Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

054 / 2017

 

Anápolis, 06 de novembro de 2017

 

À senhora Solange de Assis Carvalho

Benfeitora do Instituto, Goiânia – GO

 

Caríssima senhora, faça o bem enquanto é tempo, porque a vida passa... passa rápido... passa como um relâmpago... e o tempo que passa não volta mais... a vida é breve, curta... devemos “entesourar” tesouros no céu agora, não depois da morte: “Recordai-vos, ó Senhor, de como é breve a minha vida, e de como é perecível todo homem que criastes. Quem acaso viverá sem provar jamais a morte, e quem pode arrebatar a sua vida dos abismos?” (Sl 88, 48-49).

 

Quem perde tempo joga a vida fora: “Como passa o tempo que Deus te deu para o servires, louvares e amares, e como vais passando com o tempo, sem te lembrares sequer de quem te criou, de quem é o teu Senhor, o te Deus e todo o teu bem! Que tempo perdido nesses anos, nesses meses e dias em que, longe de servires a Deus, tanto e tão gravemente o ofendeste! Deus não te criou para a terra, mas para o céu; criou-te para o amares e servires nesta vida e assim gozares na outra para todo o sempre” (Pe. Alexandrino  Monteiro).

Nada há mais precioso que o tempo e não há coisa menos estimada nem mais desprezada pelos mundanos. Isso deplora São Bernardo, dizendo: “Passam rapidamente os dias de salvação, e ninguém reflete que esses dias desaparecem e jamais voltam”.

Vede aquele beberrão que perde dias e noites no bar. Perguntai-lhe o que faz e responderá: Passo o tempo.

Vede o ocioso que se entretém horas inteiras na rua a ver quem passa, ou a falar em coisas obscenas ou inúteis. Se lhe perguntam o que está fazendo, dirá que não faz mais do que passar o tempo.

Pobres cegos, que assim vão perdendo tantos dias; dias que nunca mais voltam!

Ó tempo desprezado! Tu serás a coisa que os mundanos mais desejarão na hora da morte... Desejarão então dispor de mais um ano, mais um mês, mais um dia; mas não o terão, e ouvirão dizer que já não haverá mais tempo (Ap 10,6).

O que não daria então cada um deles para ter mais uma semana, um dia de vida, a fim de poder melhor ajustar as contas da alma! Ainda que fosse para alcançar só uma hora — disse São Lourenço Justiniano — dariam todos os seus bens. Mas não obterão essa hora de trégua.

Por isso, exorta o profeta a que nos lembremos de Deus e procuremos sua graça antes que a luz se nos extinga (Ecl 12,1-2).

Que apreensão não sentirá um viajante ao notar que se transviou no caminho, quando, por ser já noite, não lhe é possível reparar o engano! (Santo Afonso Maria de Ligório).

Senhora Solange, leia atenciosamente a Vida de Santa Solange.

Santa Solange nasceu no ano 863, na vila de Villemont, perto da cidade de Bourges (França). Seu pai era pobre, vinhateiro de profissão e católico fervoroso. De seu casamento nasceu Solange, uma jovem linda fisicamente e mais bela ainda em sua alma e em seu coração. Alegre e cheia de piedade, gostava de ouvir seu pai contar passagens da vida dos santos. Ficou encantada com a história de Santa Inês, a bela jovem, virgem e mártir, que entregou sua vida por causa da fé em Jesus Cristo.

Iluminada pelo exemplo de Santa Inês, a jovem Solange sentiu em seu coração o desejo de consagrar sua vida totalmente ao Senhor Deus, para servi-lo como a Ele aprouvesse. Por isso, fez um voto de castidade, pensando em possivelmente entrar para um convento de freiras quando fosse possível.

Nesse tempo, ela passou a ser responsável pelo rebanho de ovelhas de sua família. Assim, toda manhã, quando saia para apascentar o rebanho, passava em frente à igreja, fazia suas orações, depositava flores no altar de Nossa Senhora e seguia para o campo. Lá, dividia suas horas entre o trabalho e a oração. Chegou a construir uma pequena capela de pedras para rezar e entrar no aconchego da presença de Deus.

Em seus momentos de oração, algumas vezes, Santa Solange entrava em êxtase e contemplava a presença de Deus. Dizia que nesses momentos o tempo passava velozmente. Mas, então, os anjos a chamavam de volta para a realidade terrena, onde Deus a queria naquele momento. Sempre que podia, visitava os pobres e partilhava com eles o pouco que tinha, sentindo-se muito feliz com isso. Cheia de compaixão, visitava os doentes e rezava por eles. Muitos ficaram curados através de suas orações. Por isso, a fama de Santa Solange se espalhou pela região como a linda santinha cheia de amor e compaixão.

Um dia, um homem, movido por intenções escusas quis conhecer a tal jovem bela e santa. Seu nome era Bernardo de la Gothie. Era filho do Conde de Poitiers e de Bourges, também chamado Bernardo. O jovem Bernardo fingiu que saia para caçar, mas dirigiu-se a Villemont, exatamente na região onde Santa Solange pastoreava seu pequenino rebanho. Quando Bernardo viu Solange, quis muito possui-la e manifestou seu desejo. Santa Solange, porém, recusou com força.

Bernardo disse aceitar e compreender a recusa de Solange. Porém, alguns dias depois lá estava ele no mesmo local, insistindo em suas propostas desvairadas para com Santa Solange. Como a santa demonstrava estar totalmente decidida a manter sua castidade, Bernardo agarrou-a com força, colocou-a sobre seu cavalo e a levou dali. Em dado momento, Santa Solange conseguiu escapar dos braços de Bernardo e caiu num riacho por onde passavam. Furioso por causa da decisão da jovem santa, Bernardo desceu do cavalo e decapitou a moça com apenas um golpe de espada (10 de maio de 880).

Algumas narrações contam que no momento da decapitação, Santa Solange estava de pé. Sabendo, numa fração de segundo, o que iria lhe acontecer, estendeu seus braços e segurou sua cabeça. Em seguida, caminhou até um cruzeiro que ficava perto (hoje Saint Martin du Cros). Lá, ela caiu morta. Ali ela foi sepultada e passou a ser venerada. Muitos milagres aconteceram por sua intercessão e a fama de sua santidade se espalhou. Não se sabe o que aconteceu a Bernardo depois deste fato.

O local onde Santa Solange caiu e foi sepultada passou a ser chamado “Campo do Martírio”. Ali foi construída uma igreja em sua homenagem. Todos os anos, no dia 10 de maio, dia de Santa Solange, os fiéis levam o relicário contendo seus restos mortais em procissão até à igreja. Alguns anos após a morte de Santa Solange, o Papa Alexandre VII deu autorização para que se criasse uma confraria que visava defender a pureza e os valores defendidos pela santa, chamada Confraria dos Primos de Santa Solange.

 

Oração a Santa Solange

 

“Ó Deus, que destes a Santa Solange a graça da pureza de coração e de procurar fazer sempre e em todas as ocasiões a vossa santíssima vontade, mantendo a firmeza de caráter e a decisão de seguir-vos em todo momento, dai também a nós a graça de perseverarmos no cumprimento da vossa vontade até o fim. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém”.

 

Estimada senhora, reze durante os meses de novembro e dezembro os Salmos 82 e 108.

 

Salmo 82: “Deus se levanta no conselho divino, em meio aos deuses ele julga: ‘Até quando julgareis injustamente, sustentando a causa dos ímpios? Protegei o fraco e o órfão, fazei justiça ao pobre e ao necessitado, libertai o fraco e o indigente, livrai-os da mão dos ímpios! Eles não sabem, não entendem, vagueiam em trevas: todos os fundamentos da terra se abalam. Eu declarei: Vós sois deuses, todos vós sois filhos do Altíssimo; contudo, morrereis como um homem qualquer,  caireis como qualquer dos príncipes’. Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois as nações todas pertencem a ti!”

 

Salmo 108: “Meu coração está firme, ó Deus, — eu quero cantar e tocar! — vamos, glória minha, desperta, cítara e harpa, eu vou despertar a aurora! Quero louvar-te entre os povos, Deus, tocar para ti em meio às nações; pois mais que o céu é grande o teu amor, e tua verdade vai até às nuvens. Ó Deus, eleva-te acima do céu, e tua glória domine a terra toda. Para que teus amados sejam libertos, salva pela tua direita! Responde-nos! Deus falou em seu santuário: ‘Eu exulto ao partilhar Siquém e ao medir o vale de Sucot. Meu é Galaad, Manassés me pertence, o elmo da minha cabeça é Efraim, Judá, cetro do meu comando. Moab é a bacia em que me lavo, e sobre Edom eu lanço a minha sandália, contra a Filistéia eu grito a vitória’. Quem me levará a uma cidade-forte, quem me conduzirá até Edom, senão tu, ó Deus, que nos rejeitaste, um Deus que já não sai com nossos exércitos? Concede-nos socorro na opressão, pois a salvação humana é inútil! Com Deus nós faremos proezas, ele vai calcar nossos opressores!”

 

Leia com atenção essa “historinha”: O respeito aos pais.

Um professor notável por sua ciência e muito estimado por seus alunos, mas filhos de pais muito pobres, estava ocupado em sua classe quando, inesperadamente, entrou ali um ancião mal vestido e de maneiras muito simples.

Os alunos, que não o conheciam, puseram-se a rir. O professor levantou-se imediatamente, cumprimentou ao recém-vindo e, dirigindo-se aos alunos, disse:

— Muitas vezes vos tenho falado do respeito que devemos aos  pais. Aqui vos apresento o meu, do qual não me envergonho.

Ele tinha razão. Está escrito: “Honrarás teu pai e tua mãe”.

Prezada senhora, obrigado pela ajuda mensal.

Solange significa: “solene”, “majestosa”, “digna” ou “pessoa importante”.

Rezamos pela senhora e família todos os dias.

Eu te abençoo e te guardo no Coração Imaculado de Maria: “Honra muito a Maria. É tua mãe tão boa e carinhosa, que jamais deixará de velar por ti” (Santa Teresa dos Andes).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

OUTRAS CARTAS