Anápolis, 30 de setembro de 2017
À senhora Magda Maria de Freitas
Benfeitora do Instituto, Goiânia – GO
Caríssima senhora,
“o cristão nasceu
para luta” (Leão XIII).
Sem luta e luta contínua é impossível alguém se salvar.
Existem muitos obstáculos no caminho para o céu... e sem luta é
impossível vencê-los:
“Por rivalidade e inveja, aqueles que eram as
maiores e mais firmes colunas sofreram perseguição e lutaram até
a morte” (São Clemente I, Da Epístola aos
Coríntios).
Devemos lutar contra tudo e todos... contra nós
também. A carne é o pior dos nossos inimigos, depois o
mundo... o demônio é o “melhorzinho” deles.
Santo Afonso Maria de Ligório escreve:
“Consideremos o terceiro inimigo, a
carne, que é o pior de todos”, e o mesmo santo diz:
“O demônio é um inimigo terrível, mas
o mundo é pior ainda”.
Sem luta é impossível obter vitória!
Não podemos cochilar, porque os inimigos da nossa alma
espiritual e imortal não dormem nem cochilam.
A vida do homem sobre a terra, diz Jó, é uma
vida de soldado (Jó 7,1).
A vida do soldado é dura e arriscada. É uma vida
levada por montes e vales, ao frio e à chuva, exposta a um sem
número de perigos para a defesa da pátria. O soldado, se
deseja viver, tem de lutar; se deseja ser premiado, tem de
vencer. O soldado, em tempo de guerra, se descansa, é com as
armas na mão, e ainda dormindo o despertam os clarins que o
chamam para a batalha. O soldado luta, animado, contra
seus inimigos. No fragor do combate nem olha para o sangue que
verte, nem para as feridas que o cobrem. Neste lidar insano só o
alenta a esperança da vitória, a salvação da pátria e a glória
do triunfo.
Assim é a nossa vida!
O mundo é um vasto campo onde o homem se vê em frente de
inimigos que o estão provocando a uma luta constante.
Atravessamos um deserto, onde rugem leões famintos, sempre à
espreita de que passe a presa para apanhá-la: -
são os espíritos malignos, desejosos de perder as
almas!
Enquanto durar este nosso caminhar para a
eternidade, não há que depor as armas nem esperar tranquilidade.
Todos os dias são de luta! Não é contra a
carne e o sangue que pelejamos, mas, como diz o Apóstolo São
Paulo, contra os príncipes e potestades do inferno
(Ef 6,12).
São tantos os inimigos, que o tempo não dá
para descanso prolongado. – Uns são visíveis, outros invisíveis;
uns vindos de fora, outros nascidos de dentro.
São inimigos nossos os mesmos homens com quem
tratamos, e o mundo em que vivemos; pois com seus maus exemplos,
com suas doutrinas errôneas, com seus maus conselhos, nos estão
incitando constantemente para o mal.
São inimigos nossos os espíritos da maldade, que
não perdem ocasião de nos tentar e servem-se para isso de tudo
que nos pode fazer cair no pecado.
É nosso inimigo a nossa mesma carne, com todas as
depravadas inclinações com que nasce infeccionada pelo pecado
original.
Todos estes inimigos nos fazem a maior
guerra que podem: guerra de morte, guerra constante, guerra de
dia e de noite, em todo o lugar, em todas as idades, desde o
raiar da razão no menino, até ao apagar-se no ancião
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Prezada senhora, reze
o Salmo 84 durante os meses de outubro e novembro:
“Quão amáveis são tuas
moradas, Senhor dos Exércitos! Minha alma suspira e desfalece
pelos átrios de Deus; meu coração e minha carne exultam pelo
Deus vivo. Até o pássaro encontrou uma casa, e a andorinha um
ninho para si, onde põe seus filhotes: os teus altares, Senhor
dos Exércitos, meu Rei e meu Deus! Felizes os que habitam em tua
casa, eles te louvam sem cessar. Felizes os homens cuja força
está em ti, e que guardam as peregrinações no coração: Ao passar
pelo Vale das Balsameiras eles o transformam em fonte, e a
primeira chuva o cobre de bênçãos. Eles caminham de terraço em
terraço, e Deus lhes aparece em Sião. Senhor, Deus dos
Exércitos, ouve minha súplica, dá ouvidos, ó Deus de Jacó; vê o
nosso escudo, ó Deus, olha a face do teu messias. Sim, vale,
mais um dia em teus átrios que milhares a meu modo, ficar no
umbral da casa do meu Deus que habitar nas tendas do ímpio.
Porque Deus é sol e escudo, Deus concede graça e glória; Deus
não recusa nenhum bem aos que andam na integridade. Deus dos
Exércitos, feliz o homem que em ti confia!”
Leia com atenção essa “historinha”: A culpa
é deles...
Lê-se na história de Santo Antão que, um
dia, o demônio se apresentou a ele visivelmente. Estava tão
furioso que parecia querer acabar com todo o gênero humano.
O Santo, que não temia ataques do diabo,
perguntou-lhe o que significava aquilo.
– Ah! – respondeu o maligno – não vês que,
em toda parte, sou alvo de desprezo e maldição?
Entendo; também não há mal algum que não
mereças, pois tu só procuras arrastar os homens à perdição, e
fazes muito mal a todos.
– Se lhes faço mal – respondeu o diabo – é
culpa deles; faço mal somente àqueles que o consentem, e sou
impotente contra os que me resistem. Se posso algo contra os
homens, é porque eles dão ouvidos às minhas sugestões e aceitam
espontaneamente os meus embustes.
O demônio tenta, mas não pode obrigar uma
pessoa a cometer o pecado. Ele ataca, mas não pode nos obrigar:
“Os
espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos
pensamentos. Só lhes é dado pressenti-los por indícios
sensíveis, ou então examinando as nossas disposições, as nossas
palavras ou as coisas para as quais percebem que nos inclinamos.
É-lhes totalmente inacessível o que não exteriorizamos e
permanece oculto nas nossas almas. Mesmo os pensamentos que eles
próprios nos sugerem, a acolhida que lhes damos, a reação que
provocam em nós, nada disso o conhecem pela própria essência da
alma... mas, quando muito, pelos movimentos e manifestações
externas”
(Cassiano).
Estimada senhora Magda, obrigado pela ajuda
mensal.
Eu te abençoo e te guardo no Puríssimo Coração de
Maria: “Lembrai-vos, ó piíssima
Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que
recorreram à vossa proteção, imploraram a vossa assistência e
reclamaram o vosso socorro, fosse por vós desamparado”
(São Bernardo de Claraval).
Com respeito e gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
|