Anápolis, 07 de janeiro de 2012
Ao senhor Emir Farias
Benfeitor do Instituto, Brasília – DF
Caríssimo, ame a Deus de todo o coração e incline
a cabeça diante de sua santa vontade:
“A vontade de Deus para com as almas é
toda cheia de amor... Tudo o que Deus faz para nós tem o amor
por móbil” (Bem-aventurado Columba Marmion).
Santa Paula Frassinetti dizia:
“Vontade de Deus, tu és o meu paraíso”.
Sim, caríssimo senhor Emir, devemos nos abraçar à
santa vontade do nosso Criador, principalmente quando surgem em
nossa vida algo desagradável como: doenças, morte de
parentes e amigos... Devemos dizer com os lábios e o
coração: “Meu Deus, quero fazer apenas
a sua santa vontade!”
Para ser santo e conquistar a Vida Eterna é
preciso aceitar a vontade de Nosso Senhor... sem revolta nem
tristeza: “Toda
a santidade consiste em amar a Deus, e todo o amor a Deus
consiste em fazer a sua vontade. Devemos, pois, acolher sem
reserva todas as disposições da Providência a nosso respeito e,
consequentemente, abraçar em paz tudo o que nos acontece de
favorável ou desfavorável, nosso estado de vida, nossa saúde,
tudo o que Deus quer. Todas as nossas orações devem ser
dirigidas pedindo que Ele nos ajude a cumprir sua santa vontade”
(Santo Afonso Maria
de Ligório).
Prezado, o
conhecimento de Deus não somente nos une a inteligência ao
pensamento divino, senão que tende ao amor, porque em Deus tudo
é amável; o conhecimento próprio, mostrando-nos a necessidade
que temos de Deus, faz-nos suspirar ardentemente por Ele e
lança-nos em seus braços. Mas a conformidade com a vontade
divina ainda mais direta e intimamente nos une com Aquele que é
a fonte de toda a perfeição, porque submete e une a Deus a nossa
vontade que, sendo como é a rainha das nossas faculdades, as põe
todas ao serviço do Supremo Senhor de todas as coisas (cfr.
Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística).
Caríssimo senhor,
lembre-se continuamente que POR TRÁS DE TUDO ESTÁ O SENHOR.
Se é Deus quem tudo
opera, de onde virão a dor, a infelicidade,
a miséria, o pecado e a maldade? A afirmação de que não se pode
de modo algum relacionar Deus com o sofrimento incompreensível
dos inocentes é destituída de validade. A dor dos inocentes está
relacionada com Deus porque o acaso não existe. Em última
instância, tudo depende do Senhor, que é sempre a origem.
Portanto, seja como for, por trás de tudo está Ele. Só não
podemos dizer que o pecado e a maldade foram determinados e
originados diretamente por Ele, porque semelhante afirmação
seria pura e simplesmente incompatível com a essência divina.
Digamos apenas que Deus permite a maldade. Deus criou os homens
como seres livres; deixa-lhes, portanto, a liberdade no querer e
no agir, e, por isso, para não destruir a liberdade humana,
permite o que não quer.
Mas tudo aquilo que nos atinge é vontade de Deus.
Se alguém sofre um grande dano em consequência do pecado de
outrem, Deus permitiu esse pecado e quis o dano que dele
resultou. Em certos casos, podemos exigir reparação pelo dano
sofrido, mas não podemos nem devemos julgar o seu autor:
“Não vos vingueis uns
aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque
está escrito: ‘A mim a vingança; a mim o exercer a justiça”
(Rm 12, 19).
É tranquilizador e grato pensar que não estamos
entregues às forças sombrias do destino, às violências cegas da
natureza, nem à arbitrariedade, injustiça e crueldade de homens
soberbos e sem fé, muito embora por vezes pareça ser assim e de
fato o seja de um ponto de vista meramente humano.
Prezado senhor, São Paulo Apóstolo sofreu muito:
desmedidos maus tratos, perigos de morte, cinco vezes
flagelado pelos judeus e três vezes pelos pagãos, uma vez
apedrejado, vítima de três naufrágios, perigos contra os
ladrões, pagãos, judeus, falsos irmãos, em rios, no deserto e no
mar (cfr. 2 Cor 11, 23-30). Por trás de todos esses
perigos e sofrimentos, perseguições e injustiças, estava Deus
por ele, como está sempre por nós. Nem os homens nem as forças
da natureza têm o poder de nos infligir sofrimento, se esse
poder não lhes tiver sido dado do alto (cfr. Jo 19, 11). Mas
esse poder é conferido na medida em que o Senhor o considera um
bem para nós (cfr. Pe. Richard Gräf, O cristão e a dor).
Caríssimo, o caminho da santidade que leva a
Deus, só pelo próprio Deus pode ser traçado e pela sua santa
vontade. Proclamou Jesus com energia:
“Nem todo o que me diz: ‘Senhor!
Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas sim, quem faz a vontade
de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21).
E para mostrar que as criaturas a Ele mais unidas e por Ele mais
amadas são justamente as que fazem a vontade de Deus,
acrescentou: “Quem faz a vontade de
meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe”
(Mt 12, 50).
Enquanto procura o cristão, com o auxílio da
graça, aderir em tudo à vontade de Deus, esta mesma vontade
santifica-o, tornando-o capaz de adesão cada vez mais plena, que
terminará na total conformidade à vontade divina (cfr. Pe.
Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina).
Para suportar as provações da vida é preciso
inclinar a cabeça diante do Criador e aceitar a sua santa
vontade: “Seja feita a vontade do
Senhor!” (At 21, 14).
Deus lhe pague pela sua preciosa ajuda!
Eu te abençôo e te guardo no Santíssimo Coração
de Jesus.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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