Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Carta 26

 

Anápolis, 21 de julho de 2011

 

Ao Frei Ceslau Kolpa

Nova Veneza – Diocese de Anápolis – GO

 

Caríssimo, cuidado para não se condenar ao inferno eterno por causa de sua língua: “... a língua do homem é a sua ruína” (Eclo 5, 13).

 

A Madre Laura de Nossa Senhora das Dores disse que foi atacada pelo senhor em Nova Veneza, e que o senhor “vomitou” um monte de calúnias contra a mesma.

Prezado Frei Ceslau, lembre-se de que calúnia é pecado mortal.

O Pe. Leo J. Trese comenta sobre a calúnia: “A calúnia é um dos piores pecados contra o oitavo mandamento, porque combina um pecado contra a verdade (mentir) com um pecado contra a justiça (ferir o bom nome alheio) e a caridade (falhar no amor devido ao próximo). A calúnia fere o próximo onde mais dói: na sua reputação. Se roubamos dinheiro a um homem, este pode irar-se ou entristecer-se, mas, normalmente, se refará e ganhará mais dinheiro. Quando manchamos o seu bom nome, roubamos-lhe algo que todo o trabalho do mundo não lhe poderá devolver. É fácil ver, pois, que o pecado de calúnia é MORTAL se com ele prejudicamos seriamente a honra do próximo, ainda que seja na consideração de uma só pessoa e mesmo que esse próximo não tenha notícia do mal que lhe causamos” (A fé explicada, Cap. XXI), e: “Assim como, para quem rouba, não há perdão sem restituição, assim também, para quem calunia, não há perdão sem reparação”(Pe. João Colombo,  Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos), e também: “Toda falta cometida contra a justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que seu autor tenha sido perdoado” (Catecismo da Igreja Católica, 2487), e ainda: “Quem tira injustamente a boa fama ao seu próximo, além do pecado que comete, está obrigado à restituição inteira e proporcionada à natureza, qualidade e circunstâncias da detração, porque ninguém pode entrar no céu com os bens alheios, e entre os bens exteriores a fama e a honra são os mais preciosos e os mais caros” (São Francisco de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte III, Cap. XXIX).

O senhor consegue dormir tranquilo, celebrar a Santa Missa, dar bons conselhos para seus paroquianos depois de caluniar alguém?

As calúnias “vomitadas” pelo senhor são frutos de suas meditações, orações, comunhões e confissões? Seria isso também fruto das reuniões do clero de Anápolis?

Como já escrevi: quem calunia peca mortalmente... e pecado mortal leva ao inferno eterno: “As almas daqueles que saem do mundo em pecado mortal atual, imediatamente depois da sua morte descem ao Inferno, onde são atormentados com penas infernais” (Bento XII, Constituição “Benedictus Deus”, Dz. 531).

Prezado, muitas pessoas disseram que o senhor promoveu uma festa em louvor a Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Nova Veneza com: bailes (Banda raízes de Veneza), show sertanejo na quermesse, bebidas alcoólicas no baile... e teve brigas durante o baile.

Isso, o mundo já oferece, não precisa o sacerdote oferecer. O povo quer ver no sacerdote um homem de Deus e não um lobo disfarçado de ovelha.

Já que o senhor não OBEDECE a Santa Igreja em relação à veste eclesiástica, obedeça ao menos em relação à moral... não dando escândalo aos fiéis.

O senhor deveria se envergonhar! Usar o manto de Nossa Senhora para colocar os fiéis no caminho do inferno eterno... Que tipo de sacerdote é o senhor? Luz ou trevas?

O senhor terá que prestar contas a Deus pelas almas que estão se perdendo por causa dessas festas profanas: “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar” (Mt 18, 6).

Caríssimo, volte para Deus enquanto é tempo... deixe de enganar os fiéis com essas festas mundanas... use ao menos um sinal religioso e deixe de andar como se fosse um vaqueiro... medite sobre o fogo e a eternidade do inferno e peça perdão a Deus de tantos erros... Lembre-se de que Deus não é BOBO!

Não fique EMBROMANDO os fiéis católicos, mas ajude-os a serem santos... verdadeiros santos... pare de brincar com as almas imortais: “Convém sermos cristãos não só de nome, mas de fato” (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios).

O dinheiro arrecadado nessas festas, com bailes e bebedeiras, é um dinheiro sujo, imundo e satânico. Como o senhor tem coragem de comprar velas, hóstias, toalhas para o altar... ou até mesmo a própria alimentação, com esse dinheiro imundo?

Prezado Frei Ceslau, o senhor se preocupa em ajudar os seus fiéis a viverem na GRAÇA de DEUS (graça santificante)? A sua paróquia é VIVA ou é um CEMITÉRIO? “Membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal” (São Pio X, Catecismo Maior, 167).

Cuidado! Não BRINQUE com as almas imortais! “Porventura não se precipitará na maior desgraça junto com todos os que lhe foram confiados? Em vez de salvar a sua própria pessoa, ainda leva a muitos outros consigo para a condenação” (São João Crisóstomo, O sacerdócio, Livro IV, 1).

Caríssimo, medite durante o mês de agosto sobre as CHAMAS do INFERNO.

A pena de sentido consiste no fogo e outros tormentos que os condenados sofrerão. Chama-lhe a Sagrada Escritura fogo voraz e inextinguível; “fogo que nunca se apaga”, repete Cristo em (Mc 9, 48) “... onde o verme não morre e onde o fogo não se extingue”.

As penas do Inferno serão iguais em duração para todos os condenados, pois são eternas; mas, quanto à intensidade, serão diferentes, de acordo com a gravidade dos pecados e com o abuso das graças recebidas.

O inferno é cárcere fechado por completo e escuro, onde nunca penetrará raio de sol nem qualquer outra luz: “Ele vai juntar-se à geração dos seus pais, que nunca mais verá a luz” (Sl 48, 20).

A vista padecerá o tormento das trevas: “Antes de partir, sem nunca mais voltar, para a terra de trevas e sombras” (Jó 10, 21).

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Haverá no inferno apenas a claridade precisa para aumentar os tormentos. Uma claridade que permite ver a fealdade dos condenados e dos demônios, assim como o aspecto horrendo que estes tomarão para causarem mais horror”.

O olfato do condenado padecerá o seu tormento próprio: “O condenado deve ficar sempre entre milhões de condenados, vivos para a pena, mas cadáveres hediondos quanto à pestilência que exalam” (Idem.).

São Boaventura escreve: “Se o corpo de um condenado saísse do inferno, bastaria ele só para produzir uma infecção em consequência da qual morreriam todos os homens do mundo”.

O condenado sofrerá também pelos gritos de desespero de milhões de réprobos: “O ouvido será atormentado com os contínuos gritos aflitivos daqueles pobres desesperados, e pelo barulho horroroso que, sem cessar, os demônios provocam” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “... o ímpio escuta ruídos que o espantam” (Jó 15, 21).

O membro que o condenado mais usou para pecar será o mais atormentado. A fome o castigará... também a sede: “A gula será castigada com a fome devoradora. Entretanto, não haverá ali nem uma migalha de pão. O condenado sofrerá sede abrasadora que não se apagaria com toda a água do mar. Mas não se lhe dará uma só gota. Uma só gota d’água pedia o rico avarento, e não a obteve e nem a obterá jamais” (Santo Afonso Maria de Ligório).

As faculdades da alma terão também o seu castigo apropriado: “O tormento da memória será a viva recordação do tempo que, em vida, teve o condenado para salvar-se e que empregou em perder-se, e das graças que Deus lhe concedeu e que foram desprezadas. O entendimento sofrerá ao considerar o grande bem que perdeu perdendo a Deus e o céu, ponderando que essa perda é já irreparável. A vontade verá que se lhe nega tudo quanto deseja. O condenado nunca obterá nada do que quer, e sempre terá aquilo que mais o aborreça, isto é, males sem fim. Quererá livrar-se dos tormentos e desfrutar paz. Mas sempre será atormentado, jamais encontrará momento de repouso” (Idem.).

A pena do sentido que mais atormenta aos condenados é a fogo do inferno: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos” (Mt 25, 40).

Inferno: separação de Deus... lugar de maldição e fogo... fogo eterno... morada dos demônios.

Há diferença do fogo aqui da terra com o fogo do inferno: “Comparando com o fogo do inferno, as chamas aqui da terra parecem fogo pintado” (Santo Agostinho), e: “... como se a nossa chama fosse de gelo” (São Vicente Ferrer), e também: “E a razão consiste em que o fogo terreal foi criado para utilidade nossa, ao passo que o do inferno foi criado expressamente para o castigo” (Santo Afonso Maria de Ligório), e ainda: “Muito diferentes são o fogo que se utiliza para o uso do homem e o que serve para a justiça de Deus” (Tertuliano), e: “O fogo do inferno é real, mas não se assemelha ao fogo que conhecemos, incapaz de exercer qualquer ação sobre um espírito, sobre a alma. Significa, pois, um queimor interior muito grande, semelhante ao sofrimento que experimentamos pelo remorso ou pelo desespero” (Monge Edouard Clerc).

O condenado estará dentro dessas chamas, envolvido por elas, como um pedaço de lenha numa fornalha. Terá um abismo de fogo debaixo de seus pés, imensas massas de fogo sobre sua cabeça e ao derredor de si... Estará submergido em fogo como o peixe em água. E essas chamas não cercarão apenas o condenado, mas penetrarão nele, em suas próprias entranhas para atormentá-las. Todo o corpo será pura chama; arderá o coração no peito; as vísceras, no ventre; o cérebro, na cabeça; nas veias, o sangue; a medula, nos ossos.

Cada condenado converter-se-á numa fornalha ardente: “Deles farás uma fornalha no dia da tua face: Deus os engolirá em sua ira, um fogo os devorará” (Sl 20, 10).

Prezado Frei Ceslau, rezaremos pelo senhor, para que volte ao caminho da luz enquanto é tempo.

Leia os livros: A selva e Preparação para a morte (Santo Afonso Maria de Ligório), O sacerdócio (São João Crisóstomo), A vida eterna (Monsenhor Tihamer Tóth), Que há para além da morte? (Monge Edouard Clerc) e A língua (Pe. Francisco Faus).

Respeitosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.