Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

069 / 2017

 

Anápolis, 03 de dezembro de 2017

 

À senhora Juliana de Souza Costa

Benfeitora do Instituto, Goiânia – GO

 

Prezada senhora, viva na presença de Deus e confie no seu amor… somente Deus pode fortalecê-la nas horas difíceis: “Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio! Digo ao Senhor: ‘Somente vós sois meu Senhor: nenhum bem eu posso achar fora de vós!’” (Sl 15, 1-2).

 

Não perca tempo com as criaturas, elas são fracas, curiosas e traidoras… Deus é um grande Amigo… Amigo fiel e Pai… Pai amoroso e zeloso… cuida dos seus filhos com carinho, cuidado e fidelidade. As criaturas mudam continuamente, são falsas e invejosas. Busque refúgio no Deus que tudo pode: “É melhor buscar refúgio no Senhor, do que pôr no ser humano a esperança; é melhor buscar refúgio no Senhor do que contar com os poderosos deste mundo” (Sl 117, 8-9).

Deus é força e segurança! Ele nos protege contra os ataques dos inimigos. Quem se apoia no Senhor não treme diante das perseguições dos mundanos: Para mim o Senhor, com certeza, é refúgio, é abrigo, é rochedo! O Senhor, nosso Deus, os arrasa, faz voltar contra eles o mal, sua própria maldade os condena.

A nossa alma imortal e espiritual jamais encontrará alegria e felicidade nas coisas passageiras desse mundo. Somente Deus, Alegria Infinita, pode satisfazê-la… longe d’Ele só há tristeza e amargura: “Eu exulto de alegria no Senhor, e minha alma rejubila no meu Deus” (Is 61, 10).

É grande loucura voltar as costas para Deus para buscar apoio naquilo que passa… nas vaidades desse mundo inimigo de Deus e da santidade. Somente o Criador pode nos sustentar contra as “correntezas” e “tempestades”… com a sua força venceremos todos os obstáculos: “É feliz todo homem que busca seu auxílio no Deus de Jacó, e que põe no Senhor a esperança” (Sl 145, 5).

Quem se “agarra” em Deus não será vencido… o Senhor o libertará das mãos dos ímpios e perseguidores: “Eles lutarão contra ti, mas nada poderão contra ti, porque eu estou contigo… para te libertar” (Jr 1, 19).

Não fique desanimada diante das traições e falsidades das pessoas… corra para Deus e Ele te sustentará: “O homem justo há de alegrar-se no Senhor e junto dele encontrará o seu refúgio, e os de reto coração triunfarão”(Sl 63, 11).

 

Senhora Juliana, leia atenciosamente a Vida de Santa Juliana Falconiere.

Na cidade de Florença havia dois irmãos, nobres e ricos, Caríssimo e Santo Aleixo; exerciam o comércio como a maior parte das mais ilustres famílias de Florença e de outras cidades da Itália. Santo Aleixo tinha devoção particular pela Mãe de Deus. Foi um dos sete comerciantes de Florença, todos bem-aventurados, que, com São Felipe Benício, seu compatriota, fundaram a ordem dos Servitas. Chamam-se servitas pessoas religiosas que se consagram ao serviço de Deus sob a proteção especial da Santa Virgem. Caríssimo Falconieri, avançando em idade, impressionou-se com o exemplo e as exortações do piedoso irmão.

Passando uma acurada revista na vida, muito se inquietou com a possibilidade de ter adquirido algo por vias injustas. Pediu esclarecimentos a Deus, fez restituições e esmolas. Enfim, em 1263, suplicou ao Papa Urbano IV lhe concedesse uma absolvição geral por todos os erros que poderia ter cometido sem saber. O soberano Pontífice concedeu-lha sob certas condições, que Caríssimo cumpriu com zelo.

Além das restituições e das esmolas, mandou construir em Florença uma igreja da Anunciação que, pela riqueza e beleza de arquitetura, é ainda hoje considerada uma maravilha. Foi recompensado de mais de uma maneira. Era já velho, quando lhe nasceu uma filha, que foi Santa Juliana Falconieri. Era pelo ano de 1270: a alegria foi grande para toda a família.

Juliana perdeu o pai pouco depois; apenas se lembrava de tê-lo visto. Mais tempo conservou o santo tio Aleixo, que foi seu pai na piedade. As primeiras palavras que Juliana aprendeu a balbuciar foram os nomes de Jesus e Maria. Pronunciava-as tão frequentemente, que a ama muito se admirava, e sua piedosa mãe a via com alegria.

Santo Aleixo dizia à cunhada que ela havia dado à luz não uma menina, mas um anjo. À medida que crescia, Juliana ocupava-se muito mais nos exercícios de devoção que lhe ensinava o santo tio, do que nos afazeres das mulheres, a que sua mãe se empenhava por habituá-la. Em lugar de manejar as agulhas e o fuso, construía pequenos altares, lia livros de piedade, cantava louvores da santa Virgem, recitava orações. Sua mãe com ela ralhava por vezes, dizendo que não sabia manter um ofício e dificilmente encontraria um marido. Juliana contentava-se em responder: Quando vier o tempo, a santa Virgem providenciará.

Como se tornasse muito bela com o correr dos anos e virtuosa, a mãe alimentava dia por dia maiores esperanças em vê-la encontrar um dos mais honrosos partidos; já falava disso com o pessoal da casa. Mas Juliana tinha pensamentos inteiramente outros. De acordo com as inspirações do santo tio, havia resolvido guardar a virgindade e consagrar-se ao serviço da Santa Virgem. Eis porque, nada obstante as exortações de sua mãe, nada obstante as carícias da família e do mundo, ligou-se pelo voto de continência, pronta a renunciar ao mundo e à família, para seguir Jesus Cristo pobre, desde que obtivesse permissão.

Completados, pois, seus dezesseis anos, recebeu das mãos de São Felipe Benício o hábito da ordem terceira dos servitas. Meditou piedosamente nos mistérios durante o ano de provação. A túnica negra representava-lhe a tristeza de Maria sobre o Calvário, e a grandeza de seu martírio entre os sofrimentos do Filho; a cintura de pele representava-lhe a pele do Salvador dilacerada pelos açoites, pelos pregos e pela lança; o véu branco a pureza da Virgem; a coroa os louvores que lhe foram rendidos pelo arcanjo. O livro lhe sugeria as meditações sobre a paixão de Jesus Cristo; o manto lhe recordava a proteção da mão de Deus, a quem se rejubilava em pertencer; o círio, esta lâmpada acesa que devia trazer pronta, como virgem prudente, para ir ao encontro do esposo. Meditando assim sobre o seu piedoso hábito, Juliana foi uma edificação constante  para a mãe, a família e todas as irmãs. No ano seguinte, 1285, fez profissão diante de São Filipe, que morreu pouco após.

A lembrança desse santo homem despertava nela de dia para dia, maior desejo de perfeição. Continuou junto de sua mãe, mas aumentou muito as austeridades. Nas quartas e sextas-feiras tomava por alimento apenas a santa comunhão. Jejuava ainda no sábado, a pão e água, em honra da Virgem Santa, em cujas sete dores meditava. Empregava as sextas-feiras na meditação da paixão do Salvador. Para tornar-se semelhante a Ele, macerava a carne até o sangue, com rudes disciplinas. Muitas vezes foi arrebatada em êxtases, pelo veemente desejo de ser crucificada com Jesus sofredor. À sua morte encontraram-lhe uma cintura de ferro sobre os rins e tão fundo tinha penetrado na carne, que não puderam retirá-la sem lesar o corpo; isso faz crer que ela a carregasse desde a juventude. Seu tio, Santo Aleixo, dava-lhe o exemplo; recusou sempre ser promovido nas ordens sacras, e permaneceu a vida inteira na ordem leiga, dedicando-se aos mais humildes trabalhos, e mendigando todos os dias o pão para os irmãos. Da mesma maneira a sobrinha, em lugar de viver nobremente de seus bens, preferia ganhar a vida com o trabalho das mãos e partilhar o lucro com as irmãs. Imitou principalmente Filipe Benício, no zelo pela conversão das almas.

Com a morte da mãe, entrou no convento das irmãs da ordem terceira, e atraiu para lá várias nobres jovens de Florença. Em 1316, foi necessário dar a esta casa uma regra definitiva e uma superiora. Juliana foi eleita prioresa por unanimidade. Recusou por longo tempo, julgando-se incapaz e indigna, e acabou aceitando por lembrar-se das palavras de São Filipe Benício, que lhe recomendara a congregação nascente, como prevendo que ela seria, um dia, a segunda fundadora. Foi-o menos pela autoridade do que pelo exemplo. A longevidade era como que um privilégio hereditário na família; seu tio, Santo Aleixo, tinha cento e dez anos quando morreu, em 17 de Fevereiro de 1310. Se Juliana não ultrapassou os setenta, deve-se atribuir o fato às grandes austeridades.

As religiosos da ordem terceira dos servitas devotavam-se particularmente ao serviço dos enfermos e a outras obras de caridade. Juliana sofreu também longa e penosa enfermidade, que suportou com paciência inalterável. Um vômito contínuo não permitia lhe administrassem o santo viático nos últimos momentos.

O Salvador dignou-se fazer um prodígio para unir-se à esposa: a santa hóstia, colocada sobre o seu coração, desapareceu subitamente. No mesmo instante ela faleceu. Era no dia 19 de Junho de 1340. A verdade de diversos milagres, operados por sua intercessão, foram juridicamente provados, e Bento XIII beatificou-a em 1729 e Clemente XII terminou o processo de canonização.

 

Estimada senhora, reze com fé e atenção os Salmos 20 e 21  durante o mês de dezembro.

 

Salmo 20: “Que Deus te responda no dia da angústia, que o nome do Deus de Jacó te proteja! Que do santuário ele te envie um socorro e te sustente desde Sião! Que recorde tuas ofertas todas e aprecie o teu holocausto! Que te dê o que teu coração deseja e realize todos os teus projetos! Possamos alegrar-nos com tua vitória, erguer bandeira em nome do nosso Deus! Que Deus realize teus pedidos todos! Agora eu sei que Deus dá a salvação ao seu messias; ele responde do seu santuário celeste com as proezas de sua direita salvadora. Uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, invocamos o nome do Senhor nosso Deus. Eles se inclinam e caem; nós, porém, nos levantamos e ficamos de pé. Deus, salva o rei! No dia em que clamarmos, responde-nos!”

 

Salmo 21: “Deus, o rei se alegra com tua força, e como exulta com tua salvação! Concedeste o desejo do seu coração, não negaste o pedido de seus lábios. Pois tu o precedes com bênçãos felizes, colocas uma coroa de ouro em sua cabeça; ele te pediu a vida e tu a concedeste, dias sem fim, para sempre. Grande é sua glória com a tua salvação, tu o vestiste com honra e esplendor; sim, tu o constituis como bênção para sempre e enches de alegria com tua presença. Sim, o rei confia em Deus, e, com o amor do Altíssimo, jamais vacilará. Tua mão encontrará teus inimigos todos, tua direita encontrará os que te odeiam; deles farás uma fornalha no dia da tua face: Deus os engolirá em sua ira, um fogo os devorará; extirparás da terra sua posteridade, sua descendência dentre os filhos de Adão. Que pretendam o mal contra ti, façam planos: nada conseguirão, pois tu os porás de costas, visarás sua face com teu arco! Levanta-te com tua força, Deus! Nós vamos cantar e tocar ao teu poder”.

 

Leia com atenção essa “historinha”: Perdoar aos inimigos.

João Gualberto era homem como os outros. Trazia uma espada à cinta e costumava viver metido em brigas e desafios. Tinha um irmão a quem amava com toda a sua alma. Um dia, porém, um malvado matou o seu irmão. Gualberto conhecia muito bem o assassino, e daquele dia em diante procurava ocasião de furar o seu peito com sua espada. Ele o havia jurado e assim o faria.

Era uma Sexta-feira Santa. João Gualberto montou a cavalo e saiu a passear pelo campo… Foi andando, até que entrou num caminho estreito entre montanhas altas. Nesse momento vê que vem ao seu encontro um homem… fixa-o… conhece-o… e, veloz como um raio, salta do seu cavalo. Era o assassino do seu irmão. Ali o tinha diante de si; podia saciar seus desejos de vingança, e grita:

— Canalha! Assassino! Por Barrabás que agora mesmo morres em minhas mãos.

E, desembainhando a espada, lança-se sobre o outro.

Nesse momento, o assassino, que ia desarmado, prostra aos seus pés e, com voz angustiosa e com os braços em cruz, dirige-lhe esta súplica:

— Irmão, hoje é Sexta-feira Santa; por amor de Cristo crucificado, perdoa-me!

Que se passou então no coração de Gualberto?

Conteve-se; ergueu os olhos ao céu… olhou para a cruz gravada em sua espada… Pensou em Jesus Cristo que do alto da cruz perdoara a seus crucificadores.

— Irmão – disse Gualberto ao assassino – por amor de Jesus Cristo eu te perdoo.

Despediram-se. O assassino afastou-se arrependido e dando graças a Deus. Gualberto entrou numa capela que encontrou no caminho. Ajoelhou-se diante do Cristo que ali estava pregado na cruz. Tirou a espada, suspendeu-a aos pés daquela Vítima divina e jurou aos pés da mesma deixar tudo e enveredar pelo caminho da santidade. E assim fez. A Igreja Católica comemora o seu dia no dia 12 de julho: São Gualberto.

Feliz daquele que sabe perdoar… que não guarda ódio no coração: “O ódio é um espírito de rancor, de vingança. Odiar é desejar mal a outrem, é sentir prazer com a desgraça alheia” (Pe. Leo J. Trese).

 

Caríssima senhora, obrigado pela ajuda mensal.

Rezamos pela senhora e família todos os dias.

Eu te abençoo e te guardo no Coração da Virgem Maria: “Deus te salve, Mãe de Deus, que alumiaste aos que estavam em trevas e sombras de morte; porque o povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, uma luz não outra senão Jesus Cristo nosso Senhor, luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo” (São Cirilo de Alexandria).

Com respeito e gratidão,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

 

 

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