Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

046 / 2017

 

Anápolis, 20 de outubro de 2017

 

À senhora Ada Karumi de Morais

Benfeitora do Instituto, Goiânia – GO

 

Estimada senhora, trabalhe continuamente para salvar a sua alma imortal e espiritual. A vida passa como um relâmpago... ninguém ficará para semente nesse mundo tão violento, falso e interesseiro. O tempo de salvar a alma é agora, não depois da morte: “Preciso salvar a minha alma, isto é, ganhar o Céu, evitar a eternidade do inferno. Não há meio-termo. Salvar a minha alma é o fim da minha criação, da minha redenção, é o fim da minha vida” (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3), e: “Só tenho uma alma, e se perco esta, nada mais tenho a salvar” (Santa Teresa de Jesus).

 

Que é a alma? A alma é a parte espiritual do homem, pela qual ele vive, entende e é livre. A alma do homem não morre com o corpo, mas vive eternamente porque é espiritual.

Negar a existência da alma humana seria grande absurdo.

A) Prova-a a razão. Sabemos, efetivamente, que a simples matéria não vive, nem sente, nem pensa. Nós vivemos, sentimos e pensamos. Logo, temos um princípio distinto da matéria.

B) A Sagrada Escritura também no-lo prova. Assim, Cristo avisa-nos: Não temais aqueles que só podem fazer mal ao corpo. Temei antes Aquele que pode precipitar a alma e o corpo no Inferno (Mt 10, 28). A alma humana tem duas propriedades importantíssimas, que a distinguem do princípio vital dos irracionais: é espiritual e imortal.

A alma humana é espiritual, porque não é corpo nem consta de partes materiais: é um princípio superior à matéria.

Isto se prova porque ela realiza ações que estão acima da matéria. Comparemos, para nos certificarmos, o conhecimento do homem com o dos animais.

1° O conhecimento dos animais refere-se às qualidades materiais dos corpos, que se podem perceber pelos sentidos.

2° O conhecimento do homem: a) refere-se também a seres e qualidades imateriais; b) os próprios seres materiais conhece-os de modo imaterial; c) é capaz de raciocinar. Três coisas que o animal não consegue. a) O homem conhece seres espirituais, como Deus, e noções imateriais, como as noções de virtude, dever, pátria... b) Conhece os seres materiais de modo imaterial, porque pode afastar deles as qualidades sensíveis e formar as ideias, que são imateriais e abstratas.  Exemplo. O cão distingue o seu dono do estranho e do mendigo pela voz, as feições, o cheiro, as atitudes e outras condições sensíveis e concretas. Mas nunca poderá dizer para si mesmo: estes três possuem algo de comum, são animais racionais; porque este conceito é algo de imaterial, que os sentidos não podem perceber. O homem faz isto sempre que abstrai as qualidades materiais dos seres, para formar as ideias ou conceitos gerais. c) Além disso, o homem pode raciocinar, o que não pode fazer o animal. É absurdo supor que um cão leia um livro e discuta as ideias do autor, ou que um burro fabrique um computador ou componha uma sinfonia.

Pois bem: como o agir segue o ser, dizemos que, havendo no homem operações imateriais, é necessário que nele exista um princípio imaterial especial espiritual que as produza; a este princípio espiritual chamamos alma.

Necessariamente, a natureza de um ser está de acordo com as suas operações. Assim, é impossível que uma pedra tenha respiração e circulação, ou que uma planta veja e sinta prazer. Por isso, havendo como há no homem, operações imateriais, é necessário que haja nele um princípio material especial.

A alma não morre com o corpo: é imortal: “Deus fez o homem imortal” escreve o Livro da Sabedoria 2, 23.

Diz também o Eclesiastes: “Que o pó da terra volte à terra de onde saiu; e o espírito volte a Deus, que lhe deu o ser” (12, 7).

Também a razão, por sua vez, prova a imortalidade da alma:

A) Porque, sendo a alma um espírito, não tem em si gérmen algum de corrupção, própria do que é material.

O corpo, ao morrer, desagrega-se nos diversos elementos que o compõem e entra em corrupção. A alma humana é simples e espiritual, e não tem nem elementos que se desagreguem, nem matéria que possa corromper-se.

B) Porque assim o exige a sabedoria de Deus. Se a alma não fosse imortal, Deus teria posto no homem um desejo de felicidade que jamais poderia satisfazer.

Uma vez que nesta vida não pode satisfazer plenamente esse desejo, e iria contra a sabedoria de Deus ter posto na alma uma aspiração tão profunda e poderosa para nunca a satisfazer, é necessário admitir a existência de outra vida, onde essa aspiração possa ter completa realização.

C) Porque assim o exige a Justiça de Deus. Pois de outro modo tantas injustiças que se dão no mundo ficariam sem reparação (Curso de Teologia Dogmática, Pablo Arce e Ricardo Sada).

Caríssima senhora, reze durante os meses de novembro e dezembro os Salmos 47, 48 e 49.

Salmo 47: “Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com gritos alegres! Pois o Senhor Altíssimo é terrível, é o grande rei sobre a terra inteira. Ele põe as nações sob o nosso poder, põe-nos os povos debaixo dos pés. Escolheu para nós nossa herança, o orgulho de Jacó, a quem ele ama. Deus sobe por entre ovações, Deus, ao clangor da trombeta. Tocai para o nosso Deus, tocai, tocai para o nosso Rei, tocai! Pois o rei de toda a terra é Deus: tocai música para mostrá-lo! Deus é rei acima das nações, senta-se Deus em seu trono sagrado. Os príncipes dos povos se aliam com o povo do Deus de Abraão. Pois os escudos da terra são de Deus, e ele subiu ao mais alto”.

Salmo 48: “O Senhor é grande e muito louvável na cidade do nosso Deus, a montanha sagrada, bela em altura, alegria da terra toda; o monte Sião, no longínquo Norte, cidade do grande rei: entre seus palácios, Deus se mostrou como fortaleza. Eis que os reis tinham-se aliado e juntos avançavam; mas viram e logo se aterraram, e, apavorados, debandaram às pressas. Ali apossou-se deles um tremor como espasmo de parturiente, como o vento leste destroçando os navios de Társis. Conforme ouvimos, assim vimos também na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus firmou-a para sempre! Ó Deus, nós meditamos teu amor no meio do teu Templo! Como teu nome, ó Deus, também teu louvor atinge os limites da terra! Tua direita está cheia de justiça: alegra-se o monte Sião e as filhas de Judá exultam, por causa dos teus julgamentos. Rodeai Sião, percorrei-a, enumerai suas torres; colocai os corações em seus muros, explorai seus palácios; para contar à geração futura que este Deus é o nosso Deus para sempre! É ele quem nos conduz!”

Salmo 49: “Ouvi isto, todos os povos, dai ouvidos, habitantes todos do mundo, gente do povo, homens de condição, ricos e indigentes, todos juntos! Minha boca fala com sabedoria e meu coração medita a inteligência; inclino meu ouvido a um provérbio e sobre a lira resolvo meu enigma. Por que vou temer nos dias maus, quando a maldade me persegue e envolve? Eles confiam na sua fortuna e se gloriam de sua imensa riqueza. Mas o homem não pode comprar seu resgate, nem pagar a Deus seu preço: o resgate de sua vida é tão caro que seria sempre insuficiente para o homem sobreviver, sem nunca ver a cova. Ora, ele vê os sábios morrerem e o imbecil perecer com o insensato, deixando sua riqueza para outros. Seus túmulos são para sempre suas casas, suas moradias de geração em geração; e eles davam o próprio nome às suas terras... Mas o homem com seu luxo não entende, é semelhante ao animal mudo... E assim caminham, seguros de si mesmos, e terminam contentes com sua sorte. São como o rebanho destinado ao Xeol, a Morte os leva a pastar, os homens retos vão dominá-los. Pela manhã sua imagem desaparece; o Xeol é a sua residência. Mas Deus resgatará a minha vida das garras do Xeol, e me tomará. Não temas quando um homem enriquece, quando cresce a glória de sua casa: ao morrer nada poderá levar, sua glória não descerá com ele. Enquanto vivia, ele se felicitava: — ‘Eles te aplaudem, pois tudo vai bem para ti!’ Ele vai juntar-se à geração dos seus pais, que nunca mais verá a luz. Mas o homem com seu luxo não entende, é semelhante ao animal mudo...”

Leia com atenção essa “historinha”: Duas morreram... salvou-se uma!

Eram três jovens... quase meninas. Acabavam de deixar o colégio, um bom colégio, onde tinham sido educadas. Lançaram-se ao mundo e o mundo, como um terrível redemoinho, arrastou-as para suas festas e diversões. Não sonhavam senão com cinemas, teatros e bailes... Eram jovens! Ainda teriam tempo para fazer penitência! Não iriam passar os melhores anos da vida encerradas, como freiras, em casa e na igreja! Isso nunca... jamais!

Uma tarde, uma delas procurou um padre. Chegou chorando e o terror espelhava-se no seu rosto. Sabeis o que se passara?

Poucos dias antes as três amigas tinham sucumbido, deixando-se vencer por uma tentação perversa. Das más leituras haviam passado às más conversas, das más conversas às perigosas amizades e das perigosas amizades ao passo fatal (sexo antes do casamento)... Estavam nas garras do demônio!

Isso acontecera poucos dias antes da festa da Imaculada Conceição. Como ainda não tinham perdido a fé, os remorsos gritaram em seus corações protestando contra a sua conduta louca e pecadora. Mas as três convieram em responder à consciência:

– No dia da Imaculada Conceição iremos confessar-nos e tudo estará em ordem... No dia seguinte iriam a uma cidade vizinha para se divertirem... Encontrar-se-iam na estação à hora da partida... Só chegaram duas. A terceira chegava apressada, quando o trem ia saindo... As amigas, da janela, diziam-lhe adeus entre risos e gargalhadas de alegria... Elas, quanto iriam aproveitar a festa!... Ela, abandonada e só... que tristeza, que raiva!

Poucas horas se passaram. Um tremendo telegrama... e uma notícia aterradora circulava por toda a cidade: dera-se um encontro de trens... e as vítimas eram muitas... Entre as vítimas achavam-se as duas amigas, mortas na hora!

– Padre! – disse a que ficara – hoje Deus me livrou do inferno. Se tivesse ido com minhas amigas, com elas estaria morta e com elas condenada ao inferno. Bendita seja a misericórdia de Deus!

Infeliz da pessoa que deixa a conversão para depois; pois poderá ser tarde.

Prezada senhora, obrigado pela ajuda mensal.

Eu te abençoo e te guardo no Coração de Maria Santíssima: “Recorramos em tudo a Maria. Ela sempre nos atenderá. Alcançar-nos-á o que lhe pedimos, ou conseguir-nos-á graças ainda maiores e mais abundantes para que dos males saibamos tirar bens; e dos grandes males, grandes bens. Seja qual for a nossa situação, experimentaremos sempre o seu consolo” (Pe. Francisco Fernández Carvajal ).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

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