Carta 2
Anápolis, 27 de dezembro de 2001
Ao Exmo. Senhor Cardeal
Dom José Freire Falcão
Digníssimo Arcebispo da Arquidiocese de
Brasília
A princípio, pensei em não responder a
vossa carta, mas depois de uma longa reflexão, no dia do grande mártir
Santo Estevão, resolvi respondê-la por três motivos.
PRIMEIRO:
Não na intenção de convencê-lo, mas para que esta fique arquivada nas
Crônicas do meu Instituto, a fim de que os futuros religiosos possam
conhecer a feroz perseguição pela qual passamos nos primeiros anos da
fundação: “As coisas de Deus são sempre acompanhadas da cruz e do
sofrimento, e suas obras regadas com o orvalho das lágrimas”
(Dom Servilio Conti).
No dia 25 de dezembro de 2001, às 09:00 h.,
tive a alegria de receber em meu Seminário, em Anápolis, o Revmo. Pe.
Waldemar, de vossa Arquidiocese. O mesmo portava uma carta de V. Excia.,
endereçada a mim, comunicando que não poderia mais receber os meus
seminaristas em vosso Seminário para os estudos. O Revmo. Pe. Waldemar
disse-me que não sabia se o dia de Natal era uma data oportuna para tal
notícia; eu lhe respondi com um sorriso nos lábios que sim, pois esse era
o presente do Menino Jesus, e disse também, que tal notícia não me
abalaria, porque a nossa obra está construída sobre a rocha, e que Deus
providenciaria outro seminário: “N’Ele me abrigo, meu rochedo, meu
escudo e minha força salvadora, minha torre forte e meu refúgio”
(Sl 18, 3).
A vossa proibição, foi providencial, pois nesse ano de 2002, fundaremos
uma Casa em Roma, Casa Generalícia São Pedro, para de lá nunca mais sair.
Os meus irmãos morarão na Roma dos Mártires e dos Papas. Eu, porém,
permanecerei na Casa Mãe em Anápolis, suportando as perseguições com amor
e alegria, mas confiante em Deus: “Ei-lo, o Deus da minha salvação:
sinto-me inteiramente confiante, de nada tenho medo, porque Deus é a minha
força e o meu canto. Ele é a minha salvação”
(Is 12, 2).
Nunca tivemos um Natal tão fervoroso quanto
este, pois, pudemos nos assemelhar mais perfeitamente ao Menino Jesus na
Gruta de Belém, rejeitado e abandonado por todos.
São José e a Santíssima Virgem entraram em
Belém; a Mãe Puríssima trazia em seu ventre o Salvador do mundo, não um
simples rei, mas o Rei dos reis, não um simples senhor, mas o Senhor dos
senhores. O casal puríssimo entra na cidade. Mas quem o reconhece? Quem
lhe vai ao encontro? Quem lhe oferece agasalho? Ninguém, como está em João
1,11: “Veio para o que era seu e os seus não o receberam”.
Quando chegaram em Belém, a Santíssima
Virgem entendeu que se aproximava a hora do parto. Ela avisou o seu
puríssimo esposo São José, e ele saiu de casa em casa procurando um lugar,
onde a Bendita esposa pudesse dar a luz, mas foi em vão, ninguém quis
oferecer-lhe um abrigo. E ele, para não passar a noite no meio da rua,
viu-se obrigado a levar a Virgem Maria à hospedaria pública, onde já
muitos pobres se tinham alojado para a noite. Mas para a surpresa do
Bendito casal, ali não foi aceito como está em Lc 2, 7:
“Não havia
lugar para eles na estalagem”. Havia sim, lugar para todos, menos para
Jesus Cristo.
O Santo casal não encontrou lugar nas casas
de Belém e muito menos na estalagem, então foi procurar outro abrigo. O
Santo casal caminhou na escuridão e afinal encontrou aos pés dos muros de
Belém, uma rocha escavada em forma de gruta, que servia de estábulo para
os animais, e foi nesta gruta que a Santíssima Virgem deu a luz ao Menino
Jesus. Foi nesta gruta tão fria e úmida que o Menino Jesus nasceu.
Exmo. Cardeal, essa proibição injusta que
recebemos de estudar em vosso Seminário é pequena, nem se compara ao
sofrimento do Santo casal e do Menino Deus, e quanto a nós, abraçamos
espiritualmente ao Menino Jesus, falamos todos juntos com os corações
transbordantes de alegria: “Alegremo-nos. Não pode haver tristeza
quando nasce a vida” (São Leão
Magno).
Graças a Deus, a nossa Igreja é Universal,
se meus irmãos não podem estudar aqui no Centro-Oeste, estudarão em Roma.
O importante é que um dia serão sacerdotes, e santos sacerdotes como a
Igreja deseja, porque a nossa obra é de Deus e isso comprovamos através
das inúmeras perseguições recebidas: “Uma congregação religiosa ou uma
pessoa que não sofre e a quem todos aplaudem, está próxima de uma queda”
(São Vicente de Paulo),
e Mencius dizia: “Quando o céu quer confiar uma grande obra a um homem,
primeiro purga pela dor seu coração, leva seus nervos ao desalento, o
contraria em todas as suas empresas; deste modo desperta nele bons
sentimentos e lhe fortalece a paciência. Pois é da dor e da provação que
surge a vida”, e o verdadeiro Passionista, São Paulo da Cruz, dizia:
“Quem
ama se alegra com sua dor, e exulta em seu amor sofredor”.
SEGUNDO:
Para agradecer o apoio e a ajuda que recebemos do senhor durante cinco
anos: “Em muitas vidas já aconteceram as coisas mais lindas por causa
do agradecimento!” (Pe. Orlando Gambi).
Os meus religiosos, estudantes de Filosofia
e Teologia em vosso Seminário, sempre admiraram a pureza da doutrina, a
didática dos professores e o respeito que reina entre os seminaristas e
professores. E pelo que eu ouvia dos meus seminaristas, percebi que em
vosso Seminário ensina somente aquilo que a Santa Mãe Igreja deseja.
Agradeço-lhe de coração pela vossa preciosa
ajuda, e com certeza, continuaremos rezando pelo senhor e pela
Arquidiocese de Brasília.
Na vossa carta, o senhor escreveu o
seguinte: “…esperando contar com vossa compreensão”. Quanto a isso,
pode ficar tranquilo, Deus, Nosso Senhor, usa dessas pequeninas provações
para que a árvore se torne frondosa e dê muitos frutos saborosos:
“…e
todo o que produz fruto ele o poda para que produza mais fruto ainda”
(Jo 15, 2).
A minha compreensão é total e alegre,
porque o motivo da proibição não foi nenhum escândalo dado por eles, mas
sim, fruto de uma perseguição. Tenho certeza absoluta que o causador
disso aparecerá um dia diante do tribunal de Deus para se explicar,
principalmente se tratando de bispo: “A falsa testemunha não ficará
impune; e o que profere mentira perecerá”
(Pr 19, 9).
TERCEIRO:
Para esclarecer-lhe sobre a real situação. Pelo que li em vossa carta, o
senhor não foi bem informado sobre o que anda acontecendo.
“Seja o
vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. O que passa disso vem do Maligno”
(Mt 5, 37).
Para esclarecer melhor, prefiro explicar os
seguintes trechos de vossa carta.
O senhor disse:
“Recebi com pesar a comunicação das
dificuldades de relacionamento de vossa parte com o bispo de Anápolis,
Dom Manoel Pestana Filho”
Exmo. senhor Cardeal, o senhor foi muito
infeliz e imprudente em fazer tal acusação sem conhecer a fundo a real
situação, e principalmente em tomar tal atitude sem dialogar com a outra
parte para averiguar os fatos. É muito fácil uma pessoa ser autoridade e
tomar um partido sem saber da verdade, tomando decisões, não pela justiça,
mas sim pela conveniência: “… e aquele que se arroga autoridade será
odiado” (Eclo 20, 8).
Se o senhor tivesse feito tal proibição por
outros motivos, eu nem lhe responderia esta carta, mas para desmascarar
certas pessoas caluniadores e carregadas de inveja, vejo-me obrigado,
porque a própria Igreja Católica Apostólica Romana me dá o direito de
defesa. “Todo o homem e toda a mulher, por mais insignificantes que
pareçam, têm em si uma nobreza inviolável, que eles próprios e os outros
devem respeitar sem condições: toda a vida humana merece por si mesma, em
qualquer circunstância ser dignificada” (Documento de Puebla, nn. 316
e 317), e o Catecismo da Igreja Católica no nº 2479 diz:
“Maledicência
e calúnia destroem a reputação e a honra do próximo. Ora, a honra é o
testemunho social prestado à dignidade humana. Todos gozam de um direito
natural à honra do próprio nome, à sua reputação e ao seu respeito”.
Se o comunicado que V. Excia. recebeu, foi
o do dia 25 de maio de 2001, asseguro-lhe que é um comunicado mentiroso e
dúplice como comprovarei agora, citando o mesmo parte por parte.
a)
“Diante de tantas interpelações e pedido de
explicação, daqui e de fora, o senhor Bispo de Anápolis, com seu Conselho
Presbiteral...”
Está claro que, mesmo em um
simples comunicado, o Exmo sr. Bispo D. Manoel não foi capaz de assumir
sozinho, mas se escondeu por detrás do Conselho Presbiteral. Essa é sempre
a sua atitude, joga pedra e esconde a mão ou joga pedra usando a mão dos
outros, se passando por inocente, sendo que na verdade ele é o culpado de
tudo.
b)
“...após várias tentativas infrutíferas de
discutir e encaminhar a solução do impasse criado pelo Padre Divino
Antônio Lopes, o qual se desligou formalmente da Diocese e da obediência
dos superiores locais...”
Esse trecho revela a covardia
que o Exmo senhor Bispo Dom Manoel usa para abusar da sua autoridade e para
tentar destruir os súditos. O senhor Bispo de Anápolis deveria ser verdadeiro
e reconhecer que o impasse foi criado por ele mesmo, devido à sua omissão
e diplomacia; quando o vigário Ilc deu uma entrevista, na Rádio Cidade de
Jaraguá, há cinco anos atrás, me acusando das seguintes calúnias:
“excomungou pessoas de Jaraguá”, “fundou uma nova seita”, “está
trabalhando fora da Igreja Católica”, “fazendo lavagem cerebral nas
pessoas, inclusive crianças”, “desequilibrado mental”, “criminoso”,
“destruidor”, “ladrão”, conforme transcrição de fita cassete, aos 26
de março de 1997, nas dependências do Instituto de Criminalística de
Goiás, situado à Av. Atílio Correa Lima, nº 1223, Cidade Jardim, Goiânia –
GO.
Eu, e a Madre Mariana de Nossa
Senhora das Dores, por duas vezes, trouxemos a fita, na Cúria Diocesana de
Anápolis, e conversamos pessoalmente com o Exmo senhor Bispo Dom Manoel, sendo
que, na segunda vez, ele disse que realmente a entrevista foi muito
pesada, mas ele nada podia fazer. Procuramos então o Tribunal Eclesiástico
de Goiânia, e explicamos a situação para os padres Osvaldo e João, que nos
receberam cordialmente, dizendo que realmente a situação era grave e seria
resolvida. Na verdade, eles telefonaram e vieram pessoalmente a Anápolis
conversar com o Bispo, mas este, abusando de sua autoridade, depois de ter
se colocado como vítima, marcou uma reunião com data indeterminada; então
decidi não mais participar das reuniões do Clero, enquanto o vigário Ilc
não desfizesse as calúnias, até hoje ele não desfez e por isso não
participo das reuniões do Clero e de nenhuma atividade realizada na
Diocese.
As tentativas infrutíferas que
o Exmo senhor Bispo e o seu Conselho Presbiteral mencionam no seu comunicado,
fazem parte do seu capricho e da sua covardia, porque ao invés dele mandar
o vigário Ilc desfazer as calúnias, ele achou melhor enviar sacerdotes
para me convencer a voltar a participar da Diocese. Em resumo, eu teria
que assumir a culpa de tudo, engolindo goela a baixo a lama de calúnias
proferidas pelo vigário Luis Ilc. Dom Gastalde tentou fazer a mesma coisa com
Dom Bosco, mas ele recusou abertamente.
Quanto aos padres enviados pelo
Exmo senhor Bispo, eu recebi quase todos, mas disse que só voltaria se as
calúnias fossem desfeitas.
E quanto ao “se desligou
formalmente da Diocese”, para mim é uma grande alegria, porque é
melhor viver sozinho e inocente, do que conviver e trabalhar com
caluniadores. Mas existe algo que eu não entendo, se estou fora da
Diocese, porque não esquecem de mim? Porque continuam me atacando dizendo
horrores a meu respeito?
c)
“...vem comunicar que as obras do referido
sacerdote nada tem a ver com a Diocese de Anápolis nem pode contar com seu
apoio...”
É importante lembrar
de que o Exmo senhor Bispo Dom Manoel passará, e as obras do Instituto permanecerão na
Diocese até quando Deus quiser, e até o momento presente não precisamos de
nenhum centavo dele nem do seu apoio para que as obras crescessem. Pelo
contrário, foram o Instituto e o Movimento, hoje tão perseguidos, que o
livraram de muitos vexames em manifestações que a Diocese promoveu.
d)
“...as portas do entendimento continuam, não
obstante, abertas e convida as pessoas de boa vontade envolvidas nesses
movimentos, a reconsiderar a própria situação e voltar à unidade.”
A melhor porta para uma
reconciliação é uma porta chamada verdade, e não um jogo de palavras
covardes, mentirosas; verdadeiro abuso de autoridade. Antes de exigir uma
união é necessário que o superior diocesano dê primeiro o bom exemplo,
reconhecendo os ataques do vigário Ilc e de outros sacerdotes da Diocese.
Não é digno de respeito e confiança, um superior que só exige os seus
direitos e tenta oprimir e sufocar os súditos, através de mentiras e
atitudes hipócritas.
Creio que depois deste esclarecimento, V.
Excia. comprovará que as dificuldades de relacionamento não partem de mim,
mas da omissão do Bispo Dom Manoel em proteger o Vigário Ilc.
Quem é o Vigário Ilc?
Este sacerdote, segundo fiquei sabendo através de padres de São Paulo,
sempre foi desejoso de ser bispo, motivo este que o leva a agir com
arrogância e autoritarismo. Agindo desta forma, teve que deixar a
Arquidiocese de São Paulo para trabalhar no Seminário de São José do Rio
Preto, onde teve que pular janelas para não apanhar dos seminarista,
segundo me informaram pessoas daquela Diocese. Depois deste acontecimento,
Dom José, hoje bispo aposentado, o expulsou da Diocese. Em Anápolis,
conseguiu um título de Vigário Geral que o deixou nas nuvens, e se acha no
direito de atropelar todos que passam em sua frente. Algumas pessoas
chegaram a comentar que este título lhe foi dado pelo Bispo Dom Manoel
para fazer pirraça para o Cardeal Dom Paulo Evaristo Ars.
Em uma entrevista à Rádio Cidade de
Jaraguá, levado por uma ambição insaciável de poder, disse o seguinte: “Até
a pouco tempo eu era pró Vigário Geral, na interpretação do Bispo, a mesma
coisa que Vigário Geral, umas duas, três semanas para cá, ele já me nomeou
Vigário Geral, sem ser ‘pró’, quer dizer o primeiro auxiliar do Bispo,
conforme o Direito Canônico, tenho todos os direitos que um bispo, menos
consagrar e ordenar padres, esta a minha missão”
(conforme transcrição
de fita cassete aos 26 de março de 1997, nas dependências do Instituto de
Criminalística de Goiás, situado à Av. Atilio Correa Lima, nº 1223, Cidade
Jardim, Goiânia-Go).
Isso me fez refletir sobre o que escreve
São João Crisóstomo: “Não quero mencionar os fatos de que alguns, só
para conseguir o cargo de chefe da Igreja, cometeram até assassínios
dentro das comunidades e devastaram cidades inteiras”
(O Sacerdócio,
Livro III, nº 10); e São Gregório Magno falando sobre a ambição do clero
diz: “…não passam assim as coisas até mesmo entre os membros do clero,
que querem ser chamados doutores e procuram avidamente os primeiros
lugares e os cumprimentos?”
(Pastoral., p. J, c. I, P. L., LXXVII,
14).
Para nossa surpresa, em setembro de 2000, o
Vigério Ilc recebeu uma surra tão violenta, que passou seis dia internado
no hospital Nossa Senhora de Lourdes em Anápolis. O motivo, até hoje, não
foi esclarecido pela Diocese; mas com certeza, sobra-lhes tempo para mexer
com a nossa vida. Para nossa maior surpresa, o Vigário Ilc abriu um TCO
contra a minha pessoa acusando-me de tal agressão, e muitos sacerdotes
inescrupulosos, segundo eles, a mando de Dom Manoel, começaram a divulgar
essa terrível calúnia em plena Santa Missa. Eu vi nesta surra o castigo
merecido por perseguir pessoas inocentes.
Ficamos sabendo, através de pessoas, que o
Vigário Ilc fugiu par a Eslovênia, há 20 dias atrás, por causa de um
inquérito na Delegacia da Mulher em Anápolis. O telefone da Delegacia é o
seguinte (62) 327-1136.
Exmo. senhor Cardeal, eu não pretendo mais
me aproximar do senhor Bispo Dom Manoel, porque ele mente muito e age
covardemente.
Algo que até hoje não havia citado nas
minhas cartas, vejo-me obrigado a dizê-lo para deixar arquivado. Essa
terrível perseguição por parte do Bispo Dom Manoel contra o nosso
Instituto, agravou a doença da nossa saudosa Madre Beatriz de Nossa
Senhora das Dores, levando-a ao falecimento no dia dez de março de 1997.
Na semana do seu falecimento, ela mesma comentou com as irmãs que era uma
injustiça muito grande o que o Bispo Dom Manoel estava fazendo, e ela não
imaginava que ele fosse assim. Toda vez que ouvia falar deste
assunto, se sentia mal.
Para aumentar ainda mais a nossa
indignação, o Exmo. e Digníssimo senhor Bispo Dom Manoel Pestana Filho
disse ao Pe. Aluizo, pároco de Jaraguá, que ele veio para o velório da
Madre Beatriz e nós batemos o portão em seu rosto; e o Pe. Aluizo disse
essa barbaridade na Rádio Cidade de Jaraguá, e em algumas capelas do
interior, isso há meses atrás. É ridículo um bispo mentir.
O senhor disse:
“Lamento que tenham chagado a público
problemas que dizem respeito ao âmbito eclesial”
Exmo. Cardeal, será que a raposa covarde e
astuta que lhe passou tais notícias, teve a delicadeza e a sinceridade de
lhe dizer que no dia 04 de agosto de 2001, tudo indica, em matéria paga,
publicaram no maior Jornal de Goiás “O POPULAR”, uma chuva de mentiras,
calúnias e maledicências contra mim, tentando destruir completamente o meu
trabalho e a minha reputação.
Eis alguns assuntos de âmbito eclesial, que
foram a público não por nossa parte, mas por eles.
1.
Foi publicado todo o comunicado.
Será que o mesmo foi publicado sem a licença do bispo
de Anápolis? Qual seria a sua intenção: caridade ou denegrir a imagem de
uma pessoa? Mas ele, por ser omisso e esperto, apronta e foge, porque no
final da matéria do jornal do mesmo dia, dizia o seguinte: “O bispo Dom
Manoel Pestana Filho não foi localizado ontem para falar sobre os
episódios”. É uma maneira muito esperta de agir, mas Deus sabe de
tudo.
2.
O Pe. Aluizo
disse: “Ele falou que, na próxima vez que me visse, quebraria a minha
cara”.
3.
O Pe. Aluizo
disse: “O Vigário Geral, Luiz Ilc, levou uma surra a seis meses. O
mandante ainda é desconhecido, mas como ele também critica a postura do
Pe. Divino Antônio Lopes, fiquei desconfiado e resolvi me precaver”.
4.
O Pe. Aluizo,
depois de vomitar mentiras e mais mentiras, no dia de Finados, distribuiu
500 apostilas de 4 folhas, sendo que uma dessas folhas era a carta que Dom
Washington enviou para mim, e na mesma ele pedia o seguinte: “…tomo a
liberdade de escrever esta carta pessoal, reservada ao senhor, portanto,
não pública, naturalmente enviando cópia para cada bispo do Regional”.
Está mais uma vez comprovado que o Bispo Dom Manoel está por detrás de
tudo, é um perseguidor que tenta ficar anônimo, mas não consegue, porque
Deus não abençoa a mentira. Realmente, senhor Cardeal, “o demônio faz a
panela, mas esquece a tampa”. Será que somos nós os culpados de levar a
público, problemas que dizem respeito ao âmbito eclesial?
5.
E disseram
muitas outras aberrações, conforme podemos provar, caso haja necessidade.
Exmo. Cardeal, a entrevista que eu dei ao
Jornal “O POPULAR” no dia 28 de setembro de 2001, foi para me defender,
também a público, de tamanhas aberrações, porque o próprio Jesus Cristo
nos ensinou a defender: “Durante o julgamento de Cristo diante do
sinédrio, um servo do Sumo Sacerdote deu uma bofetada no Senhor, que tinha
respondido a uma pergunta de Caifás. E Jesus defendeu-Se, dizendo: ‘Se
falei mal, mostra-Me em quê; mas, se falei bem, porque Me bates?”(Jo
18,23) (Curso de Teologia Moral, Ricardo Sada e Alfonso Monrey, pág. 237).
O senhor disse:
“Interpreto como sendo prejudicial à
vossa família religiosa o grave desentendimento que se prolonga com a
autoridade eclesiástica à qual o Senhor os confia”.
Quanto ao “grave desentendimento”,
já expliquei acima e o porquê do mesmo. Dom Manoel é o Bispo da
Diocese, mas nós também somos gente e ele não tem o direito de abusar da
sua autoridade, e muito menos caluniar e apoiar caluniadores; com certeza
ele terá que prestar contas a Deus desse abuso de autoridade:
“Nós,
porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida,
somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração”
(Santo Agostinho, início do Sermão sobre os
Pastores).
Quanto ao “que se prolonga com a
autoridade eclesiástica”, asseguro que vai continuar, porque eu não
confio mais nele. O senhor Bispo Dom Manoel manda sacerdotes humilharem com calúnias, a
minha pessoa, os meus religiosos e também leigos do meu Movimento, em
plena Santa Missa, como o senhor pode verificar através desta fita K-7 que
lhe envio em anexo.
O senhor Bispo Dom Manoel não perde uma
oportunidade para tentar nos destruir, eu disse, tentar, porque com
certeza, ele jamais conseguirá: “A verdade é que todos eles nos queriam
amedrontar, pensando ‘suas mãos se cansarão do trabalho e jamais será
terminado’. No entanto, dava-se o contrário: eu fortalecia minhas mãos”
(Ne 6,9).
O Bispo Dom Manoel é autoridade, mas isso
não o torna infalível, e está sujeito a erros, como tantos outros já
erraram no decorrer da história, por exemplo:
1.
O Patriarca
de Alexandria no Egito, Teófilo, perseguiu juntamente com a imperatriz
Eudóxia, o grande São João Crisóstomo, fazendo-o morrer no exílio. Será
que o Patriarca usava bem de sua autoridade?
2.
O Arcebispo
de Cantuária, não conseguindo dobrar a retidão do Bispo Santo Tomás de
Cantalupo, caluniou-o e o excomungou. Santo Tomás então recorreu a Roma,
ao Papa Martinho IV. Papa e Cardeais reconheceram de fato a inocência do
Bispo Tomás. Será que o Arcebispo de Cantuária usava bem sua autoridade?
3.
Os senhores
bispos que abandonaram covardemente a Igreja Católica para apoiar o rei
Henrique VIII, também eram autoridades, mas fracassaram.
4.
Será que a
atitude do Papa Clemente XIV, em relação aos Jesuítas agradou a Deus? Se
as pedras das ruínas de Jesús, Trinidad, São Cosme e São Damião, no
Paraguai e outras ruínas no mundo, pudessem gritar e chorar por tão cruel
covardia, o mundo já estaria alagado. Seria muito bom se alguns bispos
fizessem uma semana de retiro nessas ruínas, para aprenderem amar e
respeitar a Igreja e as almas, como fizeram aqueles queridos sacerdotes
que derramaram o sangue por amor a Cristo. Caso não tenham coragem de
fazer esse retiro nas ruínas, assistam ao menos, o filme “MISSÃO”.
5.
E atualmente,
o Arcebispo Emanuel Mellingo, trocou a Igreja Católica por uma simples
mulher. Ele também era autoridade, mas infelizmente jogou tudo fora.
6.
Temos dois
exemplos atuais na Igreja do Centro-Oeste. Porque será que os senhores
Bispos, Dom Celso e Dom Tarcísio abandonaram as suas Dioceses antes do
final do mandato? Segundo leigos e religiosos de suas dioceses, fizeram
coisas nada edificantes. Não estariam eles usando mal da autoridade?
Exmo. senhor Cardeal, sabemos muito bem que:
“A
autoridade confiada por Deus não é absoluta, mas limitada por obrigações
morais”
(Pierre Grelot), e que devemos “…prestar aos magistrados e
autoridades estabelecidas por Deus a consideração que lhes é devida, na
medida em que não contrariam nossa fé”
(Martírio de São Policarpo, X),
e também: “Quando os que governam perdem a luz da ciência, aqueles que,
como súditos os seguem, se tornam encurvados sob o peso dos seus pecados”
(São Gregório Magno, PL 77,15).
Ao terminar esta, peço a V. Excia. que
abençoe a minha família religiosa e reza para que façamos sempre aquilo
que é agradável a Deus.
Filial e cordialmente, subscrevo-me,
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C).
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