07 de agostoSão Sisto II e Companheiros Mártires e São Caetano
A década 250-260 da era cristã foi a mais terrível e, ao mesmo tempo, a mais gloriosa para a Igreja Romana, pois a fúria de dois imperadores, Décio e Valeriano, se abateu contra o Cristianismo. Cinco papas: Fabiano, Cornélio, Lúcio, Estêvão e Sisto, em poucos anos selaram com o sangue a fidelidade a Cristo, tornando gloriosa a cátedra de Pedro. Último da série dos papas mártires, nesta década, é Sisto II, que hoje comemoramos. O Papa Sisto governou a Igreja somente um ano; ano cheio de perigos, pois sabia-se visado pela ferocidade imperial. Ele sucedeu ao Papa Estêvão Mártir, herdando a delicada questão sobre a validade do batismo administrado pelos hereges, questão essa que tanto agitava a Igreja daquele tempo. Era um problema disciplinar, ligado por sua vez a uma questão doutrinal. O Papa Sisto II, homem pacífico e espírito conciliador, embora ficasse firme no costume da Igreja de Roma de não rebatizar os que tinham sido batizados em boa fé pelos hereges, não se mostrou rigoroso para com os dissidentes, chefiados pelo grande bispo africano; São Cipriano, e assim conservou a unidade e a paz na Igreja. A feroz perseguição do imperador Valeriano serviu para silenciar em parte o problema, acalmar as discussões e o martírio de muitos bispos envolvidos na controvérsia, sobretudo, de São Cipriano, suavizou os atritos, dando lugar, mais tarde, a uma pacífica adoção do costume da Igreja Romana, ainda hoje em uso. A perseguição de Valeriano nos anos 257-260 visava sobretudo eliminar o clero e destruir os lugares de culto. Muitos cristãos foram presos. Os diáconos Agapito e Felicíssimo foram mortos, quando tentavam levar o viático aos cristãos presos, prestes a morrer, mártires. Assim se deu também com o jovem Tarcísio, morto na Via Ápia, quando levava oculta sobre o peito, a Eucaristia, aos cristãos na cadeia. Poucos dias depois, veio a vez do Papa Sisto II, surpreendido nas catacumbas, quando celebrava os divinos mistérios. No trajeto em que ia ser levado ao suplício, o diácono Lourenço lhe falou comovido: “O pai, aonde vais sem o teu filho? Tu que jamais ofereceste o sacrifício sem a assistência do teu diácono, vais agora sozinho para o martírio?” E o papa respondeu a Lourenço: “Mais uns dias e te aguarda uma coroa mais bonita!” Assim se deu no dia dez de agosto, em que Lourenço morria mártir, em circunstâncias mais comoventes. O Papa Sisto foi barbaramente assassinado. Seu corpo foi colocado na cripta dos papas, no cemitério de São Calisto, onde inscrições e restos arqueológicos comprovam até hoje a presença dos seus restos mortais e o culto de mártir e atleta de Cristo! No sangue dos mártires se construiu e consolidou a Igreja Romana!
SÃO CAETANO DE TIENE
São Caetano de Tiene foi, talvez, o primeiro duma série de santos que a Providência suscitou para salvar e reformar sua Igreja, no perturbado século XVI. Nasceu em Veneza, em 1480. Logo após o batismo, a mãe, profundamente devota, oferecia e consagrava a criança à Virgem Santíssima. E não ficou sem efeito a oração de sua mãe, pois, desde pequeno, mostrava Caetano grande amor à oração e às obras de caridade. Cursou os estudos de humanidades e formou-se em direito. Seguiu para Roma, colocando-se a serviço da Santa Sé, sob o Papa Júlio II, em plena Renascença. Com trinta e seis anos, decidiu consagrar-se à carreira eclesiástica e foi ordenado sacerdote pelo papa. Em Roma filiou-se aos Oratórios do Divino Amor que promoviam, em comum, a vida de piedade e de caridade como antítese ao espírito mundano do tempo. Morto o Papa Júlio II, Caetano voltou para o norte da Itália, dedicando-se ao ministério sacerdotal: pregação e serviço de caridade, sobretudo nos hospitais. Tanto foi seu zelo que foi apelidado Caçador de Almas! Aproveitando das experiências dos Oratórios, junto com três companheiros, entre os quais Pedro Carafa que se tornara, mais tarde, papa, com o nome de Paulo IV, organizou uma congregação religiosa cujo plano era: a santificação própria dos membros; combater a tibieza e a ignorância no clero: regenerar os costumes da sociedade; promover o culto divino litúrgico; restabelecer o respeito e reverência à Casa de Deus; propagar a sã doutrina contra as heresias incipientes da pseudo-reforma e dar assistência religiosa aos moribundos. Pela grande confiança que alimentava na Divina Providência deixou aos seus religiosos uma Regra que os obrigava a uma rigorosa pobreza, proibindo-lhes, não só aceitar a mínima recompensa pelos trabalhos, mas vedando-lhes até pedir esmola. Por mais rigoroso que isto parecesse, houve muitos que pediram ser aceitos como membros da nova Ordem, que veio a chamar-se de Teatinos, pela cidade de Teate, onde foi elevado a bispo o primeiro superior geral da Ordem, o futuro Papa Paulo IV. A primeira casa foi fundada em Roma, junto da igreja de Santo André de Valle. Logo em seguida, São Caetano fundou uma outra em Nápoles. A obra de São Caetano foi uma inovação da vida religiosa no seio da Igreja. Até aquele tempo, só havia monges ou frades mendicantes como os franciscanos e dominicanos, ainda muito presos às Regras de clausura e de observância monástica. A revolução, que se operava em todas as Ordens da vida no começo da Idade Moderna, requeria uma transformação da vida religiosa em mentalidade e organização para adequar-se ao dinamismo da época. Era necessário tornar a disciplina da vida comum mais operacional, para poder dedicar-se integralmente ao apostolado, numa atividade de serviço social, com fim caritativo e pastoral. Isto foi conseguido com a fundação das Congregações dos Clérigos. Regulares: a primeira desta foi sem dúvida à fundada por São Caetano. Este modelo foi seguido no mesmo século pelos barnabitas, jesuítas e outros, que enriqueceram cada vez mais a Igreja de forças novas, no apostolado e na evangelização. São Caetano deu toda a sua vida à nova atividade, querendo ser modelo e forma dos novos sacerdotes e apóstolos da sociedade. Ele veio a falecer com 67 anos de idade, em Nápoles, em 1547. Suas últimas palavras foram: 'Não há outro caminho para o céu a não ser o da inocência e da penitência. Quem abandonou o primeiro caminho tem que trilhar o segundo'.
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