Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Nº 10

 

REMÉDIOS PARA CURAR O ÓDIO E O RANCOR

 

Odiar não é o mesmo que sentir desgosto por uma pessoa, nem sentir-nos magoados quando abusam de nós de uma forma ou de outra. O ódio é um espírito de rancor, de vingança. Odiar é desejar mal a outrem, é sentir prazer com a desgraça alheia.

O ódio ao próximo é desejar-lhe o mal e alegrar-se com qualquer desgraça que caia sobre ele. Se chegássemos a desejar a alguém um mal grave, como a doença ou a falta de trabalho, o nosso pecado seria mortal. Desejar-lhe um mal leve, como, por exemplo, que perca o ônibus ou que a mulher grite com ele, é um pecado venial. Não é pecado, no entanto, desejar a alguém um mal para que obtenha um bem maior. Podemos retamente desejar que o vizinho bêbado tenha tal ressaca que nunca mais volte a beber, que o delinquente seja preso para que deixe de fazer o mal, que o tirano morra para que o seu povo viva em paz. Sempre que, como é lógico, o nosso desejo inclua o bem espiritual e a salvação eterna dessa pessoa.

 

Primeiro remédio. Ame o próximo como a ti mesmo. Disse Jesus Cristo: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12), e: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12, 31).

O amor de Deus e do próximo são duas virtudes tão unidas que podem ser consideradas um amor único; todavia, costuma-se distingui-las. O amor do próximo há de ser sobrenatural, isto é, deve partir de Deus e voltar para Deus. Resulta, portanto, que não há verdadeiro amor do próximo quando se ama por pendor de caráter, interesse ou paixão. Para amar o próximo como convém, é preciso amá-lo em Deus e para Deus. Consequentemente, quem ama a Deus ama também o próximo. Amar o próximo é um mandamento de extrema importância, que Nosso Senhor impôs mais do que qualquer outro.

 

Segundo remédio. Pensa que as ofensas que tu fizeste a Deus são infinitamente maiores que a que teu próximo te fez; e que não te perdoará Deus, se te negares a perdoar as injúrias que te fizeram. Se você acha que o teu próximo não merece perdão, perdoa-o por amor de Deus, que o merece, e te manda perdoar.

Que maravilha é Deus que perdoa! Mas se Deus, três vezes Santo, tem misericórdia do pecador, quanto mais nós, pecadores, que sabemos por  experiência própria da miséria do pecado, devemos perdoar aos outros. Não há ninguém perfeito na terra. Assim como Deus nos ama, mesmo com os nossos defeitos, e nos perdoa, nós também devemos amar os outros, mesmo com os seus defeitos e perdoar-lhes. Se esperamos amar os que não têm defeitos, nunca amaremos ninguém. Perdoando àqueles que nos têm ofendido tornamo-nos, pois, semelhantes ao nosso Pai Deus: “No fato de amar os inimigos, vê-se claramente certa semelhança com o nosso Pai Deus, que reconciliou consigo o gênero humano, que era muito inimigo e contrário seu, redimindo-o da condenação eterna por meio da morte do seu Filho” (Catecismo Romano).

 

Terceiro remédio. Esquece o quanto antes a ofensa que teu próximo te fez, e se aparecer o pensamento ou a lembrança dela, lança-a quanto antes para longe de ti, como se fosse uma brasa ou faísca de fogo, antes que queime.

 

Quarto remédio. Lembra-te de que és cristão e imitador de Cristo... e não esqueças jamais que Jesus Cristo sofreu açoites, espinhos e calúnias; que lhe tiraram as vestes, o pregaram na cruz e, pregado nela, o seu primeiro ato foi perdoar a seus inimigos, e pedir por eles a seu Eterno Pai; perdoa-lhes, pois, também tu, e roga por eles como cristão. Não fales mal deles, cumprimenta-os; assiste-lhes e socorre-os em suas necessidades, enquanto puderes: “Eu, porém, vos digo a vós que me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam” (Lc 6, 27-28).

 

Quinto remédio. Cada dia reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria pelos que te ofenderam. Uma prova do perdão das ofensas é rezar e desejar o bem à pessoa que nos ofendeu.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 19 de janeiro de 2018

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Santo Antônio Maria Claret, O caminho reto

Pe. Leo J. Trese, A fé explicada

Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual

Edições Theologica

Catecismo Romano, IV, 14, 19