A TEMPESTADE ACALMADA
(Gravada em CD no dia 19 de maio
de 2005. Em 2009 foram acrescentados outros comentários somente na
pregação escrita)
Em Mt 8, 23 diz:
“Depois disso, entrou no
barco e os seus discípulos o acompanharam”.
Pseudo-Orígenes escreve:
“Havendo feito Jesus Cristo muitos e admiráveis prodígios em terra,
passa a executar, no mar, obras mais admiráveis, para mostrar a
todos que era o Senhor da terra e do mar. Pelo que se disse: ‘E
entrando Ele em uma barca, lhe seguiram seus discípulos’, não
duvidosos, mas firmes e estáveis na fé. Estes, pois, Lhe seguiram,
não só atrás das pegadas de seus pés, mas acompanhando a sua
santidade” (Hom.
7), e:
“Levando, na barca, os discípulos consigo, para ensinar-lhes estas
duas coisas: não assustar-se diante dos perigos, nem envaidecer-se
com as honras. Permite que as ondas os atormentem, a fim de que não
formem em si mesmos um juízo muito vantajoso, a causa da escolha que
havia feito deles, deixando os demais. Quando se trata de
manifestação de milagres, permite que o povo assista; mas quando é
questão de tentações e temores, toma somente aos atletas que se
propunha formar para a conquista do mundo”
(São João Crisóstomo,
Homilia in Matthaeum, hom. 28, 1).
Católico, Jesus Cristo, o incansável missionário e
apaixonado pelas almas, percorria cidades e aldeias pregando a Boa
Nova; agora, o Bom Pastor acabara de entrar num barco:
“… entrou no barco”
(Mt 8, 23),
e em Lc 8, 22 diz:
“Passemos à outra margem do lago”, esse é o lago de Genesaré,
também chamado de Mar da Galiléia ou de Tiberíades. No Evangelho de
São Marcos 4, 35 diz: “…
ao cair da tarde”, está claro que essa tempestade foi à
tarde, quase escurecendo.
O Pe. Francisco
Fernández-Carvajal escreve sobre a tempestade:
“Teve lugar na tarde
daquela difícil e memorável jornada em que Jesus propôs as parábolas
do Reino dos céus. O Senhor foi pouco a pouco despedindo a multidão.
Depois disse-lhes: Passemos para o outro lado do lago, para a
ribeira oriental; era este um lugar menos habitado e mais tranquilo,
onde as pessoas os deixariam ter um pouco de paz e de descanso.
Partiu sem nenhum preparativo especial,… seguiram-no os discípulos
que não quiseram separar-se do Mestre”. Aquele que encontrou
verdadeiramente a Face de Nosso Senhor, jamais se separará d’Ele,
porque n’Ele está a verdadeira felicidade.
O Pe. Juan Leal
comenta o versículo 23 do capítulo 8 de São Mateus:
“As
circunstâncias do tempo em que sucedeu este milagre, as indica de
uma maneira vaga São Lucas: um dia (8, 22), porém, as
especifica claramente São Marcos: aquele dia, quando chegou a
tarde (4, 35), ou seja, o dia em que explicava as parábolas do
reino junto ao lago de Genesaré. A intenção de Jesus Cristo era
passar para a margem oriental do mar para descansar. Pelo que
indica São Marcos (4, 36), outras barcas o seguiram. Cristo, cansado
de pregar todo o dia, se deitou sobre o travesseiro que alguém lhe
havia preparado na barca para sentar-se, como fazem ainda hoje os
pescadores de Tiberíades, mas Ele adormeceu”.
O Pe. Manuel de Tuya escreve:
“A cena é ‘na tarde’
(Mc). Se acha rodeado de uma grande multidão (Mc-Mt-Lc). Para
livrar-se dela, depois de despedi-la (Mc), deu ordem a seus
discípulos de partir para a outra margem (Mc-Lc), à parte oriental
do lago. Ele estava em uma barca de onde pregava as parábolas, e
nela, fizeram a travessia. Como marinheiros, eles tinham a
iniciativa da manobra. Por isso disse Mc que ‘o tomaram como
estava na barca’. O acompanhavam outras barcas (Mc) com os
outros ‘discípulos’ (Mt). A saída foi normal. O formoso lago
de Genesaré estava calmo. A barca se afasta, e as multidões já
começam a retirar-se, ainda que olhando com admiração, de vez em
quando, para a barca de Cristo Jesus”.
Em Mt 8, 24 diz:
“E, nisso, houve no mar
uma grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas.
Ele, entretanto, dormia”.
Em
Mc 4, 37-38 diz:
“Sobreveio então uma tempestade de vento, e as ondas se jogavam para
dentro do barco, e o barco já estava se enchendo. Ele estava na
popa, dormindo sobre o travesseiro”, e em Lc 8, 23 diz:
“Enquanto navegavam, ele
adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento no lago; o barco se
enchia de água e eles corriam perigo”.
Pseudo-Orígenes escreve:
“Apenas entrou na barca,
fez com que o mar se agitasse. Como segue: ‘E sobreveio logo uma
grande tempestade no mar, de modo que as ondas varriam a barca’.
Esta tempestade não nasceu de si mesma, mas obedeceu ao poder d’Aquele
que mandava. Se levantou uma grande tempestade, para manifestar a
grandiosidade do prodígio, porque quanto mais se precipitavam as
ondas sobre a barca, tanto mais o medo agitava os discípulos, e
desejavam livrar-se por meio de um milagre do Salvador”
(Hom. 7), e:
“O acontecimento, na
verdade, é admirável e estupendo. Nosso Senhor que nunca dorme nem
cochila, agora diz que dorme. Dormia na verdade como homem, mas
vigiava como Deus, manifestando assim que tinha verdadeiro corpo
humano que estava vestido de corruptibilidade. Dormia com o corpo,
para fazer os apóstolos vigiarem, e para que nunca durmamos de corpo
e alma. Os discípulos ficaram tão apavorados de medo, que quase
perderam a razão; então se lançaram sobre Ele, e em vez de falar-Lhe
com modéstia e doçura, o despertaram turbulentamente, como indica o
evangelista: E se aproximaram d’Ele os discípulos, dizendo: ‘Senhor,
salva-nos, estamos perecendo”
(Idem.).
Católico, quando o barco deixou a margem, as águas do
lago estavam tranquilas e nada fazia prever uma tempestade:
"Mas os mares interiores,
como o Mar de Tiberíades, quando estão rodeados de elevadas
montanhas, acham-se expostos a furacões repentinos que levantam
neles rápidas tempestades. Isto sucede especialmente no lago de
Tiberíades pela profundidade da bacia que o encerra, sobre a qual se
lança o vento com grande violência.
A superfície desse lago em que Jesus está navegando fica a 212
metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo, e a uns 40 Km de
distância do próprio Mar Mediterrâneo. Os ventos que chegam ao lago
de Genesaré, procedem do Mediterrâneo e descem pela Baixa Galiléia
com grande força devido às diferenças de pressão. Esta é a causa da
maioria das tormentas do lago, que não costumam durar muito tempo
(uma meia hora), mas podem ser muito intensas. As ondas que chegam
por vezes aos dois metros de altura, para aquelas embarcações,
podiam significar um grande perigo"
(Pe. Francisco Fernández-Carvajal), e:
“Estas tempestades
repentinas são frequentes no mar de Tiberíades, principalmente à
tarde. Desde o cume do Hermón, cerca de 3.000 metros de altura, o
vento violentíssimo se precipita pelo vale do Jordão até o lago, que
está a 208 metros abaixo do nível do Mar Mediterrâneo; esse vento
agita até o fundo as águas do pequeno mar. E Jesus Cristo dormia.
Prova evidente de seu grande cansaço e esgotamento pelo prolongado
trabalho” (Pe. Juan Leal).
O Pe.
Manuel de Tuya escreve:
“A longa pregação daquele
dia sobre as parábolas e o cansaço fizeram que, enquanto navegavam,
Cristo ‘adormecesse’ (Lc). Como acontece ainda hoje, se reserva na
popa da barca um lugar com travesseiro, assim estava Cristo Jesus na
barca ‘dormindo na popa sobre um travesseiro’ (Mc). Se era a barca
de Pedro, este ia a seu lado, dirigindo-a. É um dos momentos no qual
Cristo mostra a condição e debilidade da natureza humana.
Necessitava, como homem, de descanso e de reparar as forças através
do sono. É aqui, nestes três lugares sinóticos, a única vez que os
evangelhos assinalam o ‘sono’ de Cristo Jesus. Porém,
inesperadamente, caiu sobre o lago uma forte tempestade. Os
evangelistas a descrevem em termos sumamente sugestivos. Mc
assinala só o trecho: à investida do vento; ‘iniciou um grande
redemoinho (lailaps) de vento’. Mt assinala só o efeito que
causou no mar: ‘iniciou uma grande agitação no mar’. Porém Lc
descreve com uma grande precisão o modo como sucedeu isto: ‘desabou
(Katébe) um grande redemoinho de vento no lago’. A expressão é de
uma exatidão total. O lago de Genesaré está a 208 metros abaixo do
nível do Mar Mediterrâneo. As tempestades nele podem desencadear-se,
como o da experiência, em poucos momentos. Estas fortes correntes de
ar do Mediterrâneo, ao cair sobre esta enorme depressão do lago,
provocam agitação e onda. Esta tempestade foi de grandes proporções,
pois ‘as ondas cobriam a barca’ (Mt). Tal é o efeito destas
tempestades no lago. Uma testemunha destas tempestades escreve:
‘Constantemente golpes de água, que eram verdadeiras ondas, passavam
por cima da cabeça, dando, literalmente, a impressão de estar
cobertos por elas, como disse o evangelho de Mt’
(Ehrhardt).
Estes grandes golpes de água faziam que ‘a água que entrava na barca
os punha em perigo’ (Lc), pois ‘a barca estava a ponto de encher-se’
(Mc). Outro viajante escreve sobre uma tempestade: ‘Duas vezes
senti que o barco onde eu estava fosse afundar, ao vê-lo sacudir por
furiosas ondas... Qualquer manobra em falso podia fazer tombar nossa
barca, na qual entrava tal quantidade de água, que eram necessários
dois homens para tirá-las com baldes’
(Dortet). É sobre esse tipo de tempestade no lago que os apóstolos
descreveram, pois os apóstolos, entre os quais haviam galileus que
conheciam bem as tempestades deste mar, viram que estavam em perigo
de perecer”.
O Pe. Juan de Maldonado comenta:
“No lago de Genesaré que
São Lucas chama tanque (8, 22). Pois, ninguém ignora que tanto ele
como o lago Asfáltides (Mar Morto) se chamam mares por extensão.
Três coisas encontramos sucedidas, não por casualidade ou lei da
natureza, mas por vontade e providência de Jesus Cristo. A primeira,
que Cristo com seus discípulos tomara uma barca para eles, como
explica Lucas (8, 22), a fim de poder repreender-lhes com mais
liberdade a falta de fé neles: Por que temeis, homens de pouca
fé? (v. 26). Segunda, a tempestade suscitada por Cristo, pois
algumas vezes levanta também em nós tempestades para provar-nos,
como aconteceu com Jó. Terceira, o sono do Salvador, que temos de
crer como verdadeiro e natural, e não fingido ou simulado, como
alguns disseram, ainda que voluntariamente procurado, para dar lugar
à formação da tempestade, como se não dependera ela de sua vontade”.
No versículo 24 diz:
“… houve no mar uma
grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas”.
E no mesmo versículo diz que Jesus Cristo
“entretanto, dormia”.
Católico, Nosso
Senhor, extenuado pela fadiga, adormeceu. Ele estava tão cansado que
nem sequer os fortes balanços da embarcação o acordaram. É a única
passagem do Evangelho que nos mostra Jesus Cristo dormindo. Ele
parece estar ausente.
Os discípulos
corriam perigo, enquanto isso, Jesus Cristo dormia:
“Ele adormeceu... o barco
se enchia de água e eles corriam perigo”
(Lc 8, 23).
O barco no lago de
Genesaré, ocupado por Jesus Cristo e pelos seus primeiros
discípulos, representa bem a Igreja Católica Apostólica Romana, que
recebeu a missão divina de recolher em seu seio as almas, de
conduzi-las da margem da terra à margem do céu, sem deixá-las
naufragar nas ondas furiosas e ameaçadoras provocadas pelas paixões.
O Cônego Duarte
Leopoldo escreve: “A barca é a Igreja
Católica, onde Jesus Cristo dorme às vezes, mas sempre na popa,
perto do leme”.
Logo no início, a
barca da Igreja Católica foi furiosamente sacudida por uma terrível
tempestade. Os Judeus não suportavam ver o cristianismo crescer e
expandir-se sob seus olhos; prenderam São Pedro e São João
Evangelista: “Lançaram as
mãos sobre eles e os recolheram ao cárcere até a manhã seguinte,
pois já era tarde”
(At 4, 3).
São Tiago foi morto: “Assim, mandou matar
à espada Tiago, irmão de João”
(At 12, 2),
e Santo Estêvão foi apedrejado:
“E apedrejaram a Estêvão”
(At 7, 59).
Católico:
"...eis que surge mais
tarde outra tempestade furiosa. Aquela Roma que derrubara todos os
tronos e reinos do mundo jurara afundar a barca de Pedro, isto é, a
Igreja Católica Apostólica Romana. Por trezentos anos a Santa Igreja
foi sacudida pelas ondas do Império Romano; por trezentos anos foi
derramado o sangue de cristãos, que morreram por amor a Cristo
Jesus.
Depois, o Islamismo suscitou uma outra tremenda tempestade contra a
Igreja, com o desejo de sufocá-la.
E a tempestade não se acalma contra a barca de Pedro. Lutero,
Calvino e Zwinglio aparecem como forte vendaval e arranca da unidade
da fé povos inteiros, incendiando igrejas, devastando mosteiros,
insultando e trucidando padres e religiosos. A Alemanha, a
Inglaterra, a Suécia e a Dinamarca, levantam-se contra a Igreja
Católica.
Eis que, há pouco mais de duzentos anos, uma filosofia incrédula e
uma revolução sanguinolenta assaltam de novo a Santa Igreja com
desprezo, calúnias e violências inimagináveis. E, depois, eis que
Napoleão, novo árbitro do mundo, sonha acorrentar Pedro, isto é, o
Papa e a Igreja e prendê-los ao carro do seu triunfo"
(Pe. João Colombo).
Católico, a
tempestade furiosa não sacode somente a barca de Pedro, que é a
Igreja Católica; essa tempestade sopra também furiosamente contra a
alma de cada um de nós, contra a alma daquele que deseja viver
piedosamente: “… todos os que quiserem
viver com piedade em Cristo Jesus serão perseguidos”
(2 Tm 3, 12).
O Cônego Duarte Leopoldo escreve:
“Todo cristão é um
marinheiro de travessia para a eternidade”.
A vida do homem é
bem semelhante à travessia de um lago; a todo momento nos afastamos
remando desta margem do tempo, e nos aproximamos da margem da
eternidade.
O Pe.
João Colombo escreve:
"Esta navegação, a princípio, é calma e feliz, como o foi para os
apóstolos no lago de Genesaré. Na realidade, os anos da infância são
cheios de doces sonhos povoados de imagens suaves. A terra é um
paraíso terreal para a ingênua criança, a quem toda coisa parece
nova e bela, e todo dia trás uma promessa. Os ventos das paixões e
as preocupações dormem ainda, e as águas da vida brilham tranquilas
e serenas.
Mas logo em seguida vem a juventude com os tumultos interiores e com
os desejos violentos. Os ventos sopram-se furiosamente e as ondas
tornam-se grossas e ameaçadoras; a alma amedrontada da juventude,
acha-se fraca em face de tanta força contrária, e sente-se
arrebatada para o abismo.
Depois vem a idade adulta e o vento continua a soprar furiosamente,
a barca da vida balança de um lado para outro e as ondas se
agigantam, colocando a barca da vida em grande perigo”.
No versículo 24
diz: “Houve no mar uma
grande agitação, de modo que o barco era varrido pelas ondas. Ele,
entretanto, dormia”. Jesus Cristo dormia. O sono de Nosso
Senhor, enquanto os seus discípulos se sentiam perdidos no meio da
tempestade, enquanto lutavam com todas as suas forças, foi comparado
frequentemente a esse silêncio de Deus em que parece, por vezes, que
Ele está ausente e despreocupado das dificuldades dos homens e da
Igreja. Mas é importante lembrar de que Jesus Cristo nunca nos
deixará sós.
Em Mt 8, 25 diz:
“Os
discípulos então chegaram-se a ele e o despertaram, dizendo:
‘Senhor, salva-nos, estamos perecendo!”.
São
Jerônimo escreve:
“O tipo deste sinal o vemos no profeta Jonas; quando todos estavam
em perigo, ele estava seguro, dormia e foi despertado”,
e: “Ó verdadeiros
discípulos! Tendes convosco o Salvador e temeis o perigo? Está
convosco a vida e temeis a morte? Porém respondem: ‘Somos meninos
débeis, e por isso tememos’. Donde segue. ‘E Jesus lhes disse: Por
que temeis homens de pouca fé?’ Como se dissesse: ‘Se me haveis
visto poderoso na terra, por que não credes que também posso sê-lo
no mar?’ E se viesse a morte, não devíeis sofrê-la com grande valor?
O que crê pouco será censurado, o que nada crê será condenado”
(Pseudo-Orígenes, Hom. 7),
e também: “Mas,
se alguém dissesse que não foi sinal de pouca fé o aproximar-se para
despertar a Jesus, terá de admitir que este foi sinal de que não
tinham uma opinião decorosa sobre Ele, porque tinham conhecimento
que Ele podia censurar o mar estando acordado, e ainda não sabiam
que podia fazer o mesmo estando dormindo. Não fez este milagre na
presença da multidão, para que não fossem acusados de pouca fé”
(São
João Crisóstomo, Homiliae in Matthaeum, hom.
28,1).
O Pe.
Manuel de Tuya escreve:
“Cheios de pânico, os
apóstolos se aproximaram de Cristo e o ‘despertaram’, pedindo-Lhe
socorro: ‘Salva-nos, Senhor, que perecemos!’ Os apóstolos já haviam
presenciado muitos milagres de Jesus, e, por impulso recorrem a ele
diante desta tempestade. Mt põe aqui na boca de Cristo, antes de
realizar o milagre, uma insinuação que era como uma reprovação por
sua falta de fé, ou seja, de confiança n’Ele. Mc-Lc o põem, depois
de realizado o milagre. Psicologicamente se pensaria que o situa
melhor Mt. É Cristo quem, plenamente consciente de seu poder, se
apresenta ante aquele espetáculo com toda a imponente serenidade de
seu domínio sobre todos. E ‘levantando-se’ do lugar onde estava
descansando sobre um travesseiro, e provavelmente estendendo a mão
com gesto de poder, ordenou ‘ao vento’ e ‘ao mar’ para que cessassem
a fúria e a onda, e veio ‘uma grande calma”.
Católico, os apóstolos, na maioria, homens acostumados
com o mar, perceberam imediatamente que os seus esforços não eram
suficientes para manter o barco no rumo certo e compreenderam que as
suas vidas corriam perigo: “… e eles
corriam perigo”
(Lc 8, 23).
Em situações
semelhantes, quando a tempestade desaba sobre nós, quando os nossos
esforços parecerem inúteis, devemos seguir o exemplo dos apóstolos e
recorrer a Jesus Cristo com toda a confiança dizendo: Senhor,
salva-nos, estamos perecendo! Devemos aproximar-nos d’Ele e
dizer-Lhe a todo momento, com confiança de quem O tomou por Mestre:
Senhor, não me largues. E passaremos as tribulações junto d’Ele, e
as tempestades deixarão de inquietar-nos.
Católico, não tenha
medo de recorrer a Nosso Senhor com confiança; Ele é o Deus Poderoso
e Misericordioso, e com certeza Ele te ajudará, Ele te socorrerá.
Santo Agostinho diz:
“Cristão, na tua barca dorme Cristo; desperta-o, que Ele censurará a
tempestade e far-se-á a calma”.
Em Mc 4, 36 diz:
“… e com ele havia outros barcos”. É importante observar que
os apóstolos não pediram ajuda para as pessoas dos outros barcos,
mas, pediram a ajuda a Nosso Senhor Jesus Cristo, confiaram somente
em Jesus: “Se tiveres
presença de Deus, por cima da tempestade que ensurdece, brilhará
sempre o sol no teu olhar; e por baixo das ondas tumultuosas e
devastadoras, reinarão na tua alma a calma e a serenidade”
(São
Josemaría Escrivá),
e:
“Salva-nos,
que estamos perecendo!
Esta breve súplica procedia certamente da fé que tinham em que
Cristo podia socorrê-los naquele momento de perigo; porém, era uma
fé imperfeita, já que supunham que Jesus ignorava o perigo, como se
a divindade não vigiasse, enquanto a humanidade dormia”
(Pe. Juan Leal).
Católico, quando a tempestade das tentações soprar sobre
você, peça com confiança a Nosso Senhor dizendo: Senhor, ajude-me,
estou perecendo.
Quando o vendaval
das calúnias e fofocas tentar destelhar o telhado da sua vida, peça
a Jesus Cristo com confiança: Jesus, socorrei-me.
Quando o tufão da
parte financeira estiver sacudindo a vossa família, recorra a Jesus
Cristo e peça-Lhe ajuda dizendo: Senhor Jesus, estou perecendo.
Quando o furacão da
divisão estiver estraçalhando a vossa família, não se desespere; mas
corra ao encontro do Senhor e peça-Lhe com confiança: Senhor,
ajude-me, estou perecendo.
Santo Agostinho
ordena que acordemos Cristo que dorme em nossa barca. E o mesmo
santo diz: “… despertar
Cristo é estar com Ele”.
Católico, não
importa a dificuldade pela qual você esteja passando, não importa se
é um vendaval, tufão, ciclone ou furacão; lembre-se de que Jesus
Cristo é maior do que todos os problemas, e com certeza Ele te
ajudará; confia n’Ele e peça-Lhe ajuda com confiança e humildade
dizendo: Senhor, salva-me, estou perecendo. Peça, peça com confiança
e perseverança, e Cristo te ajudará.
Católico, nesse
versículo 25 os discípulos aproximaram de Cristo Jesus e O
despertaram.
Diante das
tempestades da vida, olhe para Nosso Senhor que está na sua alma e
dialogue amorosamente com Ele, como escreve a Bem-aventurada
Elisabete da Trindade:
“Em tudo e por tudo vivamos todo momento em comunhão com esse divino
Verbo Encarnado, com Jesus que habita em nós”.
Às vezes, você
deixa de conversar com Cristo que está na sua alma e de pedir-Lhe
ajuda e consolo, para passar horas e horas conversando com pessoas
que só desejam a sua destruição; gente que te ouve com atenção, para
depois sorrir e zombar às escondidas. Não cometa tamanha loucura,
abra o seu coração somente para Nosso Senhor: n’Ele você pode
confiar.
Em Mt 8, 26 diz:
“Disse-lhes ele: ‘Por que
tendes medo, homens fracos na fé?’ Depois pondo-se de pé, conjurou
severamente os ventos e o mar. E houve uma grande bonança”.
Pseudo-Orígenes escreve:
“Mandou, pois, aos
ventos e ao mar, e de um forte vento se fez uma grande
tranquilidade. Convém que o grande faça coisas grandes e, por isso,
o que primeiro havia agitado magnificamente a profundidade do mar,
agora manda que outra vez se restabeleça uma grande tranquilidade,
para que os discípulos, tão agitados, se alegrassem magnificamente”
(Hom. 7),
e: “Vemos aqui,
que toda a tempestade se dissipou no ato sem ficar marcas da
agitação, o qual era certamente estranho, pois quando a oscilação se
termina naturalmente, as águas se agitam depois por muito tempo,
enquanto que aqui tudo se normalizou de uma vez. Assim realiza Jesus
Cristo o que foi dito pelo Pai: ‘Disse, e se deteve o espírito da
tempestade’ (Sl 106). Somente com sua palavra e ordem apazigua e
refreia o mar. Pelo aspecto, o sono e o uso da barca, os que estavam
ali presentes o consideravam como homem. Daí a admiração, como
segue: ‘E os homens se maravilharam e diziam: Quem é esse?”
(São João Crisóstomo,
Homiliae in Matthaeum, hom. 28,2), e também:
“Homens de pouca fé.
Tem alguma fé, posto que pedem socorro a Nosso Senhor, para que os
livrem daquele perigo; porém mostram a imperfeição ao dizer que
estavam perecendo, estando com eles Cristo Jesus. Os apóstolos,
diante do prodígio, tudo indica, recordaram de várias passagens dos
Salmos onde se descreve a Deus como Senhor absoluto dos mares que
obedecem a Sua voz: E tu que dominas o orgulho do mar, quando
suas ondas se elevam, tu as amansas (Sl 88, 10)”
(Pe. Juan Leal),
e ainda: “É aqui
onde Mc-Lc põem a pequena censura
que Cristo Jesus
dirige a seus apóstolos por causa de pouca fé, ou seja, da pouca
confiança n’Ele, e que Mt põe antes. Não disse que não tinham fé
sobrenatural n’Ele, pois eram seus apóstolos e recorriam a Ele no
momento difícil, para que os ajudasse; porém não tinham plena
confiança. Os apóstolos tinham sido testemunhas de grandes
milagres. Eles conheciam o poder de Cristo Jesus, seu cuidado por
eles e navegavam com Ele e por sua ordem (Mc 4, 35). Por que não
confiar plenamente n’Ele? Os milagres que haviam visto os
impressionaram. Porém, O obedeceriam o vento e o mar? Teria poder
sobre este espetáculo cósmico imponente? Precisamente se admiraram
logo deste milagre. Para que recorrer a Ele? Foi um momento de
precipitação e de apuro. Acaso pensaram, desconfiadamente, que
dormia. E aqui está a grande lição de Cristo aos apóstolos. Ainda
dormindo hão de ter confiança n’Ele. Os elementos estavam submetidos
ao plano do Pai. Estes não podiam atuar contra Cristo. Tudo está
submetido a Ele. Quem era Ele? Como os haviam demonstrado os muitos
milagres feitos e como demonstrara o mar tranquilo e a barca
navegando nele, ainda que Ele estivesse dormindo, deviam confiar n’Ele;
pois bastava estar em sua companhia para estar seguros. Ante o
espetáculo imponente do vento violento e das grandes ondas que
saltavam por cima da barca, Cristo lhes deu uma lição teórica e
prática: teórica, de seu poder e confiança n’Ele; e prática, com os
feitos de seu poder dominando a tempestade furiosa”
(Pe. Manuel de Tuya),
e: “Se deveria
ler repreendeu (Mc 4, 39; Lc 4, 39, e 8, 24).
Fala Cristo aos
ventos, às tempestades, às enfermidades e a outras coisas
semelhantes, como se falasse aos espíritos maus”
(Pe. Juan de
Maldonado).
Católico, Jesus acordou, o Mestre não está mais
dormindo, Ele foi despertado pelos apóstolos. Jesus Cristo, segundo
o Cônego Duarte Leopoldo:
“… às vezes dorme, mas sempre na poupa, perto do leme. No momento
oportuno Ele se erguerá para impor silêncio à tempestade”.
Nas horas de
dificuldades, isto é, diante das tempestades da vida, grite pelo
Nome Santíssimo de Jesus Cristo, e Ele te sustentará e te protegerá.
Você se lembra, que
no comentário sobre o versículo 24, escrevi sobre as furiosas
tempestades que sopravam contra a barca de Pedro, isto é, contra a
Igreja Católica. Agora, no versículo 26, completarei o comentário;
porque nele diz que Jesus Cristo acordou, Ele não está mais
dormindo.
No versículo 24,
dentre muitas coisas, escrevi que São Pedro e São João foram presos;
que São Tiago foi decapitado e que Santo Estêvão foi apedrejado,
isto é, que a Igreja Católica foi perseguida desde o início. Mas é
importante lembrar de que Cristo acordou; parecia que a Igreja já
estava afundando, mas Jesus acordou. Ele acordou e fez um sinal:
"São João e São Pedro
saíram da prisão, e dos sangue de São Tiago e de Santo Estevão
nasceram inúmeros cristãos. Paulo converteu-se. Enquanto isso, de
Roma chegaram as legiões imperiais para destruir, no fogo e no
sangue, a nação judaica. E a barca da Igreja continuava o seu
caminho. Cristo Jesus havia acordado"
(Pe. João Colombo).
Escrevi também que
durante trezentos anos,
"... a Roma pagã derramou o sangue dos cristãos. Mas Jesus acordou e
fez um sinal; então o imperador Juliano, vencido e doente no deserto
oriental, arranca as ataduras e lança do alto um punhado se sangue,
confessando a sua derrota: “Venceste Galileu!”
(Idem.).
Então, o imperador Constantino em Roma vê, no céu, a cruz com o
lema: “Com este sinal
vencerás”; e proclama a liberdade da Igreja Católica, e a
mesma prossegue o seu caminho. Cristo havia acordado.
Escrevi também que
o Islamismo soprou qual tempestade furiosa contra a Igreja Católica.
Porém, Jesus Cristo acordou e fez um sinal:
"A esse sinal, a Europa
toda se reúne e precipita-se contra o Islamismo, detém-no e
quebra-o. Sobre as águas de Lepanto a barca de Pedro passava
vitoriosa, rumo a novas conquistas"
(Idem.).
Escrevi também que
Lutero, Calvino e Swinglio haviam arrancado da unidade da fé povos
inteiros. Mas Jesus acorda e faz um sinal:
"Eis que numerosos santos
renovaram o espírito da caridade e da verdade; eis que um Concílio,
o maior de quantos houve, reúne-se em Trento, condena o erro, define
claramente a verdade e a moral religiosa. Enquanto isso, de Roma,
partem inúmeros missionários para a Ásia e para a América, a
conquistarem novas províncias para o Império do amor, e a barca de
Pedro enche-se de novos passageiros e prossegue a travessia dos
séculos, segura e poderosa"
(Idem.).
Escrevi ainda que
Napoleão sonhava em acorrentar o Papa e a Santa Igreja. Jesus Cristo
acorda: "Napoleão morre
na ilha de Santa Helena, e o Papa em Roma, continuava a guiar a
barca da salvação, que foi terrivelmente atacada pelos inimigos de
Deus. A tempestade soprou furiosamente contra a Santa Igreja, mas
Cristo a protegeu, Ele a defendeu"
( Idem.).
Nosso Senhor não
abandona aquele que n’Ele confia. Assim que os discípulos lhe
disseram: “Senhor,
salva-nos, estamos perecendo!”
(Mt 8, 25);
Ele se levantou imediatamente
e disse-lhes:
“Por que tendes medo, homens fracos na fé?”
Católico, Jesus
tranquilizou os apóstolos dizendo-lhes:
“Por que tendes medo, homens fracos na fé?” Foi como se
lhes dissesse: não sabeis que Eu estou convosco, e que isso vos deve
dar uma firmeza sem limites no meio das dificuldades?
Se Jesus Cristo, o
Deus Todo-Poderoso estiver na nossa alma, nenhuma tempestade nos
afogará; não tenhamos medo, depositemos no Senhor toda a nossa
confiança. Nosso Senhor é a verdadeira segurança:
"Basta estar com Ele na
barca, ao alcance do Seu olhar, para vencer os medos e as
dificuldades, os momentos de escuridão e de angústia, as provas, as
incompreensões e as tentações. A insegurança aparece quando a fé se
debilita, e com a debilidade vem a desconfiança: podemos então
esquecer-nos de que, quando a dificuldade é maior, mais poderosa se
manifesta a ajuda do Senhor"
(Pe. Francisco Fernández-Carvajal).
Depois de ter dito
aos apóstolos: “Por que
tendes medo, homens fracos na fé?” Jesus Cristo ficou de pé,
censurou severamente os ventos e o mar, e houve uma grande bonança.
Está claro que se recorrermos a Cristo Jesus nas horas de provações
e dificuldades, Ele nos socorrerá, e a tranquilidade reinará na
nossa vida.
Católico, os
discípulos encheram-se de assombro, de paz e de alegria. Verificaram
uma vez mais que estar com Cristo é caminhar seguro, ainda que Ele
guarde silêncio.
Quando confiamos em
Jesus Cristo, nenhuma tempestade, isto é, nenhuma perseguição,
nenhuma crítica, nenhuma calúnia, etc., poderá tirar a nossa paz;
Ele nos fortalece e nos consola, e vivemos em paz, porque se Ele
estiver na nossa alma, nenhum mal nos atingirá, como escreve Tomás
de Kempis: “… estar com
Jesus é doce Paraíso. Se Jesus estiver contigo, nenhum inimigo te
poderá ofender”.
Aquele que possui
Cristo na alma suporta todas as tempestades com a cabeça erguida e
vence todos os obstáculos com sucesso, como escreve São Gregório
Magno: “… a hostilidade
dos perversos soa como louvor para a nossa vida, porque demonstra
que temos ao menos um pouco de retidão por sermos uma presença
incômoda para os que não amam a Deus: ninguém pode ser grato a Deus
e dos inimigos de Deus ao mesmo tempo”.
Em Mt 8, 27 diz:
“Os
homens ficaram espantados e diziam: ‘Quem é este a quem até os
ventos e o mar obedecem?”
Pseudo-Orígenes escreve:
“Porém, quem são estes homens que ficaram admirados? Não acredite
que aqui se trata dos Apóstolos, pois, nunca encontramos que se
mencionam os discípulos do Senhor senão para honrá-los e sempre lhes
chama Apóstolos ou discípulos. Se admiravam, pois, os homens que
navegavam com Ele e de quem era a barca”
(Hom. 7),
e:
“Porém, se alguém forçosamente disser que
eram os discípulos os que se admiravam, responderemos que são
chamados simplesmente de homens, porque, todavia, não haviam
conhecido o poder do Salvador”
(São Jerônimo),
e também: “Não
dizem perguntado: ‘Qual é este?’, senão assegurando que este é
Aquele a quem obedecem os ventos e o mar. Qual é este, pois?, isto
é, tão poderoso, tão forte, tão grande! Ordena a todas as criaturas
e elas não desobedecem a sua ordem. Só os homens resistem, e por
isso serão condenados no juízo. Em sentido místico, todos navegamos
com o Senhor na barca da Igreja por este mundo tempestuoso. O mesmo
Senhor dorme com piedoso sono, esperando nossa paciência e a
penitência dos ímpios”
(Pseudo-Orígenes,
Hom. 7), e ainda:
“Aproximemo-nos d’Ele com alegria, dizendo
com o profeta: ‘Levanta-te; porque dormes, Senhor?’ (Sl 43,24). E
Ele mandará aos ventos, isto é, aos demônios, que são os que agitam
nas perseguições dos santos. E restabelecerá uma grande
tranquilidade em relação dos corpos e das almas; a paz para a Igreja
e a serenidade para o mundo”
(Idem.),
e:
“O mar é o redemoinho do mundo; a barca em que sobe Jesus é a árvore
da cruz, com cujo auxílio dos fiéis, vencidas as ondas do mundo, vem
à pátria celestial como a uma praia segura, na qual desce Jesus com
todos os seus. Pelo que disse depois: ‘Quem quiser vir após mim,
negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’. Havendo Jesus
subido à Cruz, se verificou um grande movimento, porque se agitaram
as imaginações de seus discípulos, próximo de sua paixão e a barca
se cobria com as ondas, porque toda a força da perseguição se
verificou ao redor da Cruz, quando sucumbiu pela morte. Por isso,
foi dito: ‘Mas Ele dormia’. Seu dormir é a morte. Os discípulos
despertam o Salvador, quando agitados com a morte, buscam a
ressurreição gritando: ‘Salva-nos, ressuscitado, porque perecemos
com a agitação da morte’. Porém, Ele, ressuscitando, lhes repreende
a dureza de seus corações, como se lê mais adiante. Ordenou o Senhor
aos ventos porque humilhou a soberba do diabo. Ordenou ao mar,
porque anulou a cólera dos judeus; e se verificou uma grande calma,
porque se tranquilizaram as mentes dos discípulos quando
presenciaram a ressurreição”
(Rábano), e também:
“A barca é a Igreja presente, na qual Jesus
Cristo atravessa com os seus o mar desta vida, enfrentando as águas
das perseguições. Admiremos e demos graças a Deus”
(Glosa).
O Pe. Juan Leal escreve:
“Estes homens que mostram tão grande admiração pelo prodígio
realizado por Cristo Jesus são, segundo alguns autores, somente os
apóstolos; segundo outros, são também os que estavam nas outras
barcas que saíram atrás de Jesus, e às que, sem dúvida, surpreendeu
também a tormenta em alto mar. De nenhum profeta haviam lido que só
com o poder de Sua voz pacificasse as ondas do mar tempestuoso.
Quem é este, a quem obedece aos ventos e o mar? Refletindo um
pouco, poderiam ter concluído que era o mesmo que em tantas
passagens do Antigo Testamento se descreve como Senhor absoluto de
todas as coisas: na terra, nos mares, nos abismos e no firmamento.
Frequentemente, os Padre e escritores católicos comparam esta barca
à que subiu Jesus Cristo com a Igreja, que no mar deste mundo é
frequentemente agitada pelas ondas das perseguições. Cristo, às
vezes parece dormir para que seus fiéis exercitem a paciência e
acorram com a oração a pedir-Lhe socorro, como fizeram os apóstolos.
Porém, vêm a paz e a tranquilidade, e finalmente o triunfo completo
contra todos os inimigos”.
O Pe. Manuel de Tuya comenta:
“A reação ante a calma
imediata e total foi surpreendente. Ante a presença daquele poder
sobrenatural e tão espetacular, os apóstolos, testemunhas, ficaram
‘admirados e temerosos’ (Lc). Uma vez mais se apresentou grandiosa a
figura de Jesus Cristo ante os olhos admirados de seus discípulos. E
ante aquele fato tão excepcional, eles, que já acreditavam em Cristo
como Taumaturgo e Messias (Jo 1, 35-49; 2, 1-11), entram, ante este
espetacular milagre, em uma nova suspeita; há um clímax na revelação
que Cristo lhes vai fazendo. ‘Quem é este, porque os ventos e o mar
lhe obedecem?’ recolhe os três sinóticos. Este milagre produz nos
apóstolos a suspeita de que Cristo Messias deve ser ainda mais do
que creem. Se lia no Antigo Testamento: ‘Tu dominas a soberba do
mar; quando se agitam suas ondas, tu as contêm’ (Sl 88, 10).
Haviam recordado os apóstolos, ante aquele espetáculo, estas
palavras do Salmo? O caminho para a revelação de sua divindade vai
se preparando. Os fatos falam muito claro daquele que chamando a
Deus em tom personalíssimo e exclusivo ‘meu Pai’ (Mt 7, 21). No
contexto de Mc-Lc, esta admiração e suspeita se refere
manifestamente aos apóstolos. Porém, Mt põe toda esta surpresa e
admiração causada pelo milagre na boca ‘dos homens’. Quem são
estes? Ao apresentar a cena, Mt disse que seguiram a Cristo na
travessia, uns em sua barca, e em outras embarcações distintas (Mc)
seus ‘discípulos’. Ao colocar o efeito deste milagre nos homens,
quer indicar o efeito que causou nas pessoas a notícia, que
divulgaram, admirados, os discípulos”.
O Pe. Juan de Maldonado escreve:
“Que homens? São Jerônimo
entende os apóstolos. São Beda supõe outros que estavam na mesma
barca, pois não é de acreditar que os apóstolos se admirassem,
acostumados a tantos milagres de Cristo”.
Católico, quem era Aquele que dava ordem ao vento e ao
mar? Era Nosso Senhor Jesus Cristo, era o Deus Todo-Poderoso que
está sempre pronto para socorrer aquele que confia no Seu poder.
Quando, tempos
depois, o Espírito Santo foi enviado às almas dos apóstolos no dia
de Pentecostes, eles compreenderam que teriam que viver em águas
frequentemente agitadas e que Nosso Senhor estaria sempre na sua
barca, a Igreja Católica, aparentemente dormindo e silencioso, mas
sempre acolhedor e poderoso, nunca ausente.
Os apóstolos diziam
entre si: Quem é este… que até o vento e o mar lhe obedecem? Embora
os apóstolos tivessem contemplado muitos milagres do Mestre, este
causava-lhes maior admiração pela sua especial grandiosidade.
Católico, confie em
Jesus Cristo, e com certeza Ele te ajudará a suportar e a vencer
todas as tempestades da vida. Basta estar em companhia de Nosso
Senhor para te sentires sempre seguro.
Pe. Divino Antônio
Lopes FP.
Vide também:
Entrou no
barco
Ele,
entretanto, dormia
Por que
tendes medo?
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