Vós, Trindade eterna, sois meu Criador e eu, vossa
criatura. De novo me criastes no Sangue de vosso Filho. Nesta nova
criação conheci que vos enamorastes da beleza de vossa criatura.
Ó abismo, ó eterna divindade, ó mar profundo! E que
mais poderíeis dar-me que dar-vos a mim? Sois fogo que sempre arde e
não consome. Sois fogo que consome todo o amor-próprio da alma. Sois
fogo que destrói toda a frieza.
Iluminais... e, em vossa luz, conheço-vos e vos
represento em mim como sumo e infinito Bem, acima de todo bem; Bem
incompreensível, feliz, inestimável! Beleza acima de toda beleza,
Sabedoria acima de toda sabedoria, antes, sois a própria Sabedoria.
Vós, alimento dos Anjos, vos destes aos homens com fogo de Amor.
Sois veste que cobre toda nudez, com vossa doçura alimentais os
famintos. Doçura sois, sem amargura alguma.
Ó Trindade eterna, na vossa luz que me destes ...
conheci ... o caminho da maior perfeição, a fim de que na luz e não
em trevas vos sirva, seja espelho de boa e santa vida, e me tireis
da minha miserável vida, pois, sempre, por meus defeitos, vos servi
nas trevas ... E vós, Trindade eterna, com vossa luz destruístes
minhas trevas.
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