Ó Mãe de Deus, Rainha dos anjos, esperança dos
homens, escutai a quem vos chama e a vós recorre. Prostrado hoje aos
vossos pés, consagro-me para sempre a vós na qualidade de servo, e
me obrigo a vos servir e honrar quanto posso durante o resto de
minha vida.
Pouco honrada sois, bem o sei, pela homenagem
de um escravo tão vil e rebelde como eu, que tanto tenho ofendido a
Jesus, vosso Filho e meu Redentor. Mas, se, apesar de minha
indignidade, me recebeis como servo e me tornais digno pela vossa
intercessão, este ato mesmo de misericórdia vos granjeará a honra
que um miserável como eu vos não poderia dar.
Aceitai-me, pois, e não me rejeiteis, ó minha
Mãe. Para buscar as ovelhas perdidas é que o Verbo eterno desceu do
céu; para salvá-las é que ele se fez vosso Filho. E seríeis capaz de
repelir um ovelhinha que a vós recorre para achar a Jesus? Pago já
o preço da minha salvação; meu Salvador já derramou por mim o seu
divino sangue, o qual bastaria para salvar milhares de mundos. Só
resta aplicar-me os merecimentos dele, e isto de vós depende. Virgem
bendita, vós podeis, diz São Bernardo, dispensar a quem vos apraz os
merecimentos deste sangue. Podeis salvar a quem quereis, no-lo
afirma São Boaventura; salvai-me, ó Soberana minha.
Entrego-vos, neste instante, toda a minha alma; tratai de salvá-la.
Ó salvação dos que vos invocam, direi, terminando, com o mesmo
Santo, Salvai-me!
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