Ó "senhora" caveira, onde estão aqueles cabelos
que você passava horas e horas no salão a penteá-los e a pintá-los,
mudando de cor a cada semana? Caíram todos, isso mesmo, caíram todos
para nunca mais voltar: "Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade" (Eclesiastes
1, 2).
Ó "senhora"
caveira, onde estão as suas sobrancelhas, às quais, você, mesmo
sentindo dores, colocava a pinça a trabalhar. Caíram todas! Agora
sim, foram retiradas para sempre: "Vaidade
das vaidades, tudo é vaidade" (Eclesiastes
1, 2).
Ó "senhora" caveira, onde estão os seus olhos
ornamentados com sombras, pinturas e lentes de contato? Eles não
existem mais; restou apenas um buraco cheio de vermes:
"Por mais que alargues os teus olhos com
pintura, em vão te aformosearás!"
(Jeremias 4, 30).
Ó "senhora" caveira, onde estão as suas bochechas
que eram tão acariciadas com dezenas de cremes e pinturas? Você se
lembra do tempo que perdeu diante do espelho a se maquiar? As suas
bochechas não existem mais, foram devoradas por famintos vermes:
"... os bichos te cobrem como um
cobertor"
(Isaías 14, 11).
Ó "senhora" caveira, onde está aquele nariz que
passava horas e horas a cheirar os mais requintados perfumes e que
sustentava piercing? Ele não existe mais, resta agora apenas uma
cavidade, morada dos vermes: "Vaidade das
vaidades, tudo é vaidade"
(Eclesiastes 1, 2), e
"Naquele dia, o Senhor as despojará ... dos pendentes do nariz"
(Isaias 3, 18. 21).
Ó "senhora" caveira, onde estão as suas orelhas
sofredoras, às quais foram perfuradas por várias vezes com
furiosidade, para serem dependurados pesados, caros e reluzentes
brincos? Não existem mais, apodreceram e foram devoradas por vermes:
"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"
(Eclesiastes 1, 2).
Ó "senhora" caveira, onde estão os seus delicados
lábios, os quais você "embatonzava" várias vezes ao dia, diante de
um espelho em casa, no escritório e até dentro do próprio carro?
Também apodreceram; resta agora apenas a arcada dentária, morada de
vermes peçonhentos, que passeiam em sua boca como jovens em uma
praça: "Vaidade das vaidades, tudo é
vaidade" (Eclesiastes 1, 2).
Ó "senhora" caveira, onde está aquele pescoço, tantas
vezes enfeitado com riquíssimos colares e gargantilhas? Não existe
mais, resta apenas alguns ossinhos sustentando o crânio:
"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"
(Eclesiastes 1, 2).
Ó "senhora" caveira, onde estão os pulsos, dedos e
tornozelos que eram adornados com ricas jóias? Tudo foi devorado
pelos vermes, restam apenas os ossos fedorentos:
"Naquele dia, o Senhor as despojará do
adorno dos anéis dos seus tornozelos... dos pingentes, dos
braceletes..." (Isaias 3, 18-19).
Ó "senhora" caveira, onde estão as suas unhas, com as
quais você gastou tempo e dinheiro para mantê-las sempre pintadas
com as mais variadas cores? Agora estão escuras e rústicas:
"Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"
(Eclesiastes 1, 2).
Ó "senhora" caveira, onde está aquele corpo que era
banhado diariamente com perfumes raríssimos? Aquele corpo tão
elegante e acariciado que você mal o cobria com roupas de tecidos
caríssimos e das mais relevantes marcas? A carne apodreceu toda, foi
devorada por vermes famintos, só resta agora uma caveira repugnante:
"Sob o teu corpo os vermes formam como um
colchão" (Isaias 14, 11).
LEMBRE-SE
DE QUE TUDO PASSA
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