Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

016 / 2017

 

Anápolis, 29 de agosto de 2017

 

Ao senhor Jairo Moreira Alves

Benfeitor do Instituto, Anápolis – GO

 

Caríssimo senhor, não fique desanimado diante das dificuldades que surgem pelo caminho; mas sim, busque apoio e proteção no Deus que tudo pode. Quem se apoia em Deus jamais será vencido, porque Ele é poderoso e sustenta os seus amigos fiéis: “O homem justo há de alegrar- se no Senhor e junto dele encontrará o seu refúgio, e os de reto coração trinfarão” (Sl 63, 11).

 

Para vencer os obstáculos, dificuldades e provações é preciso da virtude da fortaleza... sem essa virtude é impossível obter vitória diante das “muralhas” que surgem no caminho.

O Catecismo da Igreja Católica ensina: “A fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades, firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza nos torna capazes de vencer o medo, inclusive da morte, de suportar a provação e as perseguições. Dispõe a pessoa a aceitar até a renúncia e o sacrifício de sua vida para defender uma causa justa: “Minha força e meu canto é o Senhor” (Sl 118,14). “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33)”. São Pio X diz: “A Fortaleza é a virtude que nos dá coragem para não temer perigo algum, nem a própria morte, no serviço de Deus. A Fortaleza é um dom que nos incute energia e coragem para observar fielmente a santa Lei de Deus e da Igreja, vencendo todos os obstáculos, e os assaltos dos nossos inimigos”. Adolfo Tanquerey explica: “Esta virtude, que se chama força de alma, força de caráter, ou virilidade cristã, é uma virtude moral sobrenatural que robustece a alma na conquista do bem árduo, sem se deixar abalar pelo medo, nem sequer pelo temor da morte”.

Milhões de pessoas marcam metas, mas não saem do lugar... vivem estacionadas por falta de fortaleza. Não basta marcar metas, mas é preciso lutar e chegar ao porto desejado.

Não nos contentemos com pouco. A mediocridade e a fraqueza andam juntas, como também a fortaleza e a magnanimidade. Não podemos perder de vista que o nosso cume é mais alto do que o Everest: fomos criados para o Infinito, para Deus.

Não devemos ter medo dos grandes ideais. Não se faz nada que valha a pena sem arriscar. Não há pior fracasso do que o fracasso dos covardes, que, para não perderem a sua segurança, ficam parados. E essa imobilidade estagna-os e apodrece-os. Quem saiba ler a história humana aprenderá esta lição: a coragem paga melhor que a covardia.

Podemos e devemos marcar metas pequenas, mas sempre com a condição de que sejam um degrau para atingir as grandes.

Marcar metas não basta. É preciso lutar. É forte não aquele que não experimenta fraquezas – todos nós as sentimos –, mas aquele que luta por superá-las; é corajoso não aquele que não sente medo – ninguém é um super-homem –, mas aquele que luta por ultrapassar a covardia.

Deus nunca nos pede o impossível; pede, sim, que façamos o possível para que depois Ele nos ajude a conseguir o que parece impossível. Temos que colaborar com todas as nossas forças; Deus nunca recompensa a apatia e a preguiça. Sem luta, não se consegue nada.

Para atingirmos qualquer meta humana ou espiritual, temos que lutar com garra. Garra não é espalhafato, gritaria apoplética, esforço ciclópico; é simplesmente eficácia. O cristão tem que se esforçar mais do que o atleta comum, porque este busca uma coroa perecível, e o cristão a eterna.

A meta está no fim da vida. A luta dura a existência inteira. E para esse longo combate não bastam gestos enérgicos intermitentes, mas é necessária uma atitude habitual de fortaleza que nos faça ganhar, com o último tiro, a última batalha.

Dizemos que temos de ser fortes com a ajuda de Deus, porque sem Deus o homem não pode nada; mas com Deus, pode tudo. Com Ele, tornar-nos-emos fortes como a rocha. Ter fé na capacidade renovadora de Deus é acreditar que Ele pode transformar a nossa fraqueza em fortaleza, o nosso barro em rocha firme.

Ser forte é ser transparente, sem medo de dizer as coisas como são, ainda que custe sangue. Para isso é necessário exercitar-se, não permitir um gesto, uma atitude, uma palavra que tenha – nem de longe – a menor aparência de duplicidade (Dom Rafael Llano Cifuentes).

Qualquer um pode ser bom quando é fácil. Mas Deus espera mais que isso de nós. Deus espera que sejamos bons mesmo quando custa, como acontece com tanta frequência. Esta é a razão porque necessitamos da virtude sobrenatural da fortaleza.

A fortaleza é a virtude que nos habilita a fazer o que é bom, custe o que custar. Uma pessoa que seja naturalmente tímida e temerosa terá mais dificuldades para se comportar com fortaleza do que outra que já seja enérgica por natureza.

Na cúspide do seu desenvolvimento, a fortaleza é a virtude dos mártires, daqueles que preferiram suportar a tortura e a morte a trair a Deus pelo pecado.

É difícil sermos tão bons como quereríamos, quando todos os costumes sociais parecem fazer pressão para que cedamos. Mas se não resistirmos às pressões, se não praticarmos a virtude da fortaleza, de que outro modo se pode salvar o mundo? (Pe. Leo J. Trese).

Estimado senhor, reze com fé e devoção o Salmo 27 durante o mês de setembro: “Deus é minha luz e minha salvação: de quem terei medo? Deus é a fortaleza de minha vida: frente a quem tremerei? Quando os malfeitores avançam contra mim para devorar minha carne, são eles, meus adversários e meus inimigos, que tropeçam e caem. Ainda que um exército acampe contra mim, meu coração não temerá; ainda que uma guerra estoure contra mim, mesmo assim estarei confiante. Uma coisa peço a Deus e a procuro: é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida, para gozar a doçura de Deus e meditar no seu templo. Pois ele me oculta na sua cabana no dia da infelicidade; ele me esconde no segredo de sua tenda, e me eleva sobre uma rocha. Agora minha cabeça se ergue sobre os inimigos que me cercam; vou oferecer em sua tenda sacrifícios de aclamação. Vou cantar, vou tocar em honra de Deus! Ouve, Senhor, meu grito de apelo, e tem piedade de mim, e responde-me! Meu coração diz a teu respeito: ‘Procura sua face!’ É tua face, Senhor, que eu procuro, não me escondas a tua face. Não afastes teu servo com ira, tu és o meu socorro! Não me deixes, não me abandones, meu Deus salvador! Meu pai e minha mãe me abandonaram, mas Deus me acolhe! Ensina-me o teu caminho, Deus! Guia-me por uma vereda plana por causa daqueles que me espreitam; não me entregues à vontade dos meus adversários, pois contra mim se levantaram falsas testemunhas, respirando violência. Eu creio que verei a bondade de  Deus na terra dos vivos. Espera em Deus, sê firme! Fortalece teu coração e espera em Deus!”

Leia com atenção essa “historinha”: Fortaleza, virtude dos mártires.

O governador de uma cidade do Japão, não longe de Omura, fizera comparecer em sua presença a um grande número de católicos, e ameaçava-os com os mais espantosos suplícios se persistissem em desobedecer aos editos do imperador. O mais jovem do grupo tomou a palavra e deu a entender ao governador que eles, os católicos, desprezavam todas as ameaças. O juiz, indignado com a coragem daquele jovem, mandou vir um braseiro aceso, e, dirigindo-se a ele, disse:

– Vou confundir a tua presunção. Serás capaz de conservar a extremidade de um dedo metida neste braseiro durante um pequeno espaço de tempo? E se não fores, como poderás deixar-te queimar vivo a fogo lento?

O jovem, sem dizer palavra, adiantou-se imediatamente e introduziu um dedo no braseiro, deixando-o queimar com a mesma naturalidade como se o tivesse mergulhado em água morna. O governador, fora de si pelo assombro, não conseguia proferir nem uma palavra. Levantou-se e, abraçando o generoso católico, deixou-os todos em liberdade para continuarem professando a religião de Cristo.

Senhor Jairo, a nossa felicidade está em Jesus Cristo. Não devemos tremer diante das ameaças dos mundanos e pagãos.

A nossa felicidade não está na saúde, no êxito, na realização de todos os desejos... A nossa vida terá valido a pena se tivermos conhecido, servido e amado a Jesus Cristo.

Todos os problemas têm solução se estivermos com Ele; nenhum tem uma solução definitiva se o Senhor não é o eixo, se não é Ele quem dá sentido ao nosso viver, com êxitos ou com fracassos, na saúde e na doença.

A primeira preocupação do cristão deve, pois, consistir em viver a vida de Cristo, em incorporar-se a Ele, como os ramos à videira. O ramo depende da união com a videira que lhe envia a seiva vivificante; separado dela, seca e é lançado no fogo.

Com Ele nos chegam todos os bens. Por isso cometemos a maior insensatez quando preferimos alguma coisa ao próprio Cristo que nos visita. Nada vale a pena sem o Mestre.

Prezado senhor Jairo, obrigado pela ajuda mensal.

Jairo significa: ELE BRILHA ou ELE RESPLANDECE.

Rezamos pelo senhor todos os dias.

Eu te abençoo e te guardo no Coração Santíssimo de Jesus Cristo, nossa maior riqueza: “Todas as mais amargas amarguras não são mais que doçura neste adorável Coração, onde tudo se muda em amor”(Santa Margarida Maria Alacoque).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

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