Anápolis, 13 de julho de 2011
Ao senhor José de Maria Amorim Monteiro
Coronel da Legião da Infantaria / Brasília – DF.
Caríssimo, seja um homem perfeito mantendo a sua
língua bem guardada dentro da boca:
“Aquele que não peca no falar é realmente um homem perfeito, capaz
de refrear todo o seu corpo”.
Há vários anos que o senhor coronel vem atacando as
religiosas do meu Instituto com sua língua, dizendo calúnias
e outras acusações; mas agora já partiu para a
baixaria gritando contra as mesmas em plena rua e
estacionamentos… agora basta! Já suportamos até onde
era possível, então decidimos processá-lo na justiça comum
porque temos direito ao bom nome e iremos até o fim… não temos
medo do senhor coronel e de ninguém… jamais nos intimidaremos:
“Duas exceções,
no entanto, é necessário fazer: a primeira concerne a certos
crimes tão graves e infames de que ninguém deve sofrer a censura,
se se pode justificar; a segunda é referente a certas pessoas,
cuja reputação é necessária ao bem público. Nestes dois casos,
segundo a sentença dos teólogos, é necessário defender-se
tranquilamente a reputação dos agravos recebidos”
(São Francisco de Sales, Introdução
à Vida Devota, Parte III, Cap. VII), e:
“Maledicência e calúnia destroem a
reputação e a honra do próximo. Ora, a honra é o testemunho social
prestado à dignidade humana. Todos gozam de um direito natural à
honra do próprio nome, à sua reputação e ao seu respeito. Dessa
forma, a maledicência e a calúnia ferem as virtudes da justiça e
da caridade”
(Catecismo da Igreja Católica, 2479).
O Pe. Leo Trese comenta
sobre a calúnia:
“A calúnia é um dos piores pecados contra o oitavo
mandamento, porque combina um pecado contra a verdade (mentir)
com um pecado contra a justiça (ferir o bom nome alheio) e
a caridade (falhar no amor devido ao próximo). A calúnia
fere o próximo onde mais dói: na sua reputação. Se roubamos
dinheiro a um homem, este pode irar-se ou entristecer-se, mas,
normalmente, se refará e ganhará mais dinheiro. Quando manchamos o
seu bom nome, roubamos-lhe algo que todo o trabalho do mundo não
lhe poderá devolver. É fácil ver, pois, que o pecado de calúnia é
MORTAL se com ele prejudicamos seriamente a honra do próximo,
ainda que seja na consideração de uma só pessoa e mesmo que esse
próximo não tenha notícia do mal que lhe causamos”
(A fé explicada, Cap. XXI),
e: “Assim
como, para quem rouba, não há perdão sem restituição, assim
também, para quem calunia, não há perdão sem reparação”
(Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre
as festas do Senhor e dos Santos), e também:
“Toda falta
cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação,
mesmo que seu autor tenha sido perdoado”
(Catecismo da Igreja Católica, 2487), e
ainda:
“Quem tira injustamente a boa fama ao seu próximo, além do pecado
que comete, está obrigado à restituição inteira e proporcionada à
natureza, qualidade e circunstâncias da detração, porque ninguém
pode entrar no céu com os bens alheios, e entre os bens exteriores
a fama e a honra são os mais preciosos e os mais caros”
(São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte
III, Cap. XXIX).
Então coronel, o senhor
acha que é muito simples caluniar o próximo? O que as religiosas
do meu Instituto fizeram para o senhor tratá-las assim? Agora o
senhor terá que se explicar perante um juiz, porque levaremos até
o fim. Tivemos muita paciência com o senhor durante anos, mas
agora basta.
Ao invés de caluniar
pessoas inocentes que trabalham para o Senhor dos Exércitos,
e não para um coronel, vai rezar pela conversão dos
gays, lésbicas, prostitutas, traficantes, ladrões e
adúlteros de Brasília… ou melhor, cuide de sua própria
vida, porque um senhor de 84 anos de idade já está bem próximo da
viagem para a eternidade.
Caríssimo coronel, seja
prudente e não calunie o próximo. Deus castiga os caluniadores.
O senhor coronel já leu
aquele trecho do Livro de Daniel onde os dois velhos caluniadores
foram arrebentados pelo meio?
Leia com atenção.
Susana tinha um marido, era bela e temente a Deus
(Cf. Dn 13, 2), recebera uma ótima educação dos pais (Cf. Dn 13,
3), e possuía boa fama diante das pessoas (Cf. Dn 13, 27).
Mesmo vivendo corretamente, não escapou da língua
dos caluniadores.
Frequentavam a casa de Joaquim, esposo de Susana
dois idosos, eram juízes (Cf. Dn 13, 5), e todos os que tinham
alguma questão a julgar vinham a eles (Cf. Dn 13, 6).
Esses dois, por serem idosos e juízes, deveriam dar
bom exemplo para o povo, mas não; com suas línguas eram os piores:
“A iniquidade saiu de Babilônia, dos
anciãos, que só aparentemente guiavam o povo”
(Dn 13, 5).
Hoje, senhor coronel, também, existem milhares de
idosos que são pedras de tropeço no caminho de crianças,
adolescentes, jovens e adultos; os mesmos, com suas línguas
malignas e coração podre, destroem a inocência de muitos e
coloca-os no caminho da perdição.
A honesta Susana, por causa do calor (Cf. Dn 13,
15), resolveu banhar-se no jardim de seu esposo (Cf. Dn 13, 7), a
mesma esperou que todos saíssem e mandou depois também as servas
saírem e fecharem o portão (Cf. Dn 13, 18).
Susana achava que estava sozinha no jardim; mas
não, os dois velhos juízes estavam escondidos dentro do mesmo, os
dois ardiam de desejo pela pobre Susana: “Os
dois anciãos, que a observavam diariamente enquanto ela entrava e
passeava, puseram-se a desejá-la”
(Dn 13, 8).
Susana era bela, e os dois anciãos queriam
possuí-la, mas a mesma não aceitou a “proposta” dos velhos
perversos; então eles tomaram a decisão de caluniá-la perante o
povo, mesmo assim, ela não se entregou aos juízes impuros:
“Mas é melhor para mim, não o tendo
feito, cair em vossas mãos, do que pecar diante do Senhor”
(Dn 13, 23).
Senhor coronel, muitas pessoas para conseguirem
seduzir alguém, usam de ameaças a exemplo desses anciãos, e lutam
com energia até conseguirem. Feliz daquela pessoa que imita o
exemplo de Susana, isto é, que se mantém firme e fiel a Deus, e
que prefere sofrer e morrer a ofendê-Lo. Se no mundo existissem
milhões de “Susanas”, com certeza absoluta, a máscara de
milhões de “anciãos” já teriam caído por terra.
Como é importante ser uma pessoa convicta e de
caráter no meio desse mundo perverso, ser uma bigorna que é
malhada pela marreta da calúnia, mas não se quebra.
Susana gritou, mas os juízes impuros gritaram
também contra ela (Cf. Dn 13, 24). Às vezes acontece de você “gritar”
contra os caluniadores, isto é, de tomar uma atitude de se
defender, de provar a sua inocência, mas eles continuam a te
caluniar, isto é, “gritam” juntos e querem que o mal
prevaleça, querem te sufocar moralmente, trabalham continuamente
para lançar a sua honra na lama. Diante da resistência maligna do
caluniador, é preciso continuar se defendendo:
“Todos gozam de um direito natural à
honra do próprio nome, à sua reputação e ao seu respeito”
(Catecismo da Igreja Católica,
2479).
Ninguém dos seus a defendeu. Em Daniel 13, 27-40
diz que os empregados sentiram-se profundamente envergonhados;
reuniram na casa de Joaquim, seu esposo, chamaram os pais de
Susana, filhos e parentes, e todos permaneceram em silêncio.
Os anciãos ainda tiveram a coragem de mandar
retirar o véu que cobria o rosto de Susana para poderem fartar-se
de sua beleza, e ninguém se opôs.
Diante do povo, os dois juízes malignos e
caluniadores, contaram que haviam pego Susana com um rapaz no
jardim , e no versículo 41 diz que o povo acreditou neles:
“A assembléia creu neles, pois eram
anciãos do povo e juízes. E julgaram-na ré de morte”.
Susana disse a Deus: “Ó
Deus Eterno, que conheces as coisas ocultas, que sabes todas as
coisas antes de sua origem, Tu sabes que é falso o testemunho que
levantaram contra mim. Eis, pois, que vou morrer; não tendo feito
nada do que estes maldosamente inventaram a meu respeito”
(Dn 13, 42-44),
e: “E o Senhor escutou a sua voz”
(Dn 13, 44).
Enquanto Susana era conduzida à lapidação, Deus
suscitou o profeta Daniel para salvá-la (Cf. Dn 13, 45).
Daniel: homem justo, caridoso, prudente e sincero,
chamou os filhos de Israel de insensatos, porque condenaram Susana
sem julgamento e sem conhecimento claro, e o mesmo disse que era
falso o testemunho que os anciãos levantaram contra ela (Cf. Dn
13, 49).
Hoje, são milhares aqueles que são condenados
injustamente, que são obrigados a carregarem o peso da calúnia
sobre os ombros por anos e anos, raramente aparece um “Daniel”
para ajudar-lhes.
Daniel pediu que separassem os anciãos um do outro
para serem julgados. Ele perguntou ao primeiro:
“… dize-nos debaixo de que árvore os
viste entretendo-se juntos”
(Dn 13, 54), e o
velho mentiroso e caluniador lhe respondeu:
“Debaixo de um lentisco”
(Dn 13, 54).
E Daniel, indignado diante de tal resposta lhe disse:
“Mentiste perfeitamente, contra a tua
própria cabeça! Pois o anjo de Deus, já tendo recebido a sentença
da parte de Deus, te rachará pelo meio”
(Dn 13, 55).
Daniel mandou chamar o segundo velho mentiroso e
lhe fez a mesma pergunta: “… dize-me
debaixo de que árvore os surpreendeste entretendo-se juntos”
(Dn 13, 58),
e o velho caluniador respondeu: “Debaixo
de um carvalho” (Dn
13, 58). E Daniel lhe disse:
“Mentiste perfeitamente, tu também,
contra a tua própria cabeça. Pois o anjo de Deus está esperando,
com a espada na mão, para te cortar pelo meio, a fim de acabar
convosco” (Dn 13, 59).
Diante da atitude justa de Daniel, a assembléia
acordou e clamou em alta voz: “…
bendizendo ao Deus que salva os que nele esperam”
(Dn 13, 60).
Os anciãos foram condenados à morte:
“Mataram-nos, portanto, e assim foi
poupado o sangue inocente, naquele dia”
(Dn 13, 62).
Prezado coronel, cuidado para não ser castigado por
Deus.
Jamais deixaremos de fazer o bem por causa da
língua dos homens: “… a palavra de Deus
não está algemada” (2
Tm 2, 9).
O mentiroso é chamado boca de lixo; que nome então
daremos ao caluniador?
Caríssimo, conte com nossas orações.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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