Anápolis, 03 de fevereiro de 2012
Ao senhor Sultan Falluh
Benfeitor do Instituto – Anápolis – GO
Caríssimo, suporte as provações com
paciência, perseverança
e fé...
Não deixe de caminhar rumo ao céu por causa dos obstáculos,
mesmo que sejam muitos e grandes:
“Sem perseverança,
impossível é chegar à santidade ou à salvação: não basta ser
virtuosos e generosos alguns dias ou alguns anos; necessário é
sê-lo sempre, até o fim” (Pe.
Gabriel de Santa Maria Madalena).
Quando a cruz pesar em nossos ombros, pensemos
imediatamente no céu e nos sofrimentos
de Nosso Senhor Jesus Cristo; então o mar, tão
tempestuoso, ficará calmo e “navegaremos” com
segurança e alegria até o fim.
I. Pensar
imediatamente no céu.
Será que existe maior consolo do que
“mergulhar” na alegria do céu durante as provações dessa
vida? De saber que as dificuldades acabam na hora da morte,
enquanto que a felicidade do céu é para sempre?
Para entrar no céu, oceano de felicidade, é
preciso antes suportar todas as provações por amor a Deus:
“Penso, com efeito, que os sofrimentos
do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá
revelar-se em nós” (Rm 8, 18), e:
“Pois nossas tribulações momentâneas são
leves em relação ao peso eterno de glória que elas nos preparam
até o excesso” (2 Cor 4, 17).
Prezado senhor, de todas as passagens bíblicas
sobre as tribulações, a mais consoladora é essa:
“É preciso passar por muitas tribulações
para entrarmos no Reino de Deus” (At 14, 22). Está
claro que para se salvar é preciso suportar os sofrimentos dessa
vida... suportá-los com os olhos fixos em Nosso Senhor...
suportá-los com alegria, paciência, fé, perseverança e
conformidade com a vontade do nosso Criador.
Dizia São José Calazans:
“Para ganhar o céu, todo sofrimento é
pouco”. Seria uma grande vantagem sofrer a vida
inteira todos os tormentos sofridos pelos mártires só para
gozarmos um momento do céu. Com maior razão devemos então
abraçar as nossas cruzes, sabendo que os sofrimentos desta vida
curta nos fará conquistar uma felicidade eterna.
Santo Agapito, mocinho de poucos anos, quando foi
ameaçado de morte, respondeu: “Que
maior felicidade posso eu ter do que a de perder a minha cabeça
para vê-la depois coroada no céu?”
São Francisco costumava sempre dizer: “O bem que
espero é tão grande que todo sofrimento é prazer para mim”.
Para obter o paraíso é preciso lutar e sofrer:
“Se sofremos com Cristo,
com ele reinaremos”
(2 Tm 2,12).
Não pode haver prêmio sem merecimento, nem merecimento sem
paciência: “Não
recebe a coroa senão aquele que lutou segundo as regras do jogo”
(2 Tm 2, 5). Terá maior coroa
quem combate com maior paciência. Coisa admirável! Quando se
trata dos bens temporais desta terra, os mundanos procuram
conquistar o máximo de coisas possíveis. Quando se trata dos
bens eternos, dizem que basta um cantinho no paraíso. Esse não
foi o comportamento dos santos. Nesta vida contentaram-se com
qualquer coisa e desapegaram-se dos bens terrenos. Tratando-se
dos bens eternos, eles procuraram ganhar o mais possível.
Falando desta vida, é certo que quem padece com
mais paciência vive com mais paz. Dizia São Felipe Néri que
neste mundo não há purgatório: ou é paraíso ou é um inferno. Os
que suportam com paciência os sofrimentos desta vida gozam do
paraíso. Quem assim não o faz, sofre o inferno! Escreve Santa
Teresa: “Quem abraça as cruzes que
Deus lhe manda não as sente” (cfr. Santo Afonso
Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo).
Caríssimo senhor, lembre-se continuamente do
céu... principalmente nas horas de dificuldades. O caminho do
céu é “carpetado” de “espinhos” e
“pregos”... mas é esse o caminho, não existe outro...
Jesus Cristo não deixou outro caminho:
“Estreita, porém, é a
porta e apertado o caminho que conduz à Vida”
(Mt 7, 14).
Alguém perguntou a Nosso Senhor:
“Senhor, é pequeno o
número dos que se salvam?” (Lc 13, 23).
Qual foi a resposta? Viver no relaxamento? Buscar a
ociosidade? Fugir das cruzes? Mergulhar no comodismo?
Não! O Mestre respondeu rapidamente:
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita...”
(Lc 13, 24).
Prezado senhor, só de pensar que no céu viveremos
mergulhados em Deus para sempre... longe desse exílio...
distante das criaturas falsas e perigosas... é o suficiente para
carregarmos todas as cruzes por amor a Nosso Senhor.
Lembre-se, com frequência, de que só existe um
caminho para o céu: “Se houvesse
algum caminho que não o da cruz e da dor para nos conduzir a
Deus, Cristo tê-lo-ia indicado, Ele que veio à terra para nos
ensinar o caminho do Céu” (Pe. Richard Gräf).
No céu estaremos seguros para sempre:
“... o noivo chegou e as que estavam
prontas entraram com ele para o banquete de núpcias. E fechou-se
a porta” (Mt 25, 10). Feliz e
doce “prisão”... Feliz momento aquele do fechar a
“porta” do céu quando lá entrarmos... Estaremos
com a Santíssima Trindade para sempre... sempre... sempre.
II. Pensar nos
sofrimentos de Nosso Senhor Jesus
Cristo.
A vida de Nosso Senhor foi um martírio
contínuo... viveu mergulhado num oceano de sofrimentos.
No mesmo instante em que foi criada a alma de
Jesus Cristo e unida com seu pequenino corpo no seio de Maria
Santíssima, o Pai Eterno manifestou a seu Filho a sua vontade
que morresse para a redenção do mundo. No mesmo tempo pôs-lhe
diante dos olhos a vista triste de todos os sofrimentos que
deveria sofrer até à morte a fim de remir o gênero humano.
Mostrou-Lhe então todos os trabalhos, desprezos e pobreza que
deveria suportar em toda a sua vida, tanto em Belém como no
Egito e em Nazaré. Mostrou-Lhe em seguida todas as dores e
ignomínias de sua Paixão: os açoites, os espinhos, os
cravos e a cruz; todos os desgostos, tristezas, agonias e
abandono em que havia de terminar a sua vida no Calvário.
Toda a vida, portanto, e todos os anos do
Redentor foram vida e anos de dores e de lágrimas. O seu
divino Coração não teve um instante livre de padecimento. Quer
vigiasse, quer dormisse, sempre tinha diante dos olhos aquela
triste representação que Lhe atormentou mais a santíssima alma
do que todos os santos mártires foram atormentados por todos os
seus suplícios (cfr. Santo Afonso Maria de Ligório,
Meditações).
Caríssimo senhor, o caminho do Calvário é
um caminho de cada segundo, minuto, hora... é um caminho
cotidiano.
Se o nosso Mestre sofreu... a nossa vida não pode
ser diferente.
Um cristão, mais do que qualquer outra pessoa,
deve contar sempre e por toda a parte com a cruz e o sofrimento.
Prezado senhor, olhe para Cristo na cruz... olhe
demoradamente para as chagas das mãos, pés, joelhos,
cabeça e a chaga do peito... Cristo sofreu
inocentemente... jamais cometera um pecado... E nós? Somos
pobres pecadores... ingratos... rebeldes... Será que sofremos
mais do que Ele? Claro que não!
“Jesus é chamado Rei das
dores e Rei dos mártires, porque em sua vida mortal padeceu mais
que todos os outros mártires” (Santo Afonso
Maria de Ligório).
Desejo-lhe muitas e grandes cruzes aqui na
terra... e o Céu depois da morte... para sempre, sempre,
sempre...
Rezo pelo senhor e familiares.
Deus lhe pague pela colaboração.
Eu te abençôo e te guardo no Santíssimo Coração
de Jesus; abrigo seguro dos santos.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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