Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

024 / 2017

 

Anápolis, 12 de setembro de 2017

 

Ao senhor Lidércio Januzzi

Benfeitor do Instituto, Brasília – DF

 

Caríssimo senhor, viva na presença de Deus… realizando boas obras e entesourando tesouros no céu. Infeliz da pessoa que deixa para depois, porque a morte pode chegar a qualquer momento: “Se não vives mais que uma só vez, segue-se que o mais importante é que vivas bem esta única vida” (Mons. Tihamer Tóth).

 

Milhões de pessoas estão abusando da Bondade e Misericórdia do Senhor. Usam do Amor do Criador para continuarem a pecar… amontoando pecados sobre pecados; e assim, vão jogando a vida fora e amontoando “brasas” para o inferno. O tempo que passa não volta mais… é muito perigoso pecar confiando na Bondade de Deus… “Judas se condenou agindo assim” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Se o homem tivesse duas vidas, poderia se arriscar a perder uma. Mas ele não possui duas vidas… só possui uma. Se ele viver essa única no pecado, irá para longe de Deus após a morte. Nem o Papa pode mudar essa verdade: “Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante tua vida, e Lázaro por sua vez os males; agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado” (Lc 16, 25).

Tudo passa… a morte não manda recado!

Falando com rigor, a própria vida terrena é um morrer contínuo. É luta constante contra doenças, a velhice e a morte.

Enquanto nos é possível, vamos fazendo toda a espécie de equilíbrios nesta vida. Mas quando tudo se acaba, a alma não tem outro remédio, senão abrir as asas e empreender o seu voo: a morte.

Como será o momento da morte? Ninguém o sabe. Quem já o experimentou, não no-lo pode contar.

Seremos julgados após a morte!

O juízo dura um só momento. Neste momento apresentar-se-á diante de nós um quadro ideal; o que deveríamos ter realizado durante a vida terrena. Ao lado aparecerá a imagem de nossa vida afeada, coberta de nódoas e cicatrizes.

Todos chegarão ao termo da vida. Mas ninguém sabe quando. É certo que todos havemos de morrer, mas é incerto quando havemos de morrer.

Não há a menor dúvida. Todos, todos sem exceção, estamos condenados a morrer.

Quer seja rico ou pobre… sábio ou analfabeto… são ou doente, velho, com cabelos brancos ou criancinha de peito… quer viva no campo ou no mar, em clima frio ou quente, trabalhando ou jogando o tempo fora na ociosidade. A morte visitará a todos!

Quer pensemos na morte ou não; quer nos preocupemos dela quer a esqueçamos… quer nos preparemos para ela ou não a tomemos em consideração… o Senhor há de bater-nos à porta, quando menos o pensarmos (Tihamer Tóth).

Estimado senhor, reze com fé e devoção o Salmo 86 durante os meses de setembro e outubro: “Inclina teu ouvido, Senhor, responde-me, pois eu sou pobre e indigente! Guarda-me, porque sou fiel. salva teu servo que em ti confia! Tu és o meu Deus, tem piedade de mim, Senhor, pois é a ti que eu invoco todo o dia! Alegra a vida do teu servo, pois é a ti, Senhor, que eu me elevo! Tu és bom e perdoas, Senhor, és cheio de amor com todos os que te invocam. Deus, atende à minha prece, considera minha voz suplicante! Eu grito a ti no dia da angústia, pois tu me respondes, Senhor! Entre os deuses não há outro como tu, nada que se iguale às tuas obras! Todas as nações virão te adorar e dar glória ao teu nome, Senhor; pois tu és grande e fazes maravilhas, tu és Deus, tu és o único. Ensina-me teus caminhos, Senhor, e caminharei segundo tua verdade; unifica meu coração para temer o teu nome. Eu te agradeço de todo o coração, Senhor meu Deus, vou dar glória ao teu nome para sempre, pois é grande o teu amor para comigo: tiraste-me das profundezas do Xeol. Ó Deus, os soberbos se levantam contra mim, um bando de violentos persegue minha vida, à sua frente não há lugar para ti. Tu, Senhor, Deus de piedade e compaixão, lento para a cólera, cheio de amor e fidelidade, volta-te para mim, tem piedade de mim! Concede tua força ao teu servo, e tua salvação ao filho de tua serva: realiza um sinal de bondade para mim! Meus inimigos verão e ficarão envergonhados, pois tu, Deus, me socorres e consolas”.

Leia com atenção essa “historinha”: Como morre um bandido.

Exatamente a uma e vinte e dois minutos da manhã de 26 de fevereiro de 1943, exalou o último suspiro, na cadeira elétrica da prisão do Estado de Kentucky, o bandido Tom Penney.

O Pe. Donnelly era o catequista de Penney na prisão. Depois de algumas instruções o delinquente vê abrir-se a seus olhos um mundo novo, o da graça, e fica deslumbrado com o exemplo do Bom Ladrão. O Padre, receoso de tanto otimismo, insiste:

– O inferno existe, Tom, e muitas almas são condenadas a ele por Deus, que é justo.

Não se apaga o brilho enigmático dos olhos de Tom, que diz:

– Tudo isso não me assusta, Padre; ao contrário, aumenta a minha esperança e a minha alegria. Essa justiça de que o senhor me fala é precisamente a que me dá tanta confiança. Meu desejo é comparecer ante um juiz “justo”… Ser julgado por quem sabe tudo.

– Mas o senhor sabe, Tom, que fez muitas coisas más…

– Mais do que lhe posso contar, Padre! Mais do que posso enumerar! Penso, porém, que também São Dimas (Bom Ladrão) as fez, e como se arrependeu, foi perdoado. A mim pode acontecer o mesmo.

O Capelão Tomás Libs, no dia seguinte à execução de Tom, escrevia à mãe deste: “Creio que nunca vi nem verei jamais uma morte tão bela como a de seu filho. Tudo quanto me é possível dizer-lhe é que Tom morreu como deve morrer um bom católico. Passou suas últimas horas em recolhimento absoluto, com o espírito posto em Deus… Quisera fazer a apologia de seu filho, senhora Penney, mas apenas posso dizer-lhe que foi uma das almas mais santas que encontrei em minha vida… Estava tão preparado para morrer, que não pude deixar de dizer-lhe que meu maior desejo seria estrar preparado como ele quando chegasse a minha hora derradeira”.

Feliz Tom Penney, que teve tempo para se arrepender! Infeliz de milhões de católicos que morrem sem arrependimento, abraçados ao demônio.

Arrependimento ou contrição “é um pesar de coração e detestação do pecado cometido, com o propósito de nunca mais cometê-lo” (Concílio de Trento). Sem arrependimento não há perdão nem mesmo na confissão. Deus não perdoa nenhum pecado, mortal ou venial, se não estamos arrependidos: “A dor dos pecados consiste num desgosto e numa detestação sincera da ofensa feita a Deus” (São Pio X, Catecismo Maior, 705).

Estamos vivendo agora uma fortíssima “MODA” da misericórdia de Deus. Para milhares de pessoas, Judas Iscariotes está no céu, Martinho Lutero também… e para muitos adocicados, “rapadurados” e açucarados, até Satanás se salvou. A falsa misericórdia não pode agradar o Deus da verdade.

Prezado senhor Lidércio, obrigado pela ajuda mensal.

Rezamos pelo senhor todos os dias.

Eu te abençoo e te guardo no Coração de Jesus Cristo, nosso melhor Amigo: “Jesus fez-se nosso amigo mais para dar do que para receber. Não buscou a nossa amizade por ter dela necessidade para aumentar sua glória, mas para nos dar um penhor da nossa bem-aventurança. O que Ele espera receber, em paga do amor que nos mostrou em nos fazer seus amigos, é uma correspondência da nossa parte” (Pe. Alexandrino Monteiro).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

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