Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Nº 12

 

REMÉDIOS PARA OS QUE FIZERAM COMUNHÕES SACRÍLEGAS E MÁS CONFISSÕES

 

Primeiro remédio. O primeiro pecado que deves acusar ao confessar há de ser o que mais vergonha lhe causar, e com isto confundirás o tentador.

 

Segundo remédio. Se a vergonha te perturbar, peça ao sacerdote que te ajude a confessar bem fazendo algumas perguntas. Mas se a vergonha não te deixar dizer nem esse pouco, vai então com outro confessor, porque senão, cometerias um horrendo sacrilégio, e acharias a morte onde Deus quer dar-te a vida, ou a perfeição dela: “Uma só coisa pode viciar a nossa confissão e torná-la ‘má’ ou sacrílega: omitir consciente e deliberadamente a manifestação de um pecado que temos a certeza de ser mortal e que deveríamos confessar. Proceder assim é não querer cumprir uma das condições que Deus nos pede para nos conceder o seu perdão. Se não nos ‘abrimos’ a Deus, Deus não abrirá o seu tribunal ao perdão. O trágico de uma má confissão é que produz uma reação em cadeia de pecados. A não ser que – e até que – retifiquemos a confissão inválida, cada confissão e cada comunhão posteriores serão um novo sacrilégio, e um novo pecado se acrescentará ao anterior. Com o passar do tempo, a consciência poderá insensibilizar-se, mas nunca poderá ter verdadeira paz. Felizmente, uma má confissão pode ser corrigida com facilidade, desde que o penitente decida emendar-se. Basta que diga ao sacerdote: ‘Certa vez fiz uma má confissão e agora quero corrigi-la’. O confessor tomará esta declaração como ponto de partida e, interrogando com compreensão, ajudará o pecador a descarregar-se do seu pecado. É necessário sublinhar a frase: ‘interrogando com compreensão’. A nossa relutância em confessar uma ação vergonhosa será muito menor se tivermos presente que aquele a quem nos dirigimos está cheio de compreensão e afeto. O sacerdote sentado do outro lado da grade do confessionário não está cheio de si nem disposto a franzir a sobrancelha a cada falta que lhe comuniquemos. Ele também é humano. Ele também se confessa. Em vez de nos desprezar pelo que temos a dizer-lhe, admirará a humildade com que estaremos vencendo a nossa vergonha. Quanto maior for o nosso pecado, mais alegria daremos ao sacerdote com o nosso arrependimento. Se o sacerdote chegasse  a saber quem é o penitente, seu apreço por ele não diminuiria; ao contrário, aumentaria pela sinceridade e confiança depositada no confessor” (Pe. Leo J. Trese).

 

Terceiro remédio. Muitas vezes as confissões são más, não porque se faltasse à verdade, senão por falta de emenda; assim como quando sai a roupa da lavagem com manchas, dizemos que foi mal feita, e com razão; da mesma maneira dizemos que foi má a confissão daquela pessoa que, depois que se confessou vemos com os mesmos vícios de blasfemar, maldizer, odiar, cometer impurezas, murmurar... como se nada houvessem recebido. Não há que iludir-se; não se cumpre com dizer: já disse tudo ao confessor; porque assim como para ser boa a lavagem não é suficiente ter metido nela toda a roupa suja, senão ter feito todo o necessário para tirar as imundícies da roupa, assim, para que a confissão seja boa é necessário que a alma fique limpa dos pecados: “Os pecados acusados são cancelados e os não confessados são agravados” (Tertuliano).

 

Quarto remédio. A causa de quase todas as confissões más é não apartar-se das ocasiões de pecar, e não cumprir as penitências medicinais: aparta-te, pois, dos perigos, cumpre o que dispõe o confessor, e pratica aqueles meios que aconselha a prudência, e então verás como é certa tua emenda: “Acontece não raras vezes que as confissões ordinárias de pessoas que levam uma vida negligente e comum são defeituosas e mal feitas; não se preparam nada ou quase nada; não têm a contrição devida; confessam-se com uma vontade secreta de continuar a pecar, ou porque não querem evitar as ocasiões do pecado ou porque não querem envidar todos os meios necessários para a emenda da vida; e nesses casos uma confissão geral torna-se necessária para assegurar a salvação” (São Francisco de Sales), e: “Uma vez prescrita a penitência, temos obrigação em consciência de cumpri-la e de cumpri-la do modo que nos foi prescrita. Por exemplo, se me foi dito que fizesse um ato de fé, esperança e caridade uma vez ao dia durante uma semana, não seria correto ‘liquidar’ o assunto rezando os sete atos de uma vez. Negligenciar deliberadamente o cumprimento da penitência seria pecado mortal, se se tratasse de uma penitência grave imposta por pecados graves. Negligenciar uma penitência leve seria um pecado venial. É claro que esquecer-se dela não é pecado, pois ninguém pode pecar por ter memória fraca. Se nos esquecemos de cumprir a penitência, acontece simplesmente que a dívida temporal, da qual a penitência nos teria absolvido, permanece ainda em nosso débito. Por esta razão, deveríamos acostumar-nos a cumpri-la imediatamente após a confissão, a não ser que o confessor nos indique outra ocasião para fazê-lo. Deve-se recordar que a penitência prescrita na confissão tem uma eficácia especial para pagar a dívida de castigo temporal, por ser parte do sacramento da Penitência. Devemos, claro está, fazer voluntariamente outros atos de penitência. Todas as nossas obras meritórias podem ser oferecidas em satisfação dos nossos pecados, e é conveniente fazê-lo assim; e não somente as orações que rezamos, as Missas que oferecemos, ou os atos de religião ou de caridade que praticarmos, mas todas e cada uma de nossa ações praticadas no decorrer da nossa jornada centrada em Cristo; quer dizer, todas as ações (exceto as más, evidentemente) realizadas em estado de graça e com um sentido de oferenda a Deus. Estas ações ganham-nos méritos  para o céu e ao mesmo tempo são aceitas como satisfação pelos nossos pecados” (Pe. Leo J. Trese).

 

Quinto remédio. Antes de comungar examina-te e olha se estás na graça de Deus; e depois da comunhão demore algum tempo na ação de graças; procure não saíres logo da igreja, como fez Judas Iscariotes no Cenáculo: “Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação” (1 Cor 11, 28-29), e: “É pecado grave receber em pecado mortal os sacramentos, para cuja recepção se requer o estar na graça de Deus, como são geralmente todos eles, exceto o batismo e a penitência” (J. Bujanda), e também: “Terminada a Missa, devemos dar graças a Deus por nos ter concedido a graça de assistir a este grande sacrifício e pedir-lhe perdão das faltas cometidas enquanto a assistíamos” (São Pio X).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 30 de janeiro de 2018

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Santo Antônio Maria Claret, O caminho reto

São Francisco de Sales, Filotéia

Pe. Leo J. Trese, A fé explicada

J. Bujanda, Teologia Moral

São Pio X, Catecismo Maior