Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Carta a Dom Lourenço Baldisseri

Núncio Apostólico no Brasil

 

 

 

Carta 2

 

Anápolis, 12 de julho de 2011

 

Ao Exmo. e Revmo. Dom Lorenzo Baldisseri

Núncio Apostólico no Brasil

 

Excelência, que o zelo pela casa de Deus esteja em seu coração: “Postos como guardas às vinhas de modo algum guardamos a nossa porque, enquanto nos embaraçamos com ações exteriores, não damos atenções ao ministério de nossa ação verdadeira” (São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos).

 

É triste, lamentável e doloroso acompanhar o aumento da profanação contra Nosso Senhor Jesus Cristo Sacramentado no nosso Brasil; país que se gaba de possuir o maior número de católicos, mas que é na verdade, o maior cemitério católico do mundo, porque a maioria nem sequer vai à Santa Missa aos domingos: “Quem, sendo muito embora membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os seus ensinamentos, este seria MEMBRO MORTO, e, portanto, não se salvaria, porque para a salvação de um adulto requerem-se não só o Batismo e a fé, mas também as obras conformes à fé” (São Pio X, Catecismo Maior, 171). Além de ser o maior cemitério católico do mundo; está se tornando Sodoma e Gomorra por causa  da aprovação de algumas leis satânicas e imorais. Essas leis estão tornando o Brasil uma fossa repugnante (imoralidade) e um açougue (assassinatos e todo tipo de violência).

Percebe-se abertamente que a maioria do povo brasileiro possui Deus somente na boca, mas carrega o mundo e suas máximas no coração: “Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim” (Mt 15, 8), e: “... uma árvore é conhecida por seu próprio fruto” (Lc 6, 44). A maioria dos brasileiros só possui folhagens, grandes folhas e folhas reluzentes... só.

Para comprovar a presença do mundo e suas máximas no coração dos católicos brasileiros, basta ver o comportamento dos mesmos nas festas dos santos, de Nosso Senhor e da Virgem Maria: bailes, bebedeiras, adultérios, assassinatos, drogas, barulhos e muita profanação. Escondem-se sob o manto dos santos, de Nosso Senhor e da Virgem Maria para cometerem os mais horríveis pecados; tudo isso com o apoio, incentivo e a bênção de bispos e sacerdotes: “Com a superabundância do beber e do comer quereis honrar quem viveu na solidão e na modéstia angélica? Vós amais a festa do Santo, mas não o Santo” (São Jerônimo, Ad. Eust.).

Voltemos a falar sobre as profanações contra Jesus Sacramentado.

Excelência, até quando vão durar essas profanações na celebração da Santa Missa no Brasil? É inadmissível o que está acontecendo!

O senhor é o representante do Santo Padre no Brasil; pelo amor de Deus, faça alguma coisa... denuncie os bispos e padres baderneiros e escandalosos ao Vaticano. Não se pode ter mais respeito por esses baderneiros do que pelo próprio Cristo.

Por ser o representante do Santo Padre no Brasil, sua Excelência tem o dever de denunciar com pormenores ao Vaticano essas inúmeras profanações. O senhor não pode fazer vistas grossas, ficar calado nem se omitir diante desses absurdos; mas é preciso falar sem medo e denunciá-los urgentemente ao Vaticano.

Excelência, o seu silêncio pode levar muitas almas para o abismo eterno, mas delas o senhor prestará contas a Deus: “Tendes consciência do perigo que pode ser calar-se? O ímpio morre, e morre com razão; morre no seu pecado e na sua impiedade: a sua própria negligência o mata. Pois poderia ter encontrado o pastor que vive e que diz: ‘Pela Minha vida, diz o Senhor...’; como foi negligente, e o que recebeu o encargo de o admoestar também o não fez, um morre justamente e o outro, justamente também é condenado” (Santo Agostinho, Sermão 46, 20). O senhor terá que prestar contas a Nosso Senhor pela sua administração: “Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração” (Idem., Sermão sobre os pastores).

Senhor Núncio, até quando será permitido que moleques e molecas zombem de Jesus Sacramentado com danças imorais, gritos histéricos, músicas estridentes e gestos sensuais?

Os católicos que ainda vão à igreja querem uma piedade que lhes enche a alma, e não essa bagunça vergonhosa:Ele (povo) quer sentir nas músicas de vossas igrejas o apelo ao louvor de Deus, à ação de graças, à prece humilde e confiante e se sente desconfortável quando esses cantos em sua letra envolvem uma mensagem política ou puramente terrena, e em sua expressão musical não apresentam a característica de música religiosa, mas são marcadamente profanos no ritmo, na linha melódica e nos instrumentos musicais de acompanhamento (João Paulo II, aos Bispos dos Regionais Nordeste 1 e 4 da CNBB, por ocasião da visita ad limina Apostolorum 1995-1996).

Até quando será permitido que sacerdotes dancem, usem chapéus, berrantes, cavalos, botas... e também instrumentos, roupas e cantos de macumba durante a Santa Missa?

Por que os cantos de macumba, cantos evangélicos e músicas sertanejas estão prevalecendo na Liturgia, enquanto que o Canto Gregoriano, canto oficial da Santa Igreja, é totalmente ignorando? “No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério; penso particularmente na importância do canto gregoriano (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini de sua Santidade Bento XVI ao Episcopado, ao Clero, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, n.° 70).

Até quando os senhores bispos, guardiões da liturgia, ficarão como cães mudos apoiando e até promovendo tanta profanação? “Antes de mais ninguém, o bispo diocesano: de fato, como ‘primeiro dispensador dos mistérios de Deus na Igreja particular que lhe está confiada, ele é o guia, o promotor e o guardião de toda a vida litúrgica” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis de sua Santidade Bento XVI ao Episcopado, ao Clero, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, n.° 39), e: “Cabe a cada bispo, como regulador, promotor e guarda de toda a vida litúrgica na comunidade eclesial que lhe foi confiada, fazer frutificar a graça de Deus (cf. Decr. Christus Dominus, 15), e por isso é dever de cada um de vós vigiar a fim de que se observem com cuidado e diligência as normas e diretivas que dizem respeito às celebrações, sejam essas comuns a todo o território da Conferência Episcopal ou particularmente a uma Diocese. Uma errada aplicação do valor da criatividade e da espontaneidade nas celebrações, mesmo se típica de tantas manifestações da vida do vosso povo, não deve levar a alterar nem os ritos, nem os textos, nem, sobretudo, o sentido do mistério que se celebra na Liturgia” (João Paulo II, aos Bispos do Regional Nordeste 3 da CNBB, por ocasião da visita ad limina Apostolorum 1995-1996).

Excelência, percebe-se lamentavelmente, que a maioria dos bispos querem ser mais respeitados do que o próprio Cristo, vivendo em seus palácios como empresários e não como pastores de almas imortais... “adorando” o báculo, “venerando” a mitra e se rejubilando com sua autonomia; se esquecendo que  também são mortais e comparecerão perante o Tribunal de Deus para prestarem contas de cada alma a eles confiada: “Coisa fácil é levar a mitra e o báculo, mas terrível e pavorosa lembrança é aquela, de, como bispo dever prestar conta ao juiz dos vivos e dos mortos” (Santo Adalberto).

Será que um bispo aceitaria um homem entrar a cavalo em sua cozinha? Um jovem tocar berrante em seu quarto? Mocinhas fazerem gestos sensuais em seu banheiro? Mulheres tocarem atabaques de macumba em sua sala? Moleques dançarem e gritarem no seu quintal?

Claro que não aceitaria! Ele diria que o bispo é sucessor dos Apóstolos e que o mesmo merece respeito.

Excelência, por que então os bispos aceitam e se calam diante de tantas profanações contra Jesus Sacramentado? Será que eles merecem mais respeito que o próprio Cristo? Será que eles são “deuses” e Jesus Cristo uma mísera criatura?

É preciso lembrar aos bispos que agora eles têm Jesus Sacramentado nas mãos... chegará uma hora em que os mesmos estarão nas mãos de Nosso Senhor para serem julgados.

Excelência, por que tanto respeito para com os bispos? Será que eles merecem mais respeito que Nosso Senhor Sacramentado? Eles não são impecáveis, infalíveis, imortais nem têm a salvação garantida.

Pelo amor de Deus, senhor Núncio, denuncie os bispos e sacerdotes profanadores ao Vaticano o quanto antes... o senhor possui tudo nas mãos... por favor, denuncio-os o mais rápido possível... acabe com tanta profanação contra a Santíssima Eucaristia.

Senhor Núncio, por que muitos bispos, centenas de sacerdotes e milhões de leigos profanam justamente a Santa Missa? Percebe-se, infelizmente, que estão usando da Santa Missa para se aparecerem, se promoverem, se exibirem e se assanharem.

Sabemos que a Santa Igreja Católica Apostólica Romana nunca será destruída: “A Igreja Católica pode ser perseguida, mas não pode ser destruída nem perecer. Ela há de durar até ao fim do mundo, porque até ao fim do mundo Jesus Cristo estará com ela, como prometeu” (São Pio X, Catecismo Maior, 176); mas essas profanações estão afastando milhões de católicos: muitos estão preferindo ficar em casa; enquanto outros, revoltados, passam para as seitas. Só não enxerga tão terrível e lamentável prejuízo quem é mentiroso e não ama as almas imortais.

Excelência, vê-se claramente que a situação dos católicos brasileiros é tão decadente, anêmica e crítica, que não tendo mais onde manifestar o vazio de suas almas, avançam furiosamente contra a Santíssima Eucaristia causando admiração até aos demônios: “Jesus é muito ofendido na Eucaristia pelas múltiplas irreverências cometidas pelos próprios cristãos; pelos sacrilégios, cujo número e malícia causam admiração aos próprios demônios” (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).

Percebe-se claramente que a maioria dos católicos brasileiros estão brincando de religião, tendo Deus como boneco e as igrejas como casinhas de fundo de quintal.

Excelência, seria muito bom se o senhor saísse de seu palácio e percorresse todo o Brasil para constatar a situação deplorável dos católicos. Se fosse possível sentir o mau cheiro das almas dos católicos mortos espiritualmente no Brasil, o mundo inteiro ficaria infeccionado: “Membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal” (São Pio X, Catecismo Maior, 167).

As profanações contra Jesus Sacramentado chegaram a tal ponto, que somente está faltando jogarem sapatos no sacrário e pisarem sobre a Santíssima Eucaristia. Essas profanações estão aumentando assustadoramente a cada ano; é sinal de que não se está fazendo nada para eliminá-las.

O senhor não pode ficar como um espectador mudo diante dessas profanações; Deus lhe pedirá severas contas: “Aquele que sabe fazer o bem e não o faz incorre em pecado” (Tg 4, 17).

Pelo amor de Deus, não deixe esses bispos viverem na “poltronice”; é preciso acordá-los com o báculo do zelo, fazendo-os obedecerem ao que a Santa Igreja ensina e ordena... o senhor, representante do Santo Padre, tem esse dever.

Causa pena ver milhares e até milhões de católicos submissos a bispos que parecem mais vaqueiros que pastores: homens impiedosos, incultos, acomodados, vaidosos, preguiçosos, tíbios... são tão inertes, que qualquer pastor protestante os sufocam... ficam de braços cruzados enquanto os lobos roubam as ovelhas.

Rezemos e façamos penitências pelos católicos brasileiros que estão vivendo como ovelhas sem pastor... abandonados à beira do caminho... entregues aos lobos... vivendo em completa ignorância religiosa sem saber como se defenderem.

Milhões de católicos não sabem se persignarem nem se benzerem; enquanto isso, bispos e sacerdotes vivem adormecidos em suas poltronas... são mais empresários que pastores: “É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos” (São Bernardo de Claraval, Sermão 2).

Diante de tanta profanação, frieza e indiferença, cabem muito bem aos bispos, sacerdotes e leigos católicos essas palavras: “No meio de vós, está alguém que não conheceis” (Jo 1, 26).

Respeitosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

 

Cartas para Dom Lourenço