VIMOS O SENHOR
(Jo 20, 25)
“Os outros
discípulos, então, lhe disseram: ‘Vimos o Senhor!’”.
Com
simplicidade e com brevidade escreve o
evangelista o que os demais discípulos disseram a Tomé:
“Vimos o Senhor!”
Porém, tudo indica que eles conversaram por muito tempo com
Tomé, manifestando-lhe não só que O tinham
VISTO, mas que haviam FALADO com Jesus
Cristo e COMIDO com Ele. Que, como São
Lucas 24, 36ss refere, haviam TOCADO suas
CHAGAS com as mãos, conforme em
outro lugar indica São João; e São João Crisótomo,
Teofilacto e Eutímio observam.
Fora o Apóstolo
São Tomé que dissera uma vez:
“Vamos também nós e
morramos com Ele”
(Jo 11, 16). E na Última Ceia
manifestara ao Senhor a sua ignorância com a maior
simplicidade:
“Senhor, não sabemos para onde vais. Como
podemos conhecer o caminho?”
(Jo 14, 5). Cheios de um profundo
júbilo, os Apóstolos devem ter procurado Tomé por
toda a Jerusalém naquela mesma noite ou no dia seguinte. Mal
o encontraram, disseram-lhe:
“Vimos o Senhor!”
Mas Tomé continuava profundamente abalado com a
crucifixão e a morte do Mestre.
Os que tinham
compartilhado com ele aqueles três anos, e que lhe estavam
unidos por tantos laços, devem ter-lhe repetido então, de
mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua
alegria e a sua certeza:
“Vimos o Senhor!”
Repitamos,
para todas as pessoas, com a BOCA,
com o CORAÇÃO e com a
VIDA: VIMOS O SENHOR!
Para muitos homens
e para muitas mulheres, é como se Cristo estivesse morto,
porque pouco significa para eles e quase não conta nas suas
vidas. A nossa fé em Cristo ressuscitado
anima-nos a ir ao encontro dessas pessoas e a
dizer-lhes de mil maneiras diferentes que CRISTO VIVE,
que estamos unidos a Ele pela fé e permanecemos com Ele
todos os dias, que Ele orienta e dá sentido à nossa vida.
Desta maneira,
cumprindo essa exigência da fé que é difundi-la com o
EXEMPLO e a PALAVRA,
contribuímos pessoalmente para a edificação da Igreja, como
aqueles primeiros cristãos de que falam os Atos dos
Apóstolos:
“Cada vez mais aumentava o número dos homens
e mulheres que acreditavam no Senhor”
(At 5, 14).
“Vimos o Senhor!”
Então MOSTREMOS ESSE SENHOR a todos
ATRAVÉS do nosso BOM EXEMPLO:
“Aquele que diz que permanece nele, deve também andar como
ele andou”
(1 Jo 2, 6).
O remédio contra o escândalo é o
BOM EXEMPLO.
O BOM
EXEMPLO CONTRAMINA
(inutiliza, frustra) a obra perniciosa do
escandaloso, pois, ao passo que este arrasta
as almas para o vício e para a perdição eterna;
aquele (bom exemplo) as atrai para a virtude e leva para
Deus.
Obrigação de dar
BOM EXEMPLO todos
a temos; têm-na, porém, mais que todos, aqueles que deram
MAU EXEMPLO.
Sendo nós os membros de uma sociedade
espiritual – a Igreja – cujo fim é
tornar os fiéis semelhantes a Jesus Cristo, devemos viver em
conformidade com as suas leis. Ora, sendo nós
obrigados a observar as leis da Igreja, temos, por isso
mesmo, o dever de dar BOM
EXEMPLO, pois não se pode ser bom católico sem
edificar o próximo com as boas obras.
Este dever pesa com mais responsabilidade
sobre aqueles que preponderam aos outros por idade ou
condição, pois, tendo-os de encaminhar na prática do bem,
devem às palavras instrutivas juntar o exemplo das boas
obras.
O que está de cima é como o guia e
modelo, para quem devem olhar os subordinados.
Se o modelo é defeituoso, a cópia não pode sair perfeita.
Mas tem ainda maior obrigação de dar bom
exemplo aquele que, com seus escândalos, concorreu para a
ruína do próximo. Primeiro, por parte de Deus,
a quem deve restituir a glória que lhe roubou, e que lhe
deviam dar as criaturas, se não fossem pervertidas com seus
maus exemplos. Segundo, por parte do homem,
que tem direito de exigir daquele que o afastou de Deus e da
virtude, que o reponha de novo no caminho da salvação.
O BOM
EXEMPLO é um sermão que todos podem pregar.
Com ele pode fazer-se mais fruto nas almas do que com muitos
discursos que só recreiam os ouvidos.
O pregar com a palavra nem a todos é
concedido; mas pregar com o exemplo a ninguém é
proibido.
O BOM
EXEMPLO é um sermão que todos entendem e que
se pode pregar a cada hora do dia, não só na Igreja, mas na
rua e em casa. Como não há de
ser maior o seu fruto!
Assim é que Jesus serviu-se mais do exemplo
do que da palavra, para nos pregar a doutrina do céu.
Primeiro ensinou os homens com
admiráveis exemplos de virtude que praticou na pobre oficina
de Nazaré. Primeiro
praticou a humildade, a obediência, a oração, o
recolhimento, a pobreza... e só depois é que pregou o mesmo
com a palavra.
Antes de nos pregar a excelência da pobreza
evangélica, praticou-a Ele com toda a sua perfeição nos
trinta anos antes de iniciar a vida apostólica.
Antes de nos ensinar que, para segui-lO, é
necessário deixar o pai, a mãe, os irmãos e tudo que temos
na terra, deu Ele o exemplo, separando-se de seus pais, e
deixando-se ficar, sem os avisar, no templo de Jerusalém.
Antes de nos ensinar que o caminho das
perseguições é o que deve trilhar todos os seus
discípulos, deu-nos o exemplo de ser, ainda menino,
perseguido por um rei ambicioso, vendo-se obrigado a fugir
para o desterro.
Depois de nos pregar a doutrina sublime
contida nos Evangelhos, confirmou-a por último com obras,
pondo em prática tudo o que nos ensinou.
Jesus falou pouco durante a sua Paixão,
porque o modo como então pregava consistia mais em obras do
que em palavras.
Por isso, podia repetir do alto da cruz o que
já antes tinha dito aos seus apóstolos: Dei-vos o
exemplo, para que façais como eu fiz.
Devemos dizer:
“Vimos o Senhor!”,
através do nosso BOM EXEMPLO.
Somos chamados a salvar as almas. Salvá-las
ao menos com o BOM EXEMPLO,
se de outro modo não podemos.
Os BONS
EXEMPLOS dum jovem produzem maior impressão e
maior fruto; pois quem não sabe que para ser virtuoso e
manter-se na linha de um jovem honesto,
é preciso vencer as paixões ardentes e
inimigos pertinazes?
Os BONS
EXEMPLOS que mais quadram à
idade adolescente são: de modéstia no porte,
nos gestos e palavras; de piedade nos exercícios religiosos,
nas obras de zelo e caridade, na fuga de todas as ocasiões e
perigos de pecado.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP (C)
Anápolis, 29 de
abril de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura
Pe. Manuel de Tuya,
Bíblia comentada
Pe. Juan de
Maldonado, Comentário do Evangelho de São João
Pe. Juan Leal, A
Sagrada Escritura (texto e
comentário)
Pe. Francisco
Fernández Carvajal, Falar com Deus
Pe. Alexandrino
Monteiro, Raios de luz
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