TU ÉS PEDRO

(Mt 16, 13-19)

 

13 Chegando Jesus ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou aos discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ 14 Disseram: ‘Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas’. 15 Então lhes perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?’ 16 Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo’. 17 Jesus respondeu-lhe: ‘Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. 18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

 

 

Em Mt 16, 13-15 diz: “Chegando Jesus ao território de Cesaréia de Filipe, perguntou aos discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’ Disseram: ‘Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas’. Então lhes perguntou: ‘E vós, quem dizeis que eu sou?”

 

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: “De Betsaida, Jesus dirigiu-se de novo para o norte, afastando-se mais ainda do território judaico. Talvez tenha seguido Jordão acima até chegar às cercanias de Cesaréia de Filipe, depois de ter percorrido em subida uns 50 quilômentros”.

De Cesaréia de Filipe não restam hoje mais que umas ruínas, próximo das quais se levanta uma pequena povoação chamada Banias ou Banyas, que recorda o antigo nome, há já muito tempo desaparecido. A maior parte da população desta região, situada no extremo norte da Palestina, era pagã. Jesus tinha previsto nestes lugares, afastados da multidão, fazer revelações extraordinárias aos seus discípulos mais próximos.

Cesaréia teve noutro tempo o nome de Paneas, em honra do deus Pan, a quem por muito tempo se tinha prestado culto numa gruta natural chamada Paneion, na nascente do Jordão. Quando Herodes, o Grande, recebeu este território de Augusto, construiu um templo de mármore branco dedicado ao culto do imperador. À morte de Herodes, Paneas foi parte da herança do tetrarca Filipe, que ampliou e embelezou a cidade, e para lisonjear o imperador chamou-lhe Cesaréia; a este nome acrescentou-se o de Filipe com o fim de distinguir da Cesaréia marítima da Palestina, a antiga Torre de Strabon, construída nas margens do Mediterrâneo entre Jafa (ou Jope) e o Monte Carmelo.

São João Crisóstomo escreve: “Disse Cesaréia de Filipe e não simplesmente Cesaréia, porque há outra Cesaréia que é a de Straton. Não é esta última e sim a primeira, onde o  Senhor, afastando-os dos judeus, perguntou a seus discípulos, que disseram sem temor e com toda a liberdade o que pensavam” (Homiliae In Matthaeum, hom 54,1), e: “O Senhor, depois de ter separado os seus discípulos da doutrina dos fariseus, escolhe o momento oportuno para enchê-los dos fundamentos da doutrina do Evangelho. E para fazer com mais solenidade, o evangelista  designa o lugar com estas palavras: ‘E veio Jesus do lado  de Cesaréia de Filipe” (Glosa), e também: “Este Filipe era irmão de Herodes e Tetrarca de Ituria e de Traconítides e deu o nome de Cesaréia à cidade que hoje se chama Paneas, em honra de Tibério César”(Rábano).

Chegando em Cesaréia de Filipe, Nosso Senhor, em particular, pôs-se em oração: “Certo dia, ele orava em particular...” (Lc 9, 18).

O Catecismo da Igreja Católica diz: “São Lucas sublinha o sentido da oração de Jesus nos momentos decisivos da sua missão: antes de o Pai dar testemunho d’Ele no seu Batismo e da sua Transfiguração, e na sua Paixão; Jesus ora também diante dos momentos decisivos que vão comprometer a missão dos seus apóstolos: antes de escolher e de chamar os Doze, antes que Pedro o confesse como “o Cristo de Deus” e para que a fé do príncipe dos apóstolos não desfaleça diante da tentação. A oração de Jesus é uma entrega, humilde e confiada, da sua vontade humana à vontade amorosa do Pai” (cfr. n° 2600).

Depois de rezar em particular, Cristo Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: “Não tinha o Senhor necessidade de o perguntar, pois Ele conhecia bem as opiniões e conversas do povo; preparava o terreno para outra questão mais definitiva”.

Os apóstolos responderam com simplicidade: “Uns afirmam que é João Batista, outros que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas”.

Entre estes títulos não se cita o de Messias nem de Filho de Davi.

Depois, enquanto caminhavam, Nosso Senhor fez-lhes esta pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”

Eles são os seus íntimos, os seus confidentes, aqueles que o contemplaram de perto durante vários anos e conhecem-no como ninguém mais o pode conhecer, que opinam d’Ele? “Devemos pensar que se olhariam entre si e, provavelmente, ficaram sem capacidade de reação. Talvez eles próprios já se tivessem feito idêntica pergunta noutros momentos: quem é Jesus? Quem é realmente? Cada um dos Doze tinha formado sem dúvida no íntimo da sua alma uma idéia concreta e determinada da origem e caráter do Mestre e da sua missão. Aproximava-se a hora da prova. Já faltavam só poucos meses para a Paixão e Morte de Jesus, que seria aparentemente o argumento definitivo do fracasso da sua empresa religiosa. Agora Ele queria saber como tinham calado neles os seus ensinamentos e quais eram as suas disposições de fidelidade. O momento está rodeado de certa solenidade” (Pe. Francisco Fernández-Carvajal).

São Jerônimo escreve: “A pergunta do Senhor: Quem dizem os homens ser o Filho de Homem?’ é admirável. Porque os que falam do Filho do homem, são homens e os que compreendem a sua divindade não se chama homem e sim deuses”, e: “O Senhor, querendo afirmar na fé a seus discípulos, começa por afastar de seus espíritos as opiniões e os erros dos outros. Por isso o que se segue: ‘E perguntava a seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho de Homem?” (Glosa), e também: “Mas não disse : ‘Que dizem os  escribas e os fariseus de mim?  Mas que dizem os homens de mim? Investiga a opinião do povo, porque não estava inclinada para o mal. E ainda que sua opinião sobre Cristo era inferior à realidade, estava, contudo, pura  de toda a malícia. Não é assim na opinião dos fariseus que eram sumamente maliciosos” (São João Crisóstomo, Homiliae In Matthaeum, hom. 54,1), e ainda: “Ao dizer o Senhor: ‘Quem dizem os homens ser  o Filho de Homem?’  Deu  a entender que deviam ter-lhe por outra coisa distinta do que viam n’Ele. Ele era efetivamente, Filho do Homem: Que desejava, pois, que opinassem sobre Ele? Não queremos opinar sobre o que Ele mesmo confessou de si, senão do que está oculto n’Ele, que é o objeto da sua pergunta e a matéria da nossa fé. Nossa confissão deve estar baseada na crença de que Cristo não somente é Filho de Deus, mas também Filho do  homem e que sem essas coisas não podemos alimentar esperança alguma de salvação. Por isso disse Cristo de uma maneira significativa: ‘Quem dizem os homens ser o Filho de Homem?”  ( Santo Hilário, In Matthaeum, 16), e: “Não disse: ‘Quem dizem os homens ser eu? Mas: ‘Quem  dizem os homens ser o Filho do Homem?’ Perguntou assim, a fim de que não acreditassem que fazia esta pergunta por vaidade. É de observar que sempre que no Antigo Testamento se diz o Filho do Homem, em hebreu  se diz o filho  de Adão” (São Jerônimo), e também: “Os discípulos   referem  ao Senhor as diferentes opiniões   que sobre Ele tinham os judeus. Por isso disse: ‘E eles responderam: Uns dizem que é João, o Batista’, são os que pensam como Herodes; ‘outros dizem que é Elias’, isto é, os que acreditavam que era o mesmo Elias que havia voltado a nascer, ou o mesmo Elias que ainda vivia e se manifestava nele; ‘e os outros dizem que é  Jeremias’, a quem o Senhor havia constituído profeta das nações, não entendendo que era figura de Cristo; ‘ou um dos profetas’, por uma razão semelhante, a causa das coisas que Deus disse aos profetas, mas que não tiveram seus cumprimento neles, mas em Cristo”  (Orígenes, Homilia 1 In Matthaeum, 15), e ainda: “Pode equivocar o povo sobre Elias e sobre Jeremias, como se equivocou Herodes sobre João. Aqui está minha admiração ao ver os intérpretes indagando as causas de cada um dos erros” (São Jerônimo), e ainda: “Observado pelo contexto de suas palavras, como aos apóstolos não são chamados homens, mas sim, deuses. Porque ao perguntar-lhes o Senhor: ‘Quem dizem os homens ser o filho do homem?’, acrescenta: ‘E vocês, quem disse que eu sou?’ Que corresponde: aqueles que são homens têm uma opinião mundana, porém vocês que sois deuses, quem dizeis que Eu sou?” (Idem).

Se Nosso Senhor Jesus Cristo perguntasse hoje a cada católico, como fez com os apóstolos: quem sou Eu? Com certeza não ficaria feliz com as respostas.

Os católicos em geral não conhecem a Jesus Cristo; a ignorância é total.

Os mesmos conhecem muito bem os artistas de novelas, os jogadores de futebol, os cantores, etc., mas não sabem nada sobre o Senhor que morreu na cruz para salvá-los.

Cristo Jesus deseja de nós uma confissão de fé que nos comprometa. Jesus obriga-nos a definirmo-nos.

 

Em Mt 16, 16-17 diz: “Simão Pedro, respondendo, disse: ‘Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo. Jesus respondeu-lhe: ‘Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”.

 

São Pedro disse a Nosso Senhor: “Tu é o Cristo, o filho do Deus vivo”. Essas palavras ressoaram como um trovão no meio daquele lugar deserto. Ninguém quis acrescentar nada mais. Ninguém pronunciou uma palavra; não fazia falta dizer mais. Tudo estava na voz de Pedro: “A questão foi, portanto, apresentada por Jesus de propósito, de ânimo pensado, a fim de provocar a confissão de Pedro. Os outros Apóstolos calam e hesitam,  com receio de dizer alguma coisa que não seja bem expressiva, que não seja inteiramente exata. Pedro, porém, o mais fervoroso, o mais decidido, o mais ilustrado por Deus, antes que alguém dê uma resposta fraca e inadequada e falando com a convicção de que se reveste o bom aluno quando sabe muito bem qual a resposta que quer o seu mestre, responde por todos eles: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo (Mt 16, 16). Tu és o Cristo, ou seja, és o Messias Prometido. És mais do que isto: és o Filho do Deus vivo, Segunda Pessoa igual ao Pai, Filho de Deus por natureza” (Lúcio Navarro).

Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”.

São João Crisóstomo escreve: “Quando perguntaram ao Senhor sobre a opinião do povo, contestam todos os apóstolos e quando pergunta aos apóstolos, só Pedro o contesta, boca e cabeça de todos eles. Por isso segue: ‘Responde Simão Pedro: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo” (Homiliae In Matthaeum, hom. 54,1), e: Pedro negou algumas das coisas que os judeus julgavam sobre como devia ser Cristo, porém confessou: ‘Tu és o Cristo’, coisa que os judeus ignoravam. E ainda mais: ‘És filho do Deus vivo’, que disse pelos profetas: ‘Eu vivo, disse o Senhor’ (Is 49,18; Ez 5,11) e se chamava vivo, por uma maneira superior,  acima todos os seres que tem vida, porque só Ele tem a imortalidade e a fonte da vida, o que propriamente se diz de Deus Pai. É a vida que procede da fonte que disse: ‘Eu sou a vida’ (Jo 14,6)” (Orígenes, Homilia 1 In Matthaeum, 15), e também: “Chama também Deus vivo para distingui-lo daqueles deuses que levam o nome de deuses, porém estão mortos como Saturno, Júpiter, Vênus, Hércules e as demais invenções dos idólatras” (São Jerônimo), e ainda: “A fé verdadeira e inviolável consiste em crer que o Filho de Deus foi gerado por Deus e que tem a eternidade do Pai. E a confissão perfeita consiste em dizer que este Filho tomou corpo e foi feito homem. Compreendeu, pois em si, tudo o que expressa sua natureza e seu nome, no que está a perfeição das virtudes” (Santo Hilário), e: “Por um admirável contraste, o Senhor confessa a humildade da humanidade de que se tenha revestido e aos apóstolos declara a excelência de sua divina eternidade” (Rábano), e também: “A confissão de Pedro mereceu uma grande recompensa, porque soube ver naquele  homem o Filho de Deus. Por isso segue: ‘E respondendo Jesus lhe disse: Bem-aventurado sois Simão, filho de João. Porque não te revelou a carne nem o sangue” (Santo Hilário, In Matthaeum, 16), e ainda: “Devolveu o Senhor a palavra ao apóstolo pelo testemunho que deu d’Ele: Disse Pedro: ‘Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo’ e o  Senhor lhe disse: ‘Bem-aventurado sois Simão, filho de João’: Por quê? ‘Porque não te revelou a carne nem o sangue, mas sim, meu Pai que está no céu’. Revelou o Espírito Santo o que não pode revelar nem carne nem no sangue. Logo mereceu Pedro por sua confissão ser chamado filho do Espírito Santo, que lhe fez esta revelação, posto que Bar Jonas, em nosso idioma significa filho da pomba. Opinam alguns que Simão era filho de João segunda aquela passagem (Jo 21, 15) ‘Simão, filho de João, me amas’ e que os escritores suprimiram uma sílaba e escreveram Bar Jonas em lugar de Bar Jonnas, isto é, filho de João. Jonas quer dizer graça de Deus e ambos nomes podem tomar-se em sentido místico, tomando a palavra pomba por Espírito Santo e a graça de Deus por um Dom especial” (São Jerônimo), e: “Seria coisa inútil o dizer: Tu és filho de João ou de Jonas, se não fosse para manifestar que Cristo é tão naturalmente filho de Deus, como o é Pedro de João, é dizer,  que é da mesma substância aquele que lhe gerou ( São João Crisóstomo).

Cristo Jesus faz tudo sempre bem feito. Ele tomou tantas precauções para mostrar que se referia diretamente e exclusivamente à pessoa de Pedro, que, como observa o Cardeal Mazzella, “os notários,  quando fazem documentos públicos e querem designar uma certa e determinada pessoa, não usam de mais minúcias do que usou Jesus Cristo”.

Bem-aventurado ÉS TU, SIMÃO, FILHO DE JOÃO” (Mt 16, 17). Cristo lhe dá o nome de nascimento e lhe acrescenta o nome do pai, para não se confundir com outros.

“... não foi carne ou sangue que revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus”. Fala numa revelação oculta feita diretamente a Pedro.

 

Em Mt 16, 18-19 diz: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

 

Lúcio Navarro comenta: “Cristo vai fazer também a Pedro uma revelação e continua insistentemente tratando por TU, insistentemente mostrando que fala só a Pedro: Também eu TE digo que TU ÉS Pedro (Mt 16, 18) – para que ainda não se confunda com nenhum outro, acrescenta-lhe o nome especial que deu a Simão e vai explicar o motivo por que lhe impôs este nome; e sobre ESTA PEDRA edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela – a palavra ESTA mostra claramente que Ele se refere a um termo usado anteriormente, que no caso é o termo Pedro que quer dizer: Pedra (Pedro e pedra eram a mesmíssima palavra na língua que Jesus estava falando); e continua Cristo dirigindo-se exclusivamente a Pedro, como se prova pelo contínuo emprego de TU: Eu TE darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus. Os protestantes passaram muito tempo sustentando que na frase – sobre esta pedra edificarei a minha Igreja – esta pedra se referia a Cristo e não a Pedro. Depois é que muitos deles resolveram desistir dessa interpretação, por eles mesmos considerada antigramatical e por demais torcida e ilógica. No meio de um discurso que se refere, todo ele, a Pedro (Bem-aventurado és... Eu te digo... Tu és Pedro... Eu te darei... Tudo quanto ligares) aquela expressão – sobre esta pedra – só podia referir-se a Simão, que por Cristo foi chamado especialmente KEPHA, isto é, pedra. Do contrário, Cristo estaria ludibriando a São Pedro; deu-lhe o nome de pedra, mas Pedro não o seria. Cristo o teria chamado pedra só para levá-lo na troça; na hora de explicar porque motivo lhe dera este nome, teria dito que a pedra era só Ele, Cristo e ninguém mais. Além disso, para justificar a sua interpretação, os protestantes são obrigados a inventar uma hipótese que não consta absolutamente do texto, ou seja, que Jesus dizendo - esta pedra – APONTOU COM O DEDO PARA SI PRÓPRIO. Além da falta de nexo, de ligação entre as palavras: Eu te digo que TU és Pedro – e as outras: sobre esta pedra que sou eu (é claro que devia ser: que és tu) edificarei a minha Igreja; como provam os protestantes, os quais admitem só o que está na Bíblia, que Cristo apontou com o dedo para si próprio?”

São João Crisóstomo escreve: “Certamente, se Pedro não houvesse confessado que Cristo fora gerado realmente pelo Pai, esta revelação não seria necessária nem seria chamado bem-aventurado por haver julgado que Cristo era um filho predileto de tantos filhos adotivos de Deus. Porque antes de Pedro, os que iam no barco com Cristo, lhe disseram: ‘Verdadeiramente tu és Filho de Deus’ (Mt 14, 33). Também Natanael já havia dito: ‘Mestre, tu és Filho de Deus’ (Jo 1, 43), e todavia, não se chamaram bem-aventurados, porque não confessaram a mesma filiação que Pedro. O julgavam como um de tantos filhos, mas não verdadeiramente como Filho. E ainda que o tinham como o principal de todos, não o olhavam, todavia, como da mesma substância que o Pai. Vede, pois, como o Pai revela ao Filho e o Filho ao Pai e como não podemos conhecer ao Filho se não pelo Pai, nem ao Pai mais que pelo Filho, de onde resulta, que o Filho é consubstancial ao Pai e deve ser adorado com o Pai. Partindo desta confissão, o Senhor demonstra que muitos crerão o mesmo que há confessado Pedro. De onde acrescenta: ‘E eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Homiliae In Matthaeum, hom. 54, 1-2), e: “Que equivale a dizer: posto que você tem dito: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, eu também digo a ti – não com vãs palavras que não hão de ser cumpridas, mas que digo a ti ( e em mim o dizer é realizar) – que tu és Pedro. Antes o Senhor chamou a seus Apóstolos luz do mundo e outros diversos nomes, e agora a Simão, que cria na pedra Cristo, lhe dá o nome de Pedro” (São Jerônimo), e também: “Não se creia, todavia, que é essa passagem onde recebeu Pedro seu nome; o recebeu na passagem que está em São João (Jo 1, 42): ‘Tu será chamado Cefas, que quer dizer Pedro” (Santo Agostinho, De Consensu Evangelistarum, 2, 53), e ainda: “E seguindo a metáfora da pedra, lhe disse com oportunidade: Sobre ti edificarei minha Igreja, que é o que segue: ‘E sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (São Jerônimo), e: “É dizer, sobre esta fé e sobre esta confissão edificarei minha Igreja. Palavras que dão a entender, que muitos crerão no mesmo que há confessado Pedro. O Senhor abençoa as palavras de Pedro e lhe faz pastor” (São João Crisóstomo, Homilia in Matthaeum, hom. 54, 2), e também: “Disse em certo lugar falando do apóstolo São Pedro, que nele, como em uma pedra, foi edificada a Igreja. Mas não ignoro que depois está exposta em muitas ocasiões as palavras do Senhor: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja’, no sentido de que a Igreja está edificada sobre aquele a quem confessou Pedro dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. Pois Pedro, chamado por esta pedra, representa a pessoa da Igreja que está edificada sobre esta pedra. O Senhor não lhe disse: Tu és a pedra, mas tu és Pedro e a pedra era Cristo (1 Cor 10, 4), a quem confessou Simão, assim como a este lhe confessou toda a Igreja e por esta confissão tem sido chamado de Pedro. Destas duas opiniões pode escolher o leitor a que pareça mais provável” (Santo Agostinho, Retractationes, 1, 21), e ainda: “Neste novo nome se encontra um fundamento admirável da solidez da Igreja, digna de ser edificada sobre esta pedra, que fará desaparecer as leis do inferno, as portas do Tártaro e todos os ferrolhos da morte. Por isso, acrescenta para manifestar a solidez da Igreja fundada sobre esta pedra: ‘E as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Santo Hilário, In Matthaeum, 16), e: “Isto é, não a separarão da minha caridade e da minha fé” (Glosa), e também: “Eu tenho por portas do inferno os pecados e os vícios ou também as doutrinas heréticas, que seduzem aos homens e os levam ao abismo” (São Jerônimo), e ainda: “São portas do inferno todos os vícios... e que são opostos às portas da justiça” (Orígenes, Homilia 1 in Matthaeum, 16), e: “Também são portas do inferno os tormentos e seduções dos perseguidores e as obras más e as palavras tolas dos incrédulos, porque só servem para ensinar o caminho da perdição” (Rábano), e também: “Mas não expressa o Senhor se prevalecerá a pedra sobre a qual está edificada a Igreja, ou se será a Igreja edificada sobre a pedra; todavia, é incontestável que nem contra a pedra nem contra a Igreja, prevalecem as portas do inferno” (Orígenes, Homilia 1 in Matthaeum, 16), e ainda: “Segundo a promessa de Cristo, a Igreja apostólica de Pedro permanece pura de toda sedução e protegida de todo ataque herético, acima de todos os governadores, bispos e sobre todos os primados das igrejas, em seus pontífices, em sua completíssima fé e na autoridade de Pedro. E quando algumas igrejas são manchadas pelos erros de alguns de seus membros; só ela reina sustentada de um modo inquebrantável, impõe silêncio e fecha a boca dos hereges. E nós, a não ser que estejamos enganados por uma falsa presunção de nossa salvação, ou tomados do vinho da soberba, confessamos e pregamos com ela a verdade e a santa tradição apostólica em sua verdadeira forma” (São Cirilo, Thesaurus de Sancta et Consubstantiali Trinitate), e: “Não creia que por estas palavras promete o Senhor aos apóstolos livrá-los da morte. Abri os olhos e vereis, pelo contrário, quanto brilharam os apóstolos no martírio” (São Jerônimo), e também: “Também a nós – por uma revelação do Pai que está nos céus (Ef 3), revelação que terá lugar se nossa conversão está nos céus – se nos dirá: ‘Tu és Pedro, etc.’, se confessarmos que Jesus Cristo é o Filho do Deus vivo. Porque todo o que imita a Cristo é pedra, e aquele contra o que prevalecerem as portas do inferno, nem é a pedra sobre que edificou Cristo sua Igreja, nem é a Igreja, nem é a parte da Igreja que o Senhor edifica sobre a pedra” (Orígenes, Homilia 1 in Matthaeum, 16), e ainda: “O Senhor dá outra nova honra a Pedro quando lhe acrescenta: ‘E te darei a ti as chaves do Reino dos Céus’, que vale tanto como dizer: Assim como o Pai te concedeu que me conhecesse, assim também te dou alguma coisa, as chaves do Reino dos Céus” (São João Crisóstomo, Homilia in Mathaeum, hom. 54, 2), e: “Com razão deu as chaves do Reino dos Céus àquele que confessou com mais devoção que os demais ao Rei dos céus. Desta maneira se fez saber a todos, que sem esta fé e sem esta confissão, não entraria ninguém no Reino dos Céus. Se entende pelas chaves o poder e o direito de discernir. O poder para que ate e desate, e o direito de discernir, para que distinga aos dignos daqueles que não são” (Rábano), e também: “Vede quão grande é o poder desta pedra sobre a qual está edificada a Igreja. Permanecem inquebrantáveis seus juízos, como se fora o mesmo Deus o que os dera” (Orígenes, Homilia 1 in Matthaeum, 16), e ainda:  “Vede também como Cristo conduz a Pedro até às idéias mais elevadas sobre sua pessoa. Porque lhe promete dar o que só a Deus compete, isto é, o perdoar os pecados e fazer imutável à Igreja no meio de tantas tempestades, de perseguições e tentações” (São João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, hom. 54, 2), e: “Ainda que pareça que só a Pedro foi dado este poder de atar e desatar, todavia, também é concedido aos demais apóstolos e agora aos bispos e aos presbíteros, a toda a Igreja. E se Pedro recebeu com especialidade as chaves do Reino dos Céus... foi para que todos os fiéis do mundo compreendessem, que todos os que se separam da unidade da fé ou deixam de estar unidos a ele, não podem ser desatados das cadeias dos pecados, nem entrar pelas portas do Reino dos Céus” (Rábano), e também: “De uma maneira especial concedeu a Pedro o poder para nos convidar à unidade, e lhe fez cabeça dos apóstolos, para que a Igreja tivesse um só vigário principal, ao que todos os membros da Igreja deviam recorrer em caso de precisão. E se na Igreja houvesse muitas cabeças, já não haveria unidade”(Glosa).

Disse Jesus Cristo a São Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus...”

Depois de chamar a Pedro de pedra fundamental de sua Igreja, depois de prometer que esta Igreja estaria sempre firme, sempre vitoriosa na luta contra os poderes do inferno, Jesus Cristo passa a falar nos plenos poderes que confere ao principal Apóstolo sobre esta mesma Igreja. A Pedro, só a ele, mais a ninguém, Cristo declara solenemente que lhe vai entregar as chaves do reino dos Céus. Esta expressão - reino dos Céus – tanto pode significar, no Evangelho, a corte celestial, como pode designar a Igreja: “Aqui se trata evidentemente de poderes a serem exercidos na Igreja, porque é sobre a Igreja que Cristo acabou de falar (edificarei a minha Igreja) e sobre a Igreja daqui da terra, que Ele continuará falando (Tudo o que ligares sobre A TERRA, etc.) E trata-se de plenos poderes, porque esta metáfora - entregar as chaves – era usada entre os povos antigos, principalmente entre os orientais, como símbolo de poder. Se um superior entregava a seu súdito as chaves de uma fortaleza ou de uma cidade, isto significava o poder que ele havia de exercer naquela cidade ou naquela fortaleza. Se era o inferior que entregava as chaves ao seu superior, queria indicar com isto que dele dependia e a eles estava sujeito. A razão de ser desta cerimônia é que antigamente a defesa da cidade estava principalmente nas suas portas. Aquele que tinha as chaves da cidade, que tomava as suas portas, a possuía virtualmente em suas mãos. Ainda hoje, mesmo entre nós, aquele que vende uma casa confere solenemente o pleno domínio de propriedade sobre esta casa, quando faz a entrega das chaves. O mesmo acontece quando uma casa é alugada: entregar as chaves é transmitir o domínio útil sobre a mesma; o locatário desde esse momento tem a casa à sua disposição. Do mesmo modo a Igreja está sob o domínio de Pedro, que recebe plenos poderes sobre ela”(Lúcio Navarro).

“... e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”.

É um poder amplo e universal: “TUDO, estende-se a todas as pessoas, a todas as coisas que digam respeito à natureza da Igreja. QUE LIGARES: é claro que não se trata de amarrar com cordas, nem com cadarços, nem com laços de fita, mas sim de ligar moralmente e o que moralmente nos liga e nos amarra é a obrigação. Trata-se aí, portanto, de impor leis, de instituir obrigações. São Pedro recebe o poder de legislar na Igreja de Cristo e como a lei tem a sua sanção, o poder de legislar inclui naturalmente o poder de admoestar e de punir. Ele pode excluir do reino dos Céus ou da Igreja, aqueles que cometerem certos crimes, porque as chaves deste reino estão nas suas mãos” (Lúcio Navarro).

Cristo Jesus fundou somente uma Igreja: Igreja Católica Apostólica Romana: "Quando Jesus Cristo diz: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei A MINHA IGREJA, e as portas do inferno não prevalecerão contra ELA” (Mt 16, 18) a que Igreja se refere? Não é ao Protestantismo, nem a nenhuma Igreja protestante em particular, porque as Igrejas protestantes só começaram a existir no século XVI.

Refere-se, sem dúvida alguma, à IGREJA CATÓLICA; é fácil demonstrá-lo.

Logo nos inícios da Igreja, os seguidores de Cristo foram designados com o nome de cristãos. Assim podiam distinguir-se dos filósofos pagãos e dos judeus ou seguidores da sinagoga. Este nome de cristãos como se sabe, já vem na própria Bíblia, e tal denominação começou em Antioquia: “em Antioquia é que foram os discípulos denominados CRISTÃOS, pela primeira vez” (At 11, 26), “Então Agripa disse a Paulo: Por pouco me não persuade a fazer-me CRISTÃO” (At 26, 28). “Se padece como CRISTÃO, não se envergonhe; mas glorifique a Deus neste nome” (1Pd 4, 16).

Aconteceu, porém que, tão logo a Igreja começou a propagar-se, começaram a aparecer os hereges, seguindo doutrinas diversas daquela que tinha sido recebida dos Apóstolos, mas tomando o nome de cristãos, pois também criam em Cristo e d’Ele se diziam discípulos. Era preciso, portanto, um novo nome para designar a verdadeira Igreja, distinguindo-a dos hereges. E desde tempos antiquíssimos, desde os tempos dos Apóstolos, a Igreja começou a ser designada como IGREJA CATÓLICA, isto é, UNIVERSAL, a Igreja que está espalhada por toda a parte, para diferençá-la dos hereges, pertencentes à igrejinhas isoladas que existiam aqui e acolá. Assim é que já Santo Inácio de Antioquia, que foi contemporâneo dos Apóstolos, pois nasceu mais ou menos no ano 35 da era cristã e, segundo Eusébio de Cesaréia no seu Chrónicon, foi bispo de Antioquia, entre os anos 70 e 107, já Santo Inácio nos fala abertamente da Igreja Católica, na sua Epístola aos Esmirnenses: “Onde comparecer o Bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que, onde estiver Jesus Cristo, aí está a IGREJA CATÓLICA” (Epístola aos Esmirnenses c 8, 2).

Outro contemporâneo dos Apóstolos foi São Policarpo, bispo de Esmirna, que nasceu no ano 69 e foi discípulo de São João Evangelista. Quando São Policarpo recebeu a palma do martírio, a Igreja de Esmirna escreveu uma carta que é assim endereçada: “A Igreja de Deus que peregrina em Esmirna à Igreja de Deus que peregrina em Filomélio e a todas as paróquias da IGREJA SANTA E CATÓLICA em todo o mundo”. Nessa mesma Epístola se fala de uma oração feita por São Policarpo, na qual ele “fez menção de todos quantos em sua vida tiveram trato com ele, pequenos e grandes, ilustres e humildes, e especialmente de toda a IGREJA CATÓLICA, espalhada por toda a terra” (c. 8).

O Fragmento Muratoriano que é uma lista feita no segundo século, dos livros do Cânon do Novo Testamento fala em livros apócrifos que “não podem ser recebidos na IGREJA CATÓLICA”.

São Clemente de Alexandria (também do século segundo) responde à objeção dos infiéis que perguntam: “como se pode crer, se há tanta divergência de heresias, e assim a própria verdade nos distrai e fatiga, pois outros estabelecem outros dogmas?” Depois de mostrar vários sinais pelos quais se distingue das heresias a verdadeira Igreja, assim conclui São Clemente: “Não só pela essência, mas também pela opinião, pelo princípio pela excelência, só há uma Igreja antiga e é a IGREJA CATÓLICA. Das heresias, umas se chamam pelo nome de um homem, como as que são  chamadas por Valentino, Marcião e Basílides; outras, pelo lugar donde vieram, como os Peráticos; outras do povo, como a heresia dos Frígios; outras, de alguma operação, como os Encratistas; outras, de seus próprios ensino, como os Docetas e Hematistas". (Stromata 1.7. c. 15). O mesmo argumento podemos formular hoje. Há uma só Igreja que vem do princípio: é a IGREJA CATÓLICA. As seitas protestantes, umas são chamadas pelos nomes dos homens que as fundaram, ou cujas opiniões seguem, como: Luteranos (de Lutero), Calvinistas (de Calvino), Zuinglianos (de Zuínglio), etc.

Outras, do lugar donde vieram: Igreja Livre Evangélica Sueca, Irmão de Plymouth;

Outras, de um povo: Anglicanos (da Inglaterra), Irmãos Moravos (da Morávia);

No século III, Firmiliano, bispo de Capadócia, diz assim: “Há uma só esposa de Cristo que é a IGREJA CATÓLICA” (Ep. De Firmiliano nº 14).

Na história do martírio de São Piônio (morto em 251) se lê que Polemon o interroga:

— Como és chamado?

— Cristão.

— De que igreja?

— Católica (Ruinart. Acta martyrum pág. 122 nº 9).

São Frutuoso, martirizado no ano 259, diz: é necessário que eu tenha em mente a IGREJA CATÓLICA, difundida desde o Oriente até o Ocidente” (Ruinart. Acta martyrum pág 192 nº 3).

Lactâncio, convertido ao cristianismo no ano 300, diz: “Só a IGREJA CATÓLICA é que conserva o verdadeiro culto. Esta é a fonte da verdade; do qual se alguém sair, está privado da esperança de vida e salvação eterna” (Livro 4º cap. III).

São Paciano de Barcelona (morto no ano 392) escreve na sua epístola a Simprônio: “Como, depois dos Apóstolos, apareceram as heresias e com nomes diversos procuram cindir e dilacerar em partes aquela que é a rainha, a pomba de Deus, não exigia um sobrenome o povo apostólico, para que se distinguisse a unidade do povo que não se corrompeu pelo erro?... Portanto, entrando por acaso hoje numa cidade populosa e encontrando marcionistas, apolinarianos, catafrígios, novacianos e outros deste gênero, que se chamam cristãos, com que sobrenome eu reconheceria a congregação de meu povo, se não se chamasse CATÓLICA? (Epísola a Simprônio nº 3). E mais adiante, na mesma epístola: “Cristão é o meu nome; CATÓLICO, o sobrenome” (idem nº 4).

São Cirilo de Jerusalém (do mesmo século IV) assim instruiu os catecúmenos “Se algum dia peregrinares pelas cidades, não indagues simplesmente onde está a casa do Senhor, porque também as outras seitas de ímpios e as heresias querem coonestar com o nome de casa do Senhor, as suas espeluncas; nem perguntes simplesmente onde está a igreja, mas onde está a IGREJA CATÓLICA; este é o NOME PRÓPRIO desta SANTA MÃE de todos nós, que é também a ESPOSA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO” (Instrução Catequética c. 18; nº 26).

Santo Agostinho (do séc V) dizia: “Deve ser seguida por nós aquela religião cristã, a comunhão daquela Igreja que é a CATÓLICA, e CATÓLICA, é chamada não só pelos seus, mas também por todos os seus inimigos” (Verdadeira religião c 7; nº 12).

E quando o Concílio de Constantinopla, no ano de 381, colocou, no seu Símbolo estas palavras: “Cremos na Igreja Una, Santa, CATÓLICA e Apostólica”, isto não constituía novidade alguma, pois já desde tempo antiquíssimo, se vinha recitando no Credo ou Símbolo dos Apóstolos: creio na Santa Igreja CATÓLICA.

Vemos, portanto, na história do Cristianismo, o contraste evidente entre aquela igreja que veio desde o princípio e logo se espalhou por toda a parte (Ide, pois, e ensinais todas as gentes – Mt 28, 19) e que desde o começo foi chamada CATÓLICA, segundo o que acabamos de demonstrar, e as heresias que foram aparecendo no decorrer dos séculos, discordando deste ou daquele ponto, inventadas por um homem qualquer, mas todas levadas de vencida pela Igreja, pois ou desapareceram por completo ou ficaram reduzidas em número de adeptos que logo mergulharam no esquecimento.

Chega esta Igreja ao séc. XVI. Aparece então Martinho Lutero, pretendendo afirmar que esta Igreja está completamente afogada no erro e é preciso fazer uma reforma doutrinária. Queremos aqui fazer apenas uma pergunta ao “inspirado” e “esclarecido” Lutero: “Como é que Cristo deixou durante tantos séculos a sua Igreja mergulhada completamente no erro, e só no séc. XVI fez aparecerem os “inspirados” e “esclarecidos” doutrinários da verdade: Onde está a Providência Divina com relação à obra de Deus que é a sua Igreja?

Se tal desastre se tivesse verificado, então teria falhado completamente a promessa de Cristo: “E as portas do inferno não prevalecerão CONTRA ELA” (Mt 16, 18).

“Nem toda a água do rio Elba daria lágrimas bastante para chorar a desgraça da Reforma” (Melanchton, amigo de Lutero)" (Lúcio Navarro).

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 27 de junho de 2007

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Tu és Pedro”

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