... FICOU MUITO IRRITADO E MANDOU MATAR... (Mt 2, 16)
“Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos”.
Herodes, o Grande, do qual aqui se trata, era filho de pais não judeus; tinha conseguido reinar sobre estes com a ajuda e como vassalo do Império Romano. Desenvolveu uma grande atividade política e, entre outras coisas, reconstruiu luxuosamente o Templo de Jerusalém. Sofreu de mania de perseguição, vendo por toda a parte competidores da sua realeza (Flávio Josefo, século I). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Ele era célebre pela sua crueldade, matou a maioria das dez mulheres que teve, mandou matar alguns dos filhos (Alexandro, Aristóbulo e Antípater), um irmão de sua mulher Mariana chamado Aristóbulo, à mãe destes (Alexandra) e bom número de pessoas influentes na sociedade do seu tempo (Flávio Josefo, século I). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Se Herodes perseguiu a Jesus Cristo e mandou assassinar tantas crianças, muitos há que ainda hoje as fazem morrer a fé e para o céu. Negar às crianças o ensino religioso, não cuidar da sua educação cristã... é procedimento tanto ou mais cruel do que o de Herodes (Dom Duarte Leopoldo). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Herodes esperava os Magos, talvez com curiosidade e também com certa preocupação pelas notícias do nascimento do que tinham chamado rei dos judeus. Não devia de estar muito longe a Sagrada Família quando lhe disseram que aqueles orientais se tinham ido embora com o seu pequeno séquito e que a casa onde tinha vivido o Menino estava vazia (Pe. Francisco Fernández Carvajal). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Herodes... velho déspota que, naquela hora, doente, mal cheiroso, perseguido pelo terror da morte, de dia para dia mais ameaçadora, nem por isso deixava de continuar a defender, com a mesma paixão que sempre alimentara, as suas prerrogativas de reizete (rei sem importância). Quando os Magos chegaram à cidade e ele soube o que buscavam, uma profunda turvação o dominara... Esse Beduíno de sangue misturado sentia prazer em matar. Ele matou afogado o seu cunhado Aristóbulo, de apenas dezessete anos... outro cunhado chamado José, depois Hircano II, rei de oitenta anos... a sua própria esposa Mariana, tão querida e idolatrada por ele... mandou matar seus três filhos, sendo que o terceiro filho chamado Antípater, foi decapitando um dia antes da morte desse monstro. Herodes reinou de 40 a. C. até 4 d. C.... o seu reinado foi assinalado por ondas de sangue derramado (Daniel-Rops). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Nasce uma criancinha, que é o grande Rei. Os Magos chegam de longe; vem adorar, ainda deitado no presépio, aquele que reina no céu e na terra (Santo Quodvultdeus). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Ao anunciarem os Magos o nascimento de um Rei, Herodes se perturba e, para não perder seu reino, quer matar aquele que lhe daria reinar em segurança nesta terra e para sempre na outra vida, se nele tivesse crido (Santo Quodvultdeus). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Quando os Magos do Oriente, guiados pela estrela maravilhosa, chegaram a Jerusalém, dirigiram-se ao palácio do rei Herodes e pediram informações sobre o lugar onde havia nascido o rei dos judeus; Herodes, hipocritamente, lhes respondeu: Descei para Belém e procurai o menino; logo que o tiverdes encontrado, avisai-me, para que eu também desça a adorá-lo. A chegada dos três reis do Oriente, com grande comitiva, a aparição da estrela, os recentes acontecimentos em Belém: tudo isto tinha grandemente agitado a alma do povo, descontentíssimo do governo estrangeiro, tanto que no espírito de Herodes surgiram receios de uma sublevação. Em vão esperou Herodes pela volta dos Magos, os quais, avisados por um Anjo, tomaram caminho diferente, em demanda da terra natal. “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Os Magos não disseram para Herodes onde estava o Menino Jesus; pelo contrário, fugiram dele. Dissimulação: Consiste em esconder a verdade debaixo de um disfarce oposto. Nem toda a verdade se pode, nem se deve dizer, e há uma dissimulação, aliás, honesta que não é disfarce, e que pode ser permitida e até aconselhada quando, por exemplo, se trata de evitar o escândalo dos fracos; mas se a dissimulação oculta coisas que deviam ser conhecidas, ou se faz com propósito mau, é absolutamente proibida (Monsenhor Cauly). “Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos...” (Mt 2, 16).
Deus permitiu a maldade e crueldade desse monstro assassino, que procura dar a morte ao Menino, ao mesmo tempo em que no seu agir cruel se cumpre a profecia de Jeremias 31, 15. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
A Igreja Católica viu nestes meninos os primeiros mártires que dão a sua vida por Cristo. O martírio justificou-os e operou neles a mesma graça que confere o Batismo: é o Batismo de sangue (Edições Theologica). “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Santo Tomás de Aquino comenta a passagem desse modo: “Visto que não podiam fazer uso da liberdade, como se pode dizer que morreram por Cristo? Deus não teria permitido esse morticínio se não tivesse sido útil para aqueles meninos”. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Santo Agostinho explica: “Duvidar de que tal morticínio foi útil para esses meninos é o mesmo que duvidar de que o Batismo seja útil para as crianças. Pois os inocentes sofreram como mártires e confessaram Cristo – não falando, mas morrendo”. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Santo Afonso Maria de Ligório ensina: “Considerai aqui os profundos juízos de Deus. Encarando a matança dos Inocentes com olhos humanos, não se sabe explicar como é que o Senhor, que é um Pai amoroso, pôde ver tantas mães em desolação e uma cidade inteira com os seus contornos inundada de sangue inocente. Devemos, porém, ponderar que Deus é a Sabedoria infinita, que sabe tirar o bem do mal”. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
O que nós chamamos um mal é as mais das vezes uma graça singular (única): “Quantos dentre os Meninos inocentes teriam levado vida cheia de trabalhos e afinal talvez se tivessem condenado! Alguns talvez tivessem chegado ao extremo de tomar parte na Paixão do Redentor e gritado com os outros judeus: crucifica-o” (Santo Afonso Maria de Ligório). “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Com a morte padecida por causa de Jesus Cristo, ficou-lhes segura a salvação eterna. São a corte nobre do Deus-Menino e com suas pequeninas palmas adornam o berço do Cordeirinho Imaculado: “Herodes com os seus obséquios nunca pudera favorecer tanto as crianças bem-aventuradas, quanto as favoreceu com o seu ódio” (Santo Agostinho). “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Santo Afonso Maria de Ligório diz: “Regozija-te com os Santos Inocentes, que glorificaram Jesus, derramando o seu sangue, e não podendo anunciar com a língua o nascimento do Filho de Deus, anunciaram-no com a sua morte. E tu, convence-te bem de que tudo o que te faz segura a eterna bem-aventurança, é uma grande graça, muito embora aos olhos humanos se te afigure miséria e prejuízo”. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Quando na Judeia se executava o ímpio mando da matança dos Inocentes, Jesus Menino já estava fora de perigo: “Contempla como o divino Menino devia sentir a crueldade de que Herodes usava para com os Inocentes mortos por sua causa. Toda a facada que transpassava as entranhas daquelas criancinhas, também lhe feria o Coração” (Santo Afonso Maria de Ligório). “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “Deus deixou Herodes morrer de uma doença asquerosa e nojenta. Nasceram-lhe no corpo um número incalculável de bichos, que o devoravam vivo e causaram um fedor insuportável, prelúdio daquele que em breve havia de atormentá-lo eternamente no inferno. Eis a que estado de desgraça foi reduzido Herodes por se ter deixado dominar pela ambição desregrada de reinar”. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
Alguns dizem que os Magos vieram dois anos depois do nascimento de Cristo... explica bem porque Herodes mandou matar os Inocentes de dois anos para baixo; outros dizem que vieram um ano e meio. Outros pensam que Herodes não degolou os Inocentes logo que os Magos voltaram para suas casas; mas sim, dois anos depois... porque naquela ocasião foi chamado a Roma para se explicar sobre a morte dos seus dois filhos. Eusébio diz em seu Cronicón, que Herodes tinha matado os seus filhos cinco anos antes. Estrabón e Eutimio dizem que alguns homens disseram que Herodes acrescentou aos dados cronológicos dos Magos dois anos a mais; assim aquelas palavras: conforme o tempo de que havia se certificado com os magos, não significam que houvessem sido degolados os meninos nascidos nos dois anos seguintes à aparição da estrela aos Magos, mas aos que nasceram dois anos antes da dita aparição. Alguém poderia perguntar: Por que dois anos antes e não dois anos depois? A resposta é: Porque não haviam passado dois anos, mas alguns dias, segundo podemos provar nos versículos 1 e 2 do capítulo 2 de São Mateus: Nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns Magos, vindos do Oriente, que perguntavam: Onde está o rei dos Judeus, nascido há pouco? Pois vimos a sua estrela e viemos adorá-lo. Os Magos, conforme o versículo 2, não disseram que Cristo havia de nascer, mas sim, afirmaram que já havia nascido. Quando? Não disseram nem talvez soubessem, porque a estrela significava não o tempo, mas o fato do nascimento. “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
O Evangelho não diz que toda essa matança de meninos foi no mesmo dia. A ordem de Herodes foi de matar todos esses meninos em Belém e em todo seu território. O Menino Jesus jamais poderia “escapar”. A expressão usada indica bem que se refere não a outros povos circunvizinhos, mas somente em Belém e às suas “margens”. Não se sabe o número exato de meninos que foram martirizados naquele dia ou naqueles dias. No tempo de Miquéias, Belém era pequena (aproximadamente 1000 habitantes). Os estudiosos dizem que no tempo do nascimento de Jesus Cristo os habitantes de Belém não passavam de 1000. Fisher e Holzmeister escrevem: Concretamente, Belém no ano de 1940 tinha 7000 habitantes. E desde 1 de abril de 1938 até 1 de abril de 1940 nasceram 561 crianças; destas, 262 meninos e 299 meninas. Se Belém tinha nos dias do nascimento de Jesus umas 1000 pessoas, corresponderia em dois anos o nascimento de umas 80 crianças. Porém, sendo o índice de mortandade infantil na atualidade quase a metade antes de chegar aos cinco anos, e sendo aproximadamente igual o número de nascimento de meninos e meninas, e supondo que Herodes não tivesse interesse em mandar matar as meninas, pode-se aceitar como verdadeiro o número desses meninos inocentes em uns 22 (Pe. Manuel de Tuya). “... ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado com os magos” (Mt 2, 16).
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 30 de novembro de 2017
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