Anápolis, 31 de outubro
de 2013
Ao adolescente Denilson
Rodrigues Farias
Anápolis – GO
Caríssimo, um milagre
propriamente dito não pode ser obra dos demônios, nem de
alguma outra criatura, mas só de Deus.
Santo Agostinho diz:
“Por meio das artes dos magos,
realizam-se milagres que são em geral semelhantes
àqueles operados pelos servos de Deus”.
Como está claro pelo
exposto acima, um milagre propriamente dito não pode ser
obra dos demônios, nem de alguma outra criatura, mas só
de Deus, porque o milagre propriamente dito é o que se
faz para além da ordem de toda a natureza criada, dentro
da qual está contido todo poder criado. Todavia, às
vezes, diz-se milagre de uma maneira mais ampla, como o
que ultrapassa a capacidade e o conhecimento humanos.
Nesse sentido os demônios podem fazer milagres que
enchem os homens de admiração, na medida em que
ultrapassa a capacidade e o conhecimento deles. Até
mesmo quando um homem faz algo que vai além da
capacidade e do conhecimento do outro, leva-o a admirar
sua obra, a ponto de parecer ter operado um milagre.
Deve-se, no entanto, saber
que embora essas obras dos demônios que nos parecem
milagres não possuam a verdadeira razão de milagres,
são, às vezes, coisas verdadeiras. Por exemplo, os magos
do faraó fizeram, pelo poder dos demônios, verdadeiras
serpentes e verdadeiras rãs. E Santo Agostinho diz:
“Quando o fogo desceu do céu e
consumiu de uma vez a família de Jó com seus rebanhos, e
um turbilhão destruiu a casa e matou seus filhos, essas
coisas foram obras de Satanás e não fantasias”.
Como diz Santo Agostinho na
passagem supracitada, as obras do Anticristo podem ser
chamadas de milagres enganosos, seja porque os sentidos
mortais serão enganados pelas representações
imaginárias, de tal forma que parecerá fazer o que não
faz, seja ainda porque, mesmo sendo verdadeiros
prodígios, tais obras levarão para a mentira os que
nelas acreditarem.
Como já foi dito, a matéria
corporal não obedece em si mesma às ordens dos anjos,
bons ou maus, de tal maneira que os demônios pudessem
mudar a matéria de uma forma para outra. Contudo, podem
empregar alguns dos germens que se encontram nos
elementos do mundo, a fim de obter tais efeitos, como
diz Santo Agostinho. Deve-se, pois, dizer que todas as
transformações das coisas corporais passíveis de ser
operadas pelas forças naturais às quais pertencem esses
germens podem também ser operadas pelos demônios, se
recorrerem a tais germens. Assim, por exemplo, certas
coisas são transformadas em serpentes ou rãs, dado que
estes podem ser gerados pela putrefação. Ao contrário,
as transformações das coisas corporais que não podem ser
feitas pela força da natureza, não podem ser realizadas
de nenhum modo pela ação dos demônios de forma
verdadeira. Por exemplo, transformar um corpo humano num
de animal ou ainda ressuscitar um corpo morto. Se às
vezes tal obra parece ser feita pela ação de demônios,
isso não é verdadeiro, mas só aparente.
Isso pode acontecer de duas
maneiras. Primeiro, pelo interior, na medida em que o
demônio pode agir sobre a imaginação do homem ou mesmo
sobre os sentidos corpóreos, levando-os a ver uma coisa
de modo diferente do que é. Em verdade, isso pode
acontecer às vezes pela ação de algumas coisas
corporais. – Segundo, pelo exterior. Com efeito, o
demônio pode formar, com o ar, um corpo de qualquer
forma ou figura, de modo que, assumindo-o, apareça de
maneira visível. Pela mesma razão, pode envolver
qualquer coisa corpórea de uma forma corpórea qualquer,
para que apareça em sua imagem. É o que diz santo
Agostinho: “O produto da
imaginação humana, que, fantasiando ou sonhando,
percorre inumeráveis gêneros de coisas, aparece aos
sentidos alheios como algo que toma corpo sob a forma de
algum animal”. Isso não deve ser entendido no
sentido de que a potência imaginativa do homem ou uma
sua imagem apareceriam numericamente como que
corporificadas nos sentidos de um outro homem. O sentido
é que o demônio, capaz de formar uma imagem na
imaginação de um homem, é capaz também de mostrar uma
imagem semelhante aos sentidos de outro homem.
Segundo Santo Agostinho:
“Quando os magos fazem milagres semelhantes aos dos santos, eles o fazem
com um fim diferente e por um direito diferente. O que
os magos fazem é em vista da própria glória, o que os
santos buscam é a glória de Deus. Os magos agem em vista
de proveitos pessoais, os santos em vista do bem comum e
por ordem de Deus, ao qual todas as criaturas estão
sujeitas” (cfr. Santo Tomás de Aquino,
Suma Teológica, Volume II).
Parabéns pela sua
participação no Santo Retiro nos dias 26 e 27 de
outubro. Seja missionário convidando muitas pessoas para
o Retiro de dezembro.
Eu te abençôo e te guardo
no Coração de Maria Virgem.
Com gratidão,
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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