A RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
			
			(Leituras da Doutrina Cristã – I Dogma) 
			
			  
			
			A Santa Igreja que, com dor e luto, comemorou a morte 
			de Nosso Senhor Jesus Cristo na sexta-feira santa, celebra a vigília 
			da Ressurreição, aguardando, com ansiedade, a hora do triunfo de 
			Cristo sobre a morte. Cristo não foi vencido pela morte. Ele 
			ressuscitou gloriosamente conforme havia prometido. E na madrugada 
			de Páscoa jubilosamente a Santa Igreja canta a Ressurreição de Jesus 
			demonstrando desta forma que Ele é o Senhor da vida e da morte. É 
			por isso que a Páscoa é a maior de todas as festas cristãs. É o 
			triunfo sobre a morte, o pecado e o demônio. 
			
			Conta-nos a Sagrada Escritura que “passado o 
			dia de sábado, Maria Madalena, Maria, Mãe de Tiago e Salomé, 
			compraram aromas para irem embalsamar o corpo de Jesus. Saíram bem 
			cedinho. No caminho, se lembraram que o sepulcro estava fechado com 
			uma grande pedra e diziam entre si: quem nos há de tirar a tal 
			pedra do sepulcro? Mas, sem se importarem da dificuldade, 
			continuaram o seu caminho. Que surpresa quando chegaram lá... viram 
			a pedra removida. Contentes entraram no sepulcro e viram um jovem 
			sentado e vestido de uma túnica branca. Elas naturalmente ficaram 
			assustadas. Então disse-lhes: não 
			temais, buscais a Jesus Nazareno que foi crucificado? Ressuscitou, 
			não está aqui, eis o lugar, onde o depositaram. 
			
			Vamos tratar da ressurreição de Jesus Cristo para 
			melhor conhecê-la, e conhecendo-a vivê-la com mais piedade e com 
			mais alegria. 
			
			Vejamos o significado desta frase: “ressurgiu 
			dos mortos”. Depois que Jesus Cristo morreu na cruz, na 
			sexta-feira santa, pelas três horas da tarde, foi sepultado na tarde 
			do mesmo dia. Com a permissão do procurador Pôncio Pilatos haviam 
			descido da cruz o corpo do Senhor e depositado num sepulcro que 
			ficava num jardim de José de Arimatéia. No terceiro dia, depois da 
			morte, que era um domingo, pela madrugada, sua alma se uniu 
			novamente ao corpo. Deste modo aquele que por três dias estivera 
			morto, havia ressuscitado vivo e glorioso de seu túmulo. 
			
			Jesus Cristo ressurgiu por seu próprio poder, 
			enquanto que a nossa ressurreição, no fim do mundo, será por virtude 
			divina. O modo de ressurgir de Jesus é próprio somente de Deus, como 
			diz São Paulo: embora Crucificado por 
			fraqueza (da carne), vive todavia pelo poder de Deus. 
			
			Jesus tinha dito muitas vezes que havia de morrer e 
			ressuscitar. Abramos, pois, a Bíblia e leiamos algumas passagens 
			onde Jesus prediz a sua ressurreição. 
			
			“Eis que subimos para Jerusalém 
			e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos 
			escribas e o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser 
			escarnecido, crucificado e ao terceiro dia ressuscitará”
			(Mt 20, 18-19). 
			
			Em outro lugar ele diz: 
			
			“Por isso o Pai me ama, porque 
			eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; mas eu 
			a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a 
			reassumir” (Jo 10, 17-18). 
			
			“Como Jonas, pois, esteve 
			dentro do peixe três dias e três noites, assim estará o Filho do 
			homem três dias e três noites no coração da terra”
			(Mt 12, 40). 
			
			“Respondeu-lhe Jesus dizendo: 
			destruí este templo, mas eu o reerguerei em três dias. Ora, os 
			judeus replicaram: em quarenta e seis anos foi edificado este templo 
			e tu hás de levantá-lo em três dias? Mas ele falava do templo do seu 
			corpo. E depois que ele ressurgiu dos mortos os seus discípulos 
			lembraram-se que dissera isto, creram na escritura e nas palavras 
			que Jesus tinha dito” (Jo 2, 
			19ss.). 
			
			Por estas citações podemos concluir que Jesus Cristo 
			realmente predisse a sua ressurreição gloriosa. 
			
			Jesus Cristo, Deus-Homem, não só predisse a sua 
			ressurreição, mas ressuscitou verdadeiramente. E esta é a maior 
			prova de sua divindade. Já foi exposto que Jesus morreu 
			verdadeiramente e que foi sepultado. Ora, segundo as palavras da 
			Bíblia as santas mulheres que foram ungir o corpo de Jesus 
			encontraram o sepulcro vazio e os anjos disseram-lhes que não estava 
			mais ali e que havia ressuscitado. Além disso, Jesus permaneceu na 
			terra durante 40 dias e apareceu várias vezes aos seus discípulos. 
			
			As principais aparições de Jesus foram: para Maria 
			Madalena, para as piedosas mulheres, para SãoPedro e para os 
			discípulos estando ausente Tomé...  e finalmente no dia de sua 
			Ascensão.  
			
			Tomemos apenas duas aparições. 
			“Tomé, um dos doze apóstolos, não estava com eles quando veio 
			Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: vimos o Senhor. 
			Ele, porém, lhes repondeu: se não vir em suas mãos os furos dos 
			cravos, se não puser o dedo no lugar dos cravos e a mão em seu lado, 
			não acreditarei. Oito dias depois estavam os discípulos outra vez em 
			casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, e 
			pôs-se no meio deles e disse-lhes: a paz seja convosco. Depois disse 
			a Tomé: mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, aproxima também a 
			tua mão e mete-a no meu lado, e não sejas incrédulo, mas fiel. 
			Respondeu Tomé e disse-lhe: ‘Meu Senhor e meu Deus! Disse-lhe Jesus: 
			Tu crêste, Tomé, porque me viste, bem-aventurado os que não viram e 
			creram’” (Jo 20, 24-30). Santo 
			Agostinho diz que a obstinação de Tomé em não crer deu um bom 
			argumento para a nossa fé na ressurreição, pois Jesus lhe mostrou as 
			chagas no seu corpo santíssimo. 
			
			Coisa semelhante se deu com Santa Maria Madalena. São 
			João nos conta: “Estava junto ao 
			sepulcro da parte de fora, chorando. Enquanto chorava inclinou-se, 
			olhou para a sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, um à 
			cabeceira, outro aos pés, onde tinha sido posto o corpo de Jesus. 
			Disseram-lhe eles: mulher, por que choras? Respondeu-lhes ela: 
			Porque tiraram o meu Senhor e não sei onde o puseram. Dizendo isto, 
			voltou-se para trás e viu Jesus, de pé; mas não sabia que era ele. 
			Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Julgando 
			que ele fosse o jardineiro disse-lhe: Senhor, se o tirastes, 
			dizei-me onde o pusestes e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! 
			Voltando-se disse ela: Rabboni! O que quer dizer: Mestre!”
			(Jo 20, 11-16). 
			
			As aparições são bem claras e mostram realmente a 
			realidade da ressurreição daquele Cristo que nasceu e morreu na cruz 
			para nos salvar. 
			
			Além das aparições, não faltam os inumeráveis 
			milagres realizados por Jesus ressuscitado. Os apóstolos sofreram os 
			maiores tormentos e derramaram seu sangue para testemunho e 
			confirmar o fato glorioso da ressurreição de Jesus Cristo. São Pedro 
			prega ao povo sem medo: “Matastes o 
			autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós 
			somos testemunhas”. A convenção e a propagação do 
			cristianismo só se explicam pela ressurreição do Senhor. 
			   |