Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

02 de Dezembro

 

São Cromácio

 

Aquiléia, antiga capital do Vêneto, Itália, substituída por Veneza, por volta do ano 1000, é uma das cidades mais antigas da Europa. Lá o Cristianismo penetrou já no primeiro século e floresceu de modo admirável, tornando-se um grande centro cultural cristão.

Esta cidade era também um centro político da décima região militar do Império Romano, pois era a passagem obrigatória das estradas que da Itália se comunicavam com o leste da Europa. Foi elevada à categoria de diocese já no terceiro século e era a terceira em importância na Itália depois de Roma e Milão. Daí o Cristianismo se irradiou para as regiões da Dalmácia e Panônia (hoje: lugoslávia, Hungria).

Vários bispos ilustraram a sede patriarcal de Aquiléia, sendo o mais afamado São Cromácio, que viveu no século IV.

Cromácio pertencia ao clero de Aquiléia e prestou serviços relevantes na diocese, ajudando o bispo Valeriano na organização da diocese e na luta contra o arianismo. São Jerônimo, o insuperável doutor das Sagradas Escrituras que conhecia bem a cidade de Aquiléia, definiu a comunidade cristã de Aquiléia como: “Comunidade de Santos”. Grande, portanto, devia ser a vivência religiosa naquela cidade. O mesmo São Jerônimo travara íntima amizade com Cromácio quando naquela cidade fez sua primeira experiência de vida monástica.

A casa de Cromácio era centro de atividade espiritual, de estudo e oração. Era freqüentada por sacerdotes e leigos em fértil troca de idéias e experiências pastorais.

Ao falecer o bispo Valeriano, clero e povo aclamaram Cromácio para suceder-lhe, tendo o apoio imediato do grande bispo de Milão, Santo Ambrósío.

Cromácio foi pastor sábio, erudito, defensor enérgico da integridade doutrinal da Igreja, contra as tendências heréticas do tempo. Continuou a obra de evangelização enviando missionários às regiões da Iugoslávia e da Áustria a fim de catequizar e formar novas comunidades cristãs. Ele próprio foi pregador assíduo e escritor fecundo, irradiando pela palavra e pelos escritos a semente evangélica.

São Jerônimo lhe dedicou sempre grande admiração, definindo-o mais santo e mais douto dos bispos na Itália daquele século e lhe dedicou várias de suas obras de exegese bíblica, agradecendo-lhe, inclusive, pela ajuda financeira para continuar seu providencial empreendimento da tradução de toda a Bíblia, do grego e hebraico para o latim.

O mesmo santo, quando levava vida eremítica na Síria, ao receber carta de Cromácio e amigos de Aquiléia, apressou-se em responder, externando todo seu afeto: “Todas as vezes que vossa carta chega às minhas mãos, parece-me rever vossos amantíssimos rostos, como se estivésseis aqui comigo, ou eu em vossa companhia. Podeis crer em meu afeto que diz a verdade. Sinto muito que, estando vós separados de mim por tanta distância de terra e de mar, me tenhais enviado uma carta tão curta para o meu afeto tão grande. Talvez seja eu a não merecer mais”. E termina sua carta dizendo: “Se o meu falar foi desordenado, se meu discurso e escrito confuso, sabei que o amor não se prende a regra alguma!”

Também o grande escritor eclesiástico Rufino foi incentivado e ajudado pelo bispo Cromácio a empreender a tradução do grego ao latim da monumental obra de Eusébio, a História eclesiástica.

Cromácio deixou numerosos escritos, obras valiosas, que em grande parte se perderam ao longo dos tempos. Ainda subsistem longos comentários sobre o Evangelho de São Mateus, vários sermões e homilias. Cromácio faleceu em sua cidade episcopal no ano 408, e sua festa foi colocada neste dia, 2 de dezembro.