Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

Nº 15

 

REMÉDIOS PARA EVITAR O PECADO DE ADULTÉRIO

 

O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos, que têm necessidade da união estável dos pais (Catecismo da Igreja Católica, 2381).

 

Primeiro remédio. É preciso saber que o adultério é pecado gravíssimo... pecado mortal: “O adultério e o divórcio, a poligamia e a união livre são ofensas graves à dignidade do casamento” (Catecismo da Igreja Católica, 2400), e: “O crime de adultério envolve também grande injustiça. Pois, como quer o Apóstolo, os casados de tal sorte se submetem um ao poder do outro, que nenhum dos dois tem direito de dispor do próprio corpo” (Catecismo Romano, Parte III, VII, 8). O adultério é um pecado gravíssimo contra a castidade, a fidelidade, a justiça e a caridade; e constitui um criminoso atentado contra o sacramento do matrimônio. É ainda muito mais grave quando atenta contra o bem de dois lares ou quando conduz à destruição e à ruína completa duma família e atrapalha o desenvolvimento afetivo dos filhos.

 

Segundo remédio. Evitar, custe o que custar, familiaridade com pessoas do outro sexo, principalmente casadas (abraços, beijos, aperto de mão, conversas particulares, refeições, passeios, carona e outros). Isso é muito perigoso: “Diante de quem quer que seja, não te detenhas na beleza e não te assentes com mulheres. Porque das vestes sai a traça e da mulher, malícia feminina. É melhor a malícia de um homem do que a bondade de uma mulher: uma mulher causa vergonha e censuras” (Eclo 42, 12-14), e: “E descobri que a mulher é mais amarga do que a morte, pois ela é uma armadilha, seu coração é uma rede e seus braços, cadeias. Quem agrada a Deus dela escapa, mas o pecador a ela se prende. Eis o que encontro... ao examinar coisa por coisa para chegar a uma conclusão: estive pesquisando e nada concluí. Entre mil encontrei apenas um homem, porém, entre todas as mulheres, não encontrei uma sequer. Eis a única conclusão a que cheguei: Deus fez o homem reto, este, porém, procura complicações sem conta” (Ecl 7, 26-29).

 

Terceiro remédio. Não fixar os olhos em pessoas do outro sexo, principalmente casadas. Gravemente impudico é o olhar curioso longamente dirigido ao corpo nu ou indecentemente trajado de pessoa do outro sexo. A contemplação atenta do semblante e do comportamento externo de pessoa do outro sexo é, de per si, uma coisa inocente. Mas pode tornar-se impudica e perigosa tanto por causa da maneira (olhar ávido, insistente e molesto), como por causa do motivo que os inspira (curiosidade maldosa... esperança de conseguir que o outro se torne sexualmente abordável): “Eu fiz um pacto com meus olhos: para não olhar para uma virgem” (Jó 31, 1), e: “Não fites uma virgem, para não seres punido com ela” (Eclo 9, 5).

 

Quarto remédio. Cumprir o dever conjugal, isto é, não negar o sexo. “Débito conjugal?” Sim, “débito conjugal”, como está em 1 Cor 7, 2-6. Uma vez que os casados se tornaram, pelo matrimônio, dois “numa só carne”, não podem eles recusar-se um ao outro, sem motivo, e por longo período de tempo, a mais íntima das demonstrações de amor: a união carnal. De outro modo cometeriam falta contra o seu recíproco direito, e, mais ainda, contra o amor que mutuamente se devem. O cumprimento do dever conjugal é de grande importância. A recusa imotivada e sem caridade de uma demanda séria e legítima, durante longo tempo ou até mesmo nalguma circunstância particular, é um pecado mortal. Alguns buscam fora o que não tem em casa.

 

Quinto remédio. Continuar com o “namoro” depois do casamento. Muitos casais são “pombinhos” antes do casamento... mas se “transformam” em “urubus” após o casamento: pratos “voando” pelos ares, panelas espalhadas pela casa e vassouras arremessadas com violência... é o “lar” doce “lar”; ou melhor, “lar” azedo “lar”. É preciso continuar com o “namoro” após o casamento... procurando um agradar o outro com pequenos gestos que “alimenta” a vida a dois: respeito, carinho, presentes, passeio, diálogo sincero e outros. Quem é tratado com respeito, carinho, atenção e amor em casa, não tem necessidade de olhar pela janela, isto é, de procurar apoio em outras pessoas: “O marido deverá sustentar sua mulher e cercá-la de cuidados, trabalhando corajosamente para lhe dar o pão de cada dia e pondo toda a sua força ao serviço da sua fraqueza. Por seu lado, a esposa lembrar-se-á de quer foi criada por Deus para companheira do homem. Empenhar-se-á, portanto, em tornar-lhe mais fácil e alegre a vida; chamará a si todos os cuidados do lar. Proporcionará a seu marido um ‘interior’ de irrepreensível asseio, e preparar-lhe-á os alimentos preferidos, como outra Rebeca a Isaac (Gn 27, 9). Numa palavra, conquistará por todas as suas atenções o coração do marido, prendendo-o à sua casa” (Pe. Joseph Hoppenot).

Infeliz da mulher que casa com um “capeta”... e do homem que casa com uma “diaba”. O certo é o casal transformar a casa numa “prisão”... “trancando-a” com as “chaves” do amor, oração, amor a Deus, vida sacramental, carinho, atenção, respeito, diálogo atencioso e educado... saber valorizar o outro... ser agradável. O “monstro” do adultério não encontrará espaço nessa casa.

 

Sexto remédio. Não transformar o quarto num chiqueiro e a cama numa fossa. Nem tudo é permitido para um casal em relação ao sexo. O amor entre o casal deve ser casto... isto quer dizer que os esposos, embora se amem com ternura e mesmo com paixão, que  legitimem o laço que os une e o fim que têm em vista “não devem usar do casamento como meio de voluptuosidade e libertinagem, mas para os fins que Deus prescreveu” (Catecismo Romano, Parte II, Dos Sacramentos, 33). Um casal que comete o pecado mortal durante a relação sexual (masturbação, onanismo, sodomia e outros), não pode agradar a Deus. Lar cristão não pode ter “cheiro” de prostíbulo, segundo São Jerônimo e Santo Agostinho: “O homem sensato deve amar a esposa com discernimento, não ao sabor da paixão. Regulará os impulsos da sensualidade, e não se precipitará cegamente na satisfação da carne. Nada mais vergonhoso do que amar alguém a esposa, como se fora uma adúltera” (contra Joviniano), e: “Já não se pode falar aqui de amor conjugal, e sim de um rebaixamento da mulher à condição de prostituta” (Santo Agostinho).

Um casal que vive longe de Deus, com o pecado mortal na alma, está “aberto” para o adultério, porque não tem forças para vencer as tentações.

 

Sétimo remédio. Fazer jejum, renunciando a alimentação, sem prejudicar a saúde, para se fortalecer espiritualmente e vencer as tentações; e fazer também o “jejum” do sexo de vez em quando... essa “penitência” não mata nem aleija: “Como devemos alcançar de Deus todos os bens por meio de santas orações, os párocos devem ensinar aos fiéis... que se abstenham de vez em quando das relações conjugais, por amor das orações e súplicas que fazem a Deus... Desta forma, verão os bens do Matrimônio avultarem, dia a dia, com o aumento sempre maior da graça divina. Pela fervorosa prática da piedade, não só terão neste mundo uma vida tranquila e bonançosa, mas poderão também apoiar-se naquela verdadeira e sólida esperança, que ‘não engana’ (Rm 5, 5), de conseguirem a vida eterna, graças à misericórdia de Deus” (Catecismo Romano, Parte II, Dos Sacramentos, 34).

 

Oitavo remédio. O casal deve rezar junto. Sem a oração, e oração fervorosa, é impossível vencer as tentações e salvar a alma: “Quem reza, certamente se salva; e quem não reza, certamente se condena. Todos os santos, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam, porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “A oração familiar tem as suas características. É uma oração feita em comum, marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio. Aos membros da família cristã podem aplicar-se de modo particular as palavras com que Cristo promete a sua presença: ‘Digo-vos ainda: se dois de vós se unirem, na terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que está nos Céus. Pois onde estiverem reunidos, em meu nome, dois ou três, eu estou no meio deles” (São João Paulo II, Familiaris Consortio, 59).

 

Nono remédio. Confissão frequente: “O arrependimento e o mútuo perdão no seio da família cristã, que se revestem de tanta importância na vida quotidiana, encontram o seu momento sacramental específico na Penitência cristã. Aos cônjuges escrevia assim Paulo VI, na Encíclica Humanae Vitae: ‘Se o pecado os atingir, não desanimem, mas recorram com humilde perseverança à misericórdia de Deus, que com prodigalidade é generosamente dada no sacramento da Penitência’. A celebração deste sacramento dá à vida familiar um significado particular: ao descobrirem pela fé como o pecado contradiz não só a aliança com Deus, mas também a aliança dos cônjuges e a comunhão da família, os esposos e todos os membros da família são conduzidos ao encontro com Deus ‘rico em misericórdia’, o qual, alargando o seu amor que é mais forte do que o pecado, reconstrói e aperfeiçoa a aliança conjugal e a comunhão familiar” (São João Paulo II, Familiaris Consortio, 58).

 

Décimo remédio. Comunhão frequente: “A Eucaristia é a fonte própria do matrimónio cristão. O sacrifício eucarístico, de fato, representa a aliança do amor de Cristo com a Igreja, enquanto sigilada com o sangue da sua Cruz. Neste sacrifício da Nova e Eterna Aliança é que os cônjuges cristãos encontram a raiz da qual brota, é interiormente plasmada e continuamente vivificada a sua aliança conjugal. Como representação do sacrifício de amor de Cristo pela Igreja, a Eucaristia é fonte de caridade. E no dom eucarístico da caridade a família cristã encontra o fundamento e a alma da sua ‘comunhão’ e da sua ‘missão’: o Pão eucarístico faz dos diversos membros da comunidade familiar um único corpo, revelação e participação na mais ampla unidade da Igreja; a participação, pois, ao Corpo ‘dado’ e ao Sangue ‘derramado’ de Cristo torna-se fonte inesgotável do dinamismo missionário e apostólico da família cristã” (São João Paulo II, Familiaris Consortio, 57).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 08 de fevereiro de 2018