05 de Dezembro
São Sabas
Natural de Mutalasco, na Capadócia, onde viu a luz do mundo em 439, São Sabas, aos cinco anos de idade, foi entregue aos cuidados do tio Hermias. Bem cedo se retirou para um convento, onde serviu a Deus durante dez anos. com dezoito anos fez uma viagem a Jerusalém, com o fim de visitar alguns eremitas. O convento mais célebre da Palestina era então aquele de que Santo Eutímio era Superior. Para lá se dirigiu Sabas e pediu admissão na comunidade dos monges. Satisfeito esse desejo, deu aos religiosos o exemplo mais perfeito na prática de todas as virtudes monásticas. Depois de algum tempo, o superior o mandou à cidade de Alexandria, onde viviam os pais de Sabas. Quando percebeu que estes o queriam desviar da vida monástica, retornou ao mosteiro. Durante cinco anos levou uma vida solitária, no interior de uma gruta, onde praticou as maiores austeridades de penitência. Deus, porém, que o tinha reservado para um outro campo de ação, conduziu-o a uma solidão mais retirada, onde se lhe apresentaram discípulos desejosos de pôr-se debaixo de sua direção espiritual. As vocações eram tantas, que se viu obrigado a construir um convento, que em pouco tempo abrigava cento e cinqüenta monges. A esta fundação se seguiram mais seis. A fama de São Sabas espalhou-se em toda a redondeza, para o que contribuíram, não só a santidade de vida, como também os numerosos milagres que operava. Quando o Imperador Anastácio começou a perseguir os católicos do Oriente, São Sabas, a pedido do Patriarca de Jerusalém, e apesar dos seus setenta anos, dirigiu-se a Constantinopla, com o intuito de pedir clemência ao Monarca. Anastácio recebeu o venerável ancião com muita deferência, vendo-o entrar na sala imperial, levantou-se do trono, foi-lhe ao encontro e prometeu atendê-lo em tudo que desejava. Havia na cidade uma grande carestia, e doenças contagiosas dizimavam a população. Além e apesar disto, impostos onerosos pesavam sobre os cidadãos. Sabas fez-se intermediário do povo junto ao Imperador, mostrou-lhe a grande calamidade, sob a qual a nação gemia, e pediu que suspendesse os novos impostos, que se iam juntar aos antigos. O Imperador anuiu imediatamente. O tesoureiro imperial, porém, pôs-se em desacordo e aconselhou ao Monarca que não fizesse redução nenhuma. Sabas ameaçou Marino (era este o nome do ministro das finanças) com os castigos do céu, se não revogasse imediatamente o ímpio conselho. Marino fez-se de surdo, mas teve de experimentar a ira divina. O povo levantou-se contra o opressor, tomou à força o palácio, incendiou-o, e teria agredido o proprietário, se este não se tivesse posto a salvo pela fuga. O Imperador revogou a nova lei de imposto e o povo ovacionou delirantemente o benfeitor, o santo eremita da Palestina. Oitenta e nove anos tinha Sabas, quando pela segunda vez teve de ir a Constantinopla; desta vez para ser intermediário junto ao Imperador, em favor dos católicos da Palestina, que muito sofriam com as invasões e crueldade: dos Samaritanos. Era Imperador Justiniano, que, como o antecessor, recebeu favoravelmente o ilustre mensageiro, do qual era admirador. Justiniano prometeu-lhe apoio, e Sabas voltou novamente para a terra natal, onde mais ainda do que antes, se dedicou às práticas da vida religiosa. Conta-se que na audiência concedida pelo Imperador a Sabas, este pôs-se a fazer as orações costumeiras, enquanto o Monarca dava despacho às coisas que lhe tinham sido solicitadas. Advertido por alguém que isto não era conveniente, o santo homem respondeu: “Enquanto o Imperador trata das suas coisas, eu trato das minhas”. Pouco depois da volta à Palestina, Sabas adoeceu. Serviu-lhe de enfermeiro o próprio Patriarca de Jerusalém. Dores as mais atrozes o Santo suportou com a maior resignação e admirável paciência. A vida terminou-lhe quando contava noventa e dois anos de idade, em 531. Muitos milagres, obtidos pela intercessão de Sabas, testemunharam a santidade e o grande poder do servo de Deus. REFLEXÕES Nas almas que sinceramente procuram a santificação, existe sempre o desejo de afastar-se do mundo. O mundo não vai com Deus e, quem vive no mundo, vê-se rodeado de perigos e tem grandes e contínuas preocupações: se conseguirá ou não a santificação. Se o mundo no tempo de São Sabas já era inimigo de Deus e grande coadjutor de Satanás, na obra da perdição das almas, que diremos então dos nossos dias em que o inferno dispõe de meios muito mais poderosos para conseguir esses fins? Não nos é possível retirar-nos à solidão. Nossas condições de existência não nos permitem afastar-nos da nossa família e dos nossos trabalhos. Mas possível e necessário é, que de nós afastemos as ocasiões do pecado. Necessária, e indispensável é a fuga do perigo. Havendo da nossa parte a necessária precaução, não faltará auxílio e a graça de Deus. “Cumpre que façamos o nosso dever, — escreve São Dídaco Nisseno, — para podermos seguramente contar com o auxílio divino”. Devemos da nossa alma fazer um santuário, cujo altar seja reservado a Nosso Senhor. A Ele nos devemos dirigir sempre; para Ele devemos voltar sempre; não O devemos perder de vista, nem nos afastar tanto, que Ele não mais nos veja.
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