| 
             
            Anápolis, 11 de dezembro de 2007 
              
            
            Ao Exmo. Dom Luís 
            Flávio Cáppio, OFM. 
            
            Bispo de Barra – 
            BA 
              
            
            Exmo. senhor, 
            lembre-se continuamente de que terá que comparecer diante do 
            Tribunal de Deus para prestar contas de seus fiéis: “Nós, porém, 
            além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, 
            somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa 
            administração” (Santo Agostinho, Sermão sobre os 
            Pastores). 
              
            
            Li a entrevista do 
            senhor no site Terra Magazine 
            (http://terramagazine.terra.com.br/interna 
            /0,,OI2141234-EI6578,00.html) 
            e não gostei de suas palavras, principalmente com relação ao 
            martírio e também sobre Jo 10, 11: “Eu sou o bom pastor: o bom 
            pastor dá a vida pelas suas ovelhas”. 
            
            Colocarei, na 
            íntegra, um trecho da entrevista: 
             
             
            
              
              
                
                  | 
                   
                  A greve 
                  de fome não é um ato contra a própria vida, o que é condenado 
                  pela Igreja? 
                  Se 
                  você fala isso, você está questionando a própria atitude de 
                  Jesus Cristo. Ele deu a sua vida, ele ofereceu, ele entregou a 
                  sua vida pelos teus. A Igreja foi construída ao longo dos 
                  séculos sob os alicerces do sangue dos mártires. Eles se 
                  doavam, e nós temos exemplos maravilhosos de homens e mulheres 
                  que ofereceram a sua vida. Se você olhar no Evangelho de São 
                  João, capítulo 10, lá está a doutrina do bom pastor, que é 
                  aquele que dá sua vida pelo rebanho. Eu não quero morrer, não. 
                  Eu quero viver, eu tenho muito amor à minha vida, a minha vida 
                  tem dono. E é justamente pelo amor que eu tenho ao dono da 
                  minha vida que eu ofereço a minha vida por ele.  | 
                 
               
              
             
             
             
            
            Exmo. senhor 
            bispo, Nosso Senhor não morreu na cruz por causa do rio Jordão, do 
            Mar da Galiléia, etc., mas sim, para nos salvar; Nosso Salvador 
            derramou seu sangue para nos salvar: “Jesus Cristo morreu pela 
            salvação de todos os homens, e satisfez por todos” 
            (São 
            Pio X, Catecismo Maior). 
            
            A morte de Nosso 
            Senhor não tem nada a ver com transposição de rio. A Redenção 
            consiste nos atos com os quais Cristo, cheio de amor, Se oferece e 
            morre por nós, a fim de satisfazer a dívida devida à justiça divina, 
            merecer-nos de novo a graça e o direito ao Céu e libertar-nos da 
            escravidão do pecado e do Demônio. 
            
            Quanto aos santos 
            que morreram mártires, nenhum deles morreu por causa de transposição 
            de rio, etc., mas sim, derramaram o sangue por amor a Cristo Jesus. 
            
            A 
            palavra “mártir” provém do grego e significa “testemunha”. 
            Ela foi empregada nos primeiros tempos do Cristianismo para indicar 
            os Apóstolos e os primeiros discípulos que, tendo presenciado os 
            milagres e a Ressurreição de Jesus, derramaram seu sangue para dar 
            testemunho disso. Posteriormente, o termo foi utilizado num sentido 
            mais amplo, para designar todos os cristãos que preferiram a morte a 
            renegar sua Fé. 
             
            
            Na 
            linguagem eclesiástica, a palavra “martírio” refere-se, pois, 
            ao testemunho da verdade cristã, selada com o sangue, até o 
            sacrifício da própria vida.
             
            
            Está claro que o 
            senhor não será nenhum Mártir Católico se morrer por amor a um rio, 
            a não ser que o senhor considere o rio São Francisco como um deus. 
            
            Exmo. senhor Bispo 
            Luís Flávio Cáppio, estamos no tempo do Advento; como seria 
            agradável a Deus se o senhor estivesse em sua Diocese cuidando de 
            milhares de suas ovelhas, preparando-as para o Santo Natal. 
            
            O Papa São Pio X 
            ensina ao bispo como deve ser a preparação para o Santo Natal: 
            “Para corresponder às intenções da Igreja, no Advento, devemos fazer 
            5 coisas: 1ª. Meditar com fé viva e com amor ardente o grande 
            benefício da Encarnação do Filho de Deus; 2ª. Reconhecer a nossa 
            miséria e a suma necessidade que temos de Jesus Cristo; 3ª. 
            Pedir-Lhe instantemente que venha nascer e crescer espiritualmente 
            em nós com a sua graça; 4ª. Preparar-Lhe o caminho com obras de 
            penitência e especialmente com a freqüência dos santos Sacramentos; 
            5ª. Pensar frequentemente na sua última e terrível vinda, e, com os 
            olhos nela, conformar a nossa vida com a sua vida santíssima, a fim 
            de podermos participar da sua glória” (Catecismo Maior). 
            
            O senhor não é 
            pastor, para dar a vida por um rio, mas sim, pelas almas. 
            
            Em Jo 10, 11 diz:
            “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”. 
            
            Sobre esse trecho 
            São João Crisóstomo escreve: “O Bom Pastor dá a vida pelas 
            ovelhas. Fala aqui Jesus da Sua Paixão, e mostra que ia acontecer 
            para salvação do mundo, e que a sofreria voluntária e livremente”
            (Hom. sobre S. João, 59, 3), 
            e: “Ó Cristo, bom Pastor, que destes a vida por vosso rebanho, 
            andastes à procura da ovelha perdida através de montes e colinas... 
            e a reencontrastes. Depois de a terdes achado, eis que a carregastes 
            naqueles ombros que levariam o lenho da cruz. Tomando convosco a 
            ovelhinha, assim a reconduzistes à vida do céu... Tivemos 
            necessidade de que vós, ó Deus, tomásseis nossa carne e morrêsseis 
            para nos dar a vida. Morremos convosco para ser justificados; 
            convosco ressuscitamos, porque convosco fomos crucificados. E porque 
            convosco ressuscitamos, fomos convosco glorificados” 
            (São 
            Gregório Nazianzeno, Orações 45, 26. 28), 
            e também: “Ó Cristo, bom Pastor, que destes a vida por vosso 
            rebanho, andastes à procura da ovelha perdida através de montes e 
            colinas... e a reencontrastes. Depois de a terdes achado, eis que a 
            carregastes naqueles ombros que levariam o lenho da cruz. Tomando 
            convosco a ovelhinha, assim a reconduzistes à vida do céu... Tivemos 
            necessidade de que vós, ó Deus, tomásseis nossa carne e morrêsseis 
            para nos dar a vida. Morremos convosco para ser justificados; 
            convosco ressuscitamos, porque convosco fomos crucificados. E porque 
            convosco ressuscitamos, fomos convosco glorificados” 
            (São 
            Gregório Nazianzeno, Orações 45, 26. 28). 
            
            Senhor bispo, não 
            brinque com a sua missão; lembre-se de que a vida é breve e que terá 
            que comparecer diante do Tribunal de Deus para prestar conta dos 
            fiéis de sua Diocese: “Coisa fácil é levar a mitra e o báculo; 
            mas terrível e pavorosa lembrança é aquela, de, como Bispo, dever 
            prestar conta ao Juiz dos vivos e dos mortos” 
            (Santo 
            Adalberto). 
            
            Não é missão do 
            senhor se preocupar com rios e matas, mas sim, com a santificação de 
            seus fiéis: “O Bispo diocesano, lembrando que está obrigado a dar 
            exemplo de santidade na caridade, na humildade e na simplicidade de 
            vida, empenhe-se em promover com todos os meios, a santidade dos 
            fiéis, de acordo com a vocação própria de cada um e, sendo o 
            principal dispensador dos mistérios de Deus, se esforce 
            continuamente para que os fiéis confiados a seus cuidados cresçam na 
            graça mediante a celebração dos sacramentos, e conheçam e vivam o 
            Mistério Pascal” (CDC, cân. 387). 
            
            Rezemos para que 
            Deus Onipotente envie à Santa Igreja santos bispos, homens 
            preocupados com a santificação e a salvação das almas. 
              
            
            Respeitosamente, 
              
            
            Pe. Divino 
            Antônio Lopes FP. 
             
             
             |