O caminho da cruz é o caminho da verdadeira alegria e da
paz. Não basta sofrer, o sofrimento deve ser aceito por amor a Deus…
somente assim o amor é perfeito: “O sinal mais
certo para saber se uma pessoa ama a Jesus Cristo é, não tanto o sofrer,
mas o querer sofrer por amor dele” (Santo Afonso Maria de
Ligório).
É grande sabedoria sofrer com mansidão e aceitação; porque
aquele que sofre murmurando não faz progresso na vida espiritual e corre
grande risco de se condenar: “As mesmas
misérias levam alguns para o céu e outros para o inferno”
(Santo Agostinho).
O católico que não aceita a cruz é caricatura de cristão;
esse ainda não descobriu a verdadeira face de Jesus Cristo, porque o
caminho do céu é carpetado com cruzes: “Para
ganhar o céu todo sofrimento é pouco” (São José Calazans), e:
“Quem abraça as cruzes que Deus lhe manda não
as sente” (Santa Teresa de Jesus).
Aquele que não aceita a cruz rejeita um tesouro precioso e
vive na miséria espiritual… esse não alcançará o cume da perfeição, mas
viverá sempre na planície da espiritualidade: “Se
se conhecesse o valor da cruz, não seria tão evitada e rejeitada. Só
poderíamos encontrar prazer na cruz, repouso só na cruz e não nutriríamos
outro desejo senão o de morrer em seus braços, desprezados e abandonados
de todo o mundo. Mas para isso é necessário que o puro amor seja o
santificador e o consumador de nossos corações, como o foi o de nosso bom
Mestre” (Santa Margarida Maria Alacoque).
O católico que busca a cruz e a aceita com amor percorre o
caminho da santidade; ao passo que, quem foge da mesma, foge de um grande
bem e sua vida se transforma numa desgraça: “Se
deve considerar como grande desgraça nesta vida o não ter nada a sofrer”
(São Vicente de Paulo).
O melhor remédio para tornar a cruz leve é aceitá-la com
amor. Aquele que olha para a cruz com ira, cega o coração e coloca na alma
a inquietação.
O católico que não aceita o sofrimento é ignorante e
covarde… sua vida é um tormento contínuo e seu interior está sempre em
guerra, porque é seu desejo viver sem sofrer e chegar ao céu sem passar
pelo caminho da cruz… mas isso é impossível: “Querer
amar a Deus sem sofrer por seu amor é ilusão” (Santa Margarida
Maria Alacoque).
A árvore da cruz é frondosa e na sua sombra repousa nossa
alma imortal. É nessa árvore que colhemos frutos preciosos que alimentam
nossa pobre alma, cuja doçura só se encontra nela e não na vida cômoda e
regalada.
Feliz do católico que beija a cruz e a carrega com amor;
esse vive mergulhado na paz e seu coração está sempre alegre, porque na
cruz o mesmo encontra a verdadeira felicidade que o mundo não pode
oferecer: “A cruz, pois, será a minha
consolação, a minha doçura e a glória minha” (Santa Gema
Galgani).
Feliz do católico que sofre amando e que abraça a cruz com
amor e aceitação, porque o seu coração nunca conhecerá a inquietação:
“A situação dos justos na terra é de sofrer
amando” (Santo Afonso Maria de Ligório).
Aquele que passou pela escola da cruz e aceitou todas as
lições dificilmente se perderá; para este a perseverança será mais segura
do que para quem não sentiu o peso da cruz nos ombros.
O católico que abraça com amor a cruz de Cristo não vacila
na fé nem busca uma vida tranquila e ociosa; mas procura sempre o mais
difícil com a intenção de agradar ao divino Esposo de sua alma imortal.
Ele não serve a Nosso Senhor pela metade, mas se entrega todo inteiro e
sem reserva: “Muitos seguem a Jesus até ao
partir do pão, poucos, porém, até ao beber do cálice da sua paixão… Muitos
amam a Jesus quando não há adversidade” (Tomás de Kempis).
Cultivar uma amizade quando tudo vai bem é fácil, difícil é
conservá-la no meio das dificuldades. É na provação que descobrimos se a
amizade é verdadeira ou falsa.
Na vida espiritual não é diferente: amar a Nosso Senhor
quando tudo vai bem é muito fácil, mas continuar amando-O no meio das
cruzes é prova de um amor verdadeiro: “Meu
coração anda sempre sedento de sofrer em meio dos meus contínuos
padecimentos e minha alma sofre angústias muito grandes por ainda não
poder separar-se do corpo… Tudo me aflige e atormenta por não poder amar
unicamente meu divino amor…” (Santa Margarida Maria Alacoque).
Quem deseja ser totalmente de Deus não deve trilhar o
caminho fácil e largo, mas deve carregar a cruz com alegria, convicção e
viver no Calvário ao pé da cruz, porque esse é o lugar das almas fortes:
“Portanto, uma pessoa que deseja ser toda de
Deus deve estar resolvida a procurar nesta vida não os prazeres, mas a
acolher com amor o sofrimento” (São João da Cruz).
A maior fortuna aqui na terra não consiste em possuir bens
materiais, e sim, em sofrer por amor a Deus: “Toma,
pois, a tua cruz, segue a Jesus e chegarás à vida eterna”
(Tomás de Kempis).
O católico que não carrega sua cruz não pode ser seguidor
de Jesus Cristo, porque é impossível encontrar a Nosso Senhor fora da
cruz: “Procuro-te e te encontro sempre sobre a
cruz” (Santa Gema Galgani).
A cruz de Nosso Senhor é nosso consolo; sem ela, nossa vida
torna-se vazia e triste.
Não queremos outro caminho fora da cruz porque esse é que
nos leva ao céu.
Pe. Divino Antônio Lopes FP(C)
Anápolis, 26 de maio de 1999
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