16 de Dezembro
São José Moscati
Aos 25 de outubro de 1987, durante o Sínodo sobre os Leigos, em Roma, João Paulo II apresentou solenemente à veneração dos fiéis o médico José Moscati, que neste século viveu em si a síntese operosa da ciência, da fé e da caridade. José Moscati nasceu em Benevento, sul da Itália, em 1880 de família profundamente religiosa, da qual recebeu educação marcadamente cristã. Aos 17 anos de idade, obrigou-se particularmente ao voto de castidade perpétua, como meio heróico a fim de preservar-se puro da corrupção deste mundo. Este voto o acompanharia por toda vida, sustentado pela oração e por uma vigilante mortificação dos sentidos. Cursou a faculdade de medicina na Universidade de Nápoles e conseguiu com brilhantismo o título de doutor em 1903, com 23 anos de idade. Seu ideal era dedicar-se à delicada, mas preciosa, profissão médica como um campo vastíssimo para praticar a caridade cristã, servindo a Cristo na pessoa do doente. Foi logo nomeado assistente médico nos hospitais reunidos de Nápoles. Em 1911 foi escolhido como diretor da clínica do hospital dos incuráveis, ocupando, progressivamente, os cargos mais altos do Hospital das Clínicas governamentais de Nápoles. Foi, inclusive, nomeado professor de medicina na universidade daquela cidade, distinguindo-se pelos seus estudos, pesquisas e publicações de alto nível científico. Nos casos de calamidades públicas que se abateram sobre Nápoles pela erupção do Vesúvio em 1906 e pela cólera que grassava naquela cidade em 1911, José Moscati não só não abandonou o posto de serviço, mas estava na dianteira, prodigalizando-se com incansável e heróica dedicação na assistência aos feridos e aos atacados pela contagiosa e terrível doença. A personalidade e a competência profissional do médico José Moscati se projetava com tanta evidência que foi escolhido para representar a Itália nos congressos médicos internacionais de Budapeste, em 1911, e no de Edimburgo, em 1923. Dotado de extraordinária capacidade no diagnóstico, curou com particular eficiência e caridade milhares e milhares de doentes. Em Nápoles, embora procurado por toda classe de doentes, dava, contudo, preferência aos mais pobres e indigentes. Pois é sobretudo na prática da caridade para com os pobres que se manifestou toda sua grandeza. Para os mais necessitados não somente dava seu serviço gratuito, mas distribuía remédios e dava generosas ofertas para aliviar a miséria dos irmãos. Bem mereceu José Moscati, em Nápoles, o título de médico e pai dos pobres! Em sua profissão não visava somente a doença e seu tratamento, mas a dignidade cristã do paciente, transformando sua profissão num verdadeiro apostolado. José Moscati foi um homem de profunda vida espiritual, viveu sua consagração a Cristo através do celibato voluntário para sentir-se mais à vontade no serviço dos doentes. Era um homem de oração; alimentava uma ardente devoção à Eucaristia. Desta fonte de graça hauria a força para seu heróico amor a Deus e desinteressado serviço ao próximo. Em tempos de anticlericalismo e de uma cultura distanciada da fé, José Moscati ficou corajosamente firme em suas convicções religiosas, vivendo-as com perseverante coerência até ao heroísmo. Em seus escritos encontra-se este propósito: “Ama a verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício”. Como professor de universidade deixou entre seus alunos uma profunda admiração, não só pela altíssima doutrina mas, principalmente, pelo exemplo de retidão moral, de limpidez interior e de absoluta dedicação. José Moscati faleceu aos 47 anos. Ele previu sua morte que se deu no dia 12 de abril de 1927, consumido pela dedicação ao trabalho. Pouco depois da morte foi iniciado o processo de beatificação e seu corpo é venerado na Igreja de Jesus, em Nápoles, onde se verificam numerosas curas milagrosas, continuando no céu sua caridade heróica.
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