26 de Abril
São Pedro Chanel
“A Revolução Francesa de 1789, como uma bomba de efeito retardado, continuou a agitar a sociedade européia durante todo o século XIX. A religião teve que pagar pesado tributo a tais agitações. Posta em descrédito e combatida em várias regiões, despertou, no entanto, energias que pareciam adormecidas. Destaca-se entre elas o entusiasmo pelas obras missionárias”. Exemplo típico dos missionários franceses desta época é São Pedro Chanel. Nascido em La Potière, perto de Lyon, em 1803, duma família de camponeses, Pedro ficou ocupado nos serviços do campo até doze anos. Neste período encontrou um piedoso sacerdote que o orientou para o seminário, visando à formação para o sacerdócio. Sua leitura preferida eram os Anais da Propagação da Fé, que narravam os grandes feitos dos missionários. Esta leitura fez desabrochar nele o início da vocação missionária. Este ideal, contudo, não pôde se concretizar senão depois de vários anos de atividade pastoral na diocese, após os quais obteve a licença do bispo para entrar na Sociedade de Maria, chamada dos Padres Maristas, recém-fundada para preparar e enviar missionários entre os infiéis. Com 33 anos de idade, nas vésperas de Natal de 1836, Pe. Chanel embarcava em direção às longínquas ilhas do Arquipélago de Tonga na Oceania. A viagem durou 11 meses, através do Atlântico, cruzando a ponta da Terra do Fogo, entrando no Pacífico, até chegar, depois de incontáveis perigos e peripécias, à Ilha de Futuna. Enquanto outros colegas continuaram a viagem para outras ilhas, Pe. Chanel, com o irmão Delorne, iniciaram sua aventura missionária naquela ilha de uns 40 km de circunferência. Os habitantes pretenciam à raça polinésia e eram muito agarrados a tradições animistas. A aprendizagem da língua e adaptação aos rudes costumes do povo exigiram deles enormes sacrifícios. Prudência, bondade e paciência levadas aos limites do possível foram as virtudes mais praticadas a fim de se fazerem aceitos pelos habitantes da ilha. A permanência de Pedro Chanel na ilha de Futuna está incluída em duas datas: 8 de novembro de 1837, chegada; 28 de abril de 1841, martírio. Período por demais curto para poder conseguir frutos notáveis. A Providência quis que sua tarefa fosse como a de São João Batista: preparar o caminho do Senhor; lançar as primeiras sementes, regá-las com seu sangue para que se multiplicassem. Ele evangelizou com a oração e o testemunho de vida. Aproximava-se do povo, interessava-se por seus problemas, promovia a paz e a concórdia, curava os doentes, assistia os moribundos. Nunca tinha sido visto na ilha um homem tão bondoso, prestativo e paciente. Os próprios indígenas o apelidaram “homem de coração bom”. Com perseverança ia anunciando o Evangelho entre sacrifícios e fadigas incríveis, embora os frutos fossem minguados. Purificando os costumes, visava à destruição do culto dos maus espíritos que escravizava o povo. Finalmente conseguiu reunir um pequeno núcleo de catecúmenos entre os quais o filho do rei Niuliki, conseguindo prepará-los para o batismo. Mas este sucesso devia custar-lhe a vida. Alguns pagãos fanáticos, incentivados pelos pajés, assaltaram à traição a cabana do padre, golpeando-o até à morte. Era o dia 28 de abril de 1841, quando a Congregação dos Maristas inscrevia nos seus anais o nome do primeiro mártir, elevado às honras dos altares por Pio XII em 1954. Poucos anos depois de sua morte, todos os habitantes da ilha Futuna abraçaram o Cristianismo, tornando-se, inclusive, um centro de irradiação da fé cristã nas outras ilhas do grande arquipélago.
Ver São Pedro Chabel na Geografia dos Santos
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