Anápolis, 08 de setembro de 2011
Ao Senhor Lázaro Pedro Silvério
Benfeitor do Instituto, Brasília – DF.
Caríssimo, suporte as
provações da vida confiando em Deus e conformando com a sua
santa vontade; principalmente com o falecimento de sua esposa
Carmem Marília Pires Silvério:
“O Senhor deu, o Senhor
o tirou, bendito seja o nome do Senhor”
(Jó 1, 21).
Existem muitas provações na vida que são difíceis
de suportá-las; para torná-las suportáveis, é preciso abaixar a
cabeça diante da vontade de Nosso Senhor aceitando o que vêm de
suas santíssimas mãos: “Toda a
santidade consiste em amar a Deus, e todo o amor a Deus consiste
em fazer a sua vontade.
Devemos, pois, acolher
sem reserva todas as disposições da Providência a nosso respeito
e, consequentemente, abraçar em paz tudo o que nos acontece de
favorável ou desfavorável, nosso estado de vida, nossa saúde,
tudo o que Deus quer. Todas as nossas orações devem ser
dirigidas pedindo que ele nos ajude a cumprir sua santa vontade”
(Santo Afonso Maria
de Ligório).
Fiquei sabendo que sua
esposa suportou as dores da doença (câncer) com
paciência, alegria e serenidade até o
último suspiro; com certeza Deus a recompensou:
“Por um pequeno
castigo receberão grandes favores. Deus os colocou à prova e os
achou dignos de si”
(Sb 3, 5), e:
“Bem-aventurado o homem
que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado,
receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam”
(Tg 1, 12).
Prezado, se sabemos
que
“por trás de tudo está o Senhor”
(Pe. Richard Gräf), nada deve nos
entristecer nem nos perturbar... Deus sabe o que é melhor para
nós:
“Quem aspira à santidade deve evitar a tentação de querer
santificar-se a seu modo, conforme os pontos de vista, os
planos, as escolhas pessoais. Seria contra-senso porque, assim
como somente Deus, o único Santo, pode santificar o homem,
assim, somente Deus sabe o que contribui para sua santificação.
O único caminho infalível para a santidade é o traçado por Deus.
Portanto, para não trabalharmos em vão, a primeira e
indispensável condição é abandonar-nos inteiramente à vontade de
Deus, e deixar-nos conduzir por ele, com plena docilidade”
(Pe. Gabriel de
Santa Maria Madalena).
Caríssimo senhor
Lázaro, nesse momento de dificuldades que estás passando, além
de aceitar a vontade de Deus, um outro remédio para suavizar a
sua dor é meditar sobre o Céu.
Leia e medite esses
CINCO PONTOS sobre o Céu.
1. No Céu
contemplaremos a Deus face a face:
“Caríssimos,
desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos ainda não
se manifestou. Sabemos que por
ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o
veremos tal como ele é”
(1 Jo 3, 2).
Nessa visão imediata de Deus tal como é, e de
todas as coisas em Deus, a vida da graça e a filiação divina
alcançam o seu pleno desenvolvimento. Pela sua natureza, o homem
não é capaz de ver a Deus face a face; é necessário que Ele o
ilumine mediante uma luz especial, que chamamos lumen gloriae.
Com ela não abarca de todo a Deus – coisa impossível para
qualquer criatura – mas pode sem dúvida contemplá-Lo
diretamente: “A bem-aventurança
consiste em duas coisas: uma, que veremos a Deus tal como é na
sua natureza e substância; e a outra, que seremos transformados
como deuses, pois os que gozam d’Ele, ainda que conservem a sua
própria natureza, todavia, revestem-se de certa forma admirável,
semelhante à divina, de modo que mais parecem deuses que homens”
(Catecismo Romano).
Em 1 Cor 13, 12 diz:
“Agora vemos em espelho e de maneira confusa, mas, depois,
veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas,
depois, conhecerei como sou conhecido”.
A felicidade no céu consiste nesse conhecimento
imediato de Deus. Para o entender melhor São Paulo põe a
semelhança do espelho: antigamente os espelhos eram feitos de
metal, e a imagem que ofereciam era baça e obscura. A comparação
em todo o caso é igualmente compreensível para nós, tendo em
conta que – como explica Santo Tomás de Aquino – no céu
“veremos a Deus face a face, porque O
veremos imediatamente, tal como face a face vemos um homem. E
por esta via assemelhamo-nos especialmente a Deus,
tornando-nos participantes da sua bem-aventurança: pois Deus
compreende a sua própria substância na sua essência e nisso
consiste a sua felicidade. Por isso escreve São João (1 Jo 3,
2): E quando aparecer, seremos semelhantes a Ele, porque O
veremos tal como é”.
Em relação a este
ponto, ensina o Magistério da Igreja que,
“segundo a ordenação
comum de Deus, as almas de todos os santos que saíram deste
mundo (...) vêem a essência divina com visão intuitiva e também
face a face, sem mediação de criatura alguma que tenha razão de
objeto visto, mas por lhes ser mostrado a essência divina de
modo imediato e descoberto, clara e patentemente, e que vendo-a
assim gozam da mesma essência divina e que, por tal visão e
fruição, as almas dos que saíram deste mundo são verdadeiramente
bem-aventuradas e têm vida e descanso eterno”
(Benedictus Deus).
Veremos a Deus!
Chegaremos a compreendê-Lo e a ver todas as
profundezas do seu ser?
Não! O ser criado não
pode compreender completamente o seu Criador. O ser finito não
pode compreender o infinito. A água do mar não cabe dentro dum
copo.
Não veremos só o
reflexo de Deus como num espelho; mas veremos o mesmo Deus.
Vê-lo-emos e nunca nos cansaremos de vê-Lo.
Veremos a Deus e em
Deus as suas obras. Que espetáculo! Ver os planos da divina
Providência que muitas vezes durante a vida julgamos duros e
injustos!
Veremos as leis da
natureza e suas forças ocultas, e aquelas que o homem não chegou
a descobrir!
Veremos tudo isso no
resplendor da claridade eterna, sem nunca nos saciarmos nem nos
enfastiarmos.
2. A
felicidade do céu é eterna:
“O que
os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem
não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam”
(1 Cor 2, 9).
Em Ap 21, 4 diz: “Ele
enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá
morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais”.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Esses trabalhos, penas, angústias,
perseguições e temores hão de acabar um dia e, se nos salvarmos,
serão para nós motivos de gozo e alegria inefável no reino dos
bem-aventurados”.
A felicidade do céu.
Trata-se de uma verdade de fé, de um dogma: Creio... na vida
eterna. Mas é também uma condição necessária para que a
felicidade seja perfeita. Aqui na terra, quando nos sentimos
felizes, pensamos: “Isto não vai durar”, e no mesmo
instante a felicidade diminui. Uma vida feliz com Deus, mas de
duração limitada, é uma suposição absurda, impensável: a visão
beatífica, uma vez concedida, já não pode perder-se.
Os eleitos contemplam a Deus uns mais
perfeitamente do que os outros, de acordo com os seus méritos. A
Sagrada Escritura afirma claramente que cada qual receberá a sua
recompensa segundo as suas obras, o que é de justiça.
Em Jo 14, 2 diz: “Na
casa de meu Pai há muitas moradas”, e:
“Um é o brilho do sol, outro o brilho da
lua, e outro o brilho das estrelas. E até de estrela para
estrela há diferença de brilho” (1 Cor 15, 41),
e também: “Aquele que planta e aquele
que rega são iguais entre si; mas cada um receberá seu próprio
salário, segundo a medida do seu trabalho” (1
Cor 3, 8).
Existem, portanto, diferentes graus de felicidade
entre os eleitos, mas essa desigualdade não é ocasião de ciúmes,
pois cada um se encontra plenamente saciado. Um copo de água
encontra-se cheio, e um caminhão-pipa também está cheio: a
nenhum dos dois é possível acrescentar nada. Pode-se falar de
desigualdade neste caso? Ou será necessário derramar metade do
conteúdo do caminhão no copo? No céu, a alma menos elevada em
santidade está totalmente cumulada, é incapaz de receber mais,
não pode aspirar a uma felicidade mais alta. Por conseguinte,
cada um, na sua medida, é perfeitamente feliz.
3. No céu não
ofenderemos nem desagradaremos a Deus.
No céu já não poderemos mais pecar nem
desagradarmos a Deus, ou seja, estaremos fixados no bem. O
pecado será impossível porque viveremos já de Deus e em Deus.
Pensaremos e amaremos na contemplação divina, não apenas com a
fé e a esperança, mas com uma caridade – um amor – que terá
tomado posse de nós definitivamente. A alegria que nos dará essa
segurança de estarmos para sempre ancorados no bem será a mesma
que experimentam os anjos.
4. No céu
conheceremos a Santíssima Trindade, Jesus (Deus-Homem), Maria
Santíssima, os Anjos e Santos.
Para que nada falte à bem-aventurança do céu, é
preciso acrescentar a grande alegria que será, não só
conhecermos a Santíssima Trindade, mas também vermos Jesus
(Deus-Homem), e podermos admirar sua Humanidade. Cristo é o
mais belo dos filhos dos homens; a sua beleza, como a de Maria,
é simples, e custa-nos muito imaginar a simplicidade. A alegria
de ver a Santíssima Virgem, que todos desejamos contemplar, será
também, sem dúvida, uma deliciosa surpresa.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Que dirá a alma quando
entrar naquela mansão felicíssima? O anjo da guarda a acompanha
e felicita, e ela lhe mostra sua gratidão pela assistência que
recebeu dele... Os anjos e os santos a recebem alegres e lhe dão
amorosas boas-vindas... encontrará seus santos patronos...
beijará os pés da Santíssima Virgem, Rainha dos céus... Jesus
Cristo a receberá como esposa amantíssima... Jesus a apresentará
ao Pai Eterno que a abençoará...”
5.
No céu encontrar todos os que amamos nesse mundo.
Por fim, haverá a
bem-aventurança de encontrarmos de novo todos aqueles a quem
amamos e que nos precederam na casa do Pai. Há separações que
não cicatrizam, e é somente a esperança do reencontro que
sustenta o ânimo de quem fica para trás. Por isso, muitas
pessoas esperam a morte e desejam o céu para terem a alegria de
encontrar os entes amados e sempre recordados.
A este propósito,
põe-se uma questão: se duas pessoas que se amaram não se
encontrarem no céu, por uma delas ter ido para o inferno, isso
não será um sofrimento, um enorme sofrimento, para aquela que se
salva? Só há uma resposta possível: como no céu se verá e se
julgará tudo em Deus e a partir de Deus, não se poderá senão
ficar contente com a sua justiça, que então se poderá
compreender.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“... ali encontrará amigos e parentes
que a precederam na vida eterna”.
Pense no Céu com frequência! Deseje o Céu várias
vezes ao dia!
Prezado senhor, leia todos os dias um trecho da
Sagrada Escritura e reze devotamente o Santo Rosário.
Deus lhe pague pela preciosa colaboração.
Eu te abençôo e te guardo no Puríssimo Coração da
Virgem Maria.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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