Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

19 de Dezembro

 

Bem-aventurado Urbano V

 

Aos 28 de setembro de 1362 era elevado à Cátedra de São Pedro, quase inesperadamente, o monge beneditino Guilherme Grinoald, que tomou o nome de Urbano V. Era um século de fortes agitações sociais e a sede dos papas tinha sido transferida provisoriamente para Avinhão, na França, a fim de subtrair-se às intrigas políticas e revolucionárias dos maus elementos em Roma.

Urbano pertencia a uma família nobre da França, Quando jovem, estudou ciências jurídicas e lecionou direito em Montpellier e Avinhão.

Mais tarde trocou sua toga de magistrado pelo humilde hábito beneditino, e chegou a ocupar cargos de importância na Ordem de São Bento.

Professor, estudioso de renome, abade de iluminada doutrina e espiritualidade, foi escolhido pelo papa para desempenhar missões diplomáticas delicadas. Estava exatamente na qualidade de legado pontifício em Nápoles, quando, com a morte do Papa Inocêncio IV, foi escolhido como seu sucessor, mesmo não sendo do número dos cardeais. A escolha, embora sugerida por certa influência da política francesa, foi providencial; pois Urbano foi um homem insuspeito, homem de Deus, reto e austero, bondoso e enérgico ao mesmo tempo.

Seu pontificado durou somente oito anos, mas caracterizou-se por sábia administração, pelo esforço sincero de renovar os costumes e pela nobreza de intentos. A sede provisória dos papas achava-se no exílio de Avinhão, situação essa forçada, que o Papa Urbano V queria sanar quanto antes.

A primeira preocupação do Papa Urbano foi a de pastor. Reformou a disciplina eclesiástica, reorganizou a corte pontifícia de maneira que fosse um modelo de vida cristã, cortando pela raiz muitos abusos. Procurou eleger a cargos eclesiásticos pessoas dignas e competentes; foi severo contra os simoníacos; renovou as leis sobre as celebrações dos sínodos provinciais; opôs-se com energia contra a ingerência do poder temporal nos negócios da Igreja; expulsou de Avinhão todas as pessoas ociosas, reduzindo notavelmente a burocracia pontifícia; estabeleceu a norma da residência aos que ocupam cargos de pastoreio na Igreja.

Ao lado destas reformas, preocupava-se também o Papa Urbano com o nível cultural do povo. Na aurora do humanismo o antigo professor de direito não mediu esforços para promover as ciências e criar novos centros de estudos. A pedido do rei da Polônia erigiu a universidade de Cracóvia; na Universidade de Montpellier fundou um colégio de médicos, ajudando pessoalmente estudantes pobres.

O zeloso Vigário de Cristo não podia ater-se apenas a apascentar o povo cristão: a universalidade da Igreja exigia dele uma tomada de consciência em relação ao resto do mundo ainda pagão. A evangelização dos infiéis e a organização duma cruzada que impedisse o avanço dos turcos que ameaçavam a Europa eram outros anseios que abrasavam o coração do papa beneditino.

Grande mérito teve este papa no impulso missionário dado à Igreja. Enviou numerosos missionários às regiões da Europa que mais precisavam de evangelização como a Bulgária e Romênia. Organizou uma expedição missionária que chegou aos mongóis na longínqua Ásia, obtendo êxito, embora não tivesse condição de continuar em sua obra, devido às massacrantes distâncias.

O sonho mais acalentado pelo Papa Urbano V era levar novamente a sede do papado para Roma. O poeta italiano Petrarca e Santa Brígida de Suécia pressionaram a decisão do papa, que finalmente se decidiu a partir em direção à Cidade Eterna, onde entrou em outubro de 1367, recebido entusiasticamente pelo povo. Urbano estabeleceu-se não mais no Palácio Lateranense, mas ao lado da Basílica de São Pedro, no Vaticano, que ficava sendo a residência dos papas. Contudo, três anos depois, embora contrariado, o Papa Urbano, por novas intrigas políticas, teve que retomar o caminho para Avinhão onde, logo em seguida, veio a falecer no dia 19 de dezembro de 1370. Este papa, sábio e corajoso, desafortunado mas não derrotado, recebeu logo a veneração dos fiéis que a Igreja ratificou com o título de bem-aventurado.