Anápolis, 20 de janeiro de 2012
Ao Diácono Antônio Machado
Vagos – Portugal
Caríssimo, suporte
as provações, perseguições e
dificuldades que surgirem pelo caminho com os olhos
fixos no céu. Para conquistar a Vida Eterna vale a pena
carregar a cruz com alegria, paciência e
amor:
“Para ganhar o céu, todo sofrimento é pouco”
(São José Calazans).
Agradeço-lhe
imensamente pelo livro, estampas e cartas! Li e reli as
duas; são cartas de um homem de fé, desejoso do céu e
de grande amor pela Santa Igreja. Continue firme e
perseverante... sempre agarrado nas mãos de Cristo Jesus,
nosso Deus e Salvador:
“Sobrevêm muitas
ondas e fortes procelas; mas não tememos afundar, pois
estamos firmes sobre a pedra. Enfureça-se o mar, não tem
forças para dissolver a pedra; ergam-se as vagas, não podem
submergir o navio de Cristo... Cristo comigo, a quem
temerei? Mesmo que as ondas se agitem contra mim, mesmo os
mares, mesmo o furor dos príncipes: tudo isto me é mais
desprezível que uma aranha”
(São João Crisóstomo).
Prezado Diácono, cada dia que passa esse
mundo torna-se mais inseguro, sujo,
violento, injusto, barulhento, pornográfico, rebelde...
cabe a nós, peregrinos na terra (Sl 118, 19),
buscarmos um “lugar” seguro... “lugar”
eterno... “lugar” infinito... “lugar”
silencioso... “lugar” de louvor e adoração
para sempre; isto é, buscarmos o céu... buscá-lo com
garra, fervor e luta... buscá-lo com
ardor e perseverança... pensar
nele desde o despertar até o repouso... e enquanto dormimos,
cada pulsar do coração... cada respiração... seja um
“grito” de desejo pelo céu.
Só de pensar na grandeza, beleza
e eternidade do céu já sentimos a alma
inquieta... querendo “voar” para esse
“lugar” seguro e cheio de amor... do verdadeiro
amor... cheio de paz, da mais pura paz... de alegria, da
alegria infinita: “... ó cidade
santa de Deus, quão gloriosa, quão grande és tu!”
(São Francisco de Sales).
Caríssimo Diácono, no céu veremos a Deus como
Ele é, na distinção de Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Não deixará de ser um mistério, já que continuaremos a ser
finitos, limitados, e a mente finita não pode abarcar
totalmente o Deus infinito. Mas até o próprio mistério será
motivo de bem-aventurança.
O contato da inteligência com Deus, traz
consigo, naturalmente, o contato de toda a nossa alma... a
inteligência não é uma parte da alma capaz de estar, por si,
em contato direto com Deus, deixando de lado as outras
partes. A alma não tem partes. Também a vontade estará em
contato direto com Deus, amando-o sem obstáculos. O mesmo
acontecerá com a totalidade do ser humano.
Todas as nossas potências estarão, de fato, a
operar no máximo da sua intensidade sobre Deus, que é a
plenitude da realidade: não é outra a essência da felicidade
(cfr. Frank J. Sheed, Teologia para todos).
O céu existe... e para conquistá-lo é preciso
viver com o coração vazio das coisas desse mundo. Aquele que
está “pesado” das coisas da terra não
“voará” para o céu: “O
céu é a posse de Deus. No céu contempla-se a Deus, adora-se
e ama-se a Ele. Mas para chegar ao céu é preciso
desprender-se da terra” (Santa Teresa dos
Andes).
Para entrar no céu é preciso viver nesse
mundo com “três corações” num só
“O primeiro cheio de amor para com
Deus, o segundo cheio de amor para com o próximo e o
terceiro cheio de desprezo para consigo”
(São Benedito José Labre).
O céu existe... Se o mesmo não existisse,
toda a vida de Jesus Cristo não teria sentido; pois, toda a
sua vida terrena, a sua doutrina e a sua paixão não tiveram
outro fim mais do que conduzir os homens, resgatados do
pecado, para o reino eterno do Pai celestial, para o céu.
Percorramos os Evangelhos. Quantas vezes e de
quantas maneiras falou Nosso Senhor Jesus Cristo da
felicidade do céu!
Em certa ocasião, disse a seus discípulos que
quem fizer um sacrifício por amor d’Ele e por causa do seu
nome,
“receberá cem por um e possuirá a vida eterna”
(Mt 19, 29).
Noutra ocasião profetiza-lhes que sofrerão
perseguições por causa d’Ele. Mas, acrescenta,
“alegrai-vos e
regozijai-vos, porque é muito grande a recompensa que vos
espera nos céus” (Mt 5, 12).
Ouçamos o que diz acerca do entesouramento
dos bens da fortuna: “Não
amontoeis tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os
consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam.
Entesourai, antes, os vossos tesouros no céu, onde a
ferrugem e a traça não os consomem, nem os ladrões os
desenterram e roubam” (Mt 6, 19-20).
Caríssimo Diácono Antônio, não nos cansemos
de pensar, desejar e trabalhar
para conquistar a Vida Eterna... tudo passa nessa vida; por
isso, soframos com alegria e paciência
as asperezas dessa vida tão passageira:
“... enquanto és
atingido pelos golpes da desgraça, enquanto és castigado
pelos açoites da correção divina, não te deixes abater pelo
desalento, não te queixes nem murmures, não fiques
amargurado pela tristeza nem te impacientes pela fraqueza de
ânimo. Mas conserva sempre a serenidade em teu rosto, a
alegria no teu coração, a ação de graças em teus lábios... é
preciso louvar a providência divina que castiga os seus
nesta vida, a fim de poupá-los dos flagelos eternos; abate
para elevar, fere para curar, humilha para exaltar”
(São Pedro Damião).
Não se esqueça de rezar todos os dias pedindo
a Deus a perseverança final:
“Este é um dos motivos porque muitos não se salvam, pois são
poucos os que cuidam de pedir a Deus a graça da perseverança
final” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Viva escondido em Cristo Jesus... busque o
silêncio... fuja das pessoas tagarelas:
“Fala com prudência para te livrares
do pecado... não caias por falar demais”
(Santo Ambrósio).
Rezemos pelo Santo Padre Bento XVI que
carrega uma pesadíssima cruz.
Enviar-lhe-ei em breve o que pediste:
Meditações das Dores de Nossa Senhora, estampas dos Anjos
adoradores, Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora das
Dores.
Rezo pelo senhor e família.
Eu te abençôo e te guardo no Santíssimo
Coração de Cristo Jesus.
Respeitosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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