REMÉDIOS PARA CURAR O ÓDIO E O RANCOR
Odiar não é o mesmo que sentir desgosto por uma
pessoa, nem sentir-nos magoados quando abusam de nós de uma forma ou
de outra. O ódio é um espírito
de rancor, de vingança. Odiar é desejar mal a outrem, é sentir
prazer com a desgraça alheia.
O ódio ao próximo é desejar-lhe o mal e alegrar-se
com qualquer desgraça que caia sobre ele. Se chegássemos a
desejar a alguém um mal grave, como a doença ou a falta de trabalho,
o nosso pecado seria mortal. Desejar-lhe um mal leve,
como, por exemplo, que perca o ônibus ou que a mulher grite com ele,
é um pecado venial. Não é pecado, no entanto, desejar a
alguém um mal para que obtenha um bem maior. Podemos retamente
desejar que o vizinho bêbado tenha tal ressaca que nunca mais volte
a beber, que o delinquente seja preso para que deixe de fazer o mal,
que o tirano morra para que o seu povo viva em paz. Sempre
que, como é lógico, o nosso desejo inclua o bem espiritual e a
salvação eterna dessa pessoa.
Primeiro remédio.
Ame o próximo como a ti mesmo. Disse Jesus Cristo:
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos
outros como eu vos amei” (Jo 15, 12),
e: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
(Mc 12, 31).
O amor de Deus e do próximo são duas virtudes tão
unidas que podem ser consideradas um amor único; todavia, costuma-se
distingui-las. O amor do próximo há de ser sobrenatural, isto é,
deve partir de Deus e voltar para Deus. Resulta, portanto, que
não há verdadeiro amor do próximo quando se ama por pendor de
caráter, interesse ou paixão. Para amar o próximo como convém, é
preciso amá-lo em Deus e para Deus. Consequentemente, quem
ama a Deus ama também o próximo. Amar o próximo é um
mandamento de extrema importância, que Nosso Senhor impôs mais do
que qualquer outro.
Segundo remédio.
Pensa que as ofensas que tu fizeste a Deus são infinitamente maiores
que a que teu próximo te fez; e que não te perdoará Deus, se te
negares a perdoar as injúrias que te fizeram. Se você acha que
o teu próximo não merece perdão, perdoa-o por amor de Deus, que o
merece, e te manda perdoar.
Que maravilha é Deus que perdoa! Mas se Deus, três
vezes Santo, tem misericórdia do pecador, quanto mais nós,
pecadores, que sabemos por experiência própria da miséria do
pecado, devemos perdoar aos outros. Não há ninguém perfeito na
terra. Assim como Deus nos ama, mesmo com os nossos defeitos, e nos
perdoa, nós também devemos amar os outros, mesmo com os seus
defeitos e perdoar-lhes. Se esperamos amar os que não têm
defeitos, nunca amaremos ninguém. Perdoando àqueles que nos têm
ofendido tornamo-nos, pois, semelhantes ao nosso Pai Deus:
“No fato de amar os
inimigos, vê-se claramente certa semelhança com o nosso Pai Deus,
que reconciliou consigo o gênero humano, que era muito inimigo e
contrário seu, redimindo-o da condenação eterna por meio da morte do
seu Filho” (Catecismo Romano).
Terceiro remédio.
Esquece o quanto antes a ofensa que teu próximo te fez, e se
aparecer o pensamento ou a lembrança dela, lança-a quanto
antes para longe de ti, como se fosse uma brasa ou faísca de fogo,
antes que queime.
Quarto remédio.
Lembra-te de que és cristão e imitador de Cristo... e não
esqueças jamais que Jesus Cristo sofreu açoites, espinhos e
calúnias; que lhe tiraram as vestes, o pregaram na cruz e, pregado
nela, o seu primeiro ato foi perdoar a seus inimigos, e
pedir por eles a seu Eterno Pai; perdoa-lhes, pois, também tu, e
roga por eles como cristão. Não fales
mal deles, cumprimenta-os; assiste-lhes e socorre-os em suas
necessidades, enquanto puderes:
“Eu, porém, vos digo a vós que me escutais: Amai os
vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos
amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam” (Lc
6, 27-28).
Quinto remédio.
Cada dia reze um Pai-Nosso e uma Ave-Maria pelos que te ofenderam.
Uma prova do perdão das ofensas é rezar e desejar o bem à
pessoa que nos ofendeu.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
Anápolis, 19 de janeiro de 2018
Bibliografia
Sagrada Escritura
Santo Antônio Maria Claret, O caminho reto
Pe. Leo J. Trese, A fé explicada
Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual
Edições Theologica
Catecismo Romano, IV, 14, 19
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