E O NOME DA VIRGEM ERA MARIA (Lc 1, 27)
“... e o nome da virgem era Maria”.
Desde toda a eternidade Deus escolheu Nossa Senhora para ser a Mãe do seu Filho. Maria Santíssima é a Mãe do Redentor.
Foi a alma de Maria Santíssima. Depois da Encarnação do Verbo foi esta a obra mais formosa e mais digna de si, feita pelo Onipotente neste mundo. Uma maravilha excedida somente pelo próprio Criador.
Nossa Senhora é um apanhado das maravilhas do Criador. É Deus dando-nos uma ideia do seu poder imenso animado pelo amor e nos explicando em termos tão suavemente humanos qual a sua ideia sobre nós e sobre toda a criação.
A Santíssima Virgem foi escolhida para ser Mãe de Deus, e, para tanto, o Altíssimo capacitou-a com a sua graça. Antes de ser Mãe, foi Maria adornada de uma santidade tão perfeita que a pôs à altura dessa grande dignidade.
Nossa Senhora recebeu a graça santificante e o perfeito uso da razão quando estava ainda no seio de Santa Ana. Ao mesmo tempo em que a menina recebia no seio de Santa Ana a graça santificante, era-lhe dado também o perfeito uso da razão. A ela se uniu uma grande luz divina, correspondente à graça com que fora enriquecida.
Podemos crer que, desde o primeiro instante da união da sua bela alma ao seu corpo puríssimo, foi Maria iluminada com todas as luzes da divina sabedoria para: conhecer as verdades eternas, a beleza das virtudes, a infinita bondade do seu Criador e os direitos d’Ele aos afetos do coração, e ao seu em particular.
Deus preservou a Virgem Maria do pecado original, e lhe outorgou, já no primeiro instante da sua vida, a graça santificante. Como Maria Santíssima foi escolhida a ser Mãe do Filho de Deus, em nenhum instante da sua vida ficou sob o domínio do pecado.
Nossa Senhora não estava livre só da culpa original, mas de todo movimento desordenado, de toda distração, de toda rebelião dos sentidos e de tudo que lhe pudesse impedir o adiantamento no divino amor.
A Virgem Maria é a mulher escolhida por Deus para tornar-se a Mãe do Verbo Encarnado, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Jesus Cristo: “Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus” (Lc 1, 31).
Por natureza, Maria Santíssima era inferior ao menor dos anjos, já que a natureza humana, como tal, está baixo da angélica. Mas, qualquer relação na ordem da graça é superior às que se dão na ordem da natureza. Assim, é a graça que faz com que estejamos mais perto de Deus, pela nossa resposta à participação criada da vida de Cristo, que Deus nos oferece. Pela graça, portanto, Nossa Senhora supera todos os seres criados, apenas por ter respondido melhor a ela.
Não é difícil de convencer que Maria foi Virgem antes de conceber e dar à luz Jesus Cristo. A própria Bíblia o diz e bem claramente. a) O profeta Isaías assim vaticinou: “O Senhor vos dará um sinal: eis a virgem que concebe e dá à luz um filho que se chamará ‘Emanuel” (Is 7, 14). b) “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma Virgem que era noiva de um homem chamado José. O nome da VIRGEM era Maria” (Lc 1, 26-27). c) Quando o anjo disse a Maria que ela deveria dar à luz um filho, Ela fez esta objeção: “Como se realizará isso? Pois eu não conheço homem nenhum” (Lc 1,34).
Maria deu à luz Jesus Cristo, sem sofrer lesões à sua integridade física. A virgindade de Maria durante o parto foi incluída no título com o qual é chamada: sempre virgem. O Papa Pio XII, na Encíclica Mystici Corporis, assim diz: “Maria, com um parto admirável, deu à luz Cristo Senhor”. O magistério da Igreja e os mesmos teólogos não gostam de descer a particularidades sobre o assunto e tanto menos dar explicações. De fato “a Virgindade de Maria pertence ao silêncio de seu corpo dado a Deus” (Rouet). Estamos diante de um fato que envolve o sobrenatural. Os santos Padres e alguns teólogos, para explicar o fato, mencionam outros fatos que, à nossa inteligência humana, parecem impossíveis, mas que Deus realizou com toda a naturalidade. – Adão e Eva foram criados do nada. Isto é possível? – A saída de Jesus Cristo do sepulcro, com seu corpo glorificado, mas sempre corpo físico, sem se mover a pedra. É possível? – Jesus, depois da ressurreição, sempre com seu corpo glorificado, mas sempre físico, entrou no cenáculo a portas fechadas. – Alguns santos padres recorrem a uma comparação com o raio do sol que atravessa o cristal sem que o cristal sofra alguma lesão. Outros autores alegam o argumento que quando Maria deu à luz Jesus Cristo: “Envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura” (Lc 2,7). Maria fez isto sozinha, sem a ajuda de ninguém. Isto seria possível normalmente a uma mulher que dá à luz? De qualquer forma, tratando-se de um fato sobrenatural, a nossa razão nunca encontrará uma explicação, pois são coisas que só Deus pode realizar com sua potência infinita. Com Santo Agostinho, concluímos: “Em tais coisas a explicação do fato está na onipotência de quem as faz”.
A Igreja Católica, desde o começo, sempre ensinou e defendeu a perpétua virgindade de Maria. Hoje, como sempre, há quem queira demonstrar, com a Bíblia na mão, que Maria, depois de Jesus, teve outros filhos. Vamos demonstrar com a Bíblia na mão que Nossa Senhora teve somente um filho: Jesus Cristo. Dá alguma vez o Evangelho os nomes desses irmãos de Jesus para que possamos identificá-los? Sim, dá. Sabe-se o nome de pelo menos quatro: Tiago, José, Judas e Simão: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs?” (Mc 6, 3; Mt 13, 55-56). Pois bem, este Tiago que encabeça a lista é um Apóstolo, pois diz São Paulo na Epístola aos Gálatas: “E dos outros Apóstolos, não vi nenhum, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1,19). Quer dizer então que, segundo a opinião desses protestantes, este Tiago Apóstolo era filho de Maria, Mãe de Jesus: filho de Maria e de José. Vamos provar que é pura mentira, engano e falta de conhecimento da Sagrada Escritura. Temos dois Apóstolos com o nome de Tiago: Tiago Maior e Tiago Menor. Vamos ver se algum deles era filho de José com Maria. Em Lc 5, 10 diz: “… e também de Tiago e João, filhos de Zebedeu…” Já descobrimos que o Tiago Maior era irmão de João e ambos, filhos, não de José, mas sim, de Zebedeu. A Bíblia mostra claro que a mãe dos filhos de Zebedeu não é Maria Santíssima. Conferir em Mateus 20, 20-23: “Então a mãe dos filhos de Zebedeu, juntamente com os seus filhos, dirigiu-se a Ele”. Está claro que não é Maria, a Mãe de Jesus. A Bíblia não diz “a mãe dos filhos de José, mas sim, os filhos de Zebedeu”. Tiago, na sua Carta, deixa claro que não é irmão de Jesus, mas servo: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo…” (Tg 1,1). Em Mt 10,3 diz: “Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu”. São Tiago Menor, que era irmão de Judas, era filho de Alfeu e não de José.
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas IRMÃS?” (Mc 6, 3).
Tiago, José, Judas e Simão.
Já vimos que o Tiago Maior era filho de Zebedeu (Mt 10,2); e que Tiago Menor era filho de Alfeu (Mt, 10, 3). Portanto, nenhum dos dois é filho de José com Maria, a Mãe de Jesus. Agora vamos descobrir quem eram José, Judas e Simão que na Bíblia são chamados irmãos de Jesus. Quero lembrar que a palavra irmão, aqui, equivale a primo. De fato, na língua hebraica não existe a palavra primo. Há muitos exemplos na Bíblia onde primos e parentes próximos são chamados de irmãos, como já foi explicado. Nossa Senhora tinha uma irmã que também se chamava Maria. Era casada com Cleofas ou Alfeu. De fato, lemos assim na Bíblia: “Perto da cruz de Jesus, permanecia de pé, sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cleofas, e Maria Madalena” (Jo 19,25). A única dificuldade, agora sem importância, que pode fazer o protestante, é que Tiago Menor é filho de Alfeu, e sua mãe é apresentada como mulher de Cleofas. Temos que observar o seguinte: 1º – O texto original não diz: Mulher de Cleofas, mas diz simplesmente: “a irmã de sua Mãe, Maria, a do Cleofas” (texto grego de Jo 19,25); podia chamar-se Maria, a do Cleofas, por causa do pai ou por outro motivo. 2º – Pode ser que o próprio Alfeu seja o mesmo Cleofas. É muito comum nas Escrituras (Bíblia) uma pessoa ser conhecida por dois nomes diversos: O sogro de Moisés é chamado Raguel (Ex 2, 18-21), e logo depois é chamado Jetro (Ex 3,1). No Novo Testamento, o mesmo Mateus é chamado Levi (Mt 9,9; Mc 2,14). O mesmo que é chamado José é chamado Barsabás (Atos 1,23). Seja Alfeu o mesmo Cleofas ou não, isto não importa. O fato é que, Maria de Cleofas é irmã de Maria, Mãe de Jesus, e é ao mesmo tempo mãe de Tiago e de José, que são chamados irmãos do Senhor. José era filho da irmã de Nossa Senhora, então, sobrinho de Nossa Senhora e primo de Jesus. De fato: “Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, Mãe de Tiago e de José” (Mt 27, 56; Mc 15,40). Descobrimos que esse José não é irmão de Jesus, mas primo do Senhor. Judas era irmão de Tiago e de José, filhos da irmã de Nossa Senhora: “Judas, irmão de Tiago” (Lc 6,16). E também: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago” (Judas 1). Judas escreve dizendo ser servo de Jesus Cristo e não irmão. Simão, pelo mesmo motivo, era irmão dos parentes. Queremos chamar a atenção do leitor para o seguinte: esses hereges que negam a virgindade perpétua de Maria Santíssima e dizem que irmãos de Jesus, quer dizer filhos de Maria, atribuem à Santíssima Virgem um renque de filhos. Além de Tiago, José, Judas e Simão, estão as irmãs de Jesus, sobre as quais São Mateus apresenta dizendo: “E suas irmãs não vivem elas todas entre nós?” (Mt 13, 56). Ora, para se dizer assim, todas, é preciso que sejam de três para cima. Tiago, José, Judas e Simão eram Apóstolos. Mas São João no seu Evangelho já fala de irmãos que são hostis (provocantes, contrários) a Jesus e lhe dizem: “Sai daqui e vai para a Judéia, para que também teus discípulos vejam as obras que tu fazes” (Jo 7, 3). Ali, na Galiléia, o ambiente não estava de todo favorável ao Divino Mestre, porque “nem ainda seus irmãos criam n’Ele” (Jo 7,5). É, portanto, mais outra “tropa” de irmãos a engrossar a fileira dos filhos de Maria… Se colocarmos na ponta da caneta daria mais de vinte filhos e filhas (Tiago, José, Judas, Simão... as filhas – umas três – depois os “irmãos” hostis... e ainda vários “irmãos” em At 1, 14, que depois de mencionar os Apóstolos, cita outros irmãos. Se Tiago, José, Judas e Simão, segundo os protestantes, são “irmãos” de Jesus; por que em At 1, 14 os mesmos são mencionados separados dos outros irmãos?). É bom notar que os “irmãos de Jesus” nunca são chamados “filhos de Maria”, mas somente Jesus: “Filho de Maria” (Mc 6,3). E, no entanto, o Evangelho descrevendo a vida da família em Nazaré, relatando a ida de Jesus ao templo de Jerusalém, quando o Menino Deus já tinha doze anos (Lc 2,42), não faz a mínima referência a nenhum irmão de Jesus. Se Maria teve assim tantos filhos, nessa ocasião já deveria ter no mínimo dez. Se por acaso, depois dessa peregrinação, Maria tivesse gerado outros filhos, o mais velho desses “irmãos de Jesus” teria então, no início da vida pública, cerca de dezoito anos: “Ao iniciar o ministério, Jesus tinha mais ou menos 30 anos” (Lc 3,23); ao passo que os outros seriam mais jovens ainda. Ora, o que os Evangelhos narram a respeito dos irmãos do Senhor, não permite que se atribua a estes uma idade tão juvenil ou adolescente. Com efeito, a atitude autoritária ou tutelar dos “irmãos” para com Jesus, descrita em Marcos 3, 21: “E quando os seus, tomaram conhecimento disso, saíram para detê-lo, porque diziam: enlouqueceu” (Jo 7,2-5). No Oriente, não teria cabimento nem verossimilhança se esses irmãos fossem mais jovens; sim, a mentalidade judaica atribui aos irmãos mais moços um comportamento de reverência para com o primogênito, como se deduz, por exemplo, das palavras de Isaac a Jacó: “Sê o senhor dos teus irmãos, diante de ti se curvem os filhos de tua mãe!” (Gn 27,29). Os homens autoritários que se dirigem a Jesus em Mc 3,21 e Jo 7,2-5 deveriam ser mais velhos do que o Senhor; por conseguinte, não eram filhos de Maria: “… como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?” (Lc 1,26-38). Em Jo 19, 26ss diz que na hora da morte, é a João Evangelista, filho de Zebedeu e de Salomé, que Jesus encarrega de ficar tomando conta de sua Mãe Santíssima: “Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desta hora em diante o discípulo a recebeu em sua casa”. Se Maria tivesse tantos filhos e filhas, como se explica que ela tenha sido entregue aos cuidados de João e que este a tenha levado para sua casa? É inqualificável esta audácia, esta temeridade com que um protestante lê a Bíblia assim tão às pressas e tão descuidadamente, e sai depois, sem o menor escrúpulo, a blasfemar daquilo que ignora: “Com efeito, há muitos insubmissos, e enganadores… pois estão pervertendo famílias inteiras…” (Tt 1, 10-11). É assim que se faz a interpretação protestante: uma interpretação superficial que não aprofunda o sentido dos textos e que se ilude facilmente com as aparências.
Deus escolheu uma virgem judia de quinze anos, chamada Maria, descendente do grande rei Davi, que vivia obscuramente com seus pais na aldeia de Nazaré. Sob o impulso da graça, Maria tinha oferecido a Deus a sua virgindade, coisa que fazia parte do desígnio divino sobre ela.
Não! Ela foi escolhida por Deus. O Senhor jamais escolheria uma mulher qualquer para ser sua Mãe. Querida e amada por Deus desde toda a eternidade como Mãe de seu Unigênito, ocupa Maria o primeiro lugar entre os que o Pai “escolheu em Cristo, antes da criação do mundo, para serem santos e imaculados diante dele” (Ef 1, 4). Em primeiro lugar, pela singular plenitude da graça e santidade com que Deus a adornou desde sua Imaculada Conceição. Em segundo lugar, porque previsto pelo Altíssimo juntamente com a Encarnação do Verbo, antes de qualquer outra criatura.
Não! Jesus Cristo, sendo Deus, escolheu a Virgem Maria por Mãe. Por que escolheria uma pecadora? Convinha que o Filho tivesse uma Mãe Imaculada. Ele mesmo a escolheu por Mãe. Não se pode crer que um filho podendo ter por mãe uma rainha a quisesse escrava. Não se pode imaginar que o Verbo Eterno podendo ter uma Mãe Imaculada e sempre amiga de Deus, a quisesse manchada e inimiga de Deus.
Jesus Cristo foi o único filho capaz de escolher a sua Mãe. Basta o fato de Jesus Cristo ter existido antes dela, de forma que foi o único filho capaz de escolher sua Mãe. Nosso Senhor escolheu, como qualquer filho teria feito, a mãe mais adequada para Ele.
São Dionísio Areopagita escreve sobre uma visita feita à Virgem Maria. Ele fala sobre a beleza física de Nossa Senhora: “Confesso na verdade, que não pensava que fora de Deus fosse possível beleza tão sublime e celestial, como a que contemplei. Vi a Maria Santíssima! Pude ver e rever com meus próprios olhos a Mãe de Jesus Cristo! Confesso mais uma vez que, quando João me levou à presença deífica da Virgem altíssima, fiquei deslumbrado por um esplendor tão grande, que me desfaleceu o coração e faltou a respiração, oprimido como estava pela glória de tamanha majestade”.
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 05 de novembro de 2017
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