Santa
Maria Goretti nasceu em 1890, em Coriolano, Itália. Sua breve
existência foi iluminada pela amizade com Jesus e por um terno amor
a Nossa Senhora.
Após ter sido ferida
mortalmente em uma tentativa de violência sexual, teve uma visão
profunda do sentido da vida e da eternidade e perdoou seu agressor:
“Eu o perdôo, por amor a Jesus, e o quero no Paraíso”. Isso deixa
transparecer uma intensa vida de fé, esperança e amor como resposta
à obra do Espírito, que fez dela uma obra-prima.
Faleceu em 1902, aos 11
anos, na cidade de Netuno, Itália. Em 1950, foi declarada santa por
Pio XII. Por ter conseguido preservar sua virgindade até a morte,
ela é considerada um modelo de pureza e doçura entre os adolescentes
e jovens de hoje.
Perda do Pai
Ficou órfã de Pai aos nove
anos, vítima de injustiças grandes e pequenas. Muitas vezes era
incompreendida pela própria mãe, a qual ela amava do fundo de sua
alma. Qual a sua reação? Confiança imensa no Pai: “Sobreviveremos,
sobreviveremos… Deus vai nos ajudar”.
Bons exemplos de Santa
Maria Goretti
Estava sempre muito pronta
para servir e amar a todos. Testemunha sua mãe: “Fazia as compras e
fazia isso muito bem… Também cozinhava, e cozinhava bem”.
Ela sempre era quem ia
para a horta, porque não se recusava. Servia-se sempre por último,
após ter dado a porção de cada um. Quando sua mãe observava que ela
comia pouco (e, naquele tempo, a fome era grande!), dizia: “Mamãe,
come a senhora, pois precisa para trabalhar.”…
Não escolhia a quem amar:
amava a todos aqueles que Deus lhe havia posto no caminho. Sua mãe
permanecia longo tempo em conversa com ela: combinavam o que devia
fazer no dia seguinte. Mamãe Assunta muitas vezes ficava nervosa e
tensa, e era capaz de recriminá-la e de maltratá-la… E Mariazinha
acabava levando uma bronca imerecida. Ela, porém, “não ficava amuada
comigo”, relembra a mãe.
Mariazinha enfeitava, com
flores do campo, o quadro de Nossa Senhora. Todas as noites rezava o
terço com a família. Nos últimos tempos, o terço havia se tornado
indispensável para ela Trazia-o sempre enrolado em torno do braço.
Ia com prazer ao santuário de Nossa Senhora das Graças, em Netuno,
embora tivesse que enfrentar quatro horas de caminhada. E no final
de sua vida, já no hospital, faz este pedido afetuoso: “Levem-me
para perto do quadro de Nossa Senhora”.
Sua mãe confirma: “Todas
as noites ela rezava um terço a mais, em sufrágio da alma de seu
pai”.
Sua mãe conta: “Nos
últimos tempos, eu encontrava tudo pronto: ela preparava o almoço,
voltava a lavar roupa, sem que ninguém a obrigasse. E fazia mil
serviços necessários numa casa com tantas crianças: passava roupa,
remendava, esfregava o chão com escovão, arrumava as camas, limpava
os quartos, cuidava dos irmãozinhos”. Encontrava sempre mil pequenas
ocasiões para servir.
A piedosa menina teve a
felicidade de receber cinco vezes, em seu coração, o Deus do amor e
da pureza: a primeira, em 6 de junho de 1901; a segunda, um pouco
depois, no santuário de Nossa Senhora das Graças, protetora de
Netuno; a terceira, na Páscoa de 1902; a quarta, na igreja de
Campomorto, e a quinta, na hora da morte” – como se lê nas Atas do
processo informativo, folha 144, relatório de dom Signori, 28 de
setembro de 1903.
Mariazinha demonstrava uma
maturidade humana extraordinária em seus relacionamentos. Foi uma
filha respeitosa e confidente. À noite, remendava as velhas roupas
da mãe. E esta afirma: “Ela me contava os acontecimentos do dia…
Sempre, sempre, Maria me obedeceu. Tinha um caráter aberto, se abria
comigo… Era muito afetuosa com o pai e comigo. Era corajosa e
procurava inclusive encorajar-me quando me via angustiada”.
Ela também demonstrava ter
uma grande capacidade de discernimento. Sabia ler os sinais de Deus
na sua história e na de sua família, dispondo-se imediatamente a
fazer a vontade de Deus. Assim, soube reagir à morte do pai com
estas palavras, que foram as primeiras a serem registradas: “Mamãe,
não fique preocupada… eu fico no seu lugar, tomando conta da casa”.
De fato, ela “dirigia a casa” e “cuidava dos irmãozinhos”.
Sofrimento e morte de
Maria Goretti
Um dos seus sofrimentos
foi o de não poder comunicar à mãe as tentações de Alexandre:
“Querida mamãe, eu tinha vergonha e não sabia como dizer isso. Além
disso, Alexandre jurou que me mataria… E acabou me matando do mesmo
jeito”.
Mamãe Assunta admitiu: “Se
minha filha tivesse cedido à tentação e ainda estivesse viva, eu
sentiria uma dor muito maior do que tê-la visto morrer a fim de
permanecer fiel ao Senhor”.
No nome de Jesus, feito
obediente até a morte, todo joelho se dobra e todo mal é destruído.
“Não faças isso, você vai para o inferno” – gritava para Alexandre.
E, nos lábios, a doce
invocação: “Jesus, Jesus… Deus, Deus, estou morrendo”.
Mamãe Assunta afirma:
“Quando vi que minha filha estava já no fim, beijei-a e ela também
me beijou. Dei-lhe também para beijar o crucifixo e a medalha de
Nossa Senhora, que eu trazia no pescoço”.
Prisão e Conversão do
agressor
Lá fora, a multidão,…
prorrompe uma explosão de incontida indignação… a muito custo a
polícia consegue impedir o linchamento. Torna-se necessário aguardar
a chegada da polícia montada… Durante o interrogatório judicial,
pergunta o magistrado:
-Alexandre, foi você que
matou Maria Goretti?
-Fui eu, sim senhor.
-Por quê?
-Porque ela se recusou a
satisfazer meus instintos.
É condenado a trinta anos
de prisão. Vai cumprir a pena na cidade de Noto, na Sicília. Nos
primeiros anos não muda coisa alguma: sempre o mesmo cinismo, o
mesmo desprezo.
Maria Goretti dissera
antes de morrer: Quero vê-lo perto de mim no céu. Um dia D. Baldini,
bispo do lugar, vai visitá-lo. Alexandre recebe o prelado com ar de
menosprezo. O Bispo senta-se ao seu lado:
-Como vai Alexandre?
-Muito mal.
-Sabe, Alexandre, eu vou
tratar de tirá-lo daqui. Quero pô-lo em liberdade. O preso desanuvia
a fronte:
-Deus o ouça. Sr. Bispo.
-Pois é. Enquanto isso,
trago-lhe alguns livros e algumas revistas. Este aqui é a vida de
Maria Goretti.
Trêmulo de emoção, abre o
livrinho. Quer ver o que diz do assassino. Principia a ler por
curiosidade e acaba lendo-o com arrependimento. A virtude daquela
menina brilha agora intensamente para o seu coração. Sente quão
hediondo fora seu crime. Alexandre chora: miserável que sou.
Monstro. Eu sou um monstro!
Uma noite tem um sonho,
que ele mesmo descreve: “Parecia-me estar num jardim cheio de
lírios. De repente, vi aparecer Marieta; toda vestida de branco,
colhia flores. Passava-as para as minhas mãos, dizendo: “Toma”. Eu
as recebia e beijava com grande devoção, e elas se transformavam em
chamas cintilantes. Pensei: Tenho esperança de salvar-me, pois tenho
uma santa no Paraíso que reza por mim.”
Dias depois, Alexandre
escreve ao Sr. Bispo: “Detesto e abomino um homicídio tão bárbaro,
que hoje amargurado lamento, por saber que tirei a vida de uma pobre
inocente, que até o último instante quis conservar a sua honra,
preferindo a morrer tão cedo, a render-se aos meus vis desejos, e
cuja resistência me levou a dar um passo tão horrível, quão
lamentável. Publicamente detesto minha vil ação e peço perdão a
Deus, à infeliz e desolada família da vítima, pelo enorme pecado que
cometi; e espero que também possa obter o perdão, a paz, e até as
bênçãos da nobre extinta…”
Decorrem trinta e cinco
anos do crime. Vésperas de natal de 1937. Dia de rigoroso inverno.
Em Corinaldo, as famílias dos lavradores encontram-se nos estábulos,
aquecendo-os ao calor dos animais. Lá fora, um homem de 55 anos
vai se arrastando vagarosamente. Malvestido. Meio curvo. Chega a
casa de D.Assunta. Bate.
-Quem é?
-Alexandre Serenelli.
A velhinha de 70 anos, o
cabelo branco, o rosto enrugado aparece.
-Dona Assunta, perdoe.
Pode perdoar-me?
-Como não perdoar? Perdoou
o Senhor. Perdoou-lhe minha filha. Como não hei de perdoar eu?
No dia seguinte, D.
Assunta e Alexandre Serenelli, lado a lado, recebem Nosso Senhor na
mesa eucarística.
Alexandre recolhe-se ao
convento dos Padres Capuchinhos de Ascoli Piceno. É religioso da
Ordem Terceira de São Francisco.
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