portanto, proporcional ao grau de glória de que esta desfruta. Por isso, querendo São Paulo dar-nos a entender algo destas verdades sublimes, nos disse que serão os corpos gloriosos como os astros do firmamento, entre os quais um é o brilho do sol, outro o da lua e outro o das estrelas, e ainda umas estrelas diferem das outras em brilho e claridade (1 Cor 15, 41).

Se isso se dá com o corpo dos justos, depois da ressurreição, que será das suas almas bem-aventuradas? Meu Deus! Quem no-lo poderá dizer, senão Vós? Cada uma delas excederá em brilho e beleza a todos os corpos gloriosos reunidos, pois que a superioridade da alma sobre o corpo é de certo modo infinita. Essa verdade deveria inspirar-nos ardor na prática da mortificação dos sentidos e da renúncia a nossas más inclinações.

“Os pecadores ressurgirão para o julgamento”. Bem diferente dos justos, eles serão disformes, hediondos e miseráveis nos corpos e nas almas. Sob o peso de males incompreensíveis, cumulados de vergonha, tristeza e remorsos, em vez de voarem nos ares com os eleitos, arrastar-se-ão penosamente até ao vale, onde a sentença final acabará mergulhando-os nos opróbrios, tormentos e desesperos sem fim.

Para os bem-aventurados será um corpo de glória; para os réus, um corpo para sempre obscurecido. Diante de Jesus Cristo os condenados sentirão grande vergonha; também diante dos santos. Os condenados sofrerão pena eterna em seus corpos usados para o pecado.

Caríssimo senhor, vendo que tudo passa e que a morte se aproxima a cada segundo, desapeguemo-nos das coisas desse mundo e busquemos a santidade com afinco. O tempo de trabalhar para conquistar a eternidade é agora, depois da morte não haverá mais tempo.

Busquemos a santidade… a única coisa que vale.

O céu é a nossa Pátria… somente os santos entrarão nela.

Não demos ouvidos aos mundanos que zombam da santidade, mas trabalhemos com fervor para conquistá-la: “Sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito” (Mt 5, 48).

Os mundanos que zombam com frequência da santidade chorarão amargamente na hora da morte, mas será tarde: “Portanto, quem desprezar estas instruções não despreza um homem, mas Deus” (1 Ts 4, 8).

Conte com nossas orações.

Eu te abençôo e te guardo no Imaculado Coração da Virgem Maria.

Respeitosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

 

 

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