| 
             
			
			REMÉDIOS PARA OS QUE FIZERAM COMUNHÕES SACRÍLEGAS 
			E MÁS CONFISSÕES 
			  
			
			Primeiro remédio. 
			O primeiro pecado que deves acusar ao confessar há de ser o 
			que mais vergonha lhe causar, e com isto confundirás o 
			tentador. 
			  
			
			Segundo remédio. 
			Se a vergonha te perturbar, peça ao sacerdote que te ajude a 
			confessar bem fazendo algumas perguntas. Mas se a vergonha não te 
			deixar dizer nem esse pouco, vai então com outro confessor, porque 
			senão, cometerias um horrendo sacrilégio, e acharias a 
			morte onde Deus quer dar-te a vida, ou a perfeição dela: 
			“Uma só coisa pode viciar a nossa confissão 
			e torná-la ‘má’ ou sacrílega: omitir consciente e deliberadamente a 
			manifestação de um pecado que temos a certeza de ser mortal e que 
			deveríamos confessar. Proceder assim é não querer cumprir uma das 
			condições que Deus nos pede para nos conceder o seu perdão. Se não 
			nos ‘abrimos’ a Deus, Deus não abrirá o seu tribunal ao perdão. O 
			trágico de uma má confissão é que produz uma reação em cadeia de 
			pecados. A não ser que – e até que – retifiquemos a confissão 
			inválida, cada confissão e cada comunhão posteriores serão um novo 
			sacrilégio, e um novo pecado se acrescentará ao anterior. Com o 
			passar do tempo, a consciência poderá insensibilizar-se, mas nunca 
			poderá ter verdadeira paz. Felizmente, uma má confissão pode ser 
			corrigida com facilidade, desde que o penitente decida emendar-se. 
			Basta que diga ao sacerdote: ‘Certa vez fiz uma má confissão e agora 
			quero corrigi-la’. O confessor tomará esta declaração como ponto de 
			partida e, interrogando com compreensão, ajudará o pecador a 
			descarregar-se do seu pecado. É necessário sublinhar a frase: 
			‘interrogando com compreensão’. A nossa relutância em confessar uma 
			ação vergonhosa será muito menor se tivermos presente que aquele a 
			quem nos dirigimos está cheio de compreensão e afeto. O sacerdote 
			sentado do outro lado da grade do confessionário não está cheio de 
			si nem disposto a franzir a sobrancelha a cada falta que lhe 
			comuniquemos. Ele também é humano. Ele também se confessa. Em vez de 
			nos desprezar pelo que temos a dizer-lhe, admirará a humildade com 
			que estaremos vencendo a nossa vergonha. Quanto maior for o nosso 
			pecado, mais alegria daremos ao sacerdote com o nosso 
			arrependimento. Se o sacerdote chegasse  a saber quem é o penitente, 
			seu apreço por ele não diminuiria; ao contrário, aumentaria pela 
			sinceridade e confiança depositada no confessor”
			(Pe. Leo J. Trese). 
			  
			
			Terceiro remédio. 
			Muitas vezes as confissões são más, não porque se faltasse à 
			verdade, senão por falta de emenda; assim como quando sai a roupa da 
			lavagem com manchas, dizemos que foi mal feita, e com razão; 
			da mesma maneira dizemos que foi má a confissão daquela pessoa que, 
			depois que se confessou vemos com os mesmos vícios de blasfemar, 
			maldizer, odiar, cometer impurezas, murmurar... como 
			se nada houvessem recebido. Não há que iludir-se; não se 
			cumpre com dizer: já disse tudo ao confessor; porque assim como para 
			ser boa a lavagem não é suficiente ter metido nela toda a roupa 
			suja, senão ter feito todo o necessário para tirar as imundícies da 
			roupa, assim, para que a confissão seja boa é necessário que a 
			alma fique limpa dos pecados: 
			“Os pecados acusados são cancelados e os não confessados são 
			agravados”
			(Tertuliano). 
			  
			
			Quarto remédio. A 
			causa de quase todas as confissões más é não apartar-se das ocasiões 
			de pecar, e não cumprir as penitências medicinais: 
			aparta-te, pois, dos perigos, cumpre o que dispõe 
			o confessor, e pratica aqueles meios que aconselha a prudência, e 
			então verás como é certa tua emenda: 
			“Acontece não raras vezes que 
			as confissões ordinárias de pessoas que levam uma vida negligente e 
			comum são defeituosas e mal feitas; não se preparam nada ou quase 
			nada; não têm a contrição devida; confessam-se com uma vontade 
			secreta de continuar a pecar, ou porque não querem evitar as 
			ocasiões do pecado ou porque não querem envidar todos os meios 
			necessários para a emenda da vida; e nesses casos uma confissão 
			geral torna-se necessária para assegurar a salvação” 
			(São Francisco de Sales), e: 
			“Uma vez prescrita a 
			penitência, temos obrigação em consciência de cumpri-la e de 
			cumpri-la do modo que nos foi prescrita. Por exemplo, se me foi dito 
			que fizesse um ato de fé, esperança e caridade uma vez ao dia 
			durante uma semana, não seria correto ‘liquidar’ o assunto rezando 
			os sete atos de uma vez. Negligenciar deliberadamente o cumprimento 
			da penitência seria pecado mortal, se se tratasse de uma penitência 
			grave imposta por pecados graves. Negligenciar uma penitência leve 
			seria um pecado venial. É claro que esquecer-se dela não é pecado, 
			pois ninguém pode pecar por ter memória fraca. Se nos esquecemos de 
			cumprir a penitência, acontece simplesmente que a dívida temporal, 
			da qual a penitência nos teria absolvido, permanece ainda em nosso 
			débito. Por esta razão, deveríamos acostumar-nos a cumpri-la 
			imediatamente após a confissão, a não ser que o confessor nos 
			indique outra ocasião para fazê-lo. Deve-se recordar que a 
			penitência prescrita na confissão tem uma eficácia especial para 
			pagar a dívida de castigo temporal, por ser parte do sacramento da 
			Penitência. Devemos, claro está, fazer voluntariamente outros atos 
			de penitência. Todas as nossas obras meritórias podem ser oferecidas 
			em satisfação dos nossos pecados, e é conveniente fazê-lo assim; e 
			não somente as orações que rezamos, as Missas que oferecemos, ou os 
			atos de religião ou de caridade que praticarmos, mas todas e cada 
			uma de nossa ações praticadas no decorrer da nossa jornada centrada 
			em Cristo; quer dizer, todas as ações (exceto as más, 
			evidentemente) realizadas em estado de graça e com um sentido de 
			oferenda a Deus. Estas ações ganham-nos méritos  para o céu e ao 
			mesmo tempo são aceitas como satisfação pelos nossos pecados” 
			(Pe. Leo J. Trese). 
			  
			
			Quinto remédio. 
			Antes de comungar examina-te e olha se estás na graça de Deus; e 
			depois da comunhão demore algum tempo na ação de graças; procure não 
			saíres logo da igreja, como fez Judas Iscariotes no Cenáculo: 
			“Por conseguinte, que cada um examine a si 
			mesmo antes de comer desse pão e beber desse cálice, pois aquele que 
			come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação”
			(1 Cor 11, 28-29), e: 
			“É pecado grave receber em pecado mortal os 
			sacramentos, para cuja recepção se requer o estar na graça de Deus, 
			como são geralmente todos eles, exceto o batismo e a penitência”
			(J. Bujanda), e também: 
			“Terminada a Missa, devemos dar graças a 
			Deus por nos ter concedido a graça de assistir a este grande 
			sacrifício e pedir-lhe perdão das faltas cometidas enquanto a 
			assistíamos”
			(São Pio X). 
			  
			
			Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) 
			
			Anápolis, 30 de janeiro de 2018 
			  
			  
			
			Bibliografia 
			  
			
			Sagrada Escritura 
			
			Santo Antônio Maria Claret, O caminho reto 
			
			São Francisco de Sales, Filotéia 
			
			Pe. Leo J. Trese, A fé explicada 
			
			J. Bujanda, Teologia Moral 
			
			São Pio X, Catecismo Maior 
			  
			   |