Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta a Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, Arcebispo Militar do Brasil

 

O nosso Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes FP., depois de receber ataques, durante sete anos, pelo Exmo. Senhor Arcebispo Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila, escreveu-lhe a seguinte carta no dia 22 de outubro de 2005,  23 dias antes do falecimento do referido Arcebispo.

 

 

 

Anápolis, 22 de outubro de 2005

 

Ao Exmo. Senhor Arcebispo

Dom Geraldo do Espírito Santo Ávila

Ordinário Militar do Brasil

 

Exmo. senhor, que a vossa alma esteja mergulhada na Sagrada Paixão de Nosso Senhor: “Coisa excelente e muito santa é pensar e meditar sobre a paixão do Senhor; pois por esse caminho chegamos à união com Deus” (São Paulo da Cruz, Epist. 1, 43; 2, 440. 825).

Fiquei sabendo através de benfeitores de Brasília que o senhor se encontra gravemente enfermo, rezo para que tenha paciência de suportar tudo por amor a Deus: “Estou doente… mas estou na cruz e nela está Jesus Cristo. Vivo, pois, em permanente comunhão. Jesus, dou-te graças pela cruz” (Santa Teresa dos Andes, Diário 36).

Como Vossa Paternidade pode observar, tudo passa nesse mundo, também os senhores bispos, como está acontecendo com o senhor; e com certeza, terás que prestar contas a Deus da vossa vida e de vossa administração, como escreve Santo Agostinho: “Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração” (Início do Sermão sobre os pastores).

Querido Pastor, esses mesmos benfeitores, pessoas cultas e preparadas, já haviam me informado anos atrás, que  Vossa Paternidade sempre atacou-me com expressões baixas, mas eu nunca dei atenção para tais calúnias; o que não entendo, é que o senhor sendo um Arcebispo, nunca quis denunciar-me à Nunciatura Apostólica, ao Tribunal Eclesiástico, etc.; com certeza Vossa Paternidade não queria nenhuma explicação: “O caluniador não deseja explicação, ele deseja sim, a destruição do próximo” (Pe. Orlando Gambi, Paz e Bem).

Seria muito bom, se V. Excia. antes de partir para a eternidade, provasse com documentos e não com “ti ti ti”, tudo o que disse a meu respeito. Eu ficaria muito grato e Vossa Paternidade morreria mais tranqüilo: “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação” (Catecismo da Igreja Católica, 2.487).

Confesso-lhe que quando seminarista, achava que todos os bispos eram santos, mas depois o “véu” caiu, então conheci a triste realidade: “...chamam-nos de bispos  a nós que temos a honra do nome, não o mérito... Quando, porém, conseguiremos corrigir a vida de outrem, se descuramos a nossa?” (Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa).

Rezarei para que V. Excia. viva os últimos dias no Calvário, unido a Cristo Crucificado: “O monte Calvário é o monte dos amantes. Todo o amor que não tiver por origem a Paixão do Salvador é frívolo e perigoso” (São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, Livro XII, Capítulo XIII).

 

Respeitosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.