Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

061 / 2017

 

Anápolis, 18 de novembro de 2017

 

Ao senhor Gilberto Silva

Benfeitor do Instituto, Goiânia – GO

 

Caríssimo senhor, façamos o bem enquanto é tempo... a vida passa e não volta mais. Feliz da pessoa que aproveita cada minuto para realizar somente o que agrada a Deus; aquele que perde tempo com as coisas passageiras e caducas joga a vida fora... é muito perigoso morrer de mãos vazias: “A cada passo, a cada respiração, chegamos mais perto da morte” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

Devemos pensar muito na eternidade feliz, isto é, no céu... mas existe também a eternidade infeliz: o inferno.

Eternidade! Pensamento consolador para os bons e terrível  para os maus! O pensamento da eternidade é como o sol que sempre brilha, ainda quando não queiramos ver. A razão demonstra a imortalidade da alma, e a revelação ensina que, após a ressurreição do corpo, seguir-se-á a vida futura e a eternidade de todo o nosso ser!

A eternidade é a casa que nos espera além-túmulo: Irá o homem para a casa de sua eternidade (Ecl 12, 5), diz a Escritura. Dela vamos aproximando dia a dia, e nela entraremos com o último lampejo da vida!

Terminado o prazo da existência, começará a imortalidade, em que o homem, ou alegre ou sofrendo, não tornará a ver a morte! A alegria do justo e o penar do condenado só teriam fim quando Deus deixasse de existir! Mas Deus existirá sempre!

O que é a eternidade? Imagina uma coluna de bronze que chegue da terra ao céu, e supõe que, de mil em mil anos, uma avezinha vem roçá-la de leve com o bico... quando esta coluna estiver gasta, a eternidade ainda estará no seu princípio!

Vai à praia do mar, toma um punhado de areia e vê se podes contar os grãos que tens embarcado na mão. Supõe agora que uma ave desça do céu e leve de mil em mil anos um grão de areia no bico: quando a tiver transportado toda, a eternidade estará ainda no seu princípio!

Já viste, de certo, o mar. Pensa agora que, de século em século, se evapore uma gota desse grande repositório d’água. Pois bem: quando se começar a descobrir o fundo do oceano, a eternidade estará ainda no seu princípio!

Na terra tudo passa: aos anos sucedem os séculos, e com os séculos vão-se findando as gerações.

Na eternidade não há mudanças! Não há ali sol que regule os dias, nem relógio que marque o tempo. O que foi ontem é hoje... o que é hoje, é amanhã.

Eternidade no céu! Eternidade no inferno! Eternidade com Deus! Eternidade com os demônios! Eternamente se alegrando ou eternamente sofrendo! Que alternativa!

No céu, a felicidade sem interrupção; no inferno, o penar sem alívio e sem fim!

A eternidade é um sempre e um nunca! (Pe. Alexandrino Monteiro).

Infeliz da pessoa que brinca com a eternidade! Que vive como se Deus não existisse... que vive como se o céu fosse uma lenda e o inferno uma “historinha” para assustar os pecadores. Deus não precisa assustar ninguém, porque Ele não precisa do homem.

Devemos viver santamente porque a nossa hora também vai chegar... não ficaremos para semente nesse mundo. O tempo que temos para construir a nossa “mansão” no céu é agora... e devemos usar os “tijolos” das boas obras.

 

Senhor Gilberto, leia atenciosamente a Vida de São Gilberto de Sempringham.

São Gilberto nasceu em Sempringham no Lincolnshire (Inglaterra), e, na devida época, ordenou-se sacerdote. Durante um tempo, lecionou em uma escola leiga. Mas, cabendo a seu pai o direito de apresentar candidatos às vagas dos presbitérios de Sempringham e Terrington, Gilberto foi por ele indicado, em 1123, para esses dois benefícios eclesiásticos. Os proventos (rendimentos) daí oriundos, eles os doava aos pobres, reservando-se apenas uma pequena soma para o estrito necessário. Graças aos seus esforços, os paroquianos eram orientados para a santidade de vida, e foi ele quem redigiu uma regra para sete moças que viviam em estrita clausura na casa anexa à igreja paroquial de Santo André em Sempringham. Crescendo a fundação, Gilberto achou necessário acrescentar, primeiro, irmãs leigas e, depois, irmãos leigos que lavrassem a terra das monjas. Em 1147, ele se dirigiu a Citeaux para pedir que o abade assumisse a nova fundação. Isso, entretanto, os cistercienses não puderam, e Gilberto foi encorajado pelo Papa Eugênio III a assumir ele próprio a tarefa. Por fim, Gilberto acrescentou um quarto elemento, ou seja, cônegos regulares que fossem capelães das monjas.

Assim começaram os gilbertinos, única ordem religiosa medieval de origem inglesa. Com exceção de uma casa na Escócia, nunca esta ordem se difundiu fora do país. E, quando alcançou o número de vinte e seis mosteiros, desintegrou-se. As monjas seguiam a Regra de São Bento, e os cônegos, a de Santo Agostinho. As casas eram duplas, mas a ordem constituía-se principalmente de mulheres, embora tivesse à sua testa como mestre geral um cônego. A disciplina da ordem era severa e fortemente influenciada por Citeaux. Além disso, a insistência na simplicidade, em relação aos objetos da igreja e aos atos religiosos, chegou a fazer com que o ofício coral fosse celebrado “‘recto tono’ por espírito de humildade, de modo que não pervertesse as almas fracas como a filha de Herodíades”.

Finalmente, o próprio São Gilberto assumiu o ofício de mestre geral da ordem, mas renunciou algum tempo antes de morrer, quando a perda da visão impossibilitou-lhe o exato cumprimento dessa função. A tal ponto era ele abstinente que as pessoas admiravam-se de continuar vivo com alimentação tão frugal. Gilberto tinha sempre à mesa uma travessa, que ele chamava “o prato do Senhor Jesus”. Nesse prato, que era para os pobres, ele colocava o que havida de melhor na mesa. Gilberto usava cilício, descansava sentado, e passava a maior parte da norte em oração. Durante o exílio de Santo Tomás de Cantuária, ele e outros superiores de sua ordem foram acusados de tê-lo ajudado. A acusação não era verdadeira. Entretanto, o santo preferiu sofrer o aprisionamento e correr o risco da supressão de sua ordem a defender-se da acusação, para não parecer que condenava o que teria sido bom e justo. Com quase noventa anos, sofreu calúnias da parte de alguns irmãos leigos revoltados.

São Gilberto morreu em 1189 com a idade de cento e seis anos, e foi canonizado em 1202. Afirma-se que suas relíquias foram levadas pelo Rei Luís VIII para Tolosa, onde elas ainda estão guardadas na igreja de São Sernin, como se acredita. Sua festa é hoje celebrada nas dioceses de Northampton e Nottingham e pelos cônegos Regulares de Latrão, a 4 de fevereiro, dia em que seu nome consta do Martirológio Romano.

 

Estimado senhor, reze os Salmos 58 e 60 durante os meses de novembro e dezembro: “Embora toda a divina Escritura exale a graça de Deus, o mais suave é o Livro dos Salmos.” (Santo Ambrósio).

 

Salmo 58: “É verdade que opinais com justiça, ó seres divinos? Que julgais retamente os filhos de Adão? Longe disso! É de coração que praticais a injustiça, pesando sobre a terra a violência de vossas mãos. Os ímpios se desviaram desde o seio materno, desde o ventre já falam mentiras; têm veneno como veneno de serpente, são como víbora surda, que tapa os ouvidos para não ouvir a voz dos encantadores, do mais hábil em praticar encantamentos. Ó Deus, quebra-lhes os dentes na boca, arranca as presas dos leõezinhos, ó Deus! Que se diluam como água escorrendo, murchem como erva pisada, como lesma derretendo ao caminhar, como aborto que não chega a ver o sol! Antes que lancem espinhos como espinheiro, verdes ou secos, que o furacão os carregue! Que o justo se alegre ao ver a vingança, e lave seus pés no sangue do ímpio. E comentem: ‘Sim! Existe um fruto para o justo! De fato! Existe um Deus que faz justiça sobre a terra!’”

 

Salmo 60: “Ó Deus, tu nos rejeitaste e nos dispersaste, estavas irritado: volta a nós! Fizeste a terra tremer e a fendeste: repara suas fendas, pois ela vacila! Mostraste duras coisas ao teu povo, fizeste-nos beber um vinho estonteante; deste a teus fiéis o sinal para debandar perante o arco. Para que teus amados sejam libertos, salva com a tua direita! Responde-nos! Deus falou em seu santuário: ‘Eu exulto ao partilhar Siquém, e ao medir o vale de Sucot. Meu é Galaad, Manassés me pertence, o elmo da minha cabeça é Efraim, Judá, cetro do meu comando. Moab é a bacia em que me lavo, e sobre Edom eu lanço a minha sandália. Grita a vitória contra mim, ó Filistéia!’ Quem me levará a uma cidade-forte, quem me conduzirá até Edom, a não ser tu, ó Deus, que nos rejeitaste, um Deus que já não sai com nossos exércitos? Concede-nos socorro na opressão, pois a salvação humana é inútil! Com Deus nós faremos proezas: ele vai calcar nossos opressores!”

 

Leia com atenção essa “historinha”: O consolo de Lúcifer.

Um dia, voltando da terra, chegou um demônio ao inferno. Estava triste e abatido. Dirigindo-se a Lúcifer, o rei das trevas, disse:

– Chefe, falhou completamente o meu esforço. Mostrei ao Filho do homem, Jesus Cristo, todas as riquezas e grandezas do universo e prometi dar-lhe tudo aquilo com a única condição de que me adorasse... E eis que Ele me repeliu com desprezo.

– Consola-te, meu filho, responde Lúcifer, mesmo que esse esteja perdido, todos os outros nos pertencem...

Depois de algum tempo, regressa o demônio de sua nova excursão pela terra e diz:

– Chefe, está tudo perdido. O Filho do homem acaba de fazer ao povo um sermão sem igual.  Ele afasta a todos das vaidades terrenas e impele-os para o reino de Deus.

– Consola-te, meu filho, diz Lúcifer, eles gostam de ouvir palavras novas e belas, mas não as põem em prática. Esquecer-se-ão delas como se esquecem dos ensinamentos dos profetas.

Faz o demônio outra excursão pela terra. Quando volta ao inferno, chega-se ao poderoso rei Lúcifer e, desanimado, diz:

– Meu chefe, o nosso poder está liquidado para sempre. O Filho do homem selou sua doutrina com a própria vida... morreu na cruz, provando assim que é realmente o Filho de Deus.

– Não te aflijas demais, meu filho, replicou Lúcifer, eles serão nossos apesar de tudo. O Filho do homem provou, é verdade, por sua morte na cruz, que é o Filho de Deus... mas consola-te, meu fiel emissário, os homens não crerão n’Ele.

Devemos tirar deste imaginário diálogo uma preciosa lição para nossa alma, isto é, que não devemos viver, como os pagãos e os libertinos, sem fé, sem religião e sem Deus.

Milhões de cristãos acreditam em Deus somente da boca para fora... vivem como pagãos.

 

Prezado senhor, obrigado pela ajuda mensal.

Gilberto significa: “garantia ilustre” ou “refém famoso”.

Rezamos pelo senhor e família todos os dias.

Eu te abençoo e te guardo no Coração de Jesus Cristo, nosso melhor Amigo: “Quem entrou na amizade com Jesus, pôs-se no caminho da salvação, porque ser amigo de Jesus é ser amigo de Deus, do bem, da virtude. Para ser amigo de Jesus é necessário ser inimigo do mundo, do demônio e do pecado. A amizade com Jesus é salutar. O coração humano é às vezes batido por ondas de tão grande amargura que não há palavras de amigos que as abrandem, ainda que sejam dos mais confidentes. Nestes apertos do coração, neste abandono dos homens, neste pensar sem conforto quem nos pode consolar é só Jesus!” (Pe. Alexandrino Monteiro).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

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