Anápolis, 07 de abril de 2020
À senhorita Dayse Pena dos Reis
Taguatinga-DF
Caríssima, que a Sagrada Paixão de Jesus nos
fortaleça nesses momentos difíceis e
sombrios: “A Paixão de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e
exemplo de paciência” (Santo Agostinho, Sermo
Guelferbytanus 3: PLS 2, 245-246).
Fiquei sabendo que a senhorita está com
câncer... não deixe essa terrível
doente eclipsar a claridade de sua alegria.
Lembre-se de que Deus está por trás de tudo... tudo o que
acontece na nossa vida é vontade do Criador ou permissão d’Ele...
inclinemos a cabeça diante da vontade do Senhor.
O caminho da santidade, que leva a Deus, só pelo
próprio Deus pode ser traçado, e pela sua santa vontade. Disse
Jesus Cristo com energia: “Nem todo o
que me diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no reino dos céus; mas
sim, quem faz a vontade de meu Pai que estás nos céus”
(Mt 7,21). E para mostrar que as criaturas
a Ele mais unidas e por Ele mais amadas são justamente as que
fazem a vontade de Deus, acrescentou:
“Quem faz a vontade de meu pai que está nos céus, esse é meu
irmão, irmã e mãe” (Mt 12, 50).
Santa Teresa do Menino Jesus escreve:
“Consiste a perfeição em fazer a
vontade de Deus e em sermos como ele nos quer”, e
Santa Tereza d’Ávila ensina: “Não está
a suma perfeição nas doçuras interiores, nos grandes
arrombamentos, nas visões e no espírito de profecia, mas na
perfeita conformidade da vossa vontade com a de Deus, de tal
modo que nos leva a querer firmemente o que percebemos ser sua
vontade, aceitando com a mesma alegria, tanto o saboroso como o
amargo”.
Estimada, não deixe o desânimo entrar o seu
coração! Olhe para o Calvário e busque proteção, consolo,
apoio e força na Paixão de Jesus, Manso e Imaculado Cordeiro.
Não deixe a doença “sufocar” o seu amor a Jesus.
Jesus e sua Santíssima Mãe sofreram muito aqui nesse mundo, e a
nossa vida não pode ser diferente:
“Jesus é chamado Rei das dores e Rei dos Mártires, porque em sua
vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim
também é Maria chamada com razão Rainha dos Mártires, visto ter
suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores
de seu Filho” (Santo Afonso Maria de Ligório,
Glórias de Maria).
Prezada, não deixe a dor física apagar a sua
alegria... olhe para Cristo na cruz e suporte tudo com
paciência: “A dor não é, pois, para nós
uma fonte incondicional de alegria, pois não a amamos por si
mesma, não a encaramos como finalidade, mas como meio. A nossa
religião é a religião da cruz, mas não reside nesta o seu
sentido último” (Pe. Richard Gräf, O cristão e
a dor).
Faça uma Confissão Geral e receba a Unção
dos Enfermos... não deixe para depois.
Leia com atenção sobre a Unção dos
Enfermos: Não há razão para nos
envergonharmos ou para pensar que nos falta fé se nos
assustamos ao sentir que começa a pairar sobre nós
a sombra da morte. Para combater esse medo à morte e para
tirar toda causa de temor, Deus outorgou-nos o sacramento da
Unção dos Enfermos.
É um sacramento que nos confere a graça do
Espírito Santo, neste caso um aumento da graça santificante,
pois o sacramento da Unção dos Enfermos requer que a pessoa
que o recebe já esteja livre de pecado mortal. Assim se
robustece na alma essa vida sobrenatural, essa união com Deus,
que é a raiz de toda a fortaleza e a medida da nossa capacidade
para a felicidade do céu.
A Unção dos Enfermos, além de
aumentar em nós a graça santificante, dá-nos a sua específica
graça sacramental. O principal objetivo dessa graça do Espírito
Santo é confortar e fortalecer a alma do enfermo,
“reanimado pela confiança em Deus e
fortalecido contra as tentações do maligno e as aflições da
morte”, como diz o novo Ritual. É a graça
que alivia a angústia e dissipa o medo. É a graça
que permite ao enfermo abraçar a vontade de Deus e enfrentar sem
apreensões a possibilidade da morte. É a graça que dá forças à
alma para vencer as tentações de dúvida e para desapegar-se das
coisas desta vida.
A serenidade e a fortaleza espirituais são
aumentadas ainda mais pelo segundo efeito deste sacramento:
preparar a alma para entrar imediatamente no céu, concedendo-lhe
o perdão dos pecados veniais e purificando-a dos resíduos do
pecado. Se tivermos a grande
felicidade de poder receber este sacramento quando começarmos a
correr o risco da morte, poderemos ter a confiança quase
absoluta de entrar na bem-aventurança do céu logo depois de
expirarmos... podemos ter uma grande confiança em que, uma
vez recebida a Unção dos Enfermos, veremos a face de Deus logo
depois da nossa alma deixar o corpo. A alma purificou-se de tudo
o que poderia afastá-la dessa união: dos pecados veniais e da
pena temporal devida pelos pecados.
Caríssima, conte com nossas orações.
Com respeito,
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
|