10 de Dezembro
São Melquíades
O norte da África, no início da era cristã, fazia parte do Império Romano e era uma região muito habitada e próspera. O cristianismo fez sua entrada já no primeiro século e cresceu muito dinâmico, ativo e fecundo, dando à Igreja numerosos bispos, escritores eclesiásticos e santos. Na África havia certa emigração rumo à Itália e sobretudo a Roma, capital do Império Romano. Por este fenômeno constatamos que muitos cristãos da África passaram para Roma, alguns dos quais fizeram parte do clero romano e se projetaram de tal modo que alguns foram elevados a sumos pontífices, como Vítor, Melquíades, Gelásio. Mais tarde, com o aparecimento do islamismo que invadiu a África nos séculos VIII-IX, o Cristianismo quase desapareceu sob a pressão do rolo compressor do fanatismo islâmico. Hoje a Igreja nos propõe à veneração São Melquíades, papa, de origem africana. Ele fazia parte do clero romano, quando em 310, falecendo o papa Eusébio, foi eleito seu sucessor. A Igreja estava ainda vivendo os tristes dias da perseguição. No entanto, a hostilidade romana contra a Igreja, fruto de um crasso equívoco, já estava amainando. O leme do Império Romano era disputado por dois grandes chefes: Constantino Magno e Maxêncio. Cada qual queria ser o caudilho absoluto na sorte do Império. Deu-se então a histórica batalha na ponte Mílvia sobre o rio Tibre em Roma, em 312, e, com a vitória de Constantino, terminou oficialmente a perseguição contra a Igreja, pois este imperador atribuiu sua vitória à proteção do Deus dos cristãos. Editou o famoso decreto de Milão pelo qual dava liberdade e, até, proteção à religião de Cristo. Melquíades, que tinha sofrido as conseqüências das perseguições, se transformou, no papa da liberdade da Igreja, da nova era do Cristianismo, que de situação de opressão passou à de liberdade, respeito e até prestígio. No entanto, para a Igreja as perseguições exteriores não são as piores ameaças à sua vitalidade quanto o são as heresias e os cismas que nascem do seu seio, por falsos profetas. Melquíades, logo no início de seu pontificado, teve que tomar posição enérgica e inequívoca contra o cisma de Donato, que na África contestava a legitimidade da eleição dos ministros de Deus e, fanaticamente, se substituía a qualquer autoridade. Este cisma, de grandes proporções, continuaria a injetar sua virulência contra as estruturas da Igreja na África por todo o século. O Papa Melquíades aproveitou da liberdade religiosa concedida à Igreja para reorganizar as sedes paroquiais em Roma; conseguia a devolução dos bens e edifícios eclesiais confiscados durante a perseguição. Com o apoio do imperador, deu início à construção da Basílica Lateranense, que foi a primeira igreja construída em Roma, constituindo-se chefe e mestra de todas as catedrais da Cristandade. A este papa foram atribuídos decretos disciplinares e litúrgicos. A ele se deve a tradição mantida por muitos séculos de levar às outras igrejas de Roma uma parte do pão consagrado pelo papa, em sinal da unidade e unicidade do Sacrifício Eucarístico. Seu pontificado durou apenas quatro anos, deixando a herança das iniciativas pastorais ao Papa Silvestre, que dirigiu, por muitos anos, a Igreja de Roma, consolidando a evangelização e a paz. Melquíades faleceu no dia 11 de janeiro de 314, mas sua festa foi colocada neste dia. Santo Agostinho ao falar deste papa o chama: “Verdadeiro filho da paz, verdadeiro pai dos cristãos”. O Martirológio Romano lhe confere o título honroso de mártir por ter sofrido torturas por Cristo durante as perseguições.
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